11 de março de 2011

Que coisa mais estranha! Vejo-te partir e nem me sinto abandonada. Vejo-te dar-me as costas e sinto-me aliviada. É apenas estranho constatar realmente, de uma vez por todas, que a minha solidão era maior contigo aqui, sempre ao meu lado e dando-me as mãos para que eu pudesse me levantar. Tu foste um ponto de apoio para os momentos de desespero, aqueles mesmos momentos em que quis me descabelar e gritar e tudo o que tu fizeste foi apoiar tua mão em meu ombro e me acalmar.
Tu nunca me deixaste sair do controle, do eixo. Acho que por isso estou aliviada - agora poderei tentar sozinha, colocar as mãos no chão e poder levantar, poder ver beleza pelos meus próprios olhos. Tu nunca deixou-me sozinha, nunca tentou entender que, às vezes, (em boa parte destas vezes, na verdade), o melhor é ficar só e sentir o gosto salgado das lágrimas que chegarem até os lábios, entender que cada lágrima que nasce nos olhos tem dois destinos: ou escorrem pelo rosto ou ficam presas ao brilho molhado da íris. E, o melhor: nada disso é ruim, é errado. Não é errado chorar, seja por felicidade, saudade, tristeza ou dor. Não.
Vejo-te partir e sinto-me bem, porque esta é a primeira vez em que tu não tentas me levar junto. Apesar do abandono, é bom sentir que confias em mim para me deixar para trás comigo mesma.

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