31 de dezembro de 2010

O jeito de viver e Folhas de calendário

Ela olhou o último dia do ano no calendário. Então seria assim? É esse o sentimento? Um x que marca o fim do ano? Puxou a folha de dezembro do calendário e olhou os outros dias. Dezembro foi intenso demais. Muitos sentimentos. Muitos acontecimentos. Sorriu. No fim - não nesse fim, mas naquele em que a gente entende as coisas do passado - aconteceria exatamente assim.
Entenderia.
Não tinha mais as outras 11 folhas já descartadas do calendário, mas podia lembrar. Datas marcantes, importantes. Datas de decisões relevantes demais, dias de alegria, de choro, de tpm. Podia sorrir. Um ano muito difícil, cheio de pedras, barrancos e buracos, mas houve tanta companhia! Os amigos, os pais, o irmão, primos, desconhecidos... pessoas que passaram como um flash e se foram, outras que ficaram e precisaram partir.
Acontece, ela acreditava. Um dia todo mundo parte, mas cabe a nós, que ficamos e partimos, recolher os sentimentos e respeitá-los, independente do quê. Ela sorriu. Pensou em todos e desejou um ano bom e pacífico, um ano de surpresas boas e de saudades sem dores. Impossibilidade à parte, um ano sem choro.

Os votos permaneceram os mesmos, mas dezembro já estava há muito no lixo. Olhou para o outro calendário e Janeiro parecia brilhar.

Brilha, meu lindo Janeiro. Acolhe-me e gire-me nesse carrossel.

30 de dezembro de 2010

in a fairytale

                                                      Um segundo.
Se houvesse um segundo para olhar nos olhos antes da partida, ela escolheria olhar. Olhar, olhar e olhar e tentar passar o que dizem sobre olhar dela: sua potência em transmitir sentimentos e verdades.
Construirão caminhos muito separados agora, porque ela fará questão e baterá o pé até o final para que isso aconteça. Ela nem é orgulhosa a esse ponto - e ele sabe que ela falha todo dia em tentar estar bem. De certa forma ela até está, pois que meios havia de ele ficar com ela quando ela falhava consideravelmente ao tentar fazê-lo em paz?
Se houvesse esse mísero segundo, ela escolheria olhá-lo e ver, por uma última vez, os traços que não pertencerão mais a sua vida - e nem lembranças, e nem saudades. Olhar para apagar e deixar que tudo, mas tudo mesmo, vá embora com ele. Pela primeira vez não é a ela quem decidiu partir. Ele vai antes. Antes de que ela tome a sua decisão.
Ela nem é tão orgulhosa assim e falha dia-a-dia em tentar fingir que está bem. E ela está bem, porque não é assim que tudo termina. No final tudo dá certo, se não deu é porque ainda não é o final.

Ela escolheria olhá-lo e deixar que todos os seus sentimentos se esvaíssem.

28 de dezembro de 2010

um ponto comum

Obra do acaso. Ou assim é chamado o destino quando não se é capaz de entendê-lo ou percebê-lo. Mas, afinal, o que viria a ser? Nem era para estar ali, mas estava. Resolveu passar na frente da festa porque era caminho para sua casa, porque não queria voltar para lá, porque não queria chegar tão cedo em casa... porque qualquer coisa em que pensava seria motivo o suficiente para estar ali.
Ele a viu sair da festa sozinha, sem a companhia do namorado, e estava desnorteada, olhando para os lados buscando um rumo. Ele pôde ver dali mesmo, daquele distância toda, os olhos castanhos-escuros dela brilharem. Brilhavam em choro.
Não entendeu o motivo pelo qual optou por se aproximar - nem se falavam mais há muito tempo. Ela o encarou e xingou, com todas as argumentações que tinha, com todas as grandes palavras que conhecia. Aponteu o dedo na cara dele, fez cara feia, bateu com força a porta do próprio carro para, depois, cair ao chão em soluços e soluços de desespero.
Desespero não.
Mágoa.
Ele pediu desculpa por já ter proporcionado tamanha dor antes. Pediu desculpa por ter causado tudo o que causou. Pediu desculpa por ter se afastado. E ela pediu desculpa por ter se apaixonado.
- A ironia do destino é um senso de humor muito peculiar para mim. - Disse ela, apoiando-se nos ombros dele para conseguir se levantar. Ele riu, ironia era o que ela mais entendia. E riu mais uma vez, porque acaso é o nome que se dá quando não se percebe o destino.
O seu destino era estar naquela noite ali para poder entender que ela já havia esquecido a ele e chorava por outro cuja índole estava questionada também.

colecionadora de mudanças

Era calor. Era tarde. E nem chovia. Horário de verão tem dessas, de ser tarde e ter Sol, mas o verão traz chuva e nem chovia. Para ela tanto fazia, se chovia, se fazia Sol, se teria o arco-íris para ver lá no quintal da sua casa. Ela tem dessas também, de não se importar - não por desprezo ou esquecimento, é um simples não se importar.
Caminhou mais um pouco, ajeitou o phone no ouvido (You´re amazing just the way you are*), escolheu a jujuba cor-de-rosa e comeu. Do outro lado da rua, de carro, ele passou. Ela viu, claro que viu. Seu coração ainda acelerava só de olhar aquele carro sujo de terra passar. Talvez isso perdurasse por muito tempo ainda, como já vinha acontecendo.
Mas mágoa é mágoa e foi o que sentiu logo em seguida. Escolheu a jujuba branca, porque esta sempre tem um gosto amargo, como a amarela. You´re not so that amazing. Já fazia tempo, tempo o suficiente para um punhado de coisas ocorrerem. A faculdade, sua e dele, a estadia fora do país, um outro namorado, uns outros caras, uns outros livros, outras músicas. Outros. Outros. Outras caras.
Nem fazia tanto Sol. Nem era tão tarde. When I see your face there is no thing I would change*. Seu destino não era estar ao lado dele, nunca o fora. Momentos diferentes. Sempre viverão momentos diferentes. E ela tinha aquilo, aquele estranho quê de perder o interesse. O estranho quê de querer mudar. E ela mudou.
Lembra-se bem: mudou o jeito de pensar, o modo de encarar a vida, a faculdade, o curso, seu rumo. Mudou a cor do cabelo, o estilo das maquiagens, suas roupas, suas músicas, seus caras. Ele não gostava de mudanças. Mas ela mudou.
Mudou de cidade, de país, de amigos e até mesmo de pais. Mudou de cachorro, para gato, passarinho e um peixe. A liberdade dela era essa, a sua estranha necessidade de, de repente, mudar. Como estar com alguém que não gostava disso? Não precisava ter de mudar junto, apenas dar o apoio ou o sorriso. Ele nunca entendeu a liberdade dela, a cabeça dela e coração dela.
Da jujuba vermelha e azul ela gostava, pegou as duas e comeu. Papolas de Morfeu, pensava todas as vezes. Um sonho. Sonhos mudam. Ela gostava de sonhos e pegou uns três de uma vez, para poder mudar a ordem, o curso, o final. Escolheu o sonho de ser feliz em si mesma. O sonho de sorrir na sua simplicidade. E o sonho de ser coerente em sua ações, dizeres e pensamentos. Coerência sempre foi essencial. Linhas de raciocínio. Verdades. Sinceridade.
Ele passou de novo e ela não olhou. Não deu tempo - havia uma jujuba cor-de-rosa saltando aos olhos. Caminhou mais um pouco; arrumou a bolsa, refez o rabo-de-cavalo na cabeça e sorriu para uma senhoria conhecida. Sorriu para o senhor que não conhecia e sorriu para o Sol que se punha.
Este gostava de mudanças. Era livre como ela e precisava disso. Este não acelerava seu coração. Não lhe importava como era o seu carro e jamais a faria virar a cabeça para o lado. Mas eles eram livres, os dois, ele e ela, e ela poderia partir, ir embora, quando quisesse.
E era o que ela estava fazendo.

* Just The Way You Are - Bruno Mars

26 de dezembro de 2010

I´d never ask you to change

Acho que agirei assim por muito tempo ainda, apagando a luz do quarto e me enfiando debaixo das cobertas para poder suplicar. Suplico informações, compartilhamento de conhecimento. Por quê? Por quê? Por quê? Ecoará sempre aqui comigo e, enquanto me perguntar e nenhuma resposta aparecer, uma lágrima vai escapar.
Algo aqui dentro tenta me convencer: ele não merece você. Mas eu não vejo por onde sustentar isso. Não tem como. Não entendo o que pode me fazer melhor do que uma outra pessoa porque tudo isso vai contra tudo o que a gente prega, de que ninguém é melhor do ninguém - e é exatamente o que dizem: você é melhor que a ele. E eu nem sou.
Eu não consigo empinar meu nariz desta vez e dizer tudo bem, já passou, tenho coisas mais importantes para me preocupar. Ter eu até tenho - e são absurdamente mais importantes -, mas não são coisas em que eu tenha meios de agir para me ocupar; são coisas ou que veem até você ou não. Não tem como se fazer esquecer. Isso machuca muito. Deixa muita mágoa, muita raiva.
Parte de mim espera por uma vingança, algo que dê muito errado para os dois porque assim acredito eu ser o justo. Não foi justo. Não foi certo. Outra parte de mim vai esperar até o último momento por um pronunciamento. Mas nada será justificado porque não há como justificar. Foi errado.
Foi cruel.

Talvez eu ainda chore por muito tempo e me pergunte por quê mereci tudo isso. Talvez ele deva ficar com ela mesmo. Talvez meu destino nem seja esse daqui que eu estou tentando traçar. Talvez eu seja nova demais para tentar tudo isso, um relacionamento, um amor, um curso. Curso de rumo. Sinceramente não sei se mereci isso. Não me lembro de ter falhado com ele ou de ter sido mentirosa.
Sinceridade possui preços muito caros. Vai perdurar por muito tempo essa dor. Machucou muito profundamente.

20 de dezembro de 2010

peripécias de um ano ano fatídico.

Alguém já percebeu que 2010 já está acabando?! Pois é, eu notei agora.

Com 10/11 dias para o término dele, a Ana Júlia resolveu dar as caras neste mundo e nasceu hoje de manhãzinha. Bom para nós que só precisamos atender ao telefone, ruim para a mãe que deve ter entrado no hospital em São Roque lá pelas tantas da madrugada. E os bebês estão aí, a Manuela nasceu a semana passada e o Bruno em outubro (ele é o meu príncipe). Infelizmente meus pais não podem mais me dar um irmãozinho, coisa que eu acho que nunca pedi em 20 anos porque já tenho um mais velho, o Danilo.
Já fiz um post dele aqui e já falei dele diversas vezes. Meu irmão é meu herói, pronto, falei.
Eu achei, ingenuamente, que 2010 terminaria em despedida e em alegria, que Rodrigo e eu diríamos tchau, mas eu esperaria ansiosamente esses 6 meses acabarem logo para estar perto dele de novo.
Acontece. A gente decidi, no fim, quem nos deve fazer voar. Ele me deixou experimentar essa sensação, a de liberdade no céu, para depois cortar as minhas asas no talo. Acontece. Não foi a primeira vez e não será a última. É até engraçado se for parar para ver, porque nem o fim foi diferente - também, o que eu esperava? Eram praticamente os mesmos elementos.
Tranquei a faculdade, no papel, pois a verdade é que eu larguei.
Meu 2010 em muito se assemelha com o meu 2008. Vestibular, uma pessoa especial, frustrações e coisas novas. Infelizmente as coisas novas deste ano que eu vivenciei foram ruins, não passei no vestibular e as frustrações são bem maiores. Mas aumentei meu índice em rodeios. Fui para Jaguariuna, apesar de não lembrar nada, para Americana, Cordeiropolis, Araras, Limeira, Piracicaba, show de Maria Cecília & Rodolfo, João Neto & Frederico e Jorge & Mateus (estes não foram em rodeios). Descobri que tem gente que não gosta de mim e, de certa forma, sente inveja ou quer me ver mal - acontece também e sinto pensa destas pessoas porque, como já escrevi ali do lado do blog, não possuo nada que justifique tais sentimentos. Fiquei bêbada, pelas minhas contas, 2 vezes. Jurei que não o faria de novo para ser alguém decente e digno de estar com o cidadão de alguns parágrafos anteriores.
(Deveria ter bebido mais).
Minha mãe quis me dar de aniversário a minha tão sonhada próteses de silocone, mas, desisti - por hora. Com esse dinheiro todo posso fazer outras coisas, como, por exemplo, pagar uma parte do meu futuro intercâmbio.
Minhas conclusões pessoais já foram colocadas neste blog antes, então, quanto ao meu crescimento como gente nada vou declarar. Já nem sei se compensa tanto assim esse ensinamento e amadurecimento. Minha mãe diz que a gente passa por determinadas coisas para aprender - sinceramente? Cansei deste clichê. Quer dizer então que terei de sofrer sempre para aprender alguma coisa? Gosto mais do método dos pediatras ou psicólogos, em que a criança é recompensada com algo que ela goste por concluir tal tarefa ou exame (como o de sangue).
Hoje fiquei brava porque a minha mãe desembrulhou o meu presente de natal. Quem lê isso pensa "cacete, menina, tu tens 20 anos nas costas e vai ficar brava por causa disso?!". É, vou. Acontece que eu não ganho presente embrulhado de natal desde os meus 10 anos e esse ano eu tinha conseguido, e aí ela estragou.
Então, é isso. O meu 2010 poderia ter sido resumido em um único nome, mas como chutaram não somente o pau da barraca mas ela inteira, meu 2010 termina numa equação.

2010 = 2008.

13 de dezembro de 2010

Um baú estranho.

Esses fragmentos eu encontrei perdidos em alguns e-mails - e não achei justo perdê-los desta maneira. Coloco-os aqui para a segurança dos mesmos.
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sei que já ri porque quis e porque achei que deveria, porque me era conviniente e porque era o que estava na espera. Já forcei choros, já chorei porque quis e até porque era o melhor a ser feito. Uma máxima de sensibilidade, no meu ponto de vista. Já fui inconviniente pelo simples fato disso me animar e já fui muito, mas muito chata porque assim eu desejei. Já gostei de alguém porque eu me forcei a fazê-lo e até mesmo porque eu não queria. Até aqui, o fato de eu querer, gostar ou fingir assim até parece meio cínico e cruel de minha parte, como se conseguisse forjar sentimentos e reações - e realmente assim o é em muitas vezes. Meu desprezo, na maioria deles, é o melhor de mim, mas eu o acho muito para alguns. Mas, de tudo o que passei, de todas as mágoas que guardei e esqueci, a pior delas é, com certeza, a decepção - ou a falta de consideração, ou a mais vil mentira narrada na sua frente. Escolha. Hoje sei que pior que se depecionar com alguém por criar ilusões, é você não conseguir sentir mais nada porque você nunca esperou nada desse alguém. E este consegue decepcionar você. Mas posso dizer uma coisa? Eu fingi. Eu bordei meus atos. E até o que senti na hora. Agi assim porque assim me pareceu mais divertido. E a decepção virou minha melhor comédia. (03/02/09)
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Who am I? Bem, eu sei quem sou e você pode não gostar. Sou pessimista ao ponto de não acreditar no melhor de ninguém, porque, assim, é mais fácil de não me decepcionar. E se eu estiver errada; oba, já fiquei feliz - e você também.Repudio pessoas desconhecidas por natureza. É uma defesa, veja bem... não é que eu não venha a gostar de você, mas você tem grandes chances de não acrescentar absolutamente nada na minha vida e isso é perca de tempo. Além da minha pessoa ter a certa noção de que desconfiança é sim um ótimo veículo para sarcasmos e afins. E, bem... possuo esse senso de humor meio cáustico. E me divirto com ele e não, não vou mudá-lo.Sou volátil. Posso ser a pessoa mais meiga que você venha a conhecer ou a mais irritante - mas, no geral, minha simpatia sempre prevalece se for necessário, urgente e não houver outra saída. (Mas isso, claro, se já formos conhecidos. Caso contrário, sem esforços, "coração"). Só que isso flui com uma certa frequencia bem irregular, sabe?!Faltou alguma coisa... Ah!, sim, sou chata. É! Até mesmo um falso cognato. Tudo o que me acontece é motivo para eu ficar pensando, e analisando, revivendo fatos e tentando pegar as mensagens certas. Isso é um saco, mas eu gosto. Quem não gosta muito é quem está ao meu redor, porque, melhor que a auto-reflexão, é tentar achar que sabe exatamente quem o outro é.Arrogante de minha parte, eu sei, e não me sinto muito mal por isso.Sou indiferente a muitas coisas e isso me faz uma espécie de corpo sólido indestrutível. Não choro em finais de filmes, livros e semelhantes. Não me comovo com músicas e nem pessoas caindo , desesperadas, na minha frente. Mas sou sensível ao ponto de chorar uma noite e nada além.Choros são sentimentais demais para o meu gosto.Meu profile´s visitor está desativado porque pouco me importa quem olha meu orkut - e eu não entrei nisso daqui para proliferar discursos sobre privacidade e moral.E some a tudo isso o fato de eu ser preguiçosa, paradoxal, crítica, curiosa e, se pá, esperta. (10/02/09)
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O que eu percebo lendo esses fragmentos é o quanto mudamos ao longo do tempo. As pessoas crescem e mudam suas visões em períodos curtos. Eu achava que para isso se levavam anos, mas não. Levam-se acontecimentos e eles muitas vezes ocorrem todos em um mês. Fico feliz com isso.

7 de dezembro de 2010

enquanto isso, no lustre do castelo...

Eu sei que as coisas doem, machucam e nos fazem infelizes. Mas tudo isso não me soa de fato necessário. Doer, doer, doer... tudo dói, mas seria uma escolha nossa, um livre-arbítrio esquecer dela por alguns minutos e simplesmente nos contentar com a gente mesmo? A vida é tão cruel, tudo é tão fatidico, mas a gente sorri, se alegra, chora, dorme e se sente bem. Às vezes, verdade, mas, mesmo assim, o fazemos, então, por que não pode ser assim quando a gente quer? A gente sempre vai sofrer, então, por que não apenas escolhemos canalizar essa dor para outros fins? Por que tem tantas pessoas que sofrem penosamente e nem ao menos querem mudar de posição?
Eu não gosto desta ideia.
Eu o vi com outra. Eu o vi lá com a mesma pessoa que o fez chamar a mim de mentirosa.
Eu não quero falar da índole dela e nem da dele. É como ser anti-ético. Eu não quero isso para mim. Cada um entende de si mesmo e não cabe aos outros julgar. Eu não julgo. Não posso. É errado. Julgar é feio e machuca. Eu só observo e relato para mim mesma.
Doeu. Dói. Vai machucar por muito tempo, mas eu não quero isso para mim. Não quero sofrer. Não quero lembrar. Não quero ser infeliz. Não vou ficar pensando no que deu errado e nem como poderia ter sido diferente. Tem coisas e pessoas que simplesmente não são para nós.
Disse a minha mãe que eu olhava para o meu 2010 e não enxergava a nada. Eu acho que menti. Talvez eu nao tenha cosntruído nada para mim, algo como um curso, um rumo, mas eu vejo que cresci muito. Que amadureci. Ideias. Pensamentos. Pontos. Não sou a mesma do começo do ano. Nem o posso ser. Hoje sou alguém melhor, acredito.
A vida é mais do que isso daqui. É mais do que pessoas falando e pensando sobre você, pessoas preocupadas com o que você faz, come e veste. Todos os erros que sejam cometidos agora, para, no futuro, daqui 5 anos ou 6 meses eu seja alguém melhor. Sempre alguém melhor.
A dor não nos faz melhor. A dor não nos faz pior. A dor simplesmente nos faz. Aprender a administrá-la é um caminho longo, mas é um caminho que nos livra de sofrer. Isso soa bom, ah?!, não sofrer. Todo ser humano almeja isso.
Quando eu tinha quinze anos, achei que era alguém bom. com dezoito, também. Aos dezoito acreditava em que era alguém já no meu ápice de conhecimento próprio e que todas as minhas atitudes e dizeres eram irrefutavelmente melhores. Nem preciso dizer que errei. Hoje sou uma pessoa melhor, alguém bem diferente. Eu sou diferente. Aos quinze eu não abria a boca para nada, tinha medo de impôr minhas vontades, fazer as minhas próprias escolhas, hoje... hoje falam que sou teimosa. Não o sou. Apenas não sou mais aquela molenga, aquela menininha que dizia sim para tudo.
Não mais.
Não posso.
Eu cresci.
Eu menti.
Não estou sem um plano. Eu tenho um plano. Um plano guardado aqui dentro da minha manga. Mas não é um plano usual, comum. Não envolve faculdades e nem graduações, diplomas de universidades ou formaturas. Não. Meu plano envolve o bel-prazer, o prazer e um singular prazer.
A minha maior vontade é a de estudar línguas, fazer alguns cursos sem fins vocacionais, apenas de aprendizagem mesmo. Eu quero estudar arte, filosofia, política, poesias, literatura. Francês, inglês, italiano, espanhol, alemão e tudo mais o que me for permitido.
Eu quero viajar, conhecer pessoas, gostos, comidas, sotaques.
Eu quero fazer a tudo isso.
E quando terminar, quando eu me sentir satisfeita, quero poder voltar, fazer minha faculdade e trabalhar.
Quero estar em paz comigo mesma.

6 de dezembro de 2010

Você não é melhor que a ninguém

Eu tenho ataques de raiva, às vezes. Bate uma vontade louca de ligar e te mandar para aquele lugar e te segredar, em a+b, o por que de você ser baixo. Sem caráter. Sem índole. Justo você, que se acha tão melhor, que critica, fala mal... E você fez tão pior.
Ainda dói.
Eu defendi você. Defendi sua índole para o meu irmão. Defendi seus interesses para os meus pais. Fiz eles até gostarem de você, enxergarem as maravilhas que eu via. Eles até gostaram de você.
Ainda dói.
Mas para mim acabou.
Você é uma farsa. Um nada. Não merece nada de mim, nem lembrança.
Eu te apago assim.

3 de dezembro de 2010

profile orkut

Disseram-me que felicidade é tão importante assim porque é efêmera, porque se é capaz de lembrar de todos os momentos felizes e ninguém nunca disse que é a vida inteira um único momento de felicidade. E eu acreditei, e como acreditei!, - sempre buscando momentos felizes para colecionar para, depois, garantir que a vida, enfim, valesse a pena. Tolos aqueles que me disseram. Tola eu que acreditei sem ver as falhas disso tudo. A vida, para mim, e simplesmente assim, é feliz - porque sou eu abençoada por poder sentir-me feliz quando olho em seus olhos; em todos esses seus olhos amigos que me cercam durante os dias. Não estou feliz. Eu sou feliz.

que o raio te parta


Você pode até dizer que é ciúme, mas eu te garanto que não é.
Ciúme arde, corrói, mas não me faz sentir magoada. Uma tola.
É indignação.
Indignação porque todo mundo pode estar com você e falar as coisas que quiserem, eu não. Eu sempre tenho de tomar cuidado, sem a bonitinha, a compreensiva, fingir que te entendendo em certos momentos para não causar conflito. Acho que eu tô meio cansada de você e da sua falta de posição para comigo.
Você já percebeu que quem sempre fez algo em primeiro por nós dois fui eu? Que sempre fui eu quem tive de pedir desculpas, dizer que está tudo bem, abandonar meus argumentos e vontades para estar com você?!
Você nunca fez nada por mim. Nem me pediu desculpas por nada - e a lista de pedidos pendentes está longa.
Talvez seja melhor. Talvez você indo embora seja melhor. Ficar sem te ver e sem me preocupar. Seis meses é tempo o suficiente para uma paixão acabar. No fim sobrarão apenas as mágoas, as dores, as suas faltas - e toda a felicidade que eu senti será reduzida, comprimida e eliminada.
Quando você voltar, talvez as coisas não estejam do jeito que são. Talvez eu não seja mais a quem hoje sou. A essência não muda, mas a forma como deixá-la agir.

Não é ciúme.
É indignação.

28 de novembro de 2010

Acerca

Do meu pessimismo.

Talvez eu até seja pessimista - e talvez o seja mesmo! -, mas, ainda assim, dentre tantos pessimismos, vejo o lado interessante e bonito de acreditar em que tudo dará errado. É uma mágica achar que tudo dará errado, que de todas as consequências somente aquelas ruins serão as verdadeiras por causa das causas escolhidas. É lindo, se for pensar um pouco.
(O que me fez pensar agora um pouco: as consequências não são escolhas; são ações diretas. A única coisa que está ao nosso poder são as causas. Somente as ações são escolhas).
Ser pessmista é melhor porque, se houver a quebra de alguma expectativa e a consequência for outra além da esperada, não haveria frustrações. É mágico ser pessimista, é mágico ver as suas notoriedades. A beleza está nas ações e na expectativa, as consequências não pertencem a nós, mas a algo cujo nome desconheço.
(Ou talvez eu nem seja pessimista, apenas alguém que espera pelo pouco ou pelo fracasso).

Das minhas mudanças.

Por mais que eu adore House e repitas, algumas vezes, people don´t change, parte de mim mudou. Meus sentimentos pelas pessoas ficaram mais cautelosos e o que eu devo dizer e contar a alguém também. Contei, ontem, em uma mão quem são as pessoas em que não tenho medo de me abrir e, por uma certa infelicidade, talvez, e proteção, sobraram meus pais.
Eu nunca tinha pensado por este lado, de que eu realmente posso confiar sempre neles. Hoje, após tanto tentar fazer o certo e bem para alguém, vejo que os meus pais fazem o mesmo comigo. Tentam sempre me proteger, fazer o melhor para mim, o certo, o bem... só que é infalível que, em algum momento, isso tudo tropece em alguns conceitos ou senso de justiça. Mas não é porque algo não saiu exatamente segundo o plano e que não repercurtiu como se esperava que é falho. Toda tentativa é válida.
Eu mudei na minha cautela e nas minhas vontades. Mudei nas minhas expectativas e nas minhas confidências.
À minha mãe conto sobre o meu passional, meu ciúme, meu medo de pesadelos. Ao meu pai, tento explicar, quase toda terça-feira, sobre como meus ombros pesam a cada dia e eu não consigo entender o por quê. Não é apenas a questão da faculdade, da sensação de inutilidade ou a falta de perspectiva. Eu simplesmente não sei explicar, Pai, mas meus ombros pesam e minha decepção por mim mesma também.

Das minhas não-mudanças.

(Não quero falar sobre elas).
(Talvez eu devesse).
(Eu não sei me dividir. Eu não sei não deixar parte de mim inteferir nas outras. Eu não desvincular a Bruna-estudante das outras. Eu já nem sei mais se existem outras).

De um novo amigo.

Descobri nele um amigo, ou alguém que queira estar comigo. Nunca contei a parte séria, a parte em que ele me disse em que eu sou especial. Quase chorei. Ele até me disse que me amava e que queria me proteger. Sinceramente? Aprecio as atitdes e as falas que ele só tem coragem de me dizer quando ébrio; soa de fato necessário. Mas existem coisas, Danilo, acontecimentos e algumas atitudes em que eu simplesmente não pude entender na época. Mas um ano muda muitas mentes; um ano muda muitas concepções.
Ano passado eu te fiz uma pergunta e você me respondeu da pior maneira em que poderia. Hoje, depois de muito tempo, quase um ano depois, eu consigo te entender. Existem pessoas que simplesmente não merecem atos depreciativos, como um palavrão ou um soco. Essas pessoas não merecem não por causa de seus caráteres, mas porque são tão baixas que qualquer demonstração, positiva ou negativa, já é importância demais.
Porém, Danilo, não é o caso dele. Eu o conheço. Eu conheço um pouco da índole dele, e ele merece importância e demonstração positivas. O que aconteceu só aconteceu porque eu permiti que acontecesse. A culpa de não conseguir o respeito dele é minha, porque eu me agarrei ao pouco que ele ofereceu acreditando ser o suficiente para, mais tarde, ter um pouco mais.
É como sempre acontece: na primeira vez, a sede é tanta que o água nos afoga, na segunda, a cautela é que tanta e morremos de sede.
Uma hora, prometo, eu vou saber achar o meio termo. E por hora, prometo, vou confiar em você e em tudo o que você me disser (mesmo que a minha teimosia se iguale a sua).

Acerca disso tudo.

Disso tudo eu não tenho nada para falar. Falar desgasta demais o silêncio. Falar desgasta demais as relações. Por isso tenho um blog. Por isso tenho esse lado literário. Por isso escrevo. Por isso gosto de mensagens e não de telefones, gosto de cartas, e-mails, orkut, twitter, livros, blogs e imagens.
Eu gosto mais.

PS: lembrei-me muito da Sam enquanto escrevia este post.

26 de novembro de 2010

If I had no fear, I would ask you about being my valentine every February.


Eu quero te contar em segredo milhares e melhores pensamentos. Estão todos aqui guardados em uma ordem incompreensível, mas, sim, lembro-me de todos e não me esqueço de nenhum. No entanto, se são tantos segredos, deveria eu, então, guardá-los comigo, porém vejo que isso é uma perda de tempo e expressão, uma vez que todos eles dizem respeito a você - não literalmente você, mas foi ao seu lado que eles nasceram em mim, enquanto pensava em você e enquanto espero a você. Tudo sempre você.
Quero poder contar-lhe que todas as noites pesso muito por você, pela sua proteção e pela sua orientação - e que, antes de terminar as minhas preces (as mesmas preces que aprendi a fazer por você), converso intimamente contigo, contando um pouco do meu dia e quão confusa estou, sou.
Segredar-lhe palavras que a mim sempre foram importantes. E, sabe de mais uma coisa?!, deveria te dizer que o amei, sim, amei! Amei em cada dia, longe, perto, ausente. Ameio-o tanto que o protegi de mim mesma. Do ciúme. Da desconfiança. Das verdades que já quis proliferar diante de você. Eu o protegi da minha insegurança, das minhas falhas e, principalmente, das minhas escolhas.
Apenas de uma não pude protegê-lo: da minha escolha por você.
(Não foi bem uma escolha, porque escolher implica poder recusar ou ter outras opções. Eu não tive outras opções e nunca me passou a hipótese da recusa. Você sempre me foi complacente desde o primeiro instante, mesmo antes de eu saber que você viria a ser aquele cuja presença simplesmente me acalmaria em tempos de tormenta - e assim me manteria em tempos de calmaria).
Ninguém me disse que era errado, estranho ou que me machucaria. Ninguém nunca disse que você me decepcionaria ou me abandonaria. Isso eu aprendi sozinha.

Eu não escolhi você.
Foi simplesmente você.

24 de novembro de 2010

Andei pensando que eu não quero pensar como as coisas procederão de agora em diante. Percebi que, no fim, não importa o quanto torça para que as coisas aconteçam porque, independente do quanto se queira, o que tiver de acontecer vai acontecer.
Então, se o que for para acontecer é você me sorrir no último instante e apenas dizer um até logo, - claro, não é nem de perto o que eu quero que aconteça -, mas será o suficiente para ficar quietinha aqui te esperando por seis meses.
E toda saudade que eu sentir durante este tempo vou reprimir para tentar saciá-la naquele abraço de sua volta.
Mas se nada for assim, vou reprimi-la até esquecer o que é te ter aqui ao meu lado. E quando isso acontecer... aí eu não quero nem pensar.

16 de novembro de 2010

Se dissessem "Vá!", eu iria. Há muito as malas estão prontas esperando pelo chamado, guardadas em todos os cantos e espalhadas por todos os cômodos. Assim são as minhas bagagens, sem um lugar para ficar, sem um lugar para serem guardadas. Elas não merecem ser guardadas; precisam ficar expostas às vistas para que eu me lembro todo dia desse desejo de ir embora.
Ah!, minha doce Escócia, onde os cabelos em muito se assemelham da minha querida Dominique. Nunca contei a ninguém, mas é para a terra dos castelos consagrados que a minha querida Dominique fugiu com um filho em seu ventre e uma promessa de viver em paz. Sim, ela só queria viver em paz, e não em lugares que lhe cobrassem entendimentos e comportamentos que ela mesma não compreendia.
Dominique nunca pôde amar por não entender a reciprocidade contida nisso. Dominique não pôde se importar porque nada, de fato, lhe era importante. Não é indiferença, porque indiferença é sempre resultado de algum impacto, assim como a diferença. Era apenas que ela nunca sentiu nada para saber o que importar significava.
Sim, minha querida Dominique partiu para Escócia e é para lá que eu vou. É para lá que me chamam. Dominique me chama. Dominique me clama.
Minhas malas estão aos montes porque eu não sei ao certo o que devo apresentar à Dominique.

11 de novembro de 2010

the way we both used to look foward




Pai,

Nesse exato momento - e esta exatidão perdura há pelo menos dois anos -, gostaria que o senhor me dissesse quais eram os planos de quando eu nasci, que o senhor me segredasse quais foram as suas expectativas de quando me ouviu chorar pela primeira vez aqui em casa. Eu adoraria ouvir ao senhor me dizer que me olhou e viu em mim um futuro brilhante, onde caminhar com as minhas próprias pernas fosse além de um sentido denotativo.
As minhas expectativas, confesso, sumiram. Transformaram-se em frustrações - e, sabe de uma coisa?, eu aprendi a lidar com elas e por isso nem sofro mais. Sofrer não. Apenas sinto sobre meus ombros um grande peso, o peso do fracasso. E não me faz sofrer, mas me machuca - machuca-me pensar todos os dias em que eu vou me frustrar em tudo e em tudo vou optar por não sofrer e, ao fazê-lo, o peso só vai aumentar.
Pai: eu não tenho um plano. Eu não sei por onde caminhar. Não sei por onde decidir. Todas as minhas certezas, todos os meus desejos sumiram - e eu não sei mais qual passo dar. Os meus ombros doem de tanto peso, minha cabeça não me deixa dormir sem um único pesadelo - mas me habituei a isso, a dormir sem descançar.
Por favor, Pai, me diga: por onde você sonhou que eu caminharia? Eu olho para trás e vejo aos meus rastros se apagando mediante a neblina que tudo encombre. Estar perdida é um completo desnorteio, e tudo pesa... tudo pesa agora que eu não sei o que fazer, o que escolher, qual rumo dar a isso que eu chamo de vida. Eu não sei lidar com isso, com a quebra de expectativa minha, dos outros.
Sim, Pai, os outros pesam sobre meus ombros também. Eu era brilhante, lembra? Para você eu sempre fui brilhante - mas, na verdade, nunca fui. Eu nunca tive as melhores notas e nem uma constância nelas, oscilava de conhecimento e interesse constantemente, o que, por si só, é irônico. Nunca mereci uma atenção mais centrada ou um dom que me fizesse especial. Todos os outros tiveram esses dons, todos os outros acertaram em suas escolhas - por que eu não poderia ter acertado também?!
Por que justo eu tive de falhar?! Em tudo?! Será que forças maiores não entendem o que isso ocasonaria em mim? JUSTO EM MIM?!
Pai, por favor, me coloque de volta no berço e conte mais uma vez a história do Pequeno Polegar. Dei-me sua mão para poder atravessar a rua com segurança (eu não quero mais ter de fazê-lo sozinha). Aninha-me entre seus braços e coloque a manta sobre mim - por favor, Pai, eu não quero mais ter de viver assim, crescida.

10 de novembro de 2010

Acho que sinto falta, falta daquela época em que eu não precisa decidir absolutamente nada, quando a minha única preocupação eram notas e conceitos, pois, no fim, o que me importaa o ano seguinte? Viria a mesma escola e uma nova série.
Eu não tenho perspectiva nenhuma de futuro. Sei que largar a faculdade foi o melhor a ser feito, mas, e agora, José?! O que exatamente eu vou fazer?
Mas a melhor parte de não destino e estar angustiado e sem expectativa é quando seu pai, de repente, deixa para lá seus textos e artigos e te dá um abraço.

Foi muito válido, pai, muito reconfortante, mas seus discursos não aliviam meus ombros e nem fazem das minhas noites de sonos belos sonhos a serem lembrados.

9 de novembro de 2010

do you believe in miracles or in wine?

Talvez parte de mim, essa solitária e não sozinha parte de mim, deseje intimamente uma noite de frio e neve e uma caminhada. Uma noite de tanto frio que eu me faça por encolher em meus cachecóis e casacos grossos, sentindo a temperatura baixa tentar trincar meus dedos mesmo que encobertos por luvas.
Uma caminhada que me faça perder, um pouco apenas, o sentido de meu corpo e me transcenda para uma outra sensação de mim mesma.
Posso ver-me andar em passos curtos perto do Tamisa ou do Sena, e apreciar parte de tudo isso que eu peço. O frio é arrebatador mas eu agüento. Por que não agüentaria? Foi o que pedi, certo?
E parte de mim sempre vai querer isso de novo e de novo, sempre assim, porque foi nesta noite em que ele se aproximou de mim no caminho oposto ao meu.
Logo eu, a sua Colombina, que o abandonara em meados à nossa querida Veneza. Logo você, feito de um Pierrot por mim. Sinto ainda o toque aquecido de suas mãos sobre as minhas, noite após noite, como haveria de ser. Você sempre foi mais quente que a mim, desde aquela outra época em que fugimos um do outro e, nessa fuga, nos encontramos de novo.
Você nunca se surpreende quando eu vou embora. Você me olha em complacência e me entende, acenando a cabeça e não me impedindo de partir.
Eu o fiz Pierrot.
Eu fui sempre a Colombina.
O mágico disso tudo – de nós dois – é que você sempre soube o momento de vir me buscar. E foi assim naquela noite diante do Tamisa, do Sena, do Pó, Danúbio... de todos os nossos favoritos, de toda a nossa Europa.
Eu parti por ela e você me fez por esses caminhos todos, e, a cada encontro, fui percebendo que, quando perto de você, essa necessidade de correr em direção oposta a sua é falha. Porque eu falho sempre que tento, porque eu sempre vou me deixar ser encontrada por você.
Essa minha parte solitária porém não sozinha busca nas minhas fugas uma única coisa: o seu encontro.
Por isso decidi fazer de outra maneira, ir embora de um outro jeito. Decidi partir sempre que fechar os olhos para dormir e, quando abertos, você me encontraria ali, encarando-me, do outro lado da cama.

7 de novembro de 2010

Você nasceu dentro de mim numa tarde de verão. Você se lembra? Convidou-me para um churrasco e eu disse não. Foi quando,e ntão, deitada em meu colchão, fiquei feliz por idealizar essa nova paixão. Mas na época, de tão triste a minha solidão, não pude imaginar exatamente como você tomaria meu coração.

6 de novembro de 2010

É no acaso de uma curiosidade para apreciar belas paisagens num orkut alheio de alguém que você nem tem contato que se pode entender um pouco das coisas da vida.
O meu descaso, falta de destino, vontade ou determinação para qualquer fim que seja talvez esteja numa única causa: eu parei de viajar.

Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu." (Amyr Klink)
não é que eu te esquecer
é só que escolhi não sofrer por você
Pai: Bru, você usou veneno durante a madrugada?
Bru: Não. Por quê?
Pai: Tem uma barata morta aqui.
(3 segundos depois)
Pai: Por que tem uma barata morta aqui?!
Bru: Deve ser Deus arrependido por ter criado isso.

5 de novembro de 2010

please, take all this missing away from me


No meu quintal chovia.
Chuva por si só é nostálgica, mas, para mim, era um pouco depressiva. Eu sou um clichê para dias como estes, mas, apesar de estar sentada no parapeito da janela, remoendo meus amores perdidos e as paixões negadas a cada gole do meu chá quente de hortelã, ainda estava faltando algo para aquele dia ser um completo clichê.
Unhas roídas. Sem esmalte. Sem tratamento. Meu cabelo todo sujo, desmanchado, descabelado. Casa sem limpar. Desorganizada e meu Ipod tocando a mesma melodia romântica que apertava meu peito a cada minuto. (Não que durasse muito). As pessoas lá fora pareciam felizes ao sentirem as gotas da chuva sobre seus corpos. Por que eu não poderia me sentir feliz? Por que eu não podia estar feliz?
­- Quando você ia me contar isso?
Tinha tanta coisa que eu queria esquecer de mim naquele momento. Naquela vida.
- Quando você me contasse que ia partir.
Sem pensar. Eu o amei sem pensar. Sem levar em contra os precedentes. E esqueci de mim. Na verdade não. Devo ter levado tanto em consideração a mim mesma que acabei, às vezes, esquecendo dele. Do ser humano que ele nunca demonstrou ser.
- Mas você preferiu não me contar.
- Mas isso tudo são segredos seus e você sempre me disse que era o mais sincera comigo.
Talvez eu devesse conviver com isso para o resto de minha vida. Escrever livros, desenhar, tomar vinho e morrer de ópio. No fim, seria isso o fim trágico da garota de família que tinha um futuro brilhante. Tinha e não teve.
- Talvez eu estivesse esperando que você compartilhasse algo comigo que não fosse suas aulas de cálculo ou quão eu fico em cima de você.
A verdade? Eu não conseguia sentir a falta dele. Meus anos de análise me disseram que eu, por fim, aprendi a lidar com frustrações e criei minha maturidade sentimental, não deixando que o que desse muito errado interferisse nos meus planos mais importantes. Estranho, porque ele sempre foi meu plano importante.
­- Talvez eu estivesse esperando que você me dissesse uma vez por todas que não gosta de mim e que, assim que sua ex pedir, você voltará para ela sem pensar uma única vez em me deixar para trás!
- Por que você sempre discute?!
Eu não consigo sentir saudades. Mas sinto, todos os dias, desde aquele dia, a ausência. Ele não conseguiu agüentar a pressão, a pressão dos antecedentes. Eu o olhava e o via como aquele que eu estava escolhendo para me doar sem me importar. Não me importava a sua quietude. Não me importava seu jeito taciturno de ser. Simplesmente não me importava que ele nunca pronunciasse nada quanto a nós – eu o achava encantador por ser observador.
Enganei-me.
Tudo aquilo não era idiossincrático a ele, mas a mim. Ele apenas não se importava comigo e estava ali por comodismo, carência ou seja-lá-o-que-na-época-foi. Estive ali por ele porque assim eu escolhi, estar ali por ele.
- Eu não discuto. É sempre um monólogo e eu cansei de discursar para o vento.
Ele foi embora, e eu precisei ir também.
Eternamente responsável por aquilo que cativas. Eternamente. Eternamente. Eu não sou o Pequeno Príncipe. Não sou loira. Não sou sozinha. Não tenho uma flor. Não tenho um carneiro. Nem a uma raposa que me pede para que eu a cative.
Eu abro mão da minha responsabilidade.

4 de novembro de 2010


Por muito tempo quis escrever sobre aquilo que aconteceu comigo. Por muito tempo quis mostrar as pessoas o que é paixão e o que é insegurança. Sim, apaixonei-me por ele perdidamente e, sim, nunca me senti segura ao seu lado.
É perdidamente triste. Se eu tivesse me estruturado, se eu tivesse me equilibrado, poderíamos até estar junto. Mas não. Não é verdade. É um argumento irrelevante, a conclusão não é essa; o fim seria exatamente o mesmo, mas com conseqüências mais drásticas e dolorosas.
No fim, não me importo.
Não mais.
Com o tempo que se estendeu e com as pessoas que apareceram, eu me estabeleci, me estruturei e me apaixonei de novo. Infelicidade do destino ou não, lá estava eu, perdidamente apaixonada e controlando as pontas para não perdê-lo para o ciúme.
Mas a história que eu quero contar não diz respeito ao quanto tudo isso é absurdo, estranho – ou, como soa para mim, irônico. Não.
Eu, com dezoito anos, sempre soube discernir certo do errado, mas ninguém nunca me disse que discernimento não é causa real do “fazer certo”. Ingenuidade foi meu maior erro.
Em minha vida sempre quis ser o mais complacente possível com as pessoas, respeitando seus momentos e suas vontades, e, às vezes, verdade, havia um conflito ou outro. Mas eu sempre confiei naqueles que me rodearam e costumavam estar comigo e nunca proliferei palavras para machucar alguém ou magoar.
Maneiras e maneiras de se dizer. Sempre soube disso também e, de certa forma, eu sempre fui dócil ao tentar explicar ou discutir algo, separando o que de fato é relevante e o que de fato pertence a mim e a pessoa em questão.
Eu cri nisso tudo até meus vinte anos e um mês, até descobrir que as pessoas são más. Pessoas não são iguais. Pessoas não são respeitosas. Minha ingenuidade me fez cair do meu sonho social, fez-me ajoelhar perante a realidade; as pessoas são capazes de ferir por ferir, para se estabelecerem, para se elevarem.
Hoje acredito em que nada quanto a mim desrespeita a mais ninguém (a não a única pessoa em que eu sei que não vai me trair; minha honorária mãe – e até acredito em meu pai também). Imparcialidade é um bom meio de se manter estabelecido.
Eu perdi para as línguas ferinas de uma pessoa nada confiável a única pessoa que me deu segurança o suficiente para me apaixonar sem desespero. Entretanto, em troca, ganhei o tapa na cara que estava faltando para criar a perspectiva exata do mundo humano que me rodeia.
Você quis tanto me fazer mal e, no fim, o que você conseguiu, meu caro? Fazer-me melhor.

2 de novembro de 2010

I finally chose myself.

Os meus últimos trinta dias foram conturbados, e posso dizer, com certeza, que tudo o que me aconteceu mudou em muito a minha visão de mundo.
Não me refiro a apenas o fato de ter, em fim, notado a maldade, inveja ou sei-lá-o-quê das pessoas - e como cidade de interior, em que todo mundo adora saber da vida dos demais, enche o saco e irrita. Não, não é nada disso.
O que mudou em mim foi o modo de ver a todos e tudo, como sofrimento é, às vezes, questão de opinião e vontade. Veja bem, eu sei que vou sofrer toda vez em que te encontrar, que vai ter aqui comigo a sensação de não conseguir respirar e nem de estar enxergando meio palmo diante de mim, mas eu optei por não me importar com isso e nem em ficar resgatando nas lembranças onde errei contigo.
Eu simplesmente estou optando por não me importar com o que sei que vai me derrubar - e, por consequência, opto por não me importar com o que ele fez contra nós. E, sabe de uma coisa? Eu o perdoo. Sim, perdoo, porque ele terá de conviver com isso, de que não há remorso, raiva, rancor ou repúdio (apesar deste ter existido por tanto tempo que simplesmente anulou a existência dele para mim).
Lembrei-me dele agora, agora que ele conseguiu te envenenar; agora que ele fez todas as minhas palavras soarem mentiras proliferadas aos montes.
Mas eu ainda me lembro de você todas as noites, todos os dias, porém, não busco mais em mim as nossas coisas boas ou as nossas tantas coisas ruins. Apenas me lembro de você e esqueço um pouco, a cada dia, do quanto você me fez bem.

1 de novembro de 2010

and I´m wondering if I ever crossed your mind

O que, exatamente, elimina um sentimento?
Havia tantos aqui dentro, tantos bons, tantos protetores e seguros, e, de repente, em fração de um olhar, all them just gone. E não, nada virou ódio, apenas um pouco de decepção (mas que término não reage em decepção?!). Foi apenas rápido, eu acho, porque acreditei em que tudo ficaria bem de novo, precisávamos apenas de uma semana afastados, sem notícias... mas me parece que um orgulho ou ego ferido consegue de fato destruir os laços feitos.
Destruíram os nossos, você não acha?
Sabe, esqueci de mencionar uma coisa para você quando nos conhecemos - na verdade, não foi um esquecimento, mas uma esperança de que conseguiria me desfazer disso em breve -: eu acredito muito nas pessoas. Simplesmente fazer o mal aos demais não está dentro da minha capacidade de entendimento - e, convenhamos, eu posso entender muitas coisas -, incomodar com a felicidade alheia ou com a tentativa de... A mim, apenas, não faz sentido.
A ingenuidade sempre foi uma virtude, mas agora ela me soa a minha falha - um erro - e foi somente a ela que me fez crer piamente em que ninguém me via. Ninguém tinha qualquer interesse na minha vida, ou, no caso, nas nossas.
Errei.
Eu errei.
Você sempre soube de tudo isso. Do interesse alheio. E nunca me contou nada.
E isso me decepcionou.

You made your choices, and you chose to not trust in me.

26 de outubro de 2010

Todos nós temos um plano, e eu bem me lembro de quando tinha vários. Quando escolhi, por conta própria, estudar inglês, quis dar aulas aos 16 anos e ter meu dinheiro até os 18, que seria o momento em que deixaria a casa dos meus pais para viver o wild world da universidade. Formar-me-ia em 4 ou 5 anos, trabalharia, teria meu dinheiro, faria meu mestrado e doutorado fora do país e, se assim me fosse permitido, ficaria fora por todos os anos de minha vida.
Meu plano era me formar em filosofia, consumir todos os livros que pudesse e absorver toda e qualquer tipo de informação, tornar-me uma erudita, falar sobre história da arte, história política, psicologia, economia, música clássica, teatro, livros, teses científicas... Escrever meu livro, tomar café com bolinhos e croissants de chocolate. Inglês, Francês, Italiano, Grego, Latim, Alemão e Espanhol (e, claro, nesse meio tempo eu me casaria com Roger Federer, mas ele já se casou e é pai de 2 coisinhas muitos fofas - então minha aposta atual é o espanhol mesmo :D).
Nos meus planos, eu tenho o que sempre quis: casa bonita, roupas bonitas, cabelo bonito, carro bonito e tudo o mais o que eu quiser, mas, em nenhum momento, consigo projetar um alguém ao meu lado, me acompanhando em cada etapa.
E, hoje, especialmente nesse período conturbardo da minha vida em que descubro que sempre fui inocente e ingênua demais, não possuo plano nenhum.
Sem faculdade.
Sem vontade de estudar para arquitetura.
Sem almejar exatamente a nada, nem mesmo ao intercâmbio.
Eu não tenho nem mesmo um foco para mim como ser humano.
I´m completly lost.

23 de outubro de 2010

I´m taking the courage to tell you a decent Good-Bye

Meu querido,

há dias venho pensando em um meio bonito e sincero de te contar o que está acontecendo, mas nem mesmo eu sei ao certo o que isso venha a ser. A distância, o silêncio, as informações... Algo te aflinge e me aflinge mais em não ter a você me contando nada. Quero muito poder te ajudar, esclarecer as dúvidas, pontuar os is que te foram colocados. Sei que as escolhas do meu passado devem pesar aí dentro de você, mas espero, do fundo do meu coração, deste mesmo que bate acelerado ao seu lado, que as minhas escolhas atuais te confortem. Não entendo este medo, receio ou aflição de você nunca contar comigo, como se eu fosse falhar propositalmente contigo. Não, meu querido, eu não vou - não vou largar sua mão no meio do caminho e nem dar as costas e sair correndo à sua frente.
Não, meu querido, eu não vou. Não vou julgar seus pensamentos e nem os seus medos, não vou julgar suas fraquezas e tão menos as fortalezas; simplesmente não vou julgar nada porque a mim não cabe tal atrevimento. A única coisa que eu quero é poder te abraçar em momentos difíceis e tentar te dar as palavras de consolo que esboço à noite, dar um beijo em sua boca e te ver sorrir nos momentos de pura extasia. Só quero que você confie em mim e no mal que não estou disposta a deixar te afetar. O que no antes foi feito e dito, então no passado está preso e perdido - e nada, absolutamente nada, carrego comigo.
Já há muitas vezes em nós em que eu te disse que você é o meu melhor, que me fez crescer e agir com cautela - e talvez este seja o meu maior erro contigo, a cautela, porque passei esse tempo todo na ânsia de ver a você pronunciar palavras de bons tons e sons para não somente os meus ouvidos, mas para o coração. E, na cautela, no receio de te assustar e de te ver partir, deixei passar tudo e esqueci de te contar que não sou feita de aço.
Sinto que não é a mim a quem você quer ao seu lado, que não é minha a sua saudade - dói admitir isso, machuca, porque na mente só se formula uma mesma dúvida "Onde eu errei justo com você?!". Mas qual a resposta para isso?! Talvez a minha ingenuidade em ter-me deixado apaixonar-me por você e a minha sagacidade em notar que você é extremamente encantador.
Disto levo comigo nada de mágoas, nada de feridas, mas sim todos os bons momentos e o quanto cresci ao seu lado. Por uma singela consideração final, obrigada.

19 de outubro de 2010

Você vai mesmo embora.
Achei que fosse tudo uma brincadeira, que seu irmão estava brincando comigo quando perguntou se eu tinha passaporte, mas não é. Você vai mesmo embora. E quando for, nós dois vai terminar. E você vai me esquecer, não vai mais me querer - vai me deixar aqui.
Eu não quero que você vá.
Não quero ficar sem você. Seis meses, um ano... tudo é muito tempo.
Por favor, não me deixe.

16 de outubro de 2010

Nesses 5 anos, devo ter me mudado umas 3 vezes. Absurdamente três vezes. Escolhi a vida agitada na grande capital paulistana para poder me dedicar ao trabalho e ascender rapidamente na empresa, mas ficar na cidade em que não dorme nunca é tão estressante quando aquela vida pacata de interior que eu tinha antes.
Nesses 5 anos, desvenculei-me ao máximo que pude dela. Não assistindo a notícias esportivas, não lendo os livros de que ela gostava e nem me levantando tarde durante os finais de semana. Achei que ela fazia o mesmo e nem mais podia pensar em mim, afinal, sua vida era disciplinada e regrada - porém não foi bem a isso que passou pela minha cabeça quando acordei naquela segunda-feira e fui buscar o jornal na porta do apartamento.
Um envelope com carimbos da alfândega francesa e brasileira, vários celos e um endereço provavelmente de Paris. Olhei para as demais portas vizinhas já crente que aquilo era um engano, quem mandaria algo assim? Uma carta de um outro país. Recolhi para dentro de minha casa e, ao sentar-me no sofá, abri. Havia um bilhete com uma escrita cursiva rápida e passagem para Paris, naquele próximo sábado eu deveria embarcar.
Espero você no aeroporto.
Li e reli aquilo várias vezes. Meu amigo no trabalho me aconselhou a ir. Quem mal há? O pior você já tem, passagens de ida e volta. Se não der nada certo, se não for com você, você pode voltar - e gratuitamente.
E quando eu fui, encontrei-a lá, num dia calmo no aeroporto parissense, segurando um papel com o meu nome e um sorriso no rosto.
Nesses 5 anos ela ascendeu em sua carreira como tenista, deixou aquela cidadezinha de interior para morar numa outra, mas na Suíça, perto de seu padrinho e, hoje, também técnico. E nesses 5 anos sempre soubera onde eu estava e como eu estava. Seria seu último torneio, iria se aposentar devido sua vontade de retornar ao Brasil e as inúmeras lesões que sofrera ao longo dos anos. E queria que eu estivesse ali.
E ela venceu Roland Garros.

14 de outubro de 2010

hey, my dearling,

how have you been?! The years just passed through and I couldn´t see you growing up. But, now, my eyes let me see you´ve been doing it in a great way - and this made me think: you haven´t missed me all this time. It´s okay, you don´t have to cry because of this. I am here now watching you to take the wrong decisions.
You should cry because of this.

9 de outubro de 2010

But that´s alright because I like the it hurts

A verdade verdadeira é que esta é a primeira vez em que eu não acreditei em você. Sinceramente, a idéia de que você simplesmente decidiu ficar aí em um feriado prolongado não faz nenhum sentido, a não ser ou que tenha muitas festas para serem acontecidas aí ou que você realmente tem de estudar muito.
Ou que você simplesmente mentiu para poder ir sozinho naquela festa-cujo-nome-não-me-vem-à-memória naquela micro-cidade-vulgo-vilarejo com os seus amigos e aquelas meninas cujo nome não sei mas bem reconheço suas caras. Talvez você tenha feito isso porque todas essas informações foram jogadas diante de mim naquele dia e você não possuía nenhuma intenção de me convidar.
O problema é que eu sempre sube que você não me convidaria. Sinceramente, agora, neste agora, eu não consigo criar muitas expectativas - pelo menos discaradamente, como antes. Agora, se não der, tudo bem... só não espere de mim exclusividade, como antes. Eu ainda gosto de você, ainda é você quem está em mim quando acordo e durmo, quem eu amaldiçoo para o vento quando não me dá atenção, mas você não será mais o único - e nem vou mais deixar você atrapalhar aos meus planos.
Você já tem uma vida encaminhada, 22 anos, meia faculdade feita, uma vida fora desta cidadezinha de interior. Eu não tenho a isso tudo. Tenho 20 anos, um terço de faculdade feita e largada, estou tentando batalhar de novo por uma outra, em outra cidade de interior. Minha vida acadêmica estava muito bem até você voltar - por que você voltou?! Você não quer ficar comigo, você não quer me ouvir dizer que é em você que encontro minha serenidade. Você nem ao menos gosta quando eu digo que tenho saudade! - Eu estudava todos os dias, ia às aulas e realmente prestava atenção. Mas aí você apareceu de novo, naquele maldito rodeio, entre 27.000 pessoas, e tudo para mim desandou. Sem vontade para estudar, sem ânimo nem mesmo para passar a semana, naquela maldita ânsia do final de semana chegar para cogitar a possibilidade de te ligar e poder te ver.
Mas eu ainda gosto de você e estou me controlando ao máximo para não te ligar e perguntar se você não está mentindo para mim.
_I want to be just yours, but if you do not let me, I will not be.

6 de outubro de 2010

It's a quarter after one,
I'm a little drunk, and I need you now.
Said I wouldn't call
but I lost all control and I need you now.
And I don't know how I can do without,
I just need you now.

5 de outubro de 2010

Parece-me que agora estou acertando. O jeito certo de te demonstrar carinho. O jeito certo de te abraçar. E quando eu disse que confiava, não sabia ao certo se o fazia, mas o faço. Faço. Eu confio em você.

2 de outubro de 2010

_After all those years, are you still waiting for him?
_I´m waiting for me.

27 de setembro de 2010

i´ve heard someone is falling in love with you

A primeira vez em que se chora de felicidade a gente não esquece - e com ela não foi diferente.
Ao vê-lo ali, parado mediante a multidão, conversando, não teve dúvida: em passos firmes e decisos, caminhou em sua direção e o beijou. Quando se separararam, ela ainda o olhava descrente, como se fosse impossível o fato de ele estar ali realmente. Uma miragem, pensava, não pode ser. Olhá-lo de perto era extasiante; sua boca, seus olhos, pescoço, beijo, cabelo, voz... Se ele poderia ser mais perfeito? Sim. Mais do que antes. Ela o abraçou e sentiu vontade de sorrir, vontade de chorar, vontade de dizer que o amava e queria, do fundo de seu âmago, pedir para que ele nunca mais a deixasse - porque, por mais que ficasse bem, parte de si ficaria com ele para sempre. Mas como podia ficar bem, pensava, quando ali, ao lado dele, abraçada com ele, tudo parecia tão certo, apaziguador e seguro?! A sensação de estar nos braços da única pessoa que poderia fazê-la feliz. A sensação de estar em guerra longe dali. A sensação de estar em paz. Pacificamente feliz.
Quando entrou no banheiro, fechou a porta e chorou. Chorou, chorou, chorou. De soluçar. De não acreditar. De não entender o por que de merecer aquilo. De merecer a presença dele ali. De merecer tamanha felicidade. Estar feliz. Ela estava realmente feliz. Explosivamene feliz. Tudo poderia terminar ali: aniversário, amizades, família, carreira, vida. Tudo. E tudo terminaria bem.


[você me faz escolher você todo dia]
Ela cheira a Tequila. Não é cheiro de alcólatra. Nem cheiro de álcool. É tequila, aquela bebida de pequena dose em que te deixa alucinado sem saber se você é capaz de aguentar mais. E aí você toma mais uma, e outra, outra, com sal, limão, pura, uma noite atrás de outra noite. Você se entorpece. Ebriaga. Só que acaba. Em algum momento simplesmente termina. E você descobre que não pode lidar com mais de uma dose dela, porque ela é demais para você.

Sometimes I see you passing outside my door.

Toda vez em que eu te vejo. Toda vez em que busco um guardanapo por algum restaurante, McDonald´s, lanchonete, sorveteiria ou até mesmo video locadora (sim). Toda vez em que penso cinco vezes no que escrever e não posso mudar nenhuma palavra porque já está tudo escrito ou não tenho outro guardanapo. Toda vez em que... Toda vez em que... Você me faz escolher você. Sempre.

25 de setembro de 2010

hoje é meu aniversário e ele me desejou parabéns.
e a Sam me mandou o cartão mais lindo de todos.

22 de setembro de 2010

Eu não me sinto confortável. Ela é bonita. Ela é inteligente. Faz duas faculdade. Letra e Arquitetura. Que ironia tudo isso. Faz pilates, academia e tem tatoos de estrelinhas. E parece que foi a escolhida, que mexeu mesmo com você. E eu fico insegura. Eu não faço duas faculdades, mal faço uma. Tranquei meu curso de Filosofia para me dedicar ao meus estudos para Arquitetura. Um ano e meio estudando em cursinhos para conseguir isso. Sem academia, uma corrida no parque duas vezes por semana e muito, mas muito carboidrato.
Ela é melhor do que eu. Você encontrou alguém melhor do que a mim. Não quero que você a apresente a ele, porque, daí, ele não vai mais me querer por perto (afinal, nem por perto estamos mais). Ele vai querer alguém como ela, com um corpo bonito, um sorriso bonito e as formas dentro do padrão. Alguém como ela, capaz de conversar sobre literatura, artes, estruturas de edifícios e politicagens.
Por favor, fique você com ela e jamais a apresente a ele.

21 de setembro de 2010

O menor dos meus problemas. E o único problema que eu enxergo claramente é essa mentira que me fez ficar longe de você. Não é a faculdade que eu tranquei e nem o vestibular que não vou passar. Não será o 1 ano e meio que estudarei para tentar pela segunda vez. Não. Não me preocupa o fato de, daqui dois anos, todos estarem formados e eu, talvez, ainda buscando por algo.
Sabe, o que eu mais queria era ser aquelas pessoas cultas, de amplos conhecimentos sobre arte e ópera, filmes, críticas, arquitetura, filosofia, medicina e livros. Com uma casa ampla, clara, arejada e perdida em algum lugar arborizado. Uma mulher segura e forte. Não apenas na casca, mas na essência também.
Eu nasci na época errada, na época em que não há patrocínios para escritores cheios de idéia e nem charme para dores de amor. Todos condenam.
Mas, enfim, o menor deles. De todos eles. De todos tanto que você é o único que eu vejo como.

Eu vou achar um jeito de provar.
eu te escolhi você me escolheu eu sei.

20 de setembro de 2010

Eu tô com sintoma de saudade de você.

Quando eu tô perto de você, algo aqui muda. Você resgata o melhor da minha personalidade, meu lado doce, meu lado carinhoso e sarcasmos e ironias se ocultam. O tom de minha voz, o meu jeito de olhar. A vontade louca de correr só para poder te abraçar. É assim que eu fico, como se as minhas armaduras caíssem pelos meus pés e eu não precisasse mais delas - para quê proteção se nada em você vai me ferir?!
Eu sinto aquele aperto de garganta como se tudo o que te digo fosse mais que verdadeiro, mais que absoluto - como se fosse algo tão certo e verdadeiro que, se disser, estragarei o encanto. Mas eu digo. Digo. Digo. E digo. Porque é sonoramente bonito. Sonoramente Verdadeiro. Semanticamente verdade. Individualmente meu e seu.
Você disperta ou regasta essa minha vontade de abaixar as garras e armas e expôr o lírico daqui de dentro. Você faz tudo isso sem pensar, sem me persuadir. Apenas me deixa indefesa e sentimental. E quando penso no meu ciúme, me corrói, mas eu apenas te digo, apenas falo e você me dá atenção. O medo, aquele velho medo de, um dia, não estar mais no que você vê (porque ciúme não é nada senão exatamente isso), fica para depois, pois, nesse agora, você me vê e eu te doou o que tenho de mais especial: minhas palavras.


Mas agora estamos longe e você nem quer me ouvir. Acredita quase que cegamente nisso e se afasta, não me deixa chegar perto, não me deixa tentar provar o contrário. E isso machuca mais que qualquer ciúme, que qualquer insegurança - mais que qualquer ausência. E como tem ausência... tem tanta falta tua aqui comigo. Em que braços, em quais beijos, em que olhar vou te encontrar senão nos teus?! Como esquecer essa conquista tua que não me deixa não te procurar em cada canto que estou?!
Quando eu tive certeza que já era, que era hora de deixar você me conquistar em plena segurança, te assisti correr para o lado oposto ao meu e não soube direito como proceder. A pessoa mais importante que estava na minha vida estava indo embora sem me dar um beijo de adeus. Sem nem ao menos me dizer o motivo.

É a única cena que vem e fica e permanece e não vai embora.

18 de setembro de 2010

vai fazer dois meses já. sinceramente não sei como estou aguentando. na verdade sei sim. as mensagens furtivas no meio da semana. a pontinha de ciúme que nasce no final dela. as preces. as rezas. a vontade toda que foco nisso. dois meses. dois meses. e tudo terminou por uma mentira, e antes fosse porque eu estava sendo invasiva. tenho tanta falta de você aqui.

17 de setembro de 2010

I need more than your kisses

Ele a olha de longe e sorri. Um sorriso bonito, largo e conhecido. É ainda o mesmo de antes. O mesmo daquela outra época. De quase um ano. Entre eles não houve paixão, não houve amor, não houve sentimento.
Houve apenas tesão.
Química.
Choque de peles.
Ela sabe isso.
Ele sabe disso.
Por isso ele se aproximou.
Caminhou até ela, passou a mão pela cintura e sussurrou um oi em seu ouvido. Sentiu a pele dela arrepiar-se, sentiu seus poros dilatarem-se. Sentiu o encontro de olhares, castanho no castanho. Ela apenas sorri.
Ela gostava de outro, ele sabia. Ela queria a outro, ele sabia. Ela pensava em outro, ele sabia. Ela sentia a ele - e disso ele também sabia. Mas ela se afasta; eles já não podem mais serem vistos juntos. Ela o vê de conversas com outras pessoas, mas não se importa. Ele a olha. Ele quer sentir o arrepio mais uma vez.
Ela bebe o último gole de sua bebida curta, abandona o copo sobre a mesa, passa por ele sem mencionar nada e vai embora.
Ele bebe um gole qualquer de sua bebida qualquer, abandona sobre a mesa, sai sem dizer tchau.
Ela está parada diante do carro, procurando a chave dentro da bolsa. Tão típico dela. Tão dela. E ele não aguenta, se aproxima e enconsta mais uma vez nela. Mais um arrepio. Mais uma faísca. Ela se vira contra ele e ele a beija.

14 de setembro de 2010

US OPEN.

Assim: Rafael Nadal, aos 24 anos, ganhou em todos os pisos e os quatro Grand Slams.
Australian Open.
Roland Garros
Wimbledon
US Open
Apesar de estar um pouquinho calvo, eu ainda gosto dele - mesmo adorando muito mais o meu Lorde Suíço.
Talvez seja o fato de eu ser teimosa, meu bem, e não querer ninguém perto de mim para me dar suporte. Eu quero que eu consiga fazer a tudo isso por mim mesma e, ainda que não seja orgulhosa, a teimosia me deixa sê-la. Viro a sua página com um pouco de mágoa, mas a viro com raiva, quase que força o suficiente para rasgá-la do livro. O livro é meu e você não merece mais estar aqui.

"Pra você guardei o amor que nunca soube dar. O amor que tive e vi sem me deixar. Sentir sem conseguir provar, sem entregar e repartir. Pra você guardei o amor que sempre quis mostrar."
(Nando Reis, "pra você guardei o amor")

12 de setembro de 2010

entre uma madrugada e outra

Eu simplesmente não entendo.
Não entendo o que acontece com as pessoas quando se deparam comigo. Muitas delas se sentem confortáveis para se abrirem comigo e até mesmo me procurarem por alguns conselhos. Mas eis o ponto: eu não sei dar conselhos. Minhas palavras serão sempre aquelas que ninguém quer ouvir, mas eu só consigo processar essas.
Não entendo o que acontece quando as digo, calma e seriamente, pois as pessoas parecem que entendem e se sentem confortáveis por terem a mim ali perto, para dizer aquilo tudo. Mas eu me desespero, porque em sei eu que aquelas tantas coisas é puro artífico. Ninguém consegue levar a sério. Eu não levo. Só que funciona. E elas me agradecem e me sorriem e dizem que sou uma boa pessoa. Que eu cuido delas.
E aí eu me desespero.
Porque eu cuido delas, digo coisas que elas aceitam e concordam, mas quando eu me desequilibro, nada do que me dizem é o que me conforta. E aí não tem ninguém para cuidar de mim. E aí eu tenho de cuidar de mim mesma e pensar nas palavras que eu não quero ouvir e tentar seguir em frente comigo mesma.
Nunca tem ninguém a minha altura para me levar ao banheiro no meio da balada e me mandar olhar no espelho e potencializar a minha pessoa.
E fazer isso sozinha me mostra o quão autosuficiente eu tento ser.

um quote

"- Você quer um conselho meu, né?! É por isso que veio até aqui, certo?! Então lá vai: vá embora!
- Eu achei que você me receberia melhor_
- Eu te receberia de bom agrado se isso daqui tivesse acontecido há um ano. Mas faz um ano que a gente nem olha um no cara do outro e, de repente, eu me deparo com você, parado na frente da minha casa, sorridente e dizendo que sente falta do meu drama, e na cidade onde estou morando! Você queria um chá?"


Diálogos continuam vindo na minha cabeça e alguns são bem sarcásticos B)

9 de setembro de 2010

Eu queria que, depois de um dia todo de estudos, pudesse sair à noite ao seu encontro e, assim, descontrair a cabeça e rir um pouco. Depois, ficaríamos dentro do carro, conversando mais, ou ambos deitados sobre o capô olhando o céu sem de fato prestar atenção. E, aí, minha cabeça estaria apoiada em seu peito e seu braço me laçaria, só para ficarmos mais juntos.
Queria que depois de uma semana inteira longe um do outro, meu coração viesse à boca de tanta ansiedade em te encontrar, que a gente pudesse andar de mãos dadas pela rua e, num ato inesperado, você me abraçasse...

Eu só queria que você entendesse de uma vez por todas que, para você, eu não consigo mentir.

5 de setembro de 2010

Você não precisava fazer aquilo. Não precisava remexer em todas as dores de uma vez só. Você mesmo disse: todo mundo se divertindo e a gente pensando na vida. Bem, eu penso nela a todo instante. Mas você não precisava. Eu estava fortificada, descrente, longe e bem. E você, no meio de 27.000 pessoas, me achou. Ou eu o atraí até ali, não sei. Você poderia ter ficado ali do meu lado, falando de rodeios, Barretos e o quanto eu sou do contra. Sobre inglês, minha faculdade e o quão eu chamava atenção naquele lugar. Mas você preferiu não ser apenas uma companhia, um amigo, mas o cara por quem eu me apaixonei nesses meses todos e que me pediu para a gente não se visse mais.
Eu tava cumprindo a minha parte. Fiquei distante e não te vi esses dias todos, e você poderia ter cumprindo a sua.


Você é confuso, incoerente e manipulável. Um trouxa, tolo. E só.

31 de agosto de 2010

não vejo a hora de acabar o dia e para você poder voltar ♫
(e esse dia tá demorando para acabar)

26 de agosto de 2010

sou sua Orfeu, deixe-me não te olhar uma última vez.

Eu só conseguia pensar na lenda de Orfeu. Ele enfrentara o Mundo Inferior para salvar a alma de sua esposa e a única coisa que deveria ter feito para obter êxito era não olhar para trás, ou seja, não olhar para ela. Mas ele olhou. Mas ele voltou-se para ela, apenas para se certificar de que ela estava bem. De que ela estava ali.
Eu só conseguia pensar nisso - não que ele fosse morrer pela segunda vez, era apenas o sentimento, o sentimento de que se eu voltasse a vê-lo, ele morreria mais uma vez dentro de mim. Sei que ele esperava por esse gesto de minha parte, porque, na última instância, eu fraquejava, chorava e corria de volta aos braços dele - e, inevitavelmente, a cada vez que agia assim, pouco dele se esvaía de mim.
Apenas decidi por caminhar reto em passos largos para que, quando quisesse olhá-lo, já seria longe demais para enxergar qualquer coisa. Reconhecer qualquer vulto.
Eu não olharia para trás para manter vivo ainda, dentro de mim, aquele amor que eu só podia sentir sozinha.

Então eu parti.

say a little pray and nothing is going to change.

Foi-se de tal forma que achei que era passageiro. Como se o tempo que ficaste aqui, perto de mim, fosse insignificante (ou assim o tornou ao partir). Ao ver-te de longe, apagaram-se todas as boas imagens de tu perto de mim.

25 de agosto de 2010

God has a weird kind of sarcasm

Muitas vezes eu penso: não gosto disso, vou largar, vou me realizar em outra coisa, e, então, bate-me outra dúvida: realizar-me no quê?! Eu gosto de filosofia, gosto da quantidade de informação que isso possui e gosto ainda mais de ver como se desenrola. Mas eu não me enquadro no perfil e sou sozinha na faculdade.
Meu irmão me diz que é impossível ser sozinho na faculdade e a gente só se sente bem ao deparar-se com outros na mesma situação que a gente. Talvez então a questão seja que eu comecei na faculdade errada, do jeito errado, do modo errado. E se a solução fosse começar de novo em outro lugar?
Confesso que fiquei tentadíssima a largar, estudar e fazer outra coisa em outro lugar. Arquitetura, na USP, em São Carlos. Seria perfeito! Um recanto com pessoas que tenham o mesmo gosto de mim - sertanejo, rodeios, amigos. Seria uma oportunidade única... se não fosse o breve detalhe: exatas. É impossível em 2 meses eu criar um gosto por elas que me faça aguentar 5 anos de um curso e depois uma vida nisso.
É tanto impasse na mesma questão que me doem os olhos só de pensar nisso. acho que o melhor é me formar daqui dois anos e tentar fazer outra coisa... sim, essa é a melhor opção (ou não).

24 de agosto de 2010

todas as soluções que levanto me dão medo. não quero intercâmbio, não quero trancar a faculdade, não quero ir para um cursinho.

~

não quero arquitetura, não quero engenharia de produção, não quero outra humana. não quero ufscar, não quero a pqp.

~

passaram-se idéia absurdas na minha cabeça - e eu não gostei.

23 de agosto de 2010

Tem essa menina que eu conheci. Não direi o nome dela em respeito, mas sua história me comoveu. Ela me segredou meio em desespero que estava tudo desabando: seus sonhos, sua família, sua vontades, seu namoro. Ela me disse que desde pequenininha sonhava em ser arquiteta, estudou absurdamente para tal e conseguiu. Arquitetura. Mas de sexta chamada. Entrar num ambiente depois de todo mundo foi estranho, como se algo lá trás tivesse ficado imperfeito, mas continuou indo às aulas e percebendo que nada do seu sonho seria fácil. Em meses emagreceu e ganhou olheiras, e nada do que produzia parecia ser o que se esperava.
Queria sair, desistir, partir para outra, mas não sabia o quê.
Ela chorou quando disse que era a filha perfeita, mas que, de uma hora para outra, não era mais. Tinha vontade de não ser mais filha de seus pais e fugir de casa, mas sabia bem o quão aquilo era loucura. Ela queria ter feito intercãmbio de high school, mas a super-protetora projenitora não deixou, alegando que ela era jovem e não ia conseguir. Queria ter feito antes da faculdade, mas parecia que o mundo tinha de seguir uma regra natural: colegial, faculdade, diploma, trabalho. O pai acreditava que ela fracassaria em tudo o que viesse a realizar em sua vida e, pouco a pouco, ela mesmo começou a concordar: fracassar sempre.
"Disse a eles que seria melhor aceitar de uma vez que a filha deles era uma fracassada".
Essas palavras me marcaram. Por que alguém perderia totalmente a força de vontade de lutar por algo para si mesmo?! "Porque o trabalho empenhado durante todo o tempo desgasta".
O namoro desabou no meio tempo, quando ela, sem rumo, contou todos os medos ao rapaz - e ele não aguentou. Quando ela mais precisou de um suporte não-familiar, esse suporte desapareceu.
"Eu não tenho mais vontade de nada", ela me disse, "não tenho mais vontade de querer algo para mim. Os anos estão passando e estou sem perspectiva nenhuma de futuro..."
Perspectiva de futuro. Como é que alguém pode perder os seus sonhos?!
Eu não sei.
Não sei...
um anjo sem chamado é quase diabólico

19 de agosto de 2010

ele simplesmente a chamava assim, de anjo

18 de agosto de 2010

Leibniz disse que o mal existente no mundo não foi criado por Deus, mas que já estava no mundo. Deus, de acordo com a moral perfeita de Si mesmo e somente podendo fazer o melhor sempre, teria esses tantos mundos em seu intelecto e dentre desses ele escolheu o melhor - mas o melhor como um todo, e não como características particulares.
A única coisa que me intrigou nisso foi: será que no intelecto divino não houve nenhum outro mundo possível que não tivesse o mal?! Se houve, o que será que teria nesse mundo-sem-mal que o impediu de escolher como melhor opção?! Algo pior que o mal?!

engravatado


E tem essa série White Collar e tem esse cara aí e tem esse charme todo, essa beleza toda.

16 de agosto de 2010

Eu não sei de muitas coisas e nem de poucas. Nem sei direito quanto a mim, quem dirá das coisas/pessoas/abstrações que não pertencem a mim - mesmo com os dizeres de quem vê de fora vê com mais facilidade. Mas de uma coisa eu sei, isso não é certo.

14 de agosto de 2010

you´re in a beatifull dream and you cannot even non behave badly.

Acaso.
Ela parou ali por causa de alguma coisa no olho. Eu estava na calçada, criando coragem para simplesmente ir embora sem se importar com nada. E aí ela saiu do carro e a vi blasfemar com todos os palavrões que jamais achei que ela pronunciaria. Calça jeans, camisa xadrez, chinelo Hawaina - simples, básico e estranho para estar assim às 3 da manhã a um quarteirão da balada.
- Tá tudo certo?!
Ri quando ela parou de tentar limpar algo em sua roupa com um olho fechado e virou-se com tudo em minha direção com cara de espanto.
- O que aconteceu?
- O que aconteceu?! Aconteceu que eu tava dirigindo, um bicho entrou no meu nariz, no que eu fui espirrar meti a unha no olho e derrubei toda a minha coca-cola na minha calça, o que é bom porque não caiu nada no banco. É isso o que aconteceu.
Fui até ela, tirei-a do meio da rua e pedi para se acalmar e fazer uma coisa que cada vez. Ela abriu o olho e perguntou se estava vermelho. Cheguei mais perto para ver se havia algum machucado e ela arregalou o olho. Nunca notei. Os olhos dela são tão bonitos. Mais escuros que os meus. Mais expressivos. E agora um pouco avermelhados.
- Tá tudo bem com o seu olho. Agora, quanto a roupa_
- É inútil tentar secar assim, vai secar mesmo daqui a pouco. Eu só me desesperei. - Ela se afastou de mim e sorriu. Fazia tanto tempo que seus sorrisos não se direcionavam a mim que não pude conter o meu sorriso grande e surpreso. - Eu vou embora agora.
- É, você deveria... as pessoas podem falar mal de você caso te vejam assim.
- Não que eu esteja preocupada, mas já não sei quantos dedos tenho no pé. Estão congelando!
- Entra no carro então. - E ela entrou. - Eu posso entrar?!
Ela se assustou, bem pude notar. Encarou a mim por alguns segundos e abaixou a cabeça logo em seguida.
- Por quê?!
- Porque tá frio e porque_
- Por que você tá falando comigo?!
A voz.
Aquela voz.
Voz de tristeza.
Voz de culpa.
De dúvida.
- Não sei.
Pelo olhar dela, eu sinceramente achei que ela me deixaria entrar no carro e conversar sobre trivialidades, mas, enquanto girava a chave entre os dedos, algo me disse que nada seria desta simplicidade toda.
- Acho melhor a gente continuar a não se falar.
Foi um choque. Achei que seria fácil. Que ela me aceitaria ali de novo, perto dela.
- Por quê?




- Boa noite.

11 de agosto de 2010

from my orkut

Eu possuo um monte delas. Saem da cabeça, da boca e até dos dedos, correndo tão rápidas em mim que nem sei se elas não são a mim. Possuo um monte de palavras intrínsecas, um monte de palavras idiossincráticas. Um monte de palavras que não cabem dentro de uma mente - e são tantas que, muitas das vezes, preciso expô-las. Eu jamais as usaria para mentir; palavras são importantes demais para tentar fundamentar algo não-verdadeiro. Atitudes fazem a diferença, mas quando possuo os dizeres, sinto que parte de mim é compreendida e vista.

do you remember?

Porque é sempre assim. Foi antes, foi depois e o é agora. Você vai embora e acho que eu também vou, e, aí, eu me apego ao passado. Não que eu vá querer procurar entender o que não deu certo ou se ainda tem raiva de mim, por eu ter sido sim criança. Não. É apenas que eu me apego a isso tudo. Sinceramente já não acho que há meios para nós dois; você não sente a minha falta e eu não sei ainda se sinto a sua, mas busco nas minhas lembranças um pouco do antes. Já não tem mais as lembranças sensoriais, de abraços, beijos, mãos dadas. Nada disso. Há apenas a imagem. Se me basta?! Não. Ainda prefiro nós dois àqueles outros dois. - porque eu não sou mais aquela menina.

"de que vale essa saudade por alguém que eu nem sei se quer me amar?!"
(jb&v - preciso amar de novo)

7 de agosto de 2010

She gives her back to you. She gives the best to you. Just accept.

Ela conta os minutos. Está quase na hora, pensa. Quase na hora de ir embora de novo. Contando sozinha o tempo que falta, não apreciando esse pouco tempo, ela pensa. Pensa que tem algo diferente. Está ansiosa para ir embora. Um sentimento novo. Ela geralmente só vai embora, sem sentimento algum. Mas está aqui o de novo, ela já voltou e já foi várias vezes - e voltou. Para que voltar se sabe que quer ir embora sempre?! Se em determinado momento todo seu eu gritará para simplesmente partir?! Não seria melhor apenas ir uma única vez?!
Não.
Claro que não.
Tola.
Ingênua.
Ela precisa desse ir embora; como iria sempre embora, satisfazendo tal necessidade, se só houvesse uma única partida? Morreria logo em seguida. Por isso ela volta. Está ansiosa. Agora sabe o motivo. Ansiosa para ir embora e poder partir de novo quando voltar.
Ansiosa para que sua satisfação jamais acabe.

6 de agosto de 2010

I´m on my own way to believe in it

Existem, sempre, aqueles amontuados de palavras que, por algum estranho motivo, mesmo que decência, educação e consideração soem nobres, não foram ditas. Medo é ainda um dos melhores motivos, porque dizer algo sem se importar com a reação do outro é realmente um ato de segurança. E quem seria tão seguro?!
O melhor dos motivos estranhos.
Aqueles amontuados de palavras não ditas são, ao mesmo tempo, as quatro coisas que jamais voltam. A pedra atirada, a palavra dita, a ocasião perdida e o tempo passado. A ocasião de dizê-las já passou assim como o tempo. Houve sim uma pedra atirada, caso contrário, por que esses amontuados de palavras surgiriam?! A palavra dita é aquele silêncio - porque o silêncio é a reação não natural de todas as coisas que surgiram na cabeça e não se pode pronunciar, mas ecoam na mente, em palavras, murmúrios, sons dispersos e se escuta dizê-las toda noite.
E não foram de fato pronunciadas. Não a quem deveria ouvi-las, mas só e unicamente a você. Isso corrói tanto que perder o sono é o ínfimo dos efeitos. A causa maior é que o tempo de dizê-las passou, a pedra está nas mãos e a ocasião ficou perdida junto com o tempo - e as palavras ficaram presas numa mente que, por algum motivo estranho, optou por perder a tudo isso.


Aqueles amontuados de palavras não ditas pesam sempre mais.

5 de agosto de 2010

Sun turns to bright in half of day. After that, it starts to shine to the other side of the world. But the Sun shines to whole Universe.

"É como tentar lapidar uma pedra preciosa sem ter as ferrasmentas certas". Ela então segura a minha mão. Não porque me ama ou gosta de mim da mesma maneira que eu gosto dela. Não. Porque é o jeito dela de conseguir me lapidar. "Você não pode simplesmente esperar que eu entenda, porque, na verdade, eu entendo sempre. Mas eu preciso que você me conte o que eu tenho de entender". E aí ela larga da minha mão, me sorri, e vai embora.


Como ela sempre faz. E eu até consigo ouvi-la dizer "senão, você vai dar a sua pedra preciosa todas as formas imperfeitas, quando, com uma ferramenta certa, ela pode se trasformar no único formato perfeito".

3 de agosto de 2010

A mensagem que não mandei

Infelizmente, é assim mesmo. A gente nunca consegue ser totalmente coerente, totalmente bem entendido. Achei, de verdade, que se repetisse em todas as nossas discussões que gostava de você, você confiaria em mim – e nas coisas em que digo. Já passei por isso antes, de não ser compreendida e de tentar explicar como é que isso funciona.
A melhor maneira, talvez, deveria ter sido franca desde o começo: o que digo, em relação aos meus sentimentos, sempre é verdade. Potencialmente verdadeiro. Por quê?! Porque eu tenho vergonha. Tenho receio de me expor e não o ser. Demorei quase exatos quinze anos para dizer a minha mãe que a amava; já havia escrito isso diversas vezes, mas nunca disse – e lembro-me bem que, ao dizer, minha voz soou trêmula e houve um nó em minha garganta e uma vontade desesperadora de chorar.
E é sempre assim quando falo dos meus reais sentimentos, sem nenhuma tentativa de psicologia vã no meio. Tem esse nó na garganta, esse nó que faz tudo soar fraco demais, humano demais – e, geralmente, a revelação só vem depois de alguns segundos de silêncio, porque é o tempo que levo para achar uma brecha nesse nó.
Quando disse pela primeira vez que gostava de você, eu não sei, senti aquele nó e a minha veia do pescoço pulsar violentamente. E eu chorei, bem me lembro – porque ao mesmo tempo em que precisei te dizer isso, dei-me conta disso. Simultaneamente.
Mas, pensando um pouco melhor, não deveria nunca ter sido totalmente sincera com você e, talvez, nunca ter passado aquela barreira. O que a gente tinha era apenas carnal, e eu lidei com isso muitíssimo bem por alguns meses. Mas aí veio isso tudo, esse lado sentimental meu que bem sei eu que não ajuda em nada.
Veio em seguida o respeito. A vontade de estar junto. De te sentir perto de mim. De dizer o que fiz e por que o fiz, como foi e como deixou de ser. E sei que é bem aí que eu erro sempre. Ao me envolver sentimentalmente, tudo desanda e eu não sei lidar. O ciúme, que foi potencialmente controlado até certo ponto. Mas não foi o ciúme. Foi você.
Infelizmente.
Você nunca me entendeu, não é mesmo?! Nunca entendeu por que eu queria ser avisada se você estaria no próximo final de semana ou não, por que eu queria que você dissesse rapidamente que sairia comigo no sábado, por que eu tinha crise toda vez que tinha de escolher uma roupa para sair com você.
O aviso é pelo simples motivo de você, uma vez, ter-me dito que não sabia se voltaria no próximo final de semana, acabou voltando, eu liguei para você e mandei uma mensagem e você não deu sinal de vida, e, eis que, no meio da madrugada de sábado para domingo, você me ligou pedindo para buscá-lo. E a tonta foi. Você não apareceu ao local, não me atendeu e nem me deu uma única mísera desculpa depois. E nem absorveu nada do que eu te disse quando consegui falar com você às nove horas da noite.
Você se lembra do que eu disse? Não.
Eu disse que o mínimo que você deveria ter feito, em consideração a mim, era me ligar e dizer o que tinha acontecido – e de preferência que isso condissesse com a verdade. Que me ligar naquele horário não demonstrava qualquer respeito por mim, que a única coisa que passava pela minha cabeça era que você não tinha conseguido ninguém e lembrou de mim.
Você conseguiu me magoar algumas boas vezes, fosse me ignorando na balada, não me ligando no dia seguinte, nem ao menos respondendo uma mísera mensagem. Houve aquela vez em que eu fui para Ribeirão em uma festa. Eu te liguei antes de ir e disse que talvez voltaria do sábado para ficar com você. Você se lembra do que me disse? Disse para eu te ligar caso voltasse. E eu voltei. Você não me atendeu. E eu saí ao mesmo lugar que você naquela noite e você me ignorou. Disse-me um oi seco emendando um assim ta bom?!i e me dando as costas. E quando eu fui lá te chamar, você me olhou com aquele olhar, com olhar de desprezo e voltou a conversar com a loira.
Eu não olhei mais na sua cara desde aquele dia.
Chegou seu aniversário. Mandei uma mensagem de parabéns, você retribuiu e eu disse que tinha saudades. Achei que a gente ia voltar ao que era, mas aí veio o baque. Enquanto eu recebi a um obrigado, a loira, a mesma, recebeu um convite para ir ao rodeio de Ipeúna. E eu desisti de você de novo.
Para que me importar com alguém que não está nem aí para mim?! Segui bem assim, de verdade, com saudade, de verdade, mas bem.
Porém, na sexta-feira santa, você veio até mim, perguntando por que diabos eu não tinha te cumprimentado e eu respondi sincera que era porque eu não quis, porque estava com raiva de você ainda. E você falou dessa menina, dessa Daiane, que disse que eu havia convidado-a para ir a um barzinho e logo em seguida disse que eu a xinguei. Ali eu fiquei com raiva de você, com raiva porque eu jamais seria capaz de fazer algo assim. O meu melhor argumento eu jamais poderia dar, porque, por infelicidade do destino e da genética, você é primo dele. Eu gostei muito dele, apaixonei perdidamente por ele e levou muito tempo para me desconectar dele – só o fiz quando ele apareceu com ela. E se eu não fiz nada para com eles, por que eu faria com você?! Eu já tinha desistido. Já tinha te descartado de mim. Não era nem para conversarmos, mas aquilo me deixou possessa de raiva, ser acusada de algo que não fiz.
Nunca senti tanta raiva. Já senti muito ódio. Mas raiva e ódio são diferentes.
Pedi para conversar com você e você aceitou, no entanto, por causa de uma formatura e de um ônibus quebrado, não deu certo. Voltamos a nos falar e as coisas estavam indo certo. Até o dia em que provavelmente nos reconciliamos e esse dia coincidia com a comemoração de aniversário da sua ex. Você não quis ficar comigo com ela ali, eu entendi, me afastei e soube que não poderia nem chegar perto de ti naquela noite. Depois você me procurou, fomos embora...
Na semana seguinte veio o churrasco. O mesmo churrasco que me fez perder o sono. Você me levaria no meio dos seus amigos e eu deveria estar linda porém não chamativa. Apesar de você não ter me levado e pedido para que eu fosse sozinha, eu estava feliz por estar ali com você. Mas doeu, doeu quando você foi buscar as suas amigas. Doeu. Mas quando você me disse, antes de eu ir embora, que tinha adorado passar aquele tempo comigo ali, achei que jamais dormiria de novo.
E aí veio a sua semana de prova que te deixou estranho. O final de semana que você não voltou e a ligação em que você me contou que provavelmente não voltaria no próximo porque seus pais estariam viajando.
O que aconteceu no seguinte eu já contei aqui.
Veio o rodeio em que eu fiquei absurdamente bêbeda – de raiva de você. O que fiz lá, não sei. Saímos na sexta-feira seguinte, tudo lindo, tudo lindo. E você foi ao rodeio no sábado. Por mais que você me dissesse que não fez nada, conheço esse ambiente. Seu primo pertence a ele – e eu nunca confiei nele. No ambiente. E no seu primo.
Você havia me dito que sairíamos no domingo e você nem ao menos me ligou. Chateada pela segunda vez em menos de quinze dias. É um recorde e tanto.
Com o tempo aprendi a aceitar seu jeito quieto, de nunca dizer nada, nem que gostava de mim, nem que sentia minha falta. Mas estava tudo bem. A gente saía, conversava sobre trivialidades, ficávamos juntos e eu voltava para casa sozinha.
O respeito que eu tive por você nasceu no exato momento em que notei que não queria mais ninguém. O respeito que tive por você era, antes, conseqüência do respeito que tive por mim, a partir do momento em que nós dois não éramos apenas beijos, abraços e mãos dadas.
A questão é que você sempre teve a imagem de uma menina de recém dezoito anos feitos em sua cabeça. Naquela época eu era ingênua e potencialmente enciumada. Nesta outra época, eu moro sozinha, faço minhas compras e tenho de acordar na marra para não perder aula. Nessa época eu já sofri muito por estar apaixonada, tive de reconsiderar algumas ações e algumas características. Perdi amigos, me afastei de alguns e criei próprios pensamentos.
Ao me deparar com você, achei mesmo que você jamais me conquistaria. E sabe o por quê?! Porque achei que estava anestesiada disso tudo, que você fosse exatamente como ele era, que você agiria exatamente como ele agiu. Por serem homens. Por serem de meu interesse. Por serem parentes.
Quando as palavras não vieram, tentei ver o lado bom. Ele me dizia que me amava e que não conseguia ficar longe de mim. Ele me dizia que eu era linda, que sentia saudades e me pediu em namoro duas vezes – duas vezes nas quais eu recusei. E tudo aquilo era mentira. Eu achei que a gente – você e eu – ficaríamos simplesmente juntos, sem pedidos formais de namoro, sem a necessidade de determinar um dia. Apenas juntos. Recíproca e mutuamente juntos.
Era lindo na teoria.
Mas aí você me chateou de novo, naquela festa, em que você nem ao menos me deu oi. Cumprimentar a alguém apenas implica estender as mãos ou não mas necessariamente em uma pronuncia clara de oi. Nada de beijos, abraços, vamos sair daqui. Você não fez isso. E quando eu te chamei, você me lançou aquele mesmo olhar de quando você me ignorou por causa da loira alta. Olhar de desprezo. Fiquei com tanta raiva de você. Com tanta raiva e que me senti sim na posição de te alertar.
Você me veio com a desculpa de que não ficaria comigo por causa dele, porque ele era a sua família, porque você tinha consideração por ele, porque você não me colocaria diante da sua família. (Coisa que eu jamais ousaria pedir). Aí passou pela minha cabeça: o mesmo cara que você chamou de mentiroso para mim, sem caráter. O mesmo que estava no churrasco dos seus amigos e que esteve presente nos momentos em que nos beijamos, abraçamos e até mesmo saímos de lá juntos. O mesmo que você se designou como meu amigo, e não seu primo.
Uma desculpa esfarrapada que me deixou com pena dele. De verdade. Porque, em uma semana, você me apareceu com outra desculpa, sobre a ir ou não quando eu te chamei. Mas você não foi. Você estava tão bêbado que você não conseguia nem organizar seus pensamentos argumentativos e usufruiu do seu primo. E sabe qual é a única informação que essa desculpa esfarrapada me deu caso ela fosse verdade?! Que o Caio ainda se importava comigo.
E eu tive de voltar atrás, né?! Eu tive de perguntar se você estava bravo – e como eu quis gritar com você quando respondeu um talvez não. Mas eu me contive, fui boazinha, compreensiva, te liguei, disse gostava de você e não conseguia ficar com outros. Disse que não levaria adiante aquela história da festa e a sua desculpa. E o que mudou depois disso tudo?! Absolutamente nada.
Você continuou não me entendendo, continuou sem me dizer nada, continuou achando que eu deveria adivinhar as coisas. E a nítida declaração de que você dá ouvidos a sua ex, quando você mesmo já havia me dito que ela pedia para voltar e era você quem não queria. Quando me disse isso?! Naquela noite da reconciliação, na comemoração de aniversário dela. Ela te disse que eu a provocava, mas sabe qual o pior?! O pior é que não tenho nem idéia de quem seja essa garota, nem idéia das afeiçoes dela, nem idéia de como ela poderia vir a ser. E você não acredita em mim quando digo isso, e me chamou de hipócrita.
Eu ainda quero que você volte, mas vou respeitar o tempo que você pediu, para que a gente não se visse por um tempo. Mas estou começando a ponderar se quero estar mais uma vez com você, porque nada vai mudar, não é mesmo?!
Você nunca entendeu as coisas.
É, a minha maior falha com você foi ter sido sincera desde o começo.