21 de março de 2010

Aquele sábado

Seu dia começa com a cara inchada, um questionamento interno mais ou menos parecido com um por quê? infinitamente irritante e o assento do carro que inclinaram em, pelo menos, 60º graus. Você fica se perguntando o que diabos seu irmão fez com o carro, mas desiste no mesmo instante em que uma única e nojenta idéia ameaça aparecer nessa sua cabecinha sórdida. A caminho da aula de inglês, o sol incide exatamente no seu rosto - e apenas neste - e não importa se você vire a próxima esquina ou mude de sentido na avenida: o Sol sempre estará em seu rosto.
Na aula de inglês, você discute com o teacher sobre a possibilidade de alternativa para a frase que se encaixa no texto - e, então, se lembra dos tantos textos que você analisou no ano passado e da quantidade exponencialmente maior que analisará esse ano. Definitivamente essa experiência deveria lhe render algum crédito quando o assunto é entender a subjetividade textual. O teacher faz perguntas estranhas como, qual sentido você aprecia mais e qual dispensaria facilmente. A única resposta que vem à sua cabecinha sórdida é aquela mesma resposta sarcástica e grosseira que bate em seus dentes e não volta para dentro da boca. Pergunte a um cego se ele dispensaria algum sentido. E você pode responder assim porque, além do ciúme, raiva, melancolia, tristeza, coração partido e menos de cinco horas dormidas, você está de TPM.
(O que resume perfeitamente todas as outras coisas e ainda te livra de qualquer acusação juridicial em caso de homicídio).
Ao chegar em casa, a fome e o sono atrasado pesam, e você, como era de se esperar, opta pelo sono, obrigada, almoço mais tarde. E, ao dormir, você fica presa naquele estado intermediário entre o acordado e o sono porque você está preocupada com o livro que tem de ler, com o livro que não deveria ler e com aquela encardenação xerocada que seu pai deixou em cima de sua cama. Depois de menos tempo que você gostaria, levanta, pega os textos e vai à luta.
Nesse meio tempo, lendo, você se lembra de que ninguém nunca havia te contado que filosofia era difícil, um curso exaustivo e completamente dominador da capacidade das realizações de synapses (que você já duvida que faça alguma), e que muitos riem em relação a sua grade. É, minha cara, você gostaria de poder rir também - ainda mais em TPM. E ligam no seu celular avisando que aquele outro livro que você não deveria ler, não deveria comprar e não deveria ter encomendado chegou. Você o busca e, por coincidência, acaba por trazer mais um para casa - e assim você entende que dinheiro na sua mão quando se está numa livraria é persuação.
E, aí, ao voltar para casa, você se chateia pelas coisas que vê no orkut dos outros, fica deprimida, chata, chorona, uma descabelada sem causa. Você tem ciúme, tem raiva, tem perguntas - e ninguém vai te responder essas coisas. Você quer ir ao rodeio para tirar a história a limpo, para vê-lo, para compreender - e há o outro que reapareceu, que você está aceitando de novo em sua vida, e ele estará lá também e, sim, você sente tanta falta em vê-lo sorrir-lhe e de conversar e sentir ele te abraçar...
Mas você tem esse show que já está combinado há dias com seu amigo. A dúvida é grande: você vai ser filhadaputa com o seu amigo? Claro que não. E você vai ao show com ele, e começa a chover, e você se estressa e reza para que, pelo menos, o show seja bom.


E assim, durante o show, sua TPM vai embora, o ciúme, a raiva e a dúvida. João Neto & Frederico foi, sem sombra de dúvida, a melhor opção da noite. E você esquece o por quê de estar com ciúme e fica se perguntando se não é melhor simplesmente partir; afinal, sempre foi assim com você: é melhor partir.

"Me dê motivo para ir embora; estou vendo a hora de te perder. Me dê motivo, vai ser agora, estou indo embora..."
- César Menotti & Fabiano, Me dê Motivo.

Um comentário:

  1. prof. de inglês não sabem porra nenhuma.

    e a gente tem que aprender a não deixar se afetar por coisas vindas de orkut, indiretas via twitter e afins. provocação de merda u__u essas coisas acabam com o meu dia tbm.

    ;*

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