
Mas mágoa é mágoa e foi o que sentiu logo em seguida. Escolheu a jujuba branca, porque esta sempre tem um gosto amargo, como a amarela. You´re not so that amazing. Já fazia tempo, tempo o suficiente para um punhado de coisas ocorrerem. A faculdade, sua e dele, a estadia fora do país, um outro namorado, uns outros caras, uns outros livros, outras músicas. Outros. Outros. Outras caras.
Nem fazia tanto Sol. Nem era tão tarde. When I see your face there is no thing I would change*. Seu destino não era estar ao lado dele, nunca o fora. Momentos diferentes. Sempre viverão momentos diferentes. E ela tinha aquilo, aquele estranho quê de perder o interesse. O estranho quê de querer mudar. E ela mudou.
Lembra-se bem: mudou o jeito de pensar, o modo de encarar a vida, a faculdade, o curso, seu rumo. Mudou a cor do cabelo, o estilo das maquiagens, suas roupas, suas músicas, seus caras. Ele não gostava de mudanças. Mas ela mudou.
Mudou de cidade, de país, de amigos e até mesmo de pais. Mudou de cachorro, para gato, passarinho e um peixe. A liberdade dela era essa, a sua estranha necessidade de, de repente, mudar. Como estar com alguém que não gostava disso? Não precisava ter de mudar junto, apenas dar o apoio ou o sorriso. Ele nunca entendeu a liberdade dela, a cabeça dela e coração dela.
Da jujuba vermelha e azul ela gostava, pegou as duas e comeu. Papolas de Morfeu, pensava todas as vezes. Um sonho. Sonhos mudam. Ela gostava de sonhos e pegou uns três de uma vez, para poder mudar a ordem, o curso, o final. Escolheu o sonho de ser feliz em si mesma. O sonho de sorrir na sua simplicidade. E o sonho de ser coerente em sua ações, dizeres e pensamentos. Coerência sempre foi essencial. Linhas de raciocínio. Verdades. Sinceridade.
Ele passou de novo e ela não olhou. Não deu tempo - havia uma jujuba cor-de-rosa saltando aos olhos. Caminhou mais um pouco; arrumou a bolsa, refez o rabo-de-cavalo na cabeça e sorriu para uma senhoria conhecida. Sorriu para o senhor que não conhecia e sorriu para o Sol que se punha.
Este gostava de mudanças. Era livre como ela e precisava disso. Este não acelerava seu coração. Não lhe importava como era o seu carro e jamais a faria virar a cabeça para o lado. Mas eles eram livres, os dois, ele e ela, e ela poderia partir, ir embora, quando quisesse.E era o que ela estava fazendo.
* Just The Way You Are - Bruno Mars
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