14 de agosto de 2010

you´re in a beatifull dream and you cannot even non behave badly.

Acaso.
Ela parou ali por causa de alguma coisa no olho. Eu estava na calçada, criando coragem para simplesmente ir embora sem se importar com nada. E aí ela saiu do carro e a vi blasfemar com todos os palavrões que jamais achei que ela pronunciaria. Calça jeans, camisa xadrez, chinelo Hawaina - simples, básico e estranho para estar assim às 3 da manhã a um quarteirão da balada.
- Tá tudo certo?!
Ri quando ela parou de tentar limpar algo em sua roupa com um olho fechado e virou-se com tudo em minha direção com cara de espanto.
- O que aconteceu?
- O que aconteceu?! Aconteceu que eu tava dirigindo, um bicho entrou no meu nariz, no que eu fui espirrar meti a unha no olho e derrubei toda a minha coca-cola na minha calça, o que é bom porque não caiu nada no banco. É isso o que aconteceu.
Fui até ela, tirei-a do meio da rua e pedi para se acalmar e fazer uma coisa que cada vez. Ela abriu o olho e perguntou se estava vermelho. Cheguei mais perto para ver se havia algum machucado e ela arregalou o olho. Nunca notei. Os olhos dela são tão bonitos. Mais escuros que os meus. Mais expressivos. E agora um pouco avermelhados.
- Tá tudo bem com o seu olho. Agora, quanto a roupa_
- É inútil tentar secar assim, vai secar mesmo daqui a pouco. Eu só me desesperei. - Ela se afastou de mim e sorriu. Fazia tanto tempo que seus sorrisos não se direcionavam a mim que não pude conter o meu sorriso grande e surpreso. - Eu vou embora agora.
- É, você deveria... as pessoas podem falar mal de você caso te vejam assim.
- Não que eu esteja preocupada, mas já não sei quantos dedos tenho no pé. Estão congelando!
- Entra no carro então. - E ela entrou. - Eu posso entrar?!
Ela se assustou, bem pude notar. Encarou a mim por alguns segundos e abaixou a cabeça logo em seguida.
- Por quê?!
- Porque tá frio e porque_
- Por que você tá falando comigo?!
A voz.
Aquela voz.
Voz de tristeza.
Voz de culpa.
De dúvida.
- Não sei.
Pelo olhar dela, eu sinceramente achei que ela me deixaria entrar no carro e conversar sobre trivialidades, mas, enquanto girava a chave entre os dedos, algo me disse que nada seria desta simplicidade toda.
- Acho melhor a gente continuar a não se falar.
Foi um choque. Achei que seria fácil. Que ela me aceitaria ali de novo, perto dela.
- Por quê?




- Boa noite.

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