7 de maio de 2012

beautifull Weasley girl

Os nossos mundos eram paralelos, mas retas paralelas se encontram no infinito. E somos hoje o infinito.

(Potter, J.S.)

a sweet kind of perception

Pai,

lembra de quando eu era pequenina e pedia para o senhor me contar as histórias antes de dormir?! E, sabe Deus o por quê, adorava aquela história do pequeno polegar. E gostava da hora da judiação, com o Danilo e o senhor vindo até mim para me fazerem cosquinhas... e era uma sessão de tortura na verdade. Eu lembro de quando acordava onde hoje é o seu quarto e lá tinha uma tv, uma cômoda, uma cama e um berço. Achava aquele quarto enorme, achava a sala enorme, achava o box do banheiro uma piscina.

A minha imaginação naquela época era enorme, com não só um amiguinho imaginário, mas 3, todos eles com variações de "nomes" de stinck (stink, stonk, stank). O Stink era o bobinho e eu gostava dele, mas fazia de tudo para que ele percebesse o quão bobo era. O Stonk era maldoso;  não gostava dele, mas me ajudava nas brincadeiras contra o Stink. O Stank aparecia só de vez em quando e nem participava muito das brincadeiras.

E a minha imaginação era de fato grande.

E eu era muito pequena.

E aí eu cresci, cresci tanto que ocupei no físico parte da minha imaginação e do quarto, box e o berço nem mais está aqui. Mas tudo bem.

Tudo bem mesmo.

Cresci e ainda estendo a mão para o senhor me ajudar a atravessar a rua em segurança - e como você me ajudou! Atravessamos certinho, de um lado para o outro, juntos. Você me disse que eu poderia ir, colocar o primeiro passo na rua e, cuidadosamente, atravessar. Eu fiz isso, pai, você se lembra?! Atravessei e por muito tempo fiquei parada no meio da rodovia à mercê do trânsito, de fluxo inconstante, de mão dupla. Chamei por você e você já estava do outro lado.

Não por negligência. Você me ajudou até ali, não é?! Agora eu teria de continuar sozinha, mas não importa para onde, porque você sempre estaria um passo à frente para me guiar. E eu te chamei e você me estendeu a mão lá da outra sarjeta. Olhei para os lados e tive segurança para terminar. E eu terminei.

Discutiremos muito quanto a demora da travessia, da quantidade dos carros e como a calçado do outro lado não possui a melhor topografia. Mas tudo bem... está tudo bem, pai. Posso falar de muitas coisas sem qualquer propriedade, mas sempre falarei para você.

Dos planos que você traçou quando me viu pela primeira vez eu não sei, porém, te digo com firmeza que os meus planos agora estão sendo traçados por mim de novo - e desta vez eu prometo que são pra valer.

Obrigada por me deixar desistir quando não tinha mais como prosseguir.

Com carinho,
Sua Filha.

2 de maio de 2012

From Jammie.

Muitas coisas não serão entendidas por nós. Eu não me importo, Dominique. Não me importo de viver ao seu lado no buraco do desentendimento, porque, afinal, para quê desfazer?! Entender é consertar, colocar no eixo, pôr em cronologia o antes e o depois, e, quer saber?!, entre a gente não há nada disso, não há lógica, não há antes e nem depois. Sempre o é apenas. E somos, e como somos porque somos. Pois então sejamos nós aqui, nessa gelada madrugada onde você me diz ser Londres, nessa roda gigante tão lenta que me faz pensar, em pensar na minha coragem e na sua complacência.
Ambos fugimos, Dominique.
Muitos dizem que você fugiu da família, mas quem o fez fui eu. Eu fugi de lá porque eles me prendiam à carne de James Sirius Potter, quando ao seu lado sou apenas eu, muito mais evoluído, muito mais completo comigo mesmo. E muitos dirão que eu fugi por causa de você e que você me levou a isso, a dar às costas para um mundo, fazendo charme e me fazendo apaixonar por você. Mentira. Você não faz charme. Teddy se apaixonou por você por causa dele, seus cabelos, seus olhos, sua pele sem sardas. Sem Weasley. Eu não sou apaixonado por você, não há sentimento dentro de mim por você. Por quê?! 
Porque sou com você.
- O rio brilha diferente daqui de cima.
- Brilha mesmo.
E eu nem falo do rio. Você combina com tudo isso deles, com toda a não-magia, e você se encanta com as leis naturais e sociais deles, com os prédios, com os carros, com os livros antigos escritos em máquinas estranhas. E eu vivo tudo isso agora. Você brilha neste céu noturno, neste ar gelado e condensado que sai de nossas respirações, sob todos os casacos, cachecóis e luvas que está usando. Seus olhos brilham, Dominique querida, brilham nessa névoa ciano deles, nesse vento de loura platinado e enferrujado de seus cabelos, e você fulgura muito mais que um rio de margens escuras à noite, e essas estrelas, e essa luz, e essa Londres.
Talvez seja pelo único plausível motivo de vocês se encaixarem.
- Jammie?!
- Sim?!
Você me sorri e claro que eu a beijo. Você não é de falar, apenas de brilhar e sorrir. E eu de beijá-la e divagar.