A maioria das pessoas começa a beber com a Cerveja. Eu não fui assim. Foi o Vinho que meu pai me dava à noite para falarmos de algumas coisas, para unirmos Filosofia e Física. Acho que ele pensava que se me deixasse mais trilili, seria mais fácil de me persuadir.
Coitado. Quanto mais atordoada, mais eu conseguia achar argumentos.
E, então, eu parti para a Caipirinha. Caseira. Meu pai se tornou um ótimo fazedor-de-Caipirinhas e eu era um de seus alvos favoritos, pela criticidade que sei lá como construí em mim. Só com 18 anos feitos que experimentei meu primeiro copo de Cerveja.
Inteiro.
E amargo.
Lembro que me perguntei como é que meus tios/primos/irmão poderiam beber tanto daquele treco se era tão amargo! E depois como é que Cerveja embebedava. Eu era tão juvenil, tão inocente, tão ingênua...
E aí a minha vida ferrou. Conheci a Tequila e o drinque The Wall (vinho branco, run, conhaque, essência de pêssego - que nunca senti - e uma cereja - maldita!), e passaram a ser parte da minha rotina noturna em balada. Mas depois de uma péssima experiência com The Wall (não, não passei mal de pôr tudo para fora), abandonei esse e fiquei só com a Tequila.
Com a Tequila, Uísque, Vodka e gelo, Caipirinhas, Saquerinhas... Kiwi, Morango, Frutas Vermelhas... até que me sobraram muitas coisas.
Porém, eu fui apresentada a um tipo de vida que essas bebidas não combinam tanto. Fui apresentada para Churrasco, Carta e Cevada. O C3, como Léo, um amigo que me adora fazer as perguntas mais cabulosas quanto a mim, me disse.
Sério; não tem como jogar truco com um copo de Vodka e gelo em mãos. Durante o carteado você bebe tanto e tão rapidamente que, com Vodka, depois do 1º copo, se perde a noção até do que está segurando as cartas. Foi assim, durante um churrasco, que eu consegui beber meu primeiro copo decente de cerveja. Lembro que naquele dia eu bebi dois, apenas, e fui mais vezes ao banheiro do que quando bebi 3L de água em casa.
Só que, mesmo assim, relutei na Cerveja. Amarga, sem graça e deixava um gosto horrível na boca. Odiava beijar alguém e ter aquele gosto amargo na boca do cara. Eu saía de perto e o cara não entendia, vinha querer bater boca comigo e blá-blá-blá. (Tá, isso nunca aconteceu. Nunca parei de beijar alguém por causa do gosto da cerveja, até mesmo porque o gosto sai depois de um tempinho). Mas que o gosto é (era) ruim, é.
Todas as vezes que eu saía à noite, pedia as mesmas coisas. Se fosse um barzinho mais requintado, Saquerinha ou Vodka; um outro mais amigável, Caipirinha. Agora, se fosse um que só houvesse amigos prontos para beberem, a minha preferida: Tequila.
A Tequila em si é horrível. NUNCA TOMEM ELA PURA! O charme dela é o ritual antecedente à ingestão do líquido. É pegar o sal e por na mão, chupar o limão (e aqui o mais engraçado é que, no começo, a cara de azedo é inevitável, mas, depois de um tempo, você não faz mais isso e encara numa boa o fato de ter que morder a fruta ácida), encarar o copinho com o líquido dourado... e virar tudo de uum gole só.
Eu adoro. Ainda mais porque ela é gostosinha (dentro do ritual) e não sobe. Rapidamente.
Mas aí apossou-se de minha vida uma outra coisinha que praticamente fodeu minha vida de vez: Sertanejo. E com isso: rodeios, baladas com esse tipo de música, churrascos, som do carro, do pc... E o pior é que Sertanejo vem, necessariamente, acompanhado de Cerveja. Não dá para ouvir Sertanejo e ter vontade de beber Vodka, limão, gelo e açúcar. SIMPLESMENTE NÃO DÁ! Tem que ser Cerveja mesmo.
E o gosto continua. Essa coisa é amarga para carai, não fica doce depois de uns 54 copos (apesar que, depois de 54 copos, podem dar uréia que a pessoa bebe), não ganha brilho, não se eleva, não é a melhor bebida do mundo (Tequila ^^), mas essa coisa toma conta de tudo. E você bebe um copo, abre uma latinha, vira uma garrafa... e depois vem outras, e outras e mais outras. Isso nem mata a sede!, mas é o que você deseja quando chega num lugar (almoço em família, amigos, churrasco ou o diabo-à-quatro) depois de passar o maior dos calores dentro do carro do seu primo (que está com AC quebrado e, de propósito, esse ser que carrega uma mínima parte da sua genética, trava os vidros).
É fatal. Você entra no lugar, parecendo um pinto molhado de suor, e você só escuta o abrir da garrafa com o abridor. E a garrafa faz tsi_, isso mesmo, tsi_, com a fonética do i cortada. Seu racional fala "essa bosta é amarga e vai te render milhares de visitas ao banheiro - que fica nojento depois de um tempo".
O seu racional fica 3 segundos em silêncio.
...
...
...
"Dane-se. Pega a p* do copo, põe a Cerveja e seja feliz".
Meu racional me fode a vida também.
E aí, caro leitor, eu descobri que, na verdade, o que ferrou tudo foi o Sertanejo, o C3 e os 18 anos. Mas na ordem contrária. Estou a 18 dias de fazer 19 e tentar encerrar uma notória fase da minha vida. Porém, a Cerveja está comigo, e hoje os Chopps (experimente o Chopp Black da Bhrama), as Batidas, Tequilas e tudo aquilo mais que eu citei aí em cima, com excessão ao The Wall.
Ô coisa ruim.
Mas não reclamo. Estou um pouquinho mais feliz com este lado boêmio de ser... só preciso encontrar um amigo parceiro para me acompanhar nas conversas de botequim e nos chopps tomados. E de um que não goste de beber para poder me levar embora.
Como me disseram uma vez "Bru, vira tropeiro e vem com a gente". E termino com a musiquinha dos Tropeiros HOMENS, porque nunca vi uma mulher assim.
Eu sou tropeiro e adoro essa vida/A gente vai para onde quiser/Não tenho amores, querência nehuma/Eu nunca me prendo por uma mulher./Que liberdade um grito de raça/Essa é a vida que sempre eu quis/Levando a tropa eu vou pelo mundo/Vagando e cantando sou muito feliz./Muitas mulheres bonitas me querem/Muitas promessas de amor recebi/Mas meu destino é vagar pelo mundo/ Sempre cantando sou muito feliz./Quando sozinho eu cruzo as campinas/Ou quando estou nos /Confins do sertão/Tenho saudade de uma linda china que ficou pra sempre em meu coração....
esclarecendo:
nessa vidinha tropeira, o que mais se consome é
Cerveja.
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