31 de dezembro de 2011

Todos os anos eu escrevi - por que neste eu não iria?! Vou te dizer o motivo: porque me parece que vivi dois anos em um. Minha realidade mudou de uma metade para outra e sinto-me com 18 anos de novo. E eu nem tenho mais 18.
O que exatamente mudou? Não sei. Um ano a mais. E só.

2011 me encontrou em situações não muito boas e nem muito sérias, eram apenas situações corriqueiras de uma menina. E ainda são. 2011 me colocou em situações em que esqueci, colocou-me pessoas que carrego sempre comigo. E como ele vai terminar comigo? Com a notícia de que não vou viajar com a família e com certeza de nada.

12 de dezembro de 2011

Não adianta pedir desculpas, o que você disse naquela hora é exatamente a sua crítica para cima de mim. Eu avisei, não sei perdoar e isso com certeza ressoará dentro de mim por todos os anos da graduação (e farei o possível para você não se esquecer).

8 de dezembro de 2011

Sobre pássaros e gados

Cada vez em que você diz a ela que não, nós dois sabemos o que está de fato incluso nisso. O seu não não é negativa para ela (como haveria de ser se tudo nela implica o sim?!), mas é um traço forte de você mesmo, querendo provar a si que pode se negar para tentar não precisar dela e estar bem sozinho.
Você erra ali, quando pensa que o verbo certo é "precisar", como se fosse uma necessidade e única condição para validar a situação. Não é uma relação de simbiose, ela não vai te sugar e você não é menos sem ela. Vocês não morrerão se separados. Muitos são melhores sozinhos, mas é com ela que seu ápice vai ser atingido. O topo do mundo. O todo do tempo. O seu topo como ser humano triangular. Você não precisa. Você é uno.
E ela também.
É apenas mutualismo facultativo onde vocês dois, vivendo juntos, serão ambos beneficiados por essa experiência. Agora eu sei que você não reconhece nada disso que lhe digo - e vai demorar um bom tempo, até a iminência das lágrimas dela escorrerem por aquela face tão límpida e tão fulgurante de tanto que você a machuca, porque ela não entende o que eu vejo.
Ela acredito em que cada não é um não para ela. Ela sim acredita na protocooperação, em que vocês dois são sim o melhor um para outro e trarão benefícios de recíproca qualidade. Ela crê na felicidade em que você a envolve, e ela não o envolve nela também?!
Não diga nãos - ou até mesmo os diga, mas, por favor!, explique a ela que eles não são a contraditória dela, apenas sua; que você quer negar a si próprio para que ela não ache que deva sempre ser o melhor de você.
Ao mesmo tempo em que quer aliviar a pressão dos ombros delas, na sua imbecilidade de achar que isso é responsabilidade, alive os seus também.

Por favor.

ao ver casal brigando na rua.

5 de dezembro de 2011

Reason for writing anything.

Sou a personagem dela.

Estou o tempo todo ali dentro dela, relembrando de que é necessário terminar a história depois de encontrar um desfecho descente e apresentável. Eu sou o motivo dela buscar a inspiração entre árvores, poesias, frases, imagens e músicas, dela ficar ali parada pensando em como pôr, em como fazer, em como ser diferente. Sem nenhum mísero clichê.

Ela é a minha escritora e eu preciso me manter viva dentro dela, caso contrário, eu morro. Ela não, ela pode criar outros (como bem sei que tem feito por trás de mim) e ela pode procurar outros meios de vazão (mais eficazes que aqueles que eu lhe dou) e encontrar histórias melhores. Por isso a lembro todo o dia: eu sou a sua melhor personagem.

E ela segue me escrevendo, me moldando, me criando em novos aspectos para me amadurecer, me ver criar, me ver vingar em terras que ela julga secas demais. Esforço-me por ela, para ela não decidir abandonar as minhas páginas e começar outras. Ela já tentou, eu sei, criou bois e homens, criou anjos e diabos, criou vários deles, procurando personalidades que a satisfizessem - que reagissem da mesma forma em que eu reajo.

Mas ninguém será o que eu me tornei para ela - anos e anos sendo o fio que a liga com a imaginação.

2 de dezembro de 2011

Cada ser humano tem uma mágoa. Cada um carrega dentro de si um falso perdão, uma palavra dita não-verdadeira, uma significância oposta. Isso é uma mágoa. E mágoas maiores é quando se diz perdoar sem conseguir fazê-lo.
Vejo-o aqui, ao meu lado, posso saber exatamente como contornam seus olhos, dessa verossimilhança de verde e castanho que os meus não possuiram, encarando-me e perguntando o que é, porque não tem tempo para ficar sentado diante de mim quando muitos trabalhos se acumulam agora. Não tenho culpa, e às vezes nem você - mas o medo daqui não é o da pergunta, é o da resposta daí. E se você confirmar?! Onde vou me encaixar?!
Nunca fiz parte de nada em relação a você, mas agora me soa como ferida própria uma possível dor do outro (ou não seja isso realmente; essa desculpa é uma pretensão de compaixão, na verdade, é egoísmo, porque eu acreditava afinco em você). O outro me dói tanto que é meu também. Por que justo você que sempre me aconselhou e chamou-me a atenção para os buracos da vida?! Por que agora o vejo dentro de um e cavando cada vez mais fundo?!
O que deu de tão errado no seu princípio?
Olha-me nos olhos e diga de uma vez. E sim, a resposta vai me fazer julgá-lo. Eu não queria, não é certo - ninguém mundano deveria ser juiz e logo tão menos a mim. Você balança a perna, me chama de louca, de criativida, diz que acredito em tudo o que me dizem e eu explico que o seu comportamento me mostra que não é tão absurdo assim.
O outro me dói, meu caro, porque eu também já confiei e fui traída em mesma instância. Dói-me ainda mais porque, para mim, você era um deus, digno da verdade, da moral e da alma. Você era tão metafísico quanto as possibilidades.
Eu não sei o que você me diz, mas sei que você agora é tão mundano quanto eu - justo você que me parecia tão secular.

20 de novembro de 2011

I cannot walk beside you.

Você me abandonou.

Disse que seguraria forte em minha mão e abandonou-me na primeira esquina.

Deu-me conselhos de uma vida e frases já bem escritas, e deixou-me sozinha na próxima linha. Pois não gosta tanto assim de mim?! Não o vejo mais ao meu redor, não o vejo mais na mão estendida para me levantar quando escorrego... nem o vejo para rir de mim, chorar ou ignorar. Quem ignora antes viu. E nem isso você faz.

Você me disse para escolher um caminho, que para quem não tem rumo fica melhor para brilhar em um, e eu escolhi o meu e tô com medo mais uma vez. E você nem ao menos consegue perceber. Será que toda vez terei de ser eu quem vai correr até você?! Pedir pela mão estendida, pelo olhar de irmão e o tapa de amigo?! Que engano! Rá, rá, rá... você não é meu amigo. É meu irmão, mas não amigo.

Você me abandonou, e temo que seja porque desistiu de mim.

11 de novembro de 2011

Você soube ver o tamanho dos olhos dela?! Eu vi. Costumava ver todos os dias, aqueles dois grandes olhos brilhantes de sonhos. Ela dizia de árvores, livros e travesseiros, e eu via colinas, mundos inteiros, romances, dramas e a sua escrita. Sua cabeça sobre o travesseiro idealizando como seria, como "se fosse"... e vi de perto como não foi.

Os olhos eram de tanta grandiosidade que achava aquilo magnificência. E chegaram tão perto de o serem de fato que se afundaram no próprio "não ser". Eles não eram a realidade, os sonhos não seriam o agora, e tudo seria a mais bela fantasia da hora de dormir.

Ela tinha grandes olhos que se tranformaram em rancores.

Ela não sabe perdoar, porque quem perdoa não sente e ela sente cada amargura deixada.

Deixei-a com os olhos opacos e abandonei seu caminho, mas me lembro, sempre, de como eram, de como costumavam querer ser.


Não tenho medo do escuro
Mas deixe as luzes
Acesas agora
O que foi escondido
É o que se escondeu
E o que foi prometido
Ninguém prometeu
Nem foi tempo perdido
Somos tão jovens.
(Legião Urbana, Tempo Perdido
- em ironia)

28 de outubro de 2011

Ao João José, aquele que se tornou o pintor do Rio de Janeiro.

Há quem acredite em que você apenas teve de ir embora, cumprir seu destino. Tudo bem, Professor, eu aceito a isso. Mas é verdade ou aquele trapiche ficou grande demais? A cara de Bala ficou chata demais?!

Dora, a pequena Dora, a mesma a qual você amou em primeira instância. Antes de todos.

24 de outubro de 2011

A verdade e a mentira que você conta em mesma instância.

Eu vejo as essas músicas, dizendo para um ex amante que a/o superou, que a vida tá melhor, que as fotografias daquele tempo já estão rasgadas e abandonadas em um lixo qualquer. Vejo pessoas escrevendo sobre a faxina de suas vidas, que rir do que se fez chorar é amadurecimento.

A minha teoria?!

Não. Isso não é superar ou sei lá como devo me designar a isso. Quando você realmente esquece daquela pessoa, tudo simplesmente passa e a última coisa em que se quer é jogar na cara do outro a felicidade. Quando a gente supera um ex amor, a gente segue em frente na felicidade em que se encontrou e não quer se lembrar daqueles tempos tempestuosos.

Isso o que se faz se chama vingança - ou desejo de provocar no outro o sentimento de perda/arrependimento. Se você ri do que te fez chorar, desculpa, mas você é um idiota. O que te magoo não vai te fazer sorrir um dia - isso é masoquismo. As feridas são cutucadas com a memória... quando você esquece, esquece e pronto, caso contrário, não é esquecer. Se você se lembra é porque guardou com muito afinco em si... Se você não consegue superar, deixar para lá e seguir sua vida sem jogar na cara da pessoa (ou até mesmo sentimentos e acontecimentos), então, mais do que nunca, está preso a tudo isso. Ao sentimento passado, ao relacionamento, ao movimento da sua vida daquela época.

Se você fracassa nisso, tudo bem, eu não tenho nada haver com isso. Ninguém tem - e ninguém deve ter. As batalhas internas não dizem respeito a mais ninguém senão somente a você. Mas não acredite na cegueira alheia - ou na burrice, falta de capacidade, perspicácia. Todos notam, todos veem. Se você mostra o apego ao passado, todos vão perceber.

São nos pequenos detalhes que se nota. Você sabe disso, eu também sei.

Você quer arrumar o seu canto porque lá dentro há coisas que te pertubam. E se você quer jogá-las no lixo, é porque você não superou os sentimentos envolvidos. Você saberá que superou quando olhar essas fotos e ver somente fotos, sem memórias, sentimentos ou acontecimentos. Pedaços de papéis.

18 de outubro de 2011

Tenho saudades do Sílvio.

De verdade. Apesar do meu interesse, ele fazia com que aula de literatura fosse uma publicidade gostosa, fazendo-me querer muito ler todos os clássicos, saber da vida de todos os autores, entender as fases da literatura, da arte, da história, da filosofia... O Sílvio me instigava a ler todos aqueles livros que eu não queria.

O sarcasmo dele era peculiarmente fantástico, dizendo em linhas claras com a sua fisionomia um pouco caricata por si só que sim!, Bentinho se excitou um o aperto de mão de Sancha. E depois de tanto tempo longe dese período, depois de 3 anos sem ouvir suas ironias, encontrei alguém que me fizesse sentir o mesmo.

Pernambucano, 43 anos, professor de literatura aqui pelas bandas do interior do estado de São Paulo. Não lembro o nome dele, muito diferente e muito rápido ao ser pronunciado pela fala rápida - mas o cara é um gênio. Em toda minha vida, Memórias de um Sargento de Milícia e Capitães da Areia nunca me chamaram a atenção, mas, depois da aula dele... cobiço aos meninos do armazén da praia num anseio de entendê-los, sentir em minha leitura suas faces, seus medos, suas intrigas.

O Professor (aqui sem vínculo nenhum com a obra de Jorge Amado) sabia tudo: história, literatura, sarcasmo e filosofia. Encantei-me. Apaixonei-me - e não entende porque não me entrego de uma vez para as Letras.

E que seja. Meu caminho não vai me bloquear para as minhas ciências humanas.

22 de setembro de 2011

Confesso que ao escolher por não ingerir carne alguma não imaginei o que isso poderia implicar. Hoje, 5 anos depois, também não imagino. É impossível você acreditar em que, em algum dia de sua vida, você possa vir a ser anêmica falsiforme, sua contagem de B12 ser baixa e suas hemácias não conseguem captar todo o oxigênio necessário, que a gordurinha que envolve o corpo do neurônio está se desfazendo, que a sua memória está lenta, que coisas básicas como "letra de forma" ou "kinesis" precisarão de ajuda para serem lembradas... A gente simplesmente não imagina.

E o que eu me pergunto hoje é: E agora, José?!

19 de setembro de 2011

do jeito em que eu quero que seja e ponto.

Em algum ponto a vida deve começar - começar por si mesmo, entende?! E não começar pelo breve fato de você existir. Em algum momento, você tem de ir sozinho, pensar nas suas coisas sozinho e o máximo que seus pais poderão fazer por você é vê-lo passo a passo, torcendo para que você veja as suas burrices. A minha vida não começou por mim mesma - adoraria que sim, mas ainda não. E tenho medo de que não comece tão longo. Mas não é isso tudo, existe algo a mais.

Vi, hoje, na rua, um homem de uns 2 metros de altura com a filhinha, de aproximado 1 ano, no colo. Cena mais linda para mim são três, e de pai segurando filhinha pequena no colo é a primeira dessas três. É o contraste tão grande daquele ser tão pequeno, frágil e incapaz com o homem, o ser masculino, forte, grande, protetor... Mãe ama o filho antes mesmo dele existir (porque mãe se torna mãe ao planejar uma gravidez), mas pai não entende como é. Pai fica de fora, não carrega a prole nove meses, não sente chutar pela primeira vez, não tem a bexiga pressionada pela criança em seu inexistente ventre.

Mãe sente tudo isso e sente um amor que talvez não seja igual de ninguém para ninguém.

Ao ver aquele cara com a nene, de cabelo castanho, ralo, tão branquinha que parecia ser lavada com Omo Total, e de vestidinho todo vermelhinho, me bateu aquela estranha vontade de imaginar-me como mãe. À princípio, claro, desvievi a ideia, não quis saber, porque, né?!, essas coisas podem ser atraídas... e o pensamento voltou-me agora.

Queria muito criar meus filhos (os dois que possivelmente venha a ter) livres, numa casa ampla, espaçosa, branca e com um quintal verde. Poder levá-los a festas infantis e vesti-los como bonequinhos, mas sem me importar se eles vão se rastejar pelo chão e ficarem cheios de lama no final da festa. Criança tem disso, de precisar tocar e pôr na boca para conhecer - e, por isso, deixá-los-ia pôr muita coisa na boca (e provavelmente seria uma amiga do pediátra e de todas as enfermeiras de plantão).

Faria cabanas e cabanas com eles, no quarto, na sala, na cozinha... Acamparia no quintal, leria milhares de histórias para eles e ensiná-los-ia que estudar diariamente é bom e isso impediria de acabar como a mãe deles. Espero muito que ambos tenham cabelos cacheadinhos e sejam so mais risonhos possíveis... que façam de tudo: futebol, basquete, natação judô, karatê, desenho, sonecas à tarde, inglês e alemão.

Quero muito criar meus filhos de um jeito que possa abrir as oportunidades para eles no futuro, que, ao tiverem seus 20 anos, saibam que podem tanto começar as suas vidas como pedir mais um tempo para não errar o passo.

17 de setembro de 2011

I should be, but I´m not like Peter Pan (I have fear of not growing up).

21 anos.

Não sei ao certo se tenho vontade alguma de escrever quanto a tudo isso. Nada mudou - a não ser que agora tenho um alguém que me ama, me faz feliz e não sabe de todos os buracos em mim. Isso ele não pode preencher, ninguém pode. São meus buracos. Minha infelicidade. Vão dizer dos meus traumas, vão dizer dos meus medos, mas não é isso que forma alguém. Decisões, escolhas, alguns sins, muitos nãos.

A minha teimosia.

E eis aqui meus 10 anos em mim, e assim me sinto, dez míseros anos, uma criança, um pequeno Peter Pan com medo de ser assim.

[I haven´t found any imagens to put here]

24 de agosto de 2011

Nothing really matters

Eu não sei porque fiquei tão tocada, sensível e comovida pelo Freddie Mercury, mas ouvir Bohemian Rhasody e Love of my life e não sentir alguma coisa seria praticamente impossível. Penso em tanta coisa quando escuto a voz dele cantar Mama, I don´t want to die, I sometime wish never have been born at all... Fico aqui imaginando ele, no auge dos seus vinte e tantos anos, contemplando o mundo, e sentindo-se sozinho, tendo a alguém tão próximo de si e não conseguindo amar como gostaria, não se sentindo amado como queria - e como deve ter sido ainda mais difícil para o parceiro dele, que fico ao seu lado nos últimos momentos, e saber que não era amado como platonismo de Freddie idealizava.
Não sei o que me acomete quando eu vejo ao dvd dele cantando essas músicas, sinto um aperto aqui - e pior é imaginar que ele já se foi.

Love of my life, you hurt me.
Essa, sem sombras de dúvidas, é a pior frase. Ele chama essa pessoa do amor da vida dele, tomando por base que somente a amará por todos os outros anos seguintes que ele ainda não viveu, mas essa pessoa o machucou. Droga, como assim?! Ele considera alguém que o fez sofrer como seu amor por toda a sua vida, mesmo que ele esteja apenas na casa dos 30 e, na época, lhe restavam ainda mais outros 30 anos... e ele já assumia um único amor.
É o antagonismo. A antítese de seu discurso. A leveza de seu vocativo - as questões assumidas sem dizer muito.


A solidão dele é tão perceptível (e tão inspiradora).

22 de agosto de 2011

Mr Freddie Mercury is dying

Como deve ser, meu caro, descobrir algo que vai te levar à morte? Viver tantos anos já sabendo que tudo o levará para um fim doloroso e que degrine seu corpo a cada dia?! Como deveria ter sido?!
Não, não sou uma fã sua, e nem nunca fui, mas a exposição diária de sua música levou-me a curiosidade de descobrir como morreu. Não gostei. Não sei se o que eu li é verdadeiro, mas a imagem feita por mim de você deitado em sua cama com o seu amado, sem forças nem ao menos para alisar os pêlos de seus adorados gatos, me causa um grande desconforto.
Vejo-o ali, deitado em seu leito, incosciente, sem contato direto com essa realidade, sem ter como avisar que precisa ir ao toillet, sentindo a vitalidade esvair-se do seu corpo. O que te veio à mente?! Os seus shows?! Suas performaces?! Sua voz?! Sua banda, amigos, gatos?! Ou o grande "e se...?".
Eu não sei, nem o conheço - de nenhuma forma, mas me imagino sentada ao pé de sua cama, sua colossal cama, e você bem no meio dela, com travesseiros grandes, brancos e fofos, e aquele em que eu vejo não me parece nenhum pouco com quem eu costumei a ver no Live in Wimbley, 1986 (e a este assisto no carro do meu namorado). Você já não ostenta mais o bigode e nem o porte, está magro, a voz fraca (que mentira!, você nem ao menos tem força para falar agora), cara limpa.
Queria que falasse comigo, me dissesse e segredasse como foi, como é, se dói, se passa... Ou até mesmo, de repente, confortá-lo - de alguma forma. Estico a minha mão em sua direção, receosa em tocar-lhe a pele e descobrir que seu corpo já não consegue mais mantê-lo aquecido, porque, para mim, este é o sinal da vida, os 36º centígrados constantes do corpo humano. Já sei o final disso tudo, pois o vejo com os olhos de 20 anos depois, mas não queria que fosse assim. Você merecia ver sua legião de fãs se alastrar por outras duas décadas depois do novembro de 91 e ver como sua voz se perpetuou.
Você me olha e sei que não me reconhece - e nem poderia. Você não pertence mais a este lugar, fisica e mentalmente falando. Sorri-me, ou assim gosto de pensar, pois ver um ínfimo esforço para sorrir a um estranho parece-me como um último reflexo de vida. Não sorria, apenas tente; não gaste comigo suas últimas forças e o pouco de vitalidade que lhe resta. Sou uma estranha em uma fantasia - de todas, não era esta qual gostaria de ter; o seu leito e seu último suspiro são criações em que eu não gostaria de ter feito.
Mas ambos estamos aqui.
Acho que você gosta de mim, pois seus olhos opacos vidram em minha imagem e isso faz-me sentir querida neste contexto, nesta cena. Acho que para você é melhor ter a mim aqui do que alguém conhecido porque em mim a sua partida não doerá, apenas vai deixar milhares de incompreensões - e nada mais digno a um compositor, não é?! Afinal, a inspiração é assim. Às vezes. Não vou chorar, não vou remoer, nem ao menos comentar. Ver-me aqui deve ser tranquilizador para você uma vez que, comigo aqui, você pode simplesmente partir, sem deixar mais nada além de uma partida.
Aproximo-me de sua cabeceira e, mesmo diante da vontade de me deitar ao seu lado, sei que não devo fazê-lo. Aqui é o seu lugar e não o meu. Seus olhos - apenas os seus olhos e nenhuma outra parte de seu corpo - se viram para mim. Acho que agora, se pudesse, você me xingaria - e acho que eu riria de você e você riria comigo, ou até mesmo de mim. Se assim fosse possível, seria um sinal de que há vida contigo e que jamais iria embora. A vida, eu digo.
A minha mão repousa sobre a cama e sinto o leve toque da sua sobre a mim, e as minhas certezas se concretizam. Sempre soube que a sua pele reagiria em frio em contato com a minha. Você agora já se foi e a minha fantasia fica aqui comigo.
Você nem ao menos existe mais.

Bring it back bring it back,
Don't take it away from me,
Because you don't know
What it means to me. 
("Love of my life", Queen).

7 de agosto de 2011

Sei que as mesmas palavras surgirão em vários destes nossos momentos, que em vários daqueles rabiscos corridos em bilhetes soltos dirão sempre a respeito desta felicidade tão simples e completa que você me dá, de todas as coisas que deveriam caber em todas as vezes em que digo "amo você". E eu, nesta alma literária, ou nesta persistência tola de acreditar em que posso escrever, dói um pouco não encontrar outras para dizer tudo.
(Mas que bobeira, pois sei que tudo está mais que contido no meu amor por você, nas duas palavras que gosto tanto de falar e nas lágrimas que seguro para não chorar à sua frente, seja de felicidade, seja pelo seu silêncio machucado...).
Saiba, pois, que a cada hora em que segredar a você que o amo, existe um pouco mais deste muito sentido por você, que a cada amo você é sim um segredo uma vez que o de antes já é muito pouco para o de agora.
Como uma tola pessoa que necessita escrever, é sempre muito pouco e me dói todos os clichês que escreverei - mas como sua menina, felicito-me saber que cada amo você é muito pouco perto daquele que virá logo em seguida.

Àquele mesmo ainda e sempre
que amo
que cuido
que me proteje.

22 de julho de 2011

Quando eu o olhei, não me interessei. Foi assim na primeira vez, foi assim em todas as outras e foi exatamente assim agora. Mas aceitei que teria de ficar com ele pelo simples motivo do outro ser muito demorado, comprido demais, páginas demais - então, provida de uma renda arrecadada apenas para este pequeno luxo literário, decidi levá-lo. Com poucas páginas, seria um bom entretenimento antes de criar coragem para ler A Guerra dos Tronos, por isso o comprei.
O Menino do Pijama Listrado tem sido, desde terça-feira, minha companhia - e parece que ele está acabando.

8 de julho de 2011

Toda menina sonha com um namorado, um príncipe encantado. E talvez este seja mesmo o certo, uma menina tem de se fazer entender pelo o que ela quer: e toda menina quer ser respeitada e amada. Não precisando de mais nada.
Não fui diferente, sempre odiando anéis, mas vendo se me acostumava com a idéia de ter uma aliança prateada na mão direita; imaginando um alguém que sorrisse só por me ver sorrir... e de repente ele esteve sempre ali. Observando, pacientemente, a hora certa, o momento certo para não ser só mais um errado. E, mesmo assim, parecendo que era o errado, foi o único ideal para que tudo desencadeasse.
Foi torto, se aguentando pelas beiradas, apoiando nas paredes, procurando lombadas. Mas foi mágico.
Tudo o que teve de acontecer de novo, em um abraço e antes em um ciúme bobo. Bobo não, porque se fosse bobo teria sido ignorado.
Eu não consegui ignorar - tanto não consegui que passei a ignorar e evitar, mas evitando num afã de ser notada... e veio assim aquele abraço, seguido de um beijo, seguido de choros, seguido de extrema felicidade...
E que hoje é amor, saudade e respeito.

Àquele que nunca desistiu de mim,
que viu em todas as minhas falhas
pontos de virtudes.
Te Amo, Bruno.

30 de junho de 2011

Tem algo nisso tudo que me impede de escrever. Sinto tanto aqui e não consigo transpôr para cá. Uma mínima parte que seja, uma fração do que se passa em um segundo... qualquer coisa que seja. Mas não. Isso tudo é meu e cabe a mim sentir.

27 de junho de 2011

Redundância

Ela abaixou a cabeça e se sentiu menor do que realmente era. Algo ali dentro desejava que estivesse chovendo, mesmo que ela tivesse repulsão por clichês, mas, naquele instante, seria o melhor a acontecer. Se chovesse, teria seu corpo encoberto por alguma coisa além da vergonha.
            Não, não se sentia arrependida. A vergonha era pela admissão – admitir que tinha algo extremamente errado em sentir falta de um abraço que nunca fora seu. Deveria ser apenas seu tudo aquilo que lhe dava proteção.
            Deveriam ser todos seus aqueles abraços que a abraçam do jeito certo em que ela deve ser abraçada.
            (E assim ela não se sentia – porque era no abraço em que tudo dentro dela passava a ser compreendido, sem necessitar explicar, nomear e tornar seus sentimentos meros nomes, passíveis de definições).
            Talvez o que a acometia agora fosse uma pequena porção de egoísmo. É, era. E cadê a chuva nessas horas em que ela mais precisava sentir-se coberta?! A chuva abraçaria da mesma forma, acolhendo e compreendendo o quão estimado esse simples ato era?!
            Não. Não seria a mesma coisa. A chuva abraça a todos igualmente porque gosta de abraçar – e aquele abraço a abraçava porque era ela quem estava sendo abraçada.
            Então que não chova.

(27/06/2011 – bvollet).

25 de junho de 2011

Faz todo sentido. Pensando desta maneira, desta correta maneira, faz todo sentido cada uma delas que caíram de mim.

23 de junho de 2011

Os Meros Detalhes Dela.
(publicado aqui)

Existem nela séries e séries de detalhes em que muito me chamam a atenção – a minha tão especializada atenção, de que nada sabe sobre presenciar detalhes, que apenas nota ao todo sem me instigar a mais nada, sem precisar destrinchar esse todo para me persuadir.

Persuasão é algo que me convida – nela. A ela. Por ela. Arrasto-me sobre aquele corpo de formas que sinto sobre meus dedos mesmo sem antes tocá-las. Dedilho sua pele, sua cintura, acompanho seu donaire com uma faminta vontade de possuí-lo para mim. Sinto seu cheiro, sinto seu gosto – ela tem gosto de café. De chocolate amargo. De morango mergulhado em doce. De tequila, sal e limão.

Ela tem gosto de olhar de lince, de Capitu – e talvez ela me traia sem saber que eu a vejo. A persuasão escorre deliberada pelos lábios, boca, palavras, e ela me persuade a ficar estagnado neste momento, neste peculiar momento em que a espreito dentre a multidão.

Ela caminha, foge, persegue, vira, retorna, desiste e dança... ah!, e como me dança. Leva-me daqui a ali, em passos firmes, machucando o chão com seus saltos, seus passos concisos. A coerência escorre pelos dedos, me matando de longe, com tiros de sedução e charme – sua boca, sua tão formosa e rubra boca. Sorrindo sem a mim. Sorrindo não para mim.

A boca sorri muito, mas são as séries de detalhes que me fazem perspicaz para os seus traços. Não aprendi a lê-la, mas a decifrá-la. Ela fala bonito, argumentando, afirmando, sem nunca perguntar – mas eu decifro suas narrações, posso capturar em minhas mãos a carne sem armadura, sem cascos, toda traumatizada.

Posso feri-la com meus dedos.

Posso machucá-la com meus beijos.

E ela me maltrata. Marca-me em fogo e em brasa em cada beijo distribuído a amores inventados... Sei que nela está guardado a mim ainda – e disso ela não pode se desvencilhar.

Não quer largar.

Os olhos, marcados em traços pretos, são castanhos, de castanhos mais escuros, mais capazes que aos meus. Os meus não atraem. Os dela me cativam. Não consigo. Não desvio nem para sorver do meu Scott. Não desvio nem quando ela some – sinto sua presença, sua lascívia ardendo contra minha vontade.

A posse.

A diferença está na posse – ela nunca quis me possuir, me chamar de seu. Sempre dizia em estar e sentir-se minha: companhia, amada, cara amiga. E o tempo que passou desproporcional para nós dois me fez decifrá-la – e ardem de dor a cada aproximação.

São meros detalhes de sua desdenha perante a mim. Ela ficou charmosa, desenvolveu suas belezas e talvez eu mate uma por uma, tornando-a, assim, desta cruel maneira, crua.

Acredite em mim, ela é linda assim – em seu puro estado natural, uma menina medrosa, desprotegida, que chora à noite nas suas controvérsias de sentimento. Amo-a assim; desejo-a em qualquer condição.

Você me arde, querida, arde a minha alma em ciúme quando brinca deste jeito com os meus ânimos, quando dança de ventre e sorrisos com outros, aproximando seu corpo até o ponto em que eu bem conheço: exato limite do atordoamento. Não nota que eles também a querem?!, deitar o seu corpo, que eu bem já decorei em suas formas e simetria, sobre uma cama de motel qualquer?! Eu a levo para casa, deixo-a em seu portão e espero-a entrar (todas as madrugadas em que você se atreve a cortar meus dedos em suas andanças noturnas. Um shot de tequila para animar, um outro para degustar e só mais um para esquecer – e temo que seja a mim).

Ela sai de noite em noite, procurando-me. E ela não encontra. Não percebe que estou sempre aqui, apoiado nos bares mais próximos para acudi-la em suas bebedeiras – as tantas em que espero ansioso e que nunca chegam. O controle é nato, não pode escorregar.

(E quando escorrega, chora e se ausenta para mim).

Fique. Capitu, fique. Aceito. Condeno-me. Mas aceito. E deixe-me aqui, à paisana, fingindo a todo instante que não é por você que meus olhos se persuadem a uma saudade e ao ato de comprimir o que senti tanto por você.

E aqui, comigo em minha face, ainda arde o estalo de seus dedos violentamente enciumados.



(bruvollet 23/06/2011)

18 de junho de 2011

"teve uma hora que parecia que ia dar certo."
(caio fernando abreu)
Não há beleza que você não possa enxergar, mas há algo além daquilo ali. Você percebe?! Tem um quê a mais que deveria chamar somente a sua atenção, porque ela só pensa em você quando deseja ser charmosa. O olhar sedutor é seu. A curva do pescoço é sua. O dedilhar de uma cintura seria sempre somente seu. Você não percebe as marcas, as mágoas, o arrependimento. O peito batendo contra o coração para controlá-lo. A oração dentre um coração.
Não há nada ali que você já nao saiba - aliás, foi você quem a fez se descobrir como pessoa feminina, com curvas, desejos, sonhos e sorrisos em seu donaire meio desajeitado. Você a fez se esquecer que era uma mera menininha perdida e a fez mulher presente, tornando-a, nos próprios sentimentos, uma criança medrosa. Você foi quem a fez crescer e recuar. Você fê-la mais capaz com receio de se mostrar.
Existe, então, alguma beleza nela em que você ainda não tenha desenvolvido para depois matar?!

13 de junho de 2011

Tenho uma confissão a fazer: estou mentindo.
Não há paixão dentro de mim, não há amores. Não. Perdi todos, mas tenho vergonha de assumir que estou vazia. Não sinto a falta dele(s), quero que a mais nada aconteça entre a gente. Não quero porque me ausentei das reais companhias, criando vínculos com os meus ideais, meus platônicos. Idealizei demais a tudo, eu, eles, vocês, carros, festas, vestidos, livro, jornais, inspiração.
Vivo da minha idealização, e todos vocês estão contidos. Mas sinto em dizer que os meus de vocês são melhores, mais condicentes, mais meus.
É apenas uma confissão a fazer, e você nem vai sentir a ironia no texto inteiro -  a ironia de uma vida inteira.

4 de junho de 2011

Tem todas essas coisas que são carregadas comigo. Eu as carrego por certa vontade - carrego-as por serem intrinsecas. Simultâneas a mim. Há os sonhos substituídos, amores arrependidos, tapas distribuídos, beijos desperdiçados, toques indesejados. Vontades reprimidas, loucuras esquecidas, gostos perdidos.
E há tudo aquilo que abandonei por outras causas - aquilo tudo que abandonei por causa nenhuma. Apenas deixei para trás e é este deixar para trás que vem comigo, devido à quantidade de coisas em que deixei pelo caminho.

Gostaria de não o ter deixado também, para não precisar carregar a sua saudade comigo.

27 de maio de 2011

Um erro ambulante, constante, viciante.

22 de maio de 2011

Meu cansaço é nítido.
Eu não quero machucar mais ninguém. Agora eu penso assim porque, quando eu te machuquei, não me importei com os sentimentos dos outros - por muito tempo. Para quê me importar se a gente sempre acaba machucado e machucando? É inevitável.
E machuquei.
Vai entender.

17 de maio de 2011

E tinha uma linha de raciocínio. Uma única linha a ser preenchida com o seu nome, e quando chegou a hora, ela apagou as outras.

11 de maio de 2011

Pega-me pela mão e carregue-me por onde for. Não me importo por onde seja e como seja, desde que seja de alguma forma.
Há muito, realmente, não entendo mais destas coisas, de querer de volta um sofrimento. Mas sofrer, verdade, pode até ser uma virtude, uma qualidade - não o sofrer em si, mas o saber sofrer. Não ria de mim, pois digo a verdade, e você compactua comigo nisso tudo. Você me ensinou a tudo isso, fez-me aprender a sugar tanto uma pessoa e criar tantas imaginações e miragens até conseguir perdê-la.
Você me ensinou o que é a dor em meu estado. Ensinou-me o que é sofrer - de forma digna. E até me humilhar desta maneira também.
São virtudes aversas, olhadas do outro lado do espelho.
Quero sim - e espero! - que em algum momento voltemos a nos deparar em nossas vidas. Parte de mim desejar sofrer - e como não sofrer em algo que já sei como termina?! É um detalhe, então, acho eu agora, esse negócio, de dor. Doer. Um detalhe que traz tantas coisas: uma nova armadura, uma nova maneira de chorar, uma nova maneira de amar. Uma outra maneira de se manter - nem tão nova assim.
Viu o que você me fez? Fiquei confusa. Não sei mais se quero sofrer - por favor, deixe minha mão sozinha por um instante, ela precisa descobrir de uma vez se aguenta tocar aos seus dedos de brasas. (Preciso descobrir se posso ainda sentir seus beijos sozinha em meus sonhos sem que a minha própria mente me reprima). Não sei mais pensar em que devemos para sempre ficar separados. Trabalhei essa idéia em mim com o passar desses dias tão maiores que os convencionais. Não me importa saber se é verdade, se é mentira, se é ausência, se é saudade, se é ressentimento - ou apenas uma ansiedade do grande "e se".
Você é a minha eterna condição, meu grande sonho de "e se tivesse sido certo?!". Mas talvez isso apenas seja uma maneira de manter a conexão com o sofrimento - afinal, o que então é senão sofrer esse pensar numa maneira em que nós dois poderíamos ter sido a escolha certa um para o outro?! É um sofrer diferente.
É um sofrer que até anima, apazigua, me faz sorrir. Sinto-me viva quando penso em nós. Condena-me por isso?! Condena a minha virtude - de já conseguir separar um pouco você de algum sentimento benevolente?! Que seja.
Agarre a uma de minhas mãos, mas, por favor, deixe a outra livre.

Ao Proibido.
E ao Anjo.

8 de maio de 2011

Eu bem entendo das nossas fugas, dessas todas as nossas fugas que você desconhece, mas eu o coloco ali para ser, assim, também todas suas. É algo íntimo - não seu e meu, apenas meu, isso, de tê-lo ali comigo. Dessas fugas, bem sei eu, são nossos refúgios para um outro espaço improvável em que ficamos juntos, em nossas desavenças, atritos e palavras malditas. Bem ditas. Nunca foi tão perfeito. Idealizá-lo é, de longe, uma boa saída, uma escolha sensata.
Idealizá-lo é fugir. E eu fujo com você nos dias, nos cotidianos, nos anos - e quantos anos já se passaram entre você e a mim?! Tão além daqueles que correm nesse mundo. É assim que pertencemos a uma outra dimensão, uma outra função espaço-tempo que me permite colocá-lo ali.
É meu.
Tudo isso, de criá-lo para me completar. Estranho é que sempre é você quem me vem nas minhas utopias de felicidade.

À qualquer um que me fez feliz.
Faz.
À todos que me fazem feliz.

1 de maio de 2011

no meio da carta estava escrito assim:

"Eu premeto, meu caro amigo, que será exatamente assim: vou escrever sobre meu primeiro amado até que se esgotem e frequejem a minha inspiração e dedos. Escreverei até que minha mente desacredite em mim, meu coração tome a razão e obrigue-me a parar - e assim continuarei pois assim estará já intrínseco a mim. Vou mostrar a todos, em cada palavra, o quanto ele me perturbou em minhas almas literária e romântica.
Não, não é que goste de lembrar dele. Não dele. Mas aprecio em muito toda essa vontade de escrever que me acomete de vez em quando. A inspiração é sempre o melhor resultado, seja de um amor feliz ou de um sofrimento. Inspiração é sempre viável, independente de onde ela venha. Por isso - e apenas por isso - escrevrei histórias dele, e não sobre ele. Há muito em que a sua imagem está idealizada por mim... o quem dele que ponho em minhas linhas já não pertecem ao quem que participou de minha vida.
Ele está platonizado por mim".

21 de abril de 2011

Querido (porque é assim que o vejo, como um querido por mim), não há outro meio de começar senão este, chamando-o de querido para amenizar as minhas palavras. Deveria ter amenizado antes, tê-lo almofadado contra a minha grosseiria - e, pior, avisá-lo que foi tudo de caso pensado. Algo aqui dentro agradece por não termos dito aquelas coisas cara à cara, por eu poder ter tido a oportunidade de me esconder e não ter precisado olhar nos seus olhos.
Eu sei mentir muito bem - mas quando não há nenhum envolvimento... e como dizer que não houve envolvimento?! Eu só não quero que isso se repita. Não quero que você seja um alguém propício a me machucar - não quero me machucar; sei que um dia vou, mas agora eu não quero. Há tantas feridas que ainda incomodam... Você sabe disso, você também as tem. Enfim, sei que se tivesse que o encarar, não aguentaria dizer o que tinha ensaiado. Teria abraçado a você e pedido desculpas até convencê-lo de quem errou foi a mim.
(E foi. Você sabe. Eu sei).

Querido, queria apenas que você entendesse que eu, no fim, o machucaria e o decepcionaria de qualquer maneira.
Ao Carinhoso.

11 de abril de 2011

das fragâncias que se resumem em um único cheiro sem memória.

A gente aprende a prestar atenção quando já perdemos muitos detalhes. Aprendemos que as pessoas passam e é você quem decide quem fica, quem vai, que lhe dará a melhor saudade. Mentira. Todas as pessoas ficam um pouco, porque é assim que é: trocamos parte de nós em cada aperto de mão.
E se é assim nesse gesto simplório, mesmo que metafórico, o que então se troca em um beijo, abraço, mãos dadas?! Eu estou tentando resgatar tudo isso, tentando lembrar da euforia que eu tinha. Da ansiedade. Dos choros. Dos detalhes que tanto olhei. Sei que há algo aqui, no entanto, agora, parece-me que não prestei a devida atenção - que ele passou mesmo como um sensato aprendizado.

(Queria ter sentido a sua real imporância em mim).

Ao Probido.

9 de abril de 2011

A dor em si, óbvio, deve ser algo inestimável. (E até é). Mas, quanto dói romper sonhos?

às vítimas do Rio de Janeiro,
quem nem continua mais lindo,
7 de abril de 2011.

3 de abril de 2011

"Você tem isso daí agora, isso daí que são os seus olhos e isso daí que é essa imposição toda. O que deu tão errado? Eu fui a sua escolha antes, você me aceitou em meus erros e defeitos e estava disposta a estar comigo - a ser a minha companhia nessa vida louca. O que os anos mudaram em nós? O que os anos fizeram que a levaram para caminhos tão congruentes aos meus? Pessoas tão próximas de mim?!
Escute-me, Anjo. Escute o que meus olhos estão pedindo: me escolha mais uma vez e me assuma. Assuma o que eu sou para você. Assuma o quem eu fui dentro de você. Assuma a mim e a você juntos, na simultaneidade de nossos sentimentos. Assume que é apaixonada por mim, que o estar passou a ser intrínseco ao seu ser e é apaixonada por mim. Assuma por mim o que você já assumiu por outros.
Você tem muito disso daí dentro de você, a assertividade que não a permite mentir num todo - e eu sei que você bem sabe mentir, que as palavras estão ao seu favor. Mas seus olhos... ah!, seus olhos, como bem sei de seus olhos - eles nunca mentem porque possuem a sua alma ali. Você diz tanto com eles que eu me apaixono sempre. Bobagem! Apaixonado por um par de olhos castanhos que se confundem em muitos em suas cores?! Pois é, apaixonado pelos únicos olhos castanhos que se contornam em afirmações e sentimentos, em fúria, ciúme e um pedido de aceitação.
Eu a assumo também. Assumo sua personalidade complicada, sua mania de sermões sobre virtudes e defeitos, seus medos, suas armaduras. Assumo suas asas celestes e sua boca diabólica.
Anjo, eu assumo.
Escolha a mim de novo - e me escolha sempre em que acordar, agradecendo por isso ao dormir."

do Proibido para o Anjo,
da alucinação doentia do Anjo.

1 de abril de 2011

Não é que eu vá te esquecer. Não. Apenas não vou mais me lembrar de você, da sua figura, mas lembrarei sempre dos sentimentos que senti contigo, não mais vinculando-os a você. Gosto de guardar aqui dentro a memória da paixão dolorida, dos choros de madrugada, da felicidade extrema e da incompreensão. Sim, incompreensão - porque nunca fui capaz de entender o que fazia de você o meu escolhido. Possuímos tantos atritos, tantos choques, que nunca compreendi o que fazia dos seus traços tão únicos para mim.
Gosto de lembrar de que me doei por alguém, sem mais saber quem este alguém foi.

Ao Proibido.

28 de março de 2011

Eles desconhecem seu segredo - o segredo da sua dor. Ela dói mas não machuca, como se você tivesse de fato conseguido ser imune a ela. Eles não sabem quantas quedas você teve para chegar até aqui, quantas vezes observou seus joelhos sangrarem sem nem mesmo terem sido cicatrizados. Eles não sabem, querida, não sabem.
Eles olham seus olhos e enxergam a assertividade que os anos te deram - se extasiam com seu sorriso e acham que sempre está bem. E sempre está, porque, verdade, a sua dor não te machuca mais. Fere mais não sangra.
Você abandona sem ver onde.

À menina que brinca de ser mulher

25 de março de 2011

Cair

Desculpe pelos meus erros,
meus tropeços,
meus "eços", "iços", ossos,
aquilo.
Disso tudo.
Desculpe pelos sentimentos,
pensamentos,
desnorteamento.
Perdi você no meio do caminho,
no meio da cabeça.
No meio da vida.
Foi um tropeço.
Uma decisão calada.
Um tapa na cara.
Um dizer "adeus" de boca fechada.

À ninguém.

(Oh!, my sweet, my angels want to protect you
They´ve told me all my concentration was in you.
That´s so untrue.
My concentration belongs to you
- it´s thinking about you my words come to the lines,
marking my notes and making me to feel this good.
´Cause it´s when I remember you my inspiration calls me back to the truth,
to my own reality,
and says "you must write down right now".
You are my sweetest words,
my regrets ones.
My apologies.
My whole world where I´m satisfied.
You´re my inspiration.
Concentration.
My art.)

21 de março de 2011

Pergunto-me se você pode mesmo me perdoar por todas as desonras que te fiz passar. Pergunto-me se você de fato diz a verdade quando me fala que não sou uma decepção, um atraso, um erro de caminho. Você chora comigo e eu acho que também é por desespero. Você compartilha tanto da minha dor e das minhas negatividades que não consegue sair ilesa de tudo isso - sair ilesa para ser forte perante a mim.
Sair ilesa de mim.
Você tenta, eu vejo a isso. Tenta tanto que eu acho nobre todas as suas atitudes - e se dele eu quis a inteligência, de você sempre tentei encontrar em mim os seus traços de sensibilidade. Os seus cuidados, a sua atenção, o zelo por mim. Como negar que não quero mesmo abrir mão de você? Como negar que não quero mesmo voar sozinha tão longe? Gosto disto, de ter a minha liberdade e precisar voltar para o ninho.
Gosto de poder andar até cansar e voltar para sentir o seu carinho.

Ao Amor Maior,
Mãe.

17 de março de 2011

Anjo, devo te dizer com urgência: pare de escrever sobre sensações e sentimentos que sua lembrança já esqueceu. Não percebe que isso tudo é brincar de roleta russa com o revolver todo carregado?! Não, querida, não é isso. Claro que não. Não estou falando que é suicídio ou que você se machucará. Não. É pior. É tudo ilusão - você somente possui as imagens e nada das sensações. Você não se lembra mais de como é o beijo, de como é o abraço e nem de como o perfume dele costumava de colocar nas nuvens.
Você se lembra de nada.
Por que faz isso consigo mesma?! É a carência?! É a falta de um snetimento forte?! É a saudade de ter vivido uma intensa paixão?

(Just let it go).
Ao Anjo
Da Consciência

15 de março de 2011

Acho que aprendi a usar as palavras com você, acompanhando em silêncio seus dizeres e compreendendo, aos poucos, o quão esse universo de palavras significam para você. Acho que consigo entendê-la agora, e enxegar com uma facilidade maior seus medos, suas conquistas, felicidades, outros amores - entender os meios pelos quais você se desvencilhou de mim.
Faz tempo já, muito tempo desde a última vez em que pudemos nos encarar e sorrir um ao outro sem culpa, mal-estar, ressentimentos. Eu não sei o que aconteceu, não sei como fui deixá-la distanciar de mim, como fui deixá-la não participar mais de mim. Tanto tempo, não é mesmo, Anjo?!, e por outros sei que você se apaixonou, por um outro você me trocou - e este tão próximo de mim. Como culpá-la?! Eu a culpo. Eu a julgo. Eu a abomino. Mas sei que não posso, não devo... mas é mais forte aqui dentro, querer fazê-lo para machucá-la.
E hoje eu sei - ah!, se bem sei - que o que você precisa não é a mim, não é aquele quem eu não sou mais. Você não é aquela de tanto tempo atrás, você cresceu, mudou, fortaleceu-se. Afiada, esperta, ingênua ... acho, então, que você mantém um pouco daquela menina, daquela mesma em que me encantou. Sinceramente, não sei se hoje você me encantaria, não sei se a deixaria entrar em meu coração. Sinceramente, não sei se hoje permitiria a sua real importância em mim.

(Assim como bem sei que você não me deixará participar de suas quebras de rotinas.)

Do Proibido para o Anjo,
escrito na alucinação do Anjo.

14 de março de 2011

Forjar. Obrigar. Tudo esses dois juntos. Talvez seja isso mesmo o que seja, eu me obrigo a forjar algo por você, buscando pelos espelhos que nos cercam um olhar cruzado, o ato forçado de desviar o rosto para um outro lado. Acho que me forço a fazer dos seus traços a minha saudade que nem ao menos a sinto em verdade.
Eu não sinto nada por você. Não mais.
Mas não entendo o porque de tentar resgatar qualquer mísera significância em você, qualquer reconhecimento em sua pessoa que gere algum desconforto emocional em mim. Estranho isso, esse não-sentir quando houve tantos sentir - mas, verdade, faz muito, muito tempo.

Ao Proibido
Veja, pois, estes teus olhos que hoje já os decoro de tanto que os sonhei - fiz deles o meu tom de castanho preferido, reluzente em minha mente e no céu como estrela guia. Fiz de você meu esquecimento, aquele que sempre sei que devo esquecer. Vai doer - e dói, ainda, pela ausência de hoje. Mas nem quero mais. Aprendi a amar outros, gostar de outros e a sonhar por outros. Teus olhos castanhos ainda busco, mas não faço disso um caminho certo. Não. É acaso. Se os encontrar, encontrei.
Ao proibido.

12 de março de 2011

As pessoas, sempre, procuram um padrão. O padrão pode nem ser aquele que mais agrade, talvez seja um escape para manter intacto e peculiar os traços e formas que tanto lhe foram de um gosto extremo.
E talvez não, como sempre acontece (menos com ela).
E ela e você e qualquer outra pessoa sabe disso, de que você não pertence a essa linha de raciocínio dela. Você vai tentar encontrar nela traços de uma outra, se é que já não tentou - e não conseguiu. Elas não são iguais, em nada, tenho certeza. Nem o físico e nem a personalidade. Em nada.
Ela tem ciúmes de você, tem medo de que tenha aprendido a gostar de você com todos os seus erros e mistérios, com todas as coisas de que bem sabe que não gosta, com todas as palavras, atitudes, olhares e jeitos que não a atraem.
Acho que ela gosto de você pelo seu olhar. Acho que gosta de você por causa de suas mãos. Pela voz. Pelo beijo. Pelo mistério. Pela dúvida. Por todas as dúvidas que você deixa nela sem perceber, sem notar, sem nem ao menos imaginar que ela seja desta maneira - inquieta; prestar atenção em tudo.
Por favor, note algo nela!, note algo que seja apenas dela e de que você goste. Por favor, note nela algo que a faça ser a sua primeira escolha.
Algo nela que te faça querer estar aqui - quebrando, de vez em quando, a rotina dela.
Mamãe, a senhora poderia me dizer uma coisa?! Me contar por que nossas terras tremem e o mar está bravo conosco?! Fizemos algo que ele não gostou?!
Mamãe, me diga se a senhora conseguir: como devemos agora então prosseguir? Nosso país foi reduzido a um nada e nossa cultura humilhada, pedimos ajuda a todos do mundo mas ninguém parece realmente querer rezar por nós. (Podemos aceitar as preces daqueles ocidentais? Aqueles mesmos que não entendem nada sobre a gente e que criticam tudo em nosso mundo?!).
E o que dizem sobre essa tal radiação?! Por que temos de correr este risco mais uma vez?! Ainda sofremos os danos da última grande exposição à radiação - e eu nem era nascido, mamãe. Não quero ver a tudo isso. Não quero ficar sem casa, sem lar, sem país... sem você.
Ao Japão.

Os nossos filhos serão carregados por colos e braços diferentes dos nossos. Os nossos filhos procuraram famílias em berços diferentes, lares em casas estranhas, um pai e uma mãe que assuma a presença. Nossos filhos aceitarão a qualquer um que lhes digam o que querem, que permitão não a confiança, mas o deliberalismo em fazer absolutamente tudo o que quiserem - sem entender que sim forma menos caráter que uma discussão entre reais pais e filhos. Nossos filhos, nossos filhos... carregados em sofrimentos em terras desconhecidas.



11 de março de 2011

Deveria ter dito, desde o começo, que não procuro uma nova paixão, um namorado, um companheiro. O que eu quero é uma quebra de rotina de vez em quando.
Que coisa mais estranha! Vejo-te partir e nem me sinto abandonada. Vejo-te dar-me as costas e sinto-me aliviada. É apenas estranho constatar realmente, de uma vez por todas, que a minha solidão era maior contigo aqui, sempre ao meu lado e dando-me as mãos para que eu pudesse me levantar. Tu foste um ponto de apoio para os momentos de desespero, aqueles mesmos momentos em que quis me descabelar e gritar e tudo o que tu fizeste foi apoiar tua mão em meu ombro e me acalmar.
Tu nunca me deixaste sair do controle, do eixo. Acho que por isso estou aliviada - agora poderei tentar sozinha, colocar as mãos no chão e poder levantar, poder ver beleza pelos meus próprios olhos. Tu nunca deixou-me sozinha, nunca tentou entender que, às vezes, (em boa parte destas vezes, na verdade), o melhor é ficar só e sentir o gosto salgado das lágrimas que chegarem até os lábios, entender que cada lágrima que nasce nos olhos tem dois destinos: ou escorrem pelo rosto ou ficam presas ao brilho molhado da íris. E, o melhor: nada disso é ruim, é errado. Não é errado chorar, seja por felicidade, saudade, tristeza ou dor. Não.
Vejo-te partir e sinto-me bem, porque esta é a primeira vez em que tu não tentas me levar junto. Apesar do abandono, é bom sentir que confias em mim para me deixar para trás comigo mesma.

9 de março de 2011

Você me entenderia se eu dissesse que tento ver nos seus detalhes algo em que me deixe gostar um pouco da pessoa que me é apresentada, independente se esta é aquela em que condiga com quem você de fato seja?! Às vezes é assim... o todo não agrada, o passado é indiferente e nada me é charmoso. Tenho de esmiuçar as pessoas, ver o que elas têm, alguma mísera característica que me seja bonita. E você me foi bonito enquanto conseguiu - e nem foi em suas histórias, em nossas poucas conversas, em nossas muitas provocações. Não. Você foi-me bonito em seus traços semelhantes que se tornaram tão peculiares, tão seus e tão distante dos outros. Procurei em você a semelhança que se esvaiu (deixando apenas você, tão distante de ser ruim, tão distante de ser como outros), os traços que se distanciaram, o silêncio que não veio. Tão imprevisível, tudo exatamente como não quis.
Foi bonito.
(E acreditar desconfiando, sabendo que tudo é possível ser fingido e forjado, fez-me, assim, perder o encanto. Mas foi bonito. Traços tão parecidos e tão só seus. Bonito).

A Mais Um.

8 de março de 2011

Você que é mulher e sabe como é se doar para trazer conforto, se doar para dar amor, se doar para sentir o seu amor, se doar por um sorriso, por um não-conflito, por uma reciprocidade silenciosa. Se doar, doar e doar e desejar, em segredo, que seu coração seja intocável, indomáel, liberto para todas as formas de sentimentos e incapaz de sentir o sofrimento.
Você que é mulher e não vê em si as formas perfeitas, os olhos expressivos, a boca cheia. E ser mulher é não entender em grande parte de sua vida que a sua beleza é sempre a melhor, porque é a única que pertence somente a você. As outra -, as outras não são sua.

A nós.

3 de março de 2011

É como um sonho, mas não destes sonhos idealizados para se realizarem, e sim destes em que se sonha à noite e na manhã seguinte não se lembra mais dos detalhes e nem como tudo começou. Tudo fazia sentido ali, na cama e de olhos fechados, e não agora aqui, acordada e correndo contra o tempo.
Vê-lo ali é assim, um sonho. Caótico, atemporal, desproporcional, confuso. E, às vezes, parece uma alusão àquele antigo sonho de menininha, sendo, então, agora, mais borrado, mais errado. Uma antiga paixão que já não bate mais violentamente contra o peito; abandonada em algum acordar repentino.

28 de fevereiro de 2011

A vida tem dessas, de nos colocar em prova de tudo. Seja no falecimento de um ente querido, seja na dor de um amor perdido. Saber até onde se aguenta é até importante - e o seja em sua máxima, mas eu mesma não noto agora - e acho que deve ser isso que está acontecendo entre nós (mais entre eu e você  do que você e eu): a prova para saber se está tudo bem.
Eu sei que está: nos ignorar é o jeito fácil e aprendemos a fazê-lo muitíssimo bem; os dias e meses, as mágoas e as criancices nos ajudaram em muito, mas, não adianta, eu sou dessas pessoas que procuram inspiração, nas coisas boas, nas ruins e naquilo que nem me pertence. Você não me pertence mais, e eu ainda posso usá-lo como minha inspiração, porque, bem, é a condição de quem escreve.
Não que eu escreva, coloco palavras apenas. Escrever é outra coisa, uma arte, um conhecimento. E você nem é arte, e nem conhecimento. É passado - que, por vezes da ironia, bate a minha frente e fica ali, no ato de ignorar.
Eu acho belo, isso, de nossa parte. Vejo uma beleza nas nossas capacidades - mesmo passando por tanta coisa e fazendo escolhas erradas, isso não nos derruba mais (não me derruba mais). Somos, assim, repulsivamente belos de um para o outro.
É bonito; a gente ter de estar presente calados.
Ao Proibido

26 de fevereiro de 2011

Forte talvez seja cair nos braços de seu amigo e chorar convulsivamente sem medo que essa cena seja o motivo de uma possível discórdia futura. Forte talvez seja se permitir sentir o que realmente está acontecendo na mente e coração, enquanto as palavras correm solta e o instinto peça o contrário - e pode ser nada disso, em que forte apenas signifique qualquer circunstância em que se decida agir, de uma forma ou de outra.
Vai saber também.

24 de fevereiro de 2011

Tudo estava dito.

Ela quis que você tivesse compreendido tudo num único ato. O ato que fez. Não foi assim - olhá-lo sorrir-lhe não foi fácil e tão menos mais fácil foi vê-lo caminhar com o sorriso bobo no rosto. Quis que você entendesse que, mesmo com todos os sentimentos ali dentro, ela não poderia estar sempre ali por você (uma hora ela cansa, uma hora ela pensa, uma hora ela desiste. Já desistiu tantas outras vezes que acredita ser impossível haver uma excessão a tudo isso).
Você poderia ter sido a excessão à ela, mas, aí, ela teria de fazer algo que sempre fez e a machucou: arriscar. Ao colocar a mão sobre seu rosto, disse um adeus calado com o gosto de desculpe. Ela sempre parte antes que o outro a deixe - mesmo sem ter a certeza da condição.
Acho sim, se quer mesmo saber! Acho que forjo uma saudade e ansiedade para poder sentir aquilo que me motivava a fazer as coisas, para que o tempo passasse mais rápido e minha cabeça não fosse até você - porque, quando isso acontecia, não conseguia me concentrar em nada. Acho sim muito estranho estar tranquila, "de boa", sem me sentir traída, magoada, dolorida.
Sem sentir sua falta.
E, mesmo assim, na tentativa de, não consigo resgatar nada. Acho que é cansaço... de nunca ser a principal, de nunca ser a primeira escolha, de nunca ser considerada. Vai saber. Deve ser isso o que sente quando as pessoas dizem que superaram algo: estranhamente tranquila e sem vontade. Perceba, por favor, que não estou reclamando - de modo algum! - é apenas algo completamente desconhecido para mim. Agradeço a você por isso, sinceramente, porque, ao te esquecer (quer dizer, esquecer o que eu sentia por você, esperava de você, construí por você), superei tudo: minha paixão antiga, minhas expectativas frustradas e meus medos estranhos.
Graças a você, entendo o que procuro e do que gosto - agora sei bem o que posso aguentar e que não dá para ignorar. Entendo o motivo de ter sido você por tanto tempo. Esse tempo todo me trouxe uma coisa boa: reflexão - e eu refleti muito sobre você e eu, e refleti sobre você comigo e entendi que eu não aguentaria a isso por muito tempo.
Você é sim uma pessoa apaixonante e você é sim uma pessoa ótima para se ter por perto, mas está longe de ser a pessoal certa para estar comigo (e a recíproca também é verdadeira).
Às vezes tento forjar a saudade e, em todas essas vezes, falho.
Ao Não-Homem
Todo mundo diz para não julgar, criticar, apontar o dedo na cara, mas às vezes é necessário que alguém diga algumas verdades - e mesmo assim me soa errado, porque é tudo tão íntimo, as verdades e as mentiras. Uma pessoa não é feita apenas de fatos e acontecimentos, ela é feita dela mesma e dos outros, e é difícil ser coerente e às vezes dá preguiça.
Às vezes me parece que eu ainda espero e, enquanto vivo neste aguardo, procuro seus detalhes nos outros. É besteira, eu sei, afinal, será sempre em você que encontro todos os detalhes de que sei que gosto - e gosto muito. Eu o destrincho e gosto das partes, mas, quando está tudo junto, perde a graça (porque o todo não gosta de mim; o todo não foi coerente, o todo não fez sentido algum).
O todo optou por me machucar.
O seu todo nunca me deu atenção, nunca percebeu as palavras que eram ditas em olhares de súplica - pedindo a verdade, a honestidade, a sinceridade; a coerência em atos e palavras e tudo tão difícil. Seus olhos hoje mentem. E mentiram antes também - quando me disseram que nada aconteceria.
Ao Não-Homem

23 de fevereiro de 2011

Você me disse que ela pôs um fim e você perdeu a linha, não tinha rumo e nem rotina. Você disse que não dói, não machuca mais e nem mais machuca, nessa diferença de tempo e intensidade mesmo, e você só se esquece que eu noto e percebo, pelo detalhe de suas palavras, a saudade te acometendo todo dia e nas noites de sexta-feira.
A diferença sempre será a mesma no fim - em que não se apaixona pelo outro de modo a tornar a recíproca inteiramente verdadeira. E será sempre tão assim que a melhor maneira de lidar é fingir não perceber a falta do outro, digo, as faltas dele, porque é assim que é quando se apaixona - difícil de dizer não e dar as costas e seguir outro caminho longe das mãos em que tanto se laçaram. O certo é tão oposto ao fácil.

22 de fevereiro de 2011

Acho que vou fechar os olhos de novo e tentar voltar naquela cena. Em sonho a gente sempre cede aos íntimos desejos e vontades, mas, naquela cena, em especial, enquanto me dizia para não desistir, fiz o certo. Disse não, dei as costas e afirmei, mais uma vez, que não deixaria ninguém me humilhar. Um sonho que bem sei eu ser meu maior medo na realidade - em que me é pedido para não desistir quando nem mesmo se quer tentar.

"Eu tô com ela, mas, por favor, não desiste de mim"

21 de fevereiro de 2011

It was that hard when something inside of me told everything was just gone. I idealized you and me. I idealized me beside of you - it was used to be perfect, and perfect didn´t sound that enough to describe  really what that was. At all of those nights, I used to closed my eyes before getting sleeping just to have a chance to remember about you in the way I enjoyed the most: your details. But, then, all these gone. The eyes. Lips. Smile. Eyebrown. Hands. Nails. And you (my prefered detail).

20 de fevereiro de 2011

Vejo a vocês dois e penso que assim então foi o mais certo a acontecer (mesmo com você se debruçando sobre mim em choro, mesmo que ela me sorria sem mesmo querer, mesmo que vocês a ninem sem saber como fazer), mas é olhando de longe e de perto que sinto que está certo. As mãos dadas em seus laços, a juventude de planos atrasados. É bonito vê-los com ela em seus colos.

18 de fevereiro de 2011

Não há nada de errado, são apenas os momentos. Você os encontra sempre quando não pode, não dá, preciso fazer outras coisas antes de me apaixonar por você, vai saber. É quase um hábito - sempre ex que não desaparece, uma paixão que dilacerou o coração, o sentimento de ser livre. Quem sabe. Uma única vez há de ser o momento certo no exato tempo da vida, e, aí, a liberdade prevalecerá.

16 de fevereiro de 2011

- Será que você sempre estará por perto quando eu passar mal? - E riu. E agarrou ao vaso. E vomitou.
A bebedeira lhe tomava conta, mas esperava por uma resposta, uma risada, um sarcasmo e nada veio. Sentado ali no chão do banheiro sujo do bar, olhou para ela, ali, bem ali no longe, quase encostada no outro canto oposto ao dele, braços cruzados, olhar preso a sua figura mas nem de fato prestar atenção.
O efeito ébrido parecia sair de seu corpo com a distância dos pensamentos dela.
- Acaso ou destino? - Perguntou para chamar-lhe atenção de volta e apenas um sussurro foi-lhe dado.
- Piada sem graça.

back to your place

Ela aproximou-se da mesa vaga.  Shorts jeans, All Star branco gastado, sujo, camisa xadrez. Óculos escuros grandes, cabelos desarrumados, braceletes no pulso, phones no ouvido, tatuagem, piercing no nariz. Tirou de dentro da bolsa um Ipod velho e de lá um cigarro, colocou-o na boca e buscou pelo isqueiro. Tentou acender uma, duas, três, quatro vezes até decidir continuar a brincar de acende-apaga e desistir logo em seguida, deixando a chama queimar tabaco e papel. Procurou outra música e deixou-se estar ali, como há muito não conseguia ficar.

14 de fevereiro de 2011

back to December

Vai passar tempo atrás de tempo e as coisas serão exatamente as mesmas. Ela vai ficar feliz, tranquila, triste, sonolenta... vai tentar mudar o mundo, de casa, de sofá, os pais. Talvez queira mudar a si mesma e ficar com muito medo de fazer tudo o que queria, de beber um copo de destilado ou uma cerveja, discursar sobre sexo e sobre paixão, sonhar com dragões e ver-se flores - ah!, sim, ela ficará com todos os medos. E será tempo atrás de tempo e nada, realmente, mudará.
O que não vai mesmo mudar é aquela data na qual ela não fala sobre, nem quer, nem tenta, e nem esquece. Será sempre quieta em seus momentos, porque este momento não é nada senão dela.

E deste Sol e daquele Mar, se pá, saiu esta menina de cabelo castanho. Ah!, seus castanhos. Não falemos deles, apesar dele muito querer. Ele a viu caminhar até a areia e deitar sobre a canga. E só.
E se fosse para ser de outro jeito, eu até escolheria esta opção. Esta que me é dada agora, a de poder fazer diferente - e, se escolhesse mesmo, querendo mesmo que tudo fosse mesmo diferente, começaria não no dia em que te conheci, mas nos outros que levaram a mim até a você. Não vejo problema em excluir este dia, porque o intermediário hoje não me importa, mas doeria muito não ver mais você. Olhá-lo entre a multidão e ver a um estranho que recorda aos meus carinhos.
Um estranho que seria, mesmo assim, possuidor dos meus sorrisos.

12 de fevereiro de 2011

Ele quis ter entrado logo em seguida dela e tê-la visto chorar, encolhida, no canto do sofá da sala. Mas achou melhor esperar... esperar que ela não chorasse mais e estivesse apenas com os olhos inchados, o nariz arrebitado avermelhado e o olhar desfocado. Apenas quis esperar pela tranquilidade.
Abriu a porta e viu a tudo que não acontecia. Passou pela sala sem choros, corredor apagado, cozinha inóspita. Chegou ao quarto, adentrou ao recinto devagar e pôde vê-la ali, deitada no limite da cama, coberta pelo edredom florido que ela mesma escolhera. Deitou-se ao seu lado, retirando alguns fios de cabelo dos ombros dela e sentindo o perfume.
- Desculpe. - Sussurrou, e, quando ela se virou para encará-lo, soube que tudo estaria bem.
- Não é mais problema meu.
Ou não.

11 de fevereiro de 2011

- Eu só acho que chega uma hora em que a gente tem de seguir.
Ela encontrou nas unhas descascadas de esmalte algo mais interessante do que meus olhos enquanto me dizia isso em suas tímidas palavras.
- Então você está dizendo para eu esquecer.
- Não. - Levou um dedo à boca e depois o analisou de novo. - Esquecer não. A gente não esquece o que presta atenção. É só seguir mesmo, entendendo que em um espaço e um tempo aquilo fez sentido e só fez sentido ali.

10 de fevereiro de 2011

Soa-me desta maneira, que, em toda vez em que ela diz "amor", sinto junto dela. Ela pronunciar desta maneira, amor, amour, love, amore, e desta maneira soa-me que ela sente o amor em si em cada sílaba. Ela não diz de seus amores, mas fala sobre aquele em que eu sinto aqui com ela - aqui quando ela diz, claramente, amor.

8 de fevereiro de 2011

Se soubessêmos que seria desta forma, teríamos distanciado nossas mãos algum bom tempo antes. Teria me machucado menos. Teria te machucado um pouco. Sorri tanto ao seu lado que esqueci de notar se você também o fazia - acreditei na reciprocidade sem questionar. E sem questionar, sensatamente, deixei.

(19/01/2011)

2 de fevereiro de 2011

eu não sei de absolutamente nada quanto a mim. se espero e arrisco, se arrisco e espero, ou apenas arrisco em outra direção. pense em mim, um segundo que seja apenas, mas pense. pense e me imagine pensando em você. ou nada disso. nem se lembre e eu tento não lembrar. sentir-me livre. não, não quero, não quero esse sentimento. eu quero é sentir-me tranquila.

1 de fevereiro de 2011

Sonhei. Sonhei e chorava, e abraçava e sentia algo que, acordada, há muito não sentia. Saudade.
Mas só no sonho.

31 de janeiro de 2011

Angel of a soul.

Ele olhou para ela e isso já foi muito porque há muito ele não olhava para ela e porque há muito ele não quis olhá-la. Mas o fez. A mesma. Uma nova. E lembrou-se do porque de não olhá-la... por causa do que se encadeava. A paixão. A raiva. A promessa (de nunca mais olhar para ela). Mas fazia tanto tempo que se perguntou se ainda seria da mesma maneira, se ela agiria em ciúme mais uma vez, em impulsividade.
Não.
A resposta seria não.
Um sorriso e seria o suficiente para o calor e o desnorteio. Um sorriso em sua direção, um sorriso para ele - e um sorriso surgiu. Apoiado com os cotovelos sobre o balcão do bar, suas costas endireitaram-se e os olhos, assustados. Se fosse um sorriso a outro não se importaria, tomaria-o para si e seria apenas seu.
A raiva. E ela o feriu. Feriu. Feriu.
- É ela?
Olhou, então, pela primeira vez, para a menina ao seu lado, aquela mesma em que ele escolhera para estar com ele. Pele morena, cabelos lisos em mel, olhos castanhos - e tão diferente dela. Não gostava daquilo, daquele contraste, porque não saberia escolher. Se a pele de marfim, as curvas mais acentuadas, cabelos ordenados em cachos revoltosos junto aos olhos tão expressivos, assertivos. Não saberia escolher.
- É.
- Você deveria contar a ela que nunca a esqueceu.
- Mas ela me esqueceu.
- Como pode ter certeza? Talvez ela tenha se apaixonado por ele sem nunca ter deixado de lado o que sentiu por você.
- Por que você está me dizendo tudo isso? Ela é a sua rival.
- Rival?! Como ela pode ser minha rival se em todas você procura ela?! Eu não quero me iludir e não quero você se iluda e me iluda. Você deveria falar com ela.
Ao sorrir para a menina à sua frente perguntou-se se sorria da mesma maneira que o Anjo em pele de marfim, e caminhou até este Anjo em uma coragem que nunca o acometeu antes. Sorria ainda. Ele e ela. Cabelos castanhos, diferentes dos dele. Olhos castanhos, naquele um ou dois tons acima dos dele. Boca vermelha. Nem dele. Nem de ninguém. Somente dela.
O que ela pensava? Na loucura em que eles estavam fazendo? Nele? No antes? Ou somente nele ali, agora, diante dela?
- Meu Anjo.
E ela sorriu apenas, sem xingá-lo, sem correr, sem perguntar. Apenas aceitou o carinho na maça do rosto e sorriu. E sorria para ele. Somente para ele e aquele sorriso era apenas dele.