2 de dezembro de 2011

Cada ser humano tem uma mágoa. Cada um carrega dentro de si um falso perdão, uma palavra dita não-verdadeira, uma significância oposta. Isso é uma mágoa. E mágoas maiores é quando se diz perdoar sem conseguir fazê-lo.
Vejo-o aqui, ao meu lado, posso saber exatamente como contornam seus olhos, dessa verossimilhança de verde e castanho que os meus não possuiram, encarando-me e perguntando o que é, porque não tem tempo para ficar sentado diante de mim quando muitos trabalhos se acumulam agora. Não tenho culpa, e às vezes nem você - mas o medo daqui não é o da pergunta, é o da resposta daí. E se você confirmar?! Onde vou me encaixar?!
Nunca fiz parte de nada em relação a você, mas agora me soa como ferida própria uma possível dor do outro (ou não seja isso realmente; essa desculpa é uma pretensão de compaixão, na verdade, é egoísmo, porque eu acreditava afinco em você). O outro me dói tanto que é meu também. Por que justo você que sempre me aconselhou e chamou-me a atenção para os buracos da vida?! Por que agora o vejo dentro de um e cavando cada vez mais fundo?!
O que deu de tão errado no seu princípio?
Olha-me nos olhos e diga de uma vez. E sim, a resposta vai me fazer julgá-lo. Eu não queria, não é certo - ninguém mundano deveria ser juiz e logo tão menos a mim. Você balança a perna, me chama de louca, de criativida, diz que acredito em tudo o que me dizem e eu explico que o seu comportamento me mostra que não é tão absurdo assim.
O outro me dói, meu caro, porque eu também já confiei e fui traída em mesma instância. Dói-me ainda mais porque, para mim, você era um deus, digno da verdade, da moral e da alma. Você era tão metafísico quanto as possibilidades.
Eu não sei o que você me diz, mas sei que você agora é tão mundano quanto eu - justo você que me parecia tão secular.

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