5 de agosto de 2015

7 a 1

Que coisa, querido!
Que coisa hoje fechar os olhos e ter a plena sensação de que foi assim que estivesse por todos aqueles meses. Queria poder te mostrar essa sensação de escuridão que me abateu, te mostrar como foi ficar perdida dentro de mim mesma sem entender muito bem nada do que eu sentia ou filtrava sentir.
Eu tinha fechado a porta, lembra? Tinha trancado todo mundo lá fora e acho que girei a chave na fechadura, joguei-a fora e depois sodei a fechadura, joguei cimento no batente e assisti secar. Também apaguei a luz. Apaguei a luz para me camuflar dentro desse recinto. Apaguei a luz para não ver nada - assim como eu já não via há muito. Tranquei a mim dentro de mim, com medo de que me tocassem tão no âmago como você fazia... eu era tão sem camadas, tão sem ser cebola, tão Ser com você.
Achei que jamais poderia ser tão franca, verdadeira e carne viva com alguém de novo.
Percebe por que tão cega?
Você tava lá fora, analisou a situação, atirou a pedra, quebrou a vidraria e surgiu pela janela. Caiu no escuro e sabe Deus como me encontrou no meio dali.
Ou fui eu que te enxerguei em toda aquela escuridão, me guiou até a janela e me fez me jogar contra o vidro e cai no seus braços, ali do outro lado, meio que no acaso, então, me carregou no colo? Assim mesmo, como eu escrevi ali atrás, no acaso. Você mesmo me disse que não tava tentando nada - só para se entender como fluí para você, não precisando de nada de muito especial. Foi aos poucos, com uma mão dada no meio da multidão, um corpo em febre querendo meia atenção, uma calça nova a ser experimentada, um beijo recusado no meio da madrugada, aquela rápida mão que no show tocou a cintura, cada olhar aberto em insônia achando que era raiva. Cada olhar no celular para ver seu nome, cada pontinha de ciúme encobertada por uma raiva (ou será que eu chamei de raiva para não me explicar o que tava acontecendo?). Cada dia pensando em um presente, cada dia pensando no seu aniversário e o que essa data um dia significou. E hoje significa algo novo, algo ainda maior.
Você arremessou pedregulhos na minha janela na total aleatoriedade. Fechava os olhos, girava o corpo e jogava na direção em que sua mão parava. Quis o Acaso que fosse sempre na minha janela. Quis o Acaso que primeiro eu ficasse enfurecida com o barulhinho. Quis o Destino que eu pensasse que fosse o Acaso e fui lá ver. E vi você.
Na naturalidade do Destino eu me senti em você.
Sim, me atirei contra o vidro.
Sim, torci para que caísse no seu colo.
Sim, torci para que você não se assustasse muito.
Sim, torci para que me abraçasse forte.
(Num íntimo medo de que você me abraçasse uma última vez).
Nem sei como agradecer, para ser bem sincera, por não ter me expulsado. Mas agradeço na mais pura Gratidão por ter-me deixado segurar sua mão com tanta frequência, e por ter-me feito enxergar que ainda restava coberturas em mim diante de você. Grata por fazer fluir essa Confiança em você, não apenas como namorado, mas como eterno guardador dos meus segredos tão frios e nus. Dessa vez, meu querido, garanto que não tenho medo de despir minha alma diante dos seus olhos, que sei que você vai fazer bom uso de cada coisa que te digo e que o ciúme bobo logo logo evaporará.
Afinal, querido, é olhando nos seus olhos que posso sentir tudo fluir livremente; é procurando sua mão para caminhar que sei que estamos bem e vamos nos fazer ser bem porque o certo é eu estar com você, e a recíproca é tão verdadeira que faz da mutualidade de ambos algo totalmente desnecessário de se escrever aqui. Agimos e sentimos juntos.
Somos juntos, e dessa vez, querido, seremos ainda mais. A fragilidade que sinto em seu abraço é o suficiente para que eu queira ganhar força igual para te abraçar de volta. E tudo nessa última sentença é um elogio a você.

Entende o que eu tô tentando te dizer?!
Vamos mirar nossa felicidade crescente, e o nosso Amor transcendente.
Vamos mirar em nós de mãos dadas.