27 de junho de 2011

Redundância

Ela abaixou a cabeça e se sentiu menor do que realmente era. Algo ali dentro desejava que estivesse chovendo, mesmo que ela tivesse repulsão por clichês, mas, naquele instante, seria o melhor a acontecer. Se chovesse, teria seu corpo encoberto por alguma coisa além da vergonha.
            Não, não se sentia arrependida. A vergonha era pela admissão – admitir que tinha algo extremamente errado em sentir falta de um abraço que nunca fora seu. Deveria ser apenas seu tudo aquilo que lhe dava proteção.
            Deveriam ser todos seus aqueles abraços que a abraçam do jeito certo em que ela deve ser abraçada.
            (E assim ela não se sentia – porque era no abraço em que tudo dentro dela passava a ser compreendido, sem necessitar explicar, nomear e tornar seus sentimentos meros nomes, passíveis de definições).
            Talvez o que a acometia agora fosse uma pequena porção de egoísmo. É, era. E cadê a chuva nessas horas em que ela mais precisava sentir-se coberta?! A chuva abraçaria da mesma forma, acolhendo e compreendendo o quão estimado esse simples ato era?!
            Não. Não seria a mesma coisa. A chuva abraça a todos igualmente porque gosta de abraçar – e aquele abraço a abraçava porque era ela quem estava sendo abraçada.
            Então que não chova.

(27/06/2011 – bvollet).

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