27 de setembro de 2014

Compro os livros porque gostaria que fizessem isso com o meu se um dia isso vier a se concretizar.
Seja o nome, a sinopse, a capa, o meu nome. Leva ele com você: leia-o, guarde-o, mas leve, por favor. Eu levo todos. A maioria eu guardo, mas são meus.

Leva o meu para torná-lo seu também.

26 de setembro de 2014

Sobre "Encontro Marcado" de Fernando Sabino e Sobre o que eu não deveria ter lido.

Não deveria ter lido esse livro.

Pelo menos não nesse momento.

Me sinto tão como o Eduardo mas sem a epifania no encontro consigo mesmo. Talvez seja porque não cheguei nesse ponto ainda. Tô ainda aqui colhendo o fruto maduro e assistindo a todos os dias, perdendo as nuances das modificações, ele apodrecer em minhas mãos. Só o verei podre, sem saber como esse processo se deu.

Eu também fico a espera e fico inquieta achando que sou escritora e que entendo das coisas. Que coisas que eu vou lá entender?! Não me falem de comida e dieta, não me falem de política. Me falem de vocês, da vida - mas do que passou, por favor. Qualquer toque de entusiasmo pelo futuro também me enjoa.

O Eduardo vivia tudo muito rápido. Não que eu seja assim - eu não vivo. Sou expectadora, só fico vendo, sem participar. E eu tô falando da minha própria vida - e essa inversão de velocidade acaba nos unindo no mesmo ponto. Ele teve uma vida bem dificultada até onde nos é apresentado, depois eu não sei o que aconteceu. Queria fazer algo grandioso - ser grandiosa, ser capaz de simplesmente saber das coisas; ser capaz de simplesmente fazer as coisas. Processo de imaginação bem limitado. 

Eduardo tentou ser o filho pródigo, mas quando voltou, não tinha mais ninguém esperando por ele. Eu não sou o filho pródigo, nem saí! Nem coloquei o pé fora de casa, mas a inquietação talvez seja muito semelhante - semelhante a quase todo mundo mesmo anos depois. Sou só mais um jovem inquieto e mais um que vai acabar fazendo coisas que não quis. Bem infeliz.

23 de setembro de 2014

De repente o dia ter vinte e quatro horas ficou cumprido demais.
Não acaba nunca.
Ele se estende tanto
e mesmo dormindo
ele fica comprido.
E nunca                    
cumprido.


22 de setembro de 2014

Vai me cansando
escorrer entre os humores.
Driblar essa falta de emoção
- boa -
e reproduzir para escapar.
Reproduzo para blindar.
E cansa que a energia deveras
vem de dentro
e nunca de fora.
Se não explode no ímpeto
como há ser na superfície?
Me canso fingir que não me aflige
cada certeza; na verdade miragem.

21 de setembro de 2014

Se eu simplesmente colocar as palavras aqui... jorrar sem me preocupar com nada. Sentido. Ordem. Apenas escrever.
Felicidade demais é um o primeiro indício de que Tristeza chegará.
Não saia por ai dizendo que as coisas são fáceis e somos nós quem as tornamos difíceis.
Não digo por aí o que está aqui.
Difícil.

16 de setembro de 2014

Organização não era o forte dela e tão menos conseguir distinguir o que de fato era importante. Foi assim com o quarto, foi assim com os namorados. Simplesmente não possuía a habilidade de foco e importância, tão entrelaçados e fugitivos dos dedos dela.
Fugir de casa estava se tornando mais que uma decisão: uma movimentação sem fim de planejamento de um projeto que, até agora, se nada mais fosse somado a tudo aquilo, precisaria de um carreto.
E grande.
E, bem, fugir de carreto não é bem algo que se tem em mente - e não dá para sair na surdina com um carreto estacionado na frente de casa.
As roupas estavam dispostas sobre a cama, as bijus que precisaria, o cofre com as economias, os sapatos - por que mesmo precisava levar salto alto na fuga?! - os tênis, casacos de frio - um para cada tipo de roupa, e aquele de couro sintético definitivamente a deixava mais bonita, - o celular, o laptop, fotos, bolsas, agenda, hidratantes - afinal, só queria fugir de casa, e não virar uma mendiga!, - e a parte mais difícil: os livros.
Coméque levaria todos os livros? Poderia deixar os de história... mas gostava de vez em quando de lê-lo, ou quem sabe os de histórias juvenis - mas ela ainda gostava tanto! Os clássicos! Eram chatos, difíceis de ler, tão longos e... bufou. Tava tentando convencer quem com aquele argumento?! Pensou em outro plano. E se eu estivesse indo a um mochilão? O que eu levaria?
Levaria quase nada porque sabia que ia voltar para casa depois, onde todas as suas coisas estão... O que mais o carreto poderia levar?! E aonde manteria tudo aquilo? Caminho pecaminoso aquele, se continuasse por aquelas vias de raciocínio desistiria de fugir. E por que mesmo estava fugindo? Eita, este não é o foco! Estou fugindo e pronto! É uma decisão, e não resultado de um questionário. Mas e os pais? Os irmãos? Se fugir implicava sair sem avisar e sem saber por onde, como manteriam contato? Não os veria mais?
Hmm
Praticidade também não estava dentro de suas virtudes. Não queria fugir, só queria se esconder... ou viver de uma forma que não precisasse de decisões definitivas. Como fugir, como o que levar, o que deixar para trás... Dissuadiu-se. Ficaria. Levaria tudo consigo só que no tempo. As coisas caminhariam, então, juntas e desorganizadas e todas cumprindo suas significâncias.
E as pessoas: os pais estariam juntos com ela, fugindo pelo tempo sem perceber - afinal, viver é fugir. Você sai do tempo anterior sem perceber e quando viu o tempo posterior já é agora e que já fugiu.
Decidiu ficar.

2 de setembro de 2014

Seus 16 mais uma outra vez.

Você é jovem.
Muito jovem, mais jovem que eu - e eu me acho jovem. Então você pode até acreditar que pode se rebelar, chutas essa porra toda e preencher seu precioso tempo de pessoa mais jovem com o que bem entender. Só que não.
A vida não funciona assim.
Não podemos ignorar as responsabilidades de agora - que, veja, nem são tão pesadas assim - para fazer o que achamos que é o que a nós queremos. Caráter não se constrói só em atitudes para com os outros; se constrói também na soma diária de atitudes que fazemos por nós, e arcar diretamente com a nossas responsabilidades é um dos principais traços do alicerce do Caráter.
Você só tem uma responsabilidade séria na sua vida agora: estudar - e você nem precisa fazer outras n coisas como praticar o inglês, se dedicar a um time ou esporte, fazer outras atividades extra acadêmicas que tornam seu dia uma coisa quase sem fim. É só estudar - e se hoje você não tem interesse porque viu tudo antes já, a culpa é unicamente sua, e porque deu errado antes você tem a obrigação de dedicar ao dobro a isso tudo.
Você é jovem e acha que são os amigos a única coisa importante da vida, mas não. As partes importantes da vida são aquelas em que você faz de base para você mesma. Os amigos também são importantes, sim, mas analise: seus amigos conseguem administrar o tempo deles e nem por isso deixam você de lado.
Ser responsável não implica falhar consideravelmente com os amigos. Muito pelo contrário, porque amizade também é responsabilidade.

Desabafo.