28 de novembro de 2010

Acerca

Do meu pessimismo.

Talvez eu até seja pessimista - e talvez o seja mesmo! -, mas, ainda assim, dentre tantos pessimismos, vejo o lado interessante e bonito de acreditar em que tudo dará errado. É uma mágica achar que tudo dará errado, que de todas as consequências somente aquelas ruins serão as verdadeiras por causa das causas escolhidas. É lindo, se for pensar um pouco.
(O que me fez pensar agora um pouco: as consequências não são escolhas; são ações diretas. A única coisa que está ao nosso poder são as causas. Somente as ações são escolhas).
Ser pessmista é melhor porque, se houver a quebra de alguma expectativa e a consequência for outra além da esperada, não haveria frustrações. É mágico ser pessimista, é mágico ver as suas notoriedades. A beleza está nas ações e na expectativa, as consequências não pertencem a nós, mas a algo cujo nome desconheço.
(Ou talvez eu nem seja pessimista, apenas alguém que espera pelo pouco ou pelo fracasso).

Das minhas mudanças.

Por mais que eu adore House e repitas, algumas vezes, people don´t change, parte de mim mudou. Meus sentimentos pelas pessoas ficaram mais cautelosos e o que eu devo dizer e contar a alguém também. Contei, ontem, em uma mão quem são as pessoas em que não tenho medo de me abrir e, por uma certa infelicidade, talvez, e proteção, sobraram meus pais.
Eu nunca tinha pensado por este lado, de que eu realmente posso confiar sempre neles. Hoje, após tanto tentar fazer o certo e bem para alguém, vejo que os meus pais fazem o mesmo comigo. Tentam sempre me proteger, fazer o melhor para mim, o certo, o bem... só que é infalível que, em algum momento, isso tudo tropece em alguns conceitos ou senso de justiça. Mas não é porque algo não saiu exatamente segundo o plano e que não repercurtiu como se esperava que é falho. Toda tentativa é válida.
Eu mudei na minha cautela e nas minhas vontades. Mudei nas minhas expectativas e nas minhas confidências.
À minha mãe conto sobre o meu passional, meu ciúme, meu medo de pesadelos. Ao meu pai, tento explicar, quase toda terça-feira, sobre como meus ombros pesam a cada dia e eu não consigo entender o por quê. Não é apenas a questão da faculdade, da sensação de inutilidade ou a falta de perspectiva. Eu simplesmente não sei explicar, Pai, mas meus ombros pesam e minha decepção por mim mesma também.

Das minhas não-mudanças.

(Não quero falar sobre elas).
(Talvez eu devesse).
(Eu não sei me dividir. Eu não sei não deixar parte de mim inteferir nas outras. Eu não desvincular a Bruna-estudante das outras. Eu já nem sei mais se existem outras).

De um novo amigo.

Descobri nele um amigo, ou alguém que queira estar comigo. Nunca contei a parte séria, a parte em que ele me disse em que eu sou especial. Quase chorei. Ele até me disse que me amava e que queria me proteger. Sinceramente? Aprecio as atitdes e as falas que ele só tem coragem de me dizer quando ébrio; soa de fato necessário. Mas existem coisas, Danilo, acontecimentos e algumas atitudes em que eu simplesmente não pude entender na época. Mas um ano muda muitas mentes; um ano muda muitas concepções.
Ano passado eu te fiz uma pergunta e você me respondeu da pior maneira em que poderia. Hoje, depois de muito tempo, quase um ano depois, eu consigo te entender. Existem pessoas que simplesmente não merecem atos depreciativos, como um palavrão ou um soco. Essas pessoas não merecem não por causa de seus caráteres, mas porque são tão baixas que qualquer demonstração, positiva ou negativa, já é importância demais.
Porém, Danilo, não é o caso dele. Eu o conheço. Eu conheço um pouco da índole dele, e ele merece importância e demonstração positivas. O que aconteceu só aconteceu porque eu permiti que acontecesse. A culpa de não conseguir o respeito dele é minha, porque eu me agarrei ao pouco que ele ofereceu acreditando ser o suficiente para, mais tarde, ter um pouco mais.
É como sempre acontece: na primeira vez, a sede é tanta que o água nos afoga, na segunda, a cautela é que tanta e morremos de sede.
Uma hora, prometo, eu vou saber achar o meio termo. E por hora, prometo, vou confiar em você e em tudo o que você me disser (mesmo que a minha teimosia se iguale a sua).

Acerca disso tudo.

Disso tudo eu não tenho nada para falar. Falar desgasta demais o silêncio. Falar desgasta demais as relações. Por isso tenho um blog. Por isso tenho esse lado literário. Por isso escrevo. Por isso gosto de mensagens e não de telefones, gosto de cartas, e-mails, orkut, twitter, livros, blogs e imagens.
Eu gosto mais.

PS: lembrei-me muito da Sam enquanto escrevia este post.

26 de novembro de 2010

If I had no fear, I would ask you about being my valentine every February.


Eu quero te contar em segredo milhares e melhores pensamentos. Estão todos aqui guardados em uma ordem incompreensível, mas, sim, lembro-me de todos e não me esqueço de nenhum. No entanto, se são tantos segredos, deveria eu, então, guardá-los comigo, porém vejo que isso é uma perda de tempo e expressão, uma vez que todos eles dizem respeito a você - não literalmente você, mas foi ao seu lado que eles nasceram em mim, enquanto pensava em você e enquanto espero a você. Tudo sempre você.
Quero poder contar-lhe que todas as noites pesso muito por você, pela sua proteção e pela sua orientação - e que, antes de terminar as minhas preces (as mesmas preces que aprendi a fazer por você), converso intimamente contigo, contando um pouco do meu dia e quão confusa estou, sou.
Segredar-lhe palavras que a mim sempre foram importantes. E, sabe de mais uma coisa?!, deveria te dizer que o amei, sim, amei! Amei em cada dia, longe, perto, ausente. Ameio-o tanto que o protegi de mim mesma. Do ciúme. Da desconfiança. Das verdades que já quis proliferar diante de você. Eu o protegi da minha insegurança, das minhas falhas e, principalmente, das minhas escolhas.
Apenas de uma não pude protegê-lo: da minha escolha por você.
(Não foi bem uma escolha, porque escolher implica poder recusar ou ter outras opções. Eu não tive outras opções e nunca me passou a hipótese da recusa. Você sempre me foi complacente desde o primeiro instante, mesmo antes de eu saber que você viria a ser aquele cuja presença simplesmente me acalmaria em tempos de tormenta - e assim me manteria em tempos de calmaria).
Ninguém me disse que era errado, estranho ou que me machucaria. Ninguém nunca disse que você me decepcionaria ou me abandonaria. Isso eu aprendi sozinha.

Eu não escolhi você.
Foi simplesmente você.

24 de novembro de 2010

Andei pensando que eu não quero pensar como as coisas procederão de agora em diante. Percebi que, no fim, não importa o quanto torça para que as coisas aconteçam porque, independente do quanto se queira, o que tiver de acontecer vai acontecer.
Então, se o que for para acontecer é você me sorrir no último instante e apenas dizer um até logo, - claro, não é nem de perto o que eu quero que aconteça -, mas será o suficiente para ficar quietinha aqui te esperando por seis meses.
E toda saudade que eu sentir durante este tempo vou reprimir para tentar saciá-la naquele abraço de sua volta.
Mas se nada for assim, vou reprimi-la até esquecer o que é te ter aqui ao meu lado. E quando isso acontecer... aí eu não quero nem pensar.

16 de novembro de 2010

Se dissessem "Vá!", eu iria. Há muito as malas estão prontas esperando pelo chamado, guardadas em todos os cantos e espalhadas por todos os cômodos. Assim são as minhas bagagens, sem um lugar para ficar, sem um lugar para serem guardadas. Elas não merecem ser guardadas; precisam ficar expostas às vistas para que eu me lembro todo dia desse desejo de ir embora.
Ah!, minha doce Escócia, onde os cabelos em muito se assemelham da minha querida Dominique. Nunca contei a ninguém, mas é para a terra dos castelos consagrados que a minha querida Dominique fugiu com um filho em seu ventre e uma promessa de viver em paz. Sim, ela só queria viver em paz, e não em lugares que lhe cobrassem entendimentos e comportamentos que ela mesma não compreendia.
Dominique nunca pôde amar por não entender a reciprocidade contida nisso. Dominique não pôde se importar porque nada, de fato, lhe era importante. Não é indiferença, porque indiferença é sempre resultado de algum impacto, assim como a diferença. Era apenas que ela nunca sentiu nada para saber o que importar significava.
Sim, minha querida Dominique partiu para Escócia e é para lá que eu vou. É para lá que me chamam. Dominique me chama. Dominique me clama.
Minhas malas estão aos montes porque eu não sei ao certo o que devo apresentar à Dominique.

11 de novembro de 2010

the way we both used to look foward




Pai,

Nesse exato momento - e esta exatidão perdura há pelo menos dois anos -, gostaria que o senhor me dissesse quais eram os planos de quando eu nasci, que o senhor me segredasse quais foram as suas expectativas de quando me ouviu chorar pela primeira vez aqui em casa. Eu adoraria ouvir ao senhor me dizer que me olhou e viu em mim um futuro brilhante, onde caminhar com as minhas próprias pernas fosse além de um sentido denotativo.
As minhas expectativas, confesso, sumiram. Transformaram-se em frustrações - e, sabe de uma coisa?, eu aprendi a lidar com elas e por isso nem sofro mais. Sofrer não. Apenas sinto sobre meus ombros um grande peso, o peso do fracasso. E não me faz sofrer, mas me machuca - machuca-me pensar todos os dias em que eu vou me frustrar em tudo e em tudo vou optar por não sofrer e, ao fazê-lo, o peso só vai aumentar.
Pai: eu não tenho um plano. Eu não sei por onde caminhar. Não sei por onde decidir. Todas as minhas certezas, todos os meus desejos sumiram - e eu não sei mais qual passo dar. Os meus ombros doem de tanto peso, minha cabeça não me deixa dormir sem um único pesadelo - mas me habituei a isso, a dormir sem descançar.
Por favor, Pai, me diga: por onde você sonhou que eu caminharia? Eu olho para trás e vejo aos meus rastros se apagando mediante a neblina que tudo encombre. Estar perdida é um completo desnorteio, e tudo pesa... tudo pesa agora que eu não sei o que fazer, o que escolher, qual rumo dar a isso que eu chamo de vida. Eu não sei lidar com isso, com a quebra de expectativa minha, dos outros.
Sim, Pai, os outros pesam sobre meus ombros também. Eu era brilhante, lembra? Para você eu sempre fui brilhante - mas, na verdade, nunca fui. Eu nunca tive as melhores notas e nem uma constância nelas, oscilava de conhecimento e interesse constantemente, o que, por si só, é irônico. Nunca mereci uma atenção mais centrada ou um dom que me fizesse especial. Todos os outros tiveram esses dons, todos os outros acertaram em suas escolhas - por que eu não poderia ter acertado também?!
Por que justo eu tive de falhar?! Em tudo?! Será que forças maiores não entendem o que isso ocasonaria em mim? JUSTO EM MIM?!
Pai, por favor, me coloque de volta no berço e conte mais uma vez a história do Pequeno Polegar. Dei-me sua mão para poder atravessar a rua com segurança (eu não quero mais ter de fazê-lo sozinha). Aninha-me entre seus braços e coloque a manta sobre mim - por favor, Pai, eu não quero mais ter de viver assim, crescida.

10 de novembro de 2010

Acho que sinto falta, falta daquela época em que eu não precisa decidir absolutamente nada, quando a minha única preocupação eram notas e conceitos, pois, no fim, o que me importaa o ano seguinte? Viria a mesma escola e uma nova série.
Eu não tenho perspectiva nenhuma de futuro. Sei que largar a faculdade foi o melhor a ser feito, mas, e agora, José?! O que exatamente eu vou fazer?
Mas a melhor parte de não destino e estar angustiado e sem expectativa é quando seu pai, de repente, deixa para lá seus textos e artigos e te dá um abraço.

Foi muito válido, pai, muito reconfortante, mas seus discursos não aliviam meus ombros e nem fazem das minhas noites de sonos belos sonhos a serem lembrados.

9 de novembro de 2010

do you believe in miracles or in wine?

Talvez parte de mim, essa solitária e não sozinha parte de mim, deseje intimamente uma noite de frio e neve e uma caminhada. Uma noite de tanto frio que eu me faça por encolher em meus cachecóis e casacos grossos, sentindo a temperatura baixa tentar trincar meus dedos mesmo que encobertos por luvas.
Uma caminhada que me faça perder, um pouco apenas, o sentido de meu corpo e me transcenda para uma outra sensação de mim mesma.
Posso ver-me andar em passos curtos perto do Tamisa ou do Sena, e apreciar parte de tudo isso que eu peço. O frio é arrebatador mas eu agüento. Por que não agüentaria? Foi o que pedi, certo?
E parte de mim sempre vai querer isso de novo e de novo, sempre assim, porque foi nesta noite em que ele se aproximou de mim no caminho oposto ao meu.
Logo eu, a sua Colombina, que o abandonara em meados à nossa querida Veneza. Logo você, feito de um Pierrot por mim. Sinto ainda o toque aquecido de suas mãos sobre as minhas, noite após noite, como haveria de ser. Você sempre foi mais quente que a mim, desde aquela outra época em que fugimos um do outro e, nessa fuga, nos encontramos de novo.
Você nunca se surpreende quando eu vou embora. Você me olha em complacência e me entende, acenando a cabeça e não me impedindo de partir.
Eu o fiz Pierrot.
Eu fui sempre a Colombina.
O mágico disso tudo – de nós dois – é que você sempre soube o momento de vir me buscar. E foi assim naquela noite diante do Tamisa, do Sena, do Pó, Danúbio... de todos os nossos favoritos, de toda a nossa Europa.
Eu parti por ela e você me fez por esses caminhos todos, e, a cada encontro, fui percebendo que, quando perto de você, essa necessidade de correr em direção oposta a sua é falha. Porque eu falho sempre que tento, porque eu sempre vou me deixar ser encontrada por você.
Essa minha parte solitária porém não sozinha busca nas minhas fugas uma única coisa: o seu encontro.
Por isso decidi fazer de outra maneira, ir embora de um outro jeito. Decidi partir sempre que fechar os olhos para dormir e, quando abertos, você me encontraria ali, encarando-me, do outro lado da cama.

7 de novembro de 2010

Você nasceu dentro de mim numa tarde de verão. Você se lembra? Convidou-me para um churrasco e eu disse não. Foi quando,e ntão, deitada em meu colchão, fiquei feliz por idealizar essa nova paixão. Mas na época, de tão triste a minha solidão, não pude imaginar exatamente como você tomaria meu coração.

6 de novembro de 2010

É no acaso de uma curiosidade para apreciar belas paisagens num orkut alheio de alguém que você nem tem contato que se pode entender um pouco das coisas da vida.
O meu descaso, falta de destino, vontade ou determinação para qualquer fim que seja talvez esteja numa única causa: eu parei de viajar.

Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu." (Amyr Klink)
não é que eu te esquecer
é só que escolhi não sofrer por você
Pai: Bru, você usou veneno durante a madrugada?
Bru: Não. Por quê?
Pai: Tem uma barata morta aqui.
(3 segundos depois)
Pai: Por que tem uma barata morta aqui?!
Bru: Deve ser Deus arrependido por ter criado isso.

5 de novembro de 2010

please, take all this missing away from me


No meu quintal chovia.
Chuva por si só é nostálgica, mas, para mim, era um pouco depressiva. Eu sou um clichê para dias como estes, mas, apesar de estar sentada no parapeito da janela, remoendo meus amores perdidos e as paixões negadas a cada gole do meu chá quente de hortelã, ainda estava faltando algo para aquele dia ser um completo clichê.
Unhas roídas. Sem esmalte. Sem tratamento. Meu cabelo todo sujo, desmanchado, descabelado. Casa sem limpar. Desorganizada e meu Ipod tocando a mesma melodia romântica que apertava meu peito a cada minuto. (Não que durasse muito). As pessoas lá fora pareciam felizes ao sentirem as gotas da chuva sobre seus corpos. Por que eu não poderia me sentir feliz? Por que eu não podia estar feliz?
­- Quando você ia me contar isso?
Tinha tanta coisa que eu queria esquecer de mim naquele momento. Naquela vida.
- Quando você me contasse que ia partir.
Sem pensar. Eu o amei sem pensar. Sem levar em contra os precedentes. E esqueci de mim. Na verdade não. Devo ter levado tanto em consideração a mim mesma que acabei, às vezes, esquecendo dele. Do ser humano que ele nunca demonstrou ser.
- Mas você preferiu não me contar.
- Mas isso tudo são segredos seus e você sempre me disse que era o mais sincera comigo.
Talvez eu devesse conviver com isso para o resto de minha vida. Escrever livros, desenhar, tomar vinho e morrer de ópio. No fim, seria isso o fim trágico da garota de família que tinha um futuro brilhante. Tinha e não teve.
- Talvez eu estivesse esperando que você compartilhasse algo comigo que não fosse suas aulas de cálculo ou quão eu fico em cima de você.
A verdade? Eu não conseguia sentir a falta dele. Meus anos de análise me disseram que eu, por fim, aprendi a lidar com frustrações e criei minha maturidade sentimental, não deixando que o que desse muito errado interferisse nos meus planos mais importantes. Estranho, porque ele sempre foi meu plano importante.
­- Talvez eu estivesse esperando que você me dissesse uma vez por todas que não gosta de mim e que, assim que sua ex pedir, você voltará para ela sem pensar uma única vez em me deixar para trás!
- Por que você sempre discute?!
Eu não consigo sentir saudades. Mas sinto, todos os dias, desde aquele dia, a ausência. Ele não conseguiu agüentar a pressão, a pressão dos antecedentes. Eu o olhava e o via como aquele que eu estava escolhendo para me doar sem me importar. Não me importava a sua quietude. Não me importava seu jeito taciturno de ser. Simplesmente não me importava que ele nunca pronunciasse nada quanto a nós – eu o achava encantador por ser observador.
Enganei-me.
Tudo aquilo não era idiossincrático a ele, mas a mim. Ele apenas não se importava comigo e estava ali por comodismo, carência ou seja-lá-o-que-na-época-foi. Estive ali por ele porque assim eu escolhi, estar ali por ele.
- Eu não discuto. É sempre um monólogo e eu cansei de discursar para o vento.
Ele foi embora, e eu precisei ir também.
Eternamente responsável por aquilo que cativas. Eternamente. Eternamente. Eu não sou o Pequeno Príncipe. Não sou loira. Não sou sozinha. Não tenho uma flor. Não tenho um carneiro. Nem a uma raposa que me pede para que eu a cative.
Eu abro mão da minha responsabilidade.

4 de novembro de 2010


Por muito tempo quis escrever sobre aquilo que aconteceu comigo. Por muito tempo quis mostrar as pessoas o que é paixão e o que é insegurança. Sim, apaixonei-me por ele perdidamente e, sim, nunca me senti segura ao seu lado.
É perdidamente triste. Se eu tivesse me estruturado, se eu tivesse me equilibrado, poderíamos até estar junto. Mas não. Não é verdade. É um argumento irrelevante, a conclusão não é essa; o fim seria exatamente o mesmo, mas com conseqüências mais drásticas e dolorosas.
No fim, não me importo.
Não mais.
Com o tempo que se estendeu e com as pessoas que apareceram, eu me estabeleci, me estruturei e me apaixonei de novo. Infelicidade do destino ou não, lá estava eu, perdidamente apaixonada e controlando as pontas para não perdê-lo para o ciúme.
Mas a história que eu quero contar não diz respeito ao quanto tudo isso é absurdo, estranho – ou, como soa para mim, irônico. Não.
Eu, com dezoito anos, sempre soube discernir certo do errado, mas ninguém nunca me disse que discernimento não é causa real do “fazer certo”. Ingenuidade foi meu maior erro.
Em minha vida sempre quis ser o mais complacente possível com as pessoas, respeitando seus momentos e suas vontades, e, às vezes, verdade, havia um conflito ou outro. Mas eu sempre confiei naqueles que me rodearam e costumavam estar comigo e nunca proliferei palavras para machucar alguém ou magoar.
Maneiras e maneiras de se dizer. Sempre soube disso também e, de certa forma, eu sempre fui dócil ao tentar explicar ou discutir algo, separando o que de fato é relevante e o que de fato pertence a mim e a pessoa em questão.
Eu cri nisso tudo até meus vinte anos e um mês, até descobrir que as pessoas são más. Pessoas não são iguais. Pessoas não são respeitosas. Minha ingenuidade me fez cair do meu sonho social, fez-me ajoelhar perante a realidade; as pessoas são capazes de ferir por ferir, para se estabelecerem, para se elevarem.
Hoje acredito em que nada quanto a mim desrespeita a mais ninguém (a não a única pessoa em que eu sei que não vai me trair; minha honorária mãe – e até acredito em meu pai também). Imparcialidade é um bom meio de se manter estabelecido.
Eu perdi para as línguas ferinas de uma pessoa nada confiável a única pessoa que me deu segurança o suficiente para me apaixonar sem desespero. Entretanto, em troca, ganhei o tapa na cara que estava faltando para criar a perspectiva exata do mundo humano que me rodeia.
Você quis tanto me fazer mal e, no fim, o que você conseguiu, meu caro? Fazer-me melhor.

2 de novembro de 2010

I finally chose myself.

Os meus últimos trinta dias foram conturbados, e posso dizer, com certeza, que tudo o que me aconteceu mudou em muito a minha visão de mundo.
Não me refiro a apenas o fato de ter, em fim, notado a maldade, inveja ou sei-lá-o-quê das pessoas - e como cidade de interior, em que todo mundo adora saber da vida dos demais, enche o saco e irrita. Não, não é nada disso.
O que mudou em mim foi o modo de ver a todos e tudo, como sofrimento é, às vezes, questão de opinião e vontade. Veja bem, eu sei que vou sofrer toda vez em que te encontrar, que vai ter aqui comigo a sensação de não conseguir respirar e nem de estar enxergando meio palmo diante de mim, mas eu optei por não me importar com isso e nem em ficar resgatando nas lembranças onde errei contigo.
Eu simplesmente estou optando por não me importar com o que sei que vai me derrubar - e, por consequência, opto por não me importar com o que ele fez contra nós. E, sabe de uma coisa? Eu o perdoo. Sim, perdoo, porque ele terá de conviver com isso, de que não há remorso, raiva, rancor ou repúdio (apesar deste ter existido por tanto tempo que simplesmente anulou a existência dele para mim).
Lembrei-me dele agora, agora que ele conseguiu te envenenar; agora que ele fez todas as minhas palavras soarem mentiras proliferadas aos montes.
Mas eu ainda me lembro de você todas as noites, todos os dias, porém, não busco mais em mim as nossas coisas boas ou as nossas tantas coisas ruins. Apenas me lembro de você e esqueço um pouco, a cada dia, do quanto você me fez bem.

1 de novembro de 2010

and I´m wondering if I ever crossed your mind

O que, exatamente, elimina um sentimento?
Havia tantos aqui dentro, tantos bons, tantos protetores e seguros, e, de repente, em fração de um olhar, all them just gone. E não, nada virou ódio, apenas um pouco de decepção (mas que término não reage em decepção?!). Foi apenas rápido, eu acho, porque acreditei em que tudo ficaria bem de novo, precisávamos apenas de uma semana afastados, sem notícias... mas me parece que um orgulho ou ego ferido consegue de fato destruir os laços feitos.
Destruíram os nossos, você não acha?
Sabe, esqueci de mencionar uma coisa para você quando nos conhecemos - na verdade, não foi um esquecimento, mas uma esperança de que conseguiria me desfazer disso em breve -: eu acredito muito nas pessoas. Simplesmente fazer o mal aos demais não está dentro da minha capacidade de entendimento - e, convenhamos, eu posso entender muitas coisas -, incomodar com a felicidade alheia ou com a tentativa de... A mim, apenas, não faz sentido.
A ingenuidade sempre foi uma virtude, mas agora ela me soa a minha falha - um erro - e foi somente a ela que me fez crer piamente em que ninguém me via. Ninguém tinha qualquer interesse na minha vida, ou, no caso, nas nossas.
Errei.
Eu errei.
Você sempre soube de tudo isso. Do interesse alheio. E nunca me contou nada.
E isso me decepcionou.

You made your choices, and you chose to not trust in me.