4 de novembro de 2010


Por muito tempo quis escrever sobre aquilo que aconteceu comigo. Por muito tempo quis mostrar as pessoas o que é paixão e o que é insegurança. Sim, apaixonei-me por ele perdidamente e, sim, nunca me senti segura ao seu lado.
É perdidamente triste. Se eu tivesse me estruturado, se eu tivesse me equilibrado, poderíamos até estar junto. Mas não. Não é verdade. É um argumento irrelevante, a conclusão não é essa; o fim seria exatamente o mesmo, mas com conseqüências mais drásticas e dolorosas.
No fim, não me importo.
Não mais.
Com o tempo que se estendeu e com as pessoas que apareceram, eu me estabeleci, me estruturei e me apaixonei de novo. Infelicidade do destino ou não, lá estava eu, perdidamente apaixonada e controlando as pontas para não perdê-lo para o ciúme.
Mas a história que eu quero contar não diz respeito ao quanto tudo isso é absurdo, estranho – ou, como soa para mim, irônico. Não.
Eu, com dezoito anos, sempre soube discernir certo do errado, mas ninguém nunca me disse que discernimento não é causa real do “fazer certo”. Ingenuidade foi meu maior erro.
Em minha vida sempre quis ser o mais complacente possível com as pessoas, respeitando seus momentos e suas vontades, e, às vezes, verdade, havia um conflito ou outro. Mas eu sempre confiei naqueles que me rodearam e costumavam estar comigo e nunca proliferei palavras para machucar alguém ou magoar.
Maneiras e maneiras de se dizer. Sempre soube disso também e, de certa forma, eu sempre fui dócil ao tentar explicar ou discutir algo, separando o que de fato é relevante e o que de fato pertence a mim e a pessoa em questão.
Eu cri nisso tudo até meus vinte anos e um mês, até descobrir que as pessoas são más. Pessoas não são iguais. Pessoas não são respeitosas. Minha ingenuidade me fez cair do meu sonho social, fez-me ajoelhar perante a realidade; as pessoas são capazes de ferir por ferir, para se estabelecerem, para se elevarem.
Hoje acredito em que nada quanto a mim desrespeita a mais ninguém (a não a única pessoa em que eu sei que não vai me trair; minha honorária mãe – e até acredito em meu pai também). Imparcialidade é um bom meio de se manter estabelecido.
Eu perdi para as línguas ferinas de uma pessoa nada confiável a única pessoa que me deu segurança o suficiente para me apaixonar sem desespero. Entretanto, em troca, ganhei o tapa na cara que estava faltando para criar a perspectiva exata do mundo humano que me rodeia.
Você quis tanto me fazer mal e, no fim, o que você conseguiu, meu caro? Fazer-me melhor.

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