22 de setembro de 2011

Confesso que ao escolher por não ingerir carne alguma não imaginei o que isso poderia implicar. Hoje, 5 anos depois, também não imagino. É impossível você acreditar em que, em algum dia de sua vida, você possa vir a ser anêmica falsiforme, sua contagem de B12 ser baixa e suas hemácias não conseguem captar todo o oxigênio necessário, que a gordurinha que envolve o corpo do neurônio está se desfazendo, que a sua memória está lenta, que coisas básicas como "letra de forma" ou "kinesis" precisarão de ajuda para serem lembradas... A gente simplesmente não imagina.

E o que eu me pergunto hoje é: E agora, José?!

19 de setembro de 2011

do jeito em que eu quero que seja e ponto.

Em algum ponto a vida deve começar - começar por si mesmo, entende?! E não começar pelo breve fato de você existir. Em algum momento, você tem de ir sozinho, pensar nas suas coisas sozinho e o máximo que seus pais poderão fazer por você é vê-lo passo a passo, torcendo para que você veja as suas burrices. A minha vida não começou por mim mesma - adoraria que sim, mas ainda não. E tenho medo de que não comece tão longo. Mas não é isso tudo, existe algo a mais.

Vi, hoje, na rua, um homem de uns 2 metros de altura com a filhinha, de aproximado 1 ano, no colo. Cena mais linda para mim são três, e de pai segurando filhinha pequena no colo é a primeira dessas três. É o contraste tão grande daquele ser tão pequeno, frágil e incapaz com o homem, o ser masculino, forte, grande, protetor... Mãe ama o filho antes mesmo dele existir (porque mãe se torna mãe ao planejar uma gravidez), mas pai não entende como é. Pai fica de fora, não carrega a prole nove meses, não sente chutar pela primeira vez, não tem a bexiga pressionada pela criança em seu inexistente ventre.

Mãe sente tudo isso e sente um amor que talvez não seja igual de ninguém para ninguém.

Ao ver aquele cara com a nene, de cabelo castanho, ralo, tão branquinha que parecia ser lavada com Omo Total, e de vestidinho todo vermelhinho, me bateu aquela estranha vontade de imaginar-me como mãe. À princípio, claro, desvievi a ideia, não quis saber, porque, né?!, essas coisas podem ser atraídas... e o pensamento voltou-me agora.

Queria muito criar meus filhos (os dois que possivelmente venha a ter) livres, numa casa ampla, espaçosa, branca e com um quintal verde. Poder levá-los a festas infantis e vesti-los como bonequinhos, mas sem me importar se eles vão se rastejar pelo chão e ficarem cheios de lama no final da festa. Criança tem disso, de precisar tocar e pôr na boca para conhecer - e, por isso, deixá-los-ia pôr muita coisa na boca (e provavelmente seria uma amiga do pediátra e de todas as enfermeiras de plantão).

Faria cabanas e cabanas com eles, no quarto, na sala, na cozinha... Acamparia no quintal, leria milhares de histórias para eles e ensiná-los-ia que estudar diariamente é bom e isso impediria de acabar como a mãe deles. Espero muito que ambos tenham cabelos cacheadinhos e sejam so mais risonhos possíveis... que façam de tudo: futebol, basquete, natação judô, karatê, desenho, sonecas à tarde, inglês e alemão.

Quero muito criar meus filhos de um jeito que possa abrir as oportunidades para eles no futuro, que, ao tiverem seus 20 anos, saibam que podem tanto começar as suas vidas como pedir mais um tempo para não errar o passo.

17 de setembro de 2011

I should be, but I´m not like Peter Pan (I have fear of not growing up).

21 anos.

Não sei ao certo se tenho vontade alguma de escrever quanto a tudo isso. Nada mudou - a não ser que agora tenho um alguém que me ama, me faz feliz e não sabe de todos os buracos em mim. Isso ele não pode preencher, ninguém pode. São meus buracos. Minha infelicidade. Vão dizer dos meus traumas, vão dizer dos meus medos, mas não é isso que forma alguém. Decisões, escolhas, alguns sins, muitos nãos.

A minha teimosia.

E eis aqui meus 10 anos em mim, e assim me sinto, dez míseros anos, uma criança, um pequeno Peter Pan com medo de ser assim.

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