30 de novembro de 2013

Felicidade é um fim de tarde olhando o mar¹

Seria pois uma característica só minha de ficar idealizando todas as coisas que eu poderia ter feito? Acho que não. Acho que cada pessoa carrega em si aquele desejo secreto de, sei lá, ter podido se dedicar a uma outra coisa, desenvolvida um outro interesse. Seria uma fuga contida ou o desejo de ficar lembrando de tudo o que não fez?

Não sei.

Soa-me como tiro constante em cima da ferida esquecida - para então se lembrar de que você não fez e que não é nada daquelas coisas.

Eu teria me dedicado mais às artes, sabe? Todas elas: escrever, pintar, desenhar, fazer. Seja lá o que me fosse proposto em mente, mas seria de alguma forma algo muito similar à arte. E escolheria coisas que me fizessem bem e me trouxessem paz: surfar, tocar violão, jogar basquete no final de tarde, uma bola de sorvete de limão por final de semana (na verdade seria por dia, mas eu não gostaria de abusar tanto de algo que gosto correndo o risco de enjoar e deixar para lá).

Ter o sossego em mente sem aquela auto cobrança que me é tão emaranhada na essência. Parece um bom caminho para coisas que eu deveria ter feito. É um sonho não de futuro, mas de passado, que em parte em muito me acalma. A questão é que a mente do jovem é uma armadilha tão grande que qualquer desvio de conduta corrói a estrutura e a principal é acreditar que o tempo é rápido demais e, como consequência não correlacionada, temos de correr atrás de objetivos maiores. Carreira, emprego, conhecimento, família e dinheiro.

Não é ruim ter esses planos, mas não seria bom encontrar um espaço para se fazer o que se tem vontade? Crescer profissionalmente é deveras importante e gratificante, e por que não agregar à essa gratificação tudo aquilo que unicamente, por assim estar contido, te dá sossego? Complementar não somente o currículo, mas a alma.

Desenhar, pintar, escrever, ilustrar... Ilustrar cada capítulo de mim naquilo que me faz em paz. Soa-me um bom sonho frustrado de passado e um interessante ponto a ser considerado para o futuro (para então ser presente e ser constante).

¹ Hidropônica, Forfun.

23 de novembro de 2013

E eu que não tinha o que escrever

Não-saber às vezes é o melhor estado de consciência que se pode ter diante das coisas da vida, da curiosidade, da humanidade. Quem não soube antes esteve propenso à deixar a mente aberta para poder aprender sobre as diferentes formas que tudo pode ser. Muitas vezes eu simplesmente não sei e o que e quem quiserem me ajudar a tentar desfazer esse enlaço sempre me foram bem-vindos. E bem-vindos foram todas as informações que me contaram, não importante exatamente qual e qual era sua veracidade. Isso depois eu descubro, com o tempo, com a vida, com os livros. Aliás, gostar de ler e aprender são motores muito relevantes para se ter conhecimento deste estado de não-saber. Não-saber tem sido a busca pela qual todos correm, porque quem não sabe de nada tende a querer conhecer tudo. Quem não sabe de nada não está fechado. Eu estive fechada, e vou me abrindo, deixando que meu conhecimento não se solidifique. Deixo que todo ele seja líquido, seja maleável para sempre poder molda-lo a tudo aquilo de novo que faz surgir-me em curiosidade.
Não-saber é um estado - e a ciência já diz que ela depende de condições de pressão e temperatura para se estar em algum estado. A pressão vem de mim. A temperatura é a potência em que meus pensamentos correm.

E eles correm rápidos.

22 de novembro de 2013

Hoje não tem hora para terminar (sobre Forfun e outras coisas mais)

Tem algumas coisas que nos remete ao interessante, e uma delas, posso dizer com certeza, é o que eu presenciei ao longo desses dois ou três meses seguindo e ouvindo essa banda, Forfun.
A crítica das letras deles me remete ao meu estado de pessoa interessada em pensamentos e humano, e como essa pessoa me coloco, às vezes, a prova de cada tapa na cara que esses caras estejam passando para toda a sua legião de fã. Alguns devem entender, outros, nem tanto.
Um pouco talvez vá além de cada palavra cantada, entra mais afundo no que cada palavra, somada às outras, deve de fato ser. E sê-lo é o que me toca. Toca-me como o ponto de vista deles possui um cunho filosófico, dizendo sobre forma e matéria (totalmente de Aristóteles) e o questionar se existe necessidade de possuir e bel-prazer (Epicuro). Forfun me remete àquela que eu deixei um pouco para trás, trazendo-me à lembrança a doce amargura do querer saber.
Não é que seja ruim e espero fazer de todos os sentimentos o propulsor para várias coisas que quero realizar. Por hora me basta poder sentar e escrever um pouco disso tudo, sobre como várias coisas, de maneiras diferentes, conseguem atingir um ponto em comum em mim. Forfun me faz pensar quanto algumas coisas, alguns conceitos (busco ainda o real de "malícia") e sei que vai além de um dicionário e de uma superfície. Os destrinchar é que me é bonito. E destrincho as músicas nas palavras mais obscuras.
E o Bonito é ainda uma questão universal.