9 de junho de 2009

what I do remember about all

Eu vou contar aqui sobre a minha infância. Tem muita gente que insiste em dizer que eu não tive... eu devo discordar disso.

Quando eu era pequenininha, menor do que a Fabi é hoje, desenhava na parede do meu quarto, dava beijos de batons na parede do quarto do meu irmão, brigava muito com ele, desenhava com giz de cera branco nos bancos do carro, ligava de orelhão, a cobrar, para todas as lojas perto da casa dos meus avós paterno - mas eu nunca descobri por que é que não atendiam em pleno domingo -, colava na parece todos os meus trabalhinhos de escola, pintava a cara da minha mãe sob a argumentação de estar aprendendo a maquiar alguém, enchia o saco dela de madrugada (ok, eu ainda faço isso), jogava xadrez com o meu pai e invariavelmente perdia... todo sábado ou domingo ia à casa do meu primo brincar com ele.

E a gente brincava de um monte de coisa. Que éramos donos de zoológico, fazenda e que tínhamos uns 382 bichos cada um. O complicado era lembrar os nomes depois. Brincávamos de Zorro, Cavaleiros do Zoodíaco, Pokemon, Piratas do Caribe, X-men, Tunder Cats... eu quebrava os bonequinhos dele, a gente pedia dinheiro para os nossos tios para comprar jogos no supermercado, colecionávamos adesivos juntos, albuns juntos... a gente queria fazer biologia e montar uma fazenda juntos. Ou um haras. A gente gastava horas e horas no computador procurando fotos de cavalos, cachorros e felinos. Compartilhávamos todas as informações que tínhamos a respeito de filmes, seriados e desenhos. Animais, plantas e tratamentos. Tivemos juntos 2 tartarugas; ajudava ele com os esquilinhos chineses dele, com os porquinhos da índia e com os passarinhos.
Hoje a gente cresceu. Ele, o Marcelo, tem 22 anos, e eu, 18. Hoje a gente critica a igreja, a constituição e discute sobre política. A gente fala do São Paulo, Nadal e Federer, e sobre os nossos ficantes. A gente sai junto quase todo o final-de-semana, bebe chopp numa proporção de 1 para 4. Dá risada junto e dá os tapas que nós merecemos. Hoje a gente não brinca mais, mas vamos ao cinema juntos, jantamos junto e lembramos quase sempre das mesmas histórias, das mágoas, das risadas, dos fatos.

Mas a minha infância não pode ser narrada se eu não citar o nome Leonardo. E eu o cito e explico o por quê. O Léo, como é hoje chamado por mim, sempre foi o Lê. Eu nunca consegui falar Léo para ele. Enfim. Ele tem 19 anos. Faz aniversário dia 27 de setembro. Eu faço dia 25 de setembro. Nós dois somos mais que amigos, primos e irmãos. O que nos difere são 363 dias. Por dois dias no ano, possuímos a mesma idade.
Quando estávamos no maternal, ele contava milhares de histórias sobre o ano a frente em que ele estava - e eu ouvia a todas, torcendo para quando a minha vez chegasse, tudo acontece exatamente como ele dizia. A gente passava tardes e mais tardes brincando. Ou na minha casa, ou na dele. Eu sempre gostei mais de ficar na casa dele. Tinha o quintal grande, os velotróis que a gente usava, e a gente corria pelo quintal achando que estávamos num fórmula um.
Ele me ensinou a jogar video game (na época fácil, já que era o Nintendo e só Nintendo). A gente jogava Bomber Men, Tatarugas Ninjas, Mario Word, Mario Kart, Top Gam, Mortal Kombat... Ele bem que tentou me ensinar a jogar futebol, mas vide que a falta de coordenação motora para isso não se restringe apenas a vida real.
A gente escutava o disco (é, disco!) dos Cavaleiros do Zoodíacos, assistia a Dragon Ball Z, ia para a natação juntos e andávamos de bicicleta. Teve uma época em que a gente começou a desenhar e desenhávamos os personagens de DBZ até que, sei lá, acabou. Comprávamos figurinhas e trocávamos, comprávamos coisas dos Anime que gostávamos, fizemos uma pasta com tais coisas.
Na casa da nossa avó, a gente brincava que era irmãos donos de uma fazenda, e acabava com as plantações do meu avô. Vovó nos levava até a pracinha e lá havia duas pedras. Uma bem grande e uma nem tão pequena. O Léo ficava na grandona e brincávamos que as pedras eram cavalos e a gente corria.
Mas nem tudo era um mar de rosa entre a gente. Existiram muitos momentos em que brigávamos e ele me batia. Diz ele que hoje não se lembra disso. Eu lembro, e ficava muito puta porque o pai dele não fazia nada.
Só que era sempre a gente. Juntos. Quando dormíamos um na casa do outro, ele queria porque queria passar a noite acordado. E às vezes fomos bem-sucedidos nisso e conseguimos ver alguns nasceres dos Sol da janela de nossas salas. Quando passávamos a noite na casa dos nossos avós, a gente impertinava o vovô a noite inteirinha e armava armadilhas para o nosso tio mais novo. E nos churrascos a gente sempre pegava uma carne, colocava na churrasqueira e tostava ela. Claro que não cozinhava por dentro, mas, mesmo assim, cortávamos direitinho e colocávamos no prato para os homens, que estavam jogando truco, comerem.
A gente também gostava de jogar papel higiênico na churrasqueira para ver fogo, porque brasa para criança não tem graça.
O Léo e eu brincávamos de Drago Ball Z, Power Rangers e de Cavaleiros dos Zoodíacos. Odiava quando ele me obrigava ser a Saori... eu nunca podia lutar junto com ele.
Lembro que teve uma vez que a gente quis trocar de time e decidimos pelo Palmeiras. Não durou nem meio dia essa história e no final daquele domingo lá estávamos nós, sentados na frente da TV, gritando para o São Paulo acabar com o Palmeiras.
Lembro que o Santos ganhou o campeonato brasileiro, bem na época do Robinho e do Diego. Léo e eu assistimos ao jogo juntos, na casa da minha avó. Eu nunca fui chegada a futebol e sei que se o Rogério Seni sair do tricolor, eu não saberei o nome de nenhum jogador, mas com o Léo era tão divertido assistir a tudo isso.
Na escola a gente ficava meio afastados, mas tudo bem... ele sempre vinha embora comigo e tava tudo certo.
Hoje a gente... a gente não se fala muito. E ele não sai comigo. Mas nos esbarramos nas baladas da vida, nos shows que tudo se apresenta. Só que a gente ainda continua confidentes, ainda nos abraçamos e ainda dizemos coisas que talvez ele só diz a mim e que eu só digo a ele.
A minha vida começou e ele já estava ali. Temos uma amizade de 18 anos e 8 meses. A gente entrou de daminha e paje juntos, a gente amarrou linha no perfume do meu tio juntos (e depois amarramos a linha na maçaneta da porta)... a gente sempre vai para a praia juntos...
A gente sempre tá junto. De uma forma ou de outra. ( E eu nem sei porque parei de chamá-lo de Lê).

A Aline tem 14 anos. Ela é irmã do Léo. O que nos difere, além do tom de pele, são 5 anos. Eu lembro do dia em que ela nasceu, do dia em que a mãe dela descobriu que era uma menininha. Lembro dela no seu primeiro aniversário, no segundo e no terceiro. Lembro dela brincando de casinha comigo, e foi com ela que eu briquei de boneca de forma descente (sem matá-la, afogá-la ou afins). Às vezes eu era o pet da brincadeira e nunca deixava ela ser. Ela era a mãe. E fazia comida. Eu a ensinei a fazer cabaninhas em lugares improváveis, ensinei-a caminhar... e levei ela a academia uma vez.
Quando o irmão dela brigava com ela, eu não sabia a quem apartar ou qual lado acatar. A Aline sempre foi a minha prima querida. Acho que o meu caso com ela é o mesmo do Léo comigo. Quando ela estava lá, eu também estive. Lembro da mãe dela dando banho, do palhaço irritante que ela tinha, do dia em que ela preensou o dedinho com a cadeira contra o chão. Eu lembro de tantas coisas dela... Do primeiro dia de aula, da primeira vez que eu fui buscá-la na escolhinha - e hoje a bichana tem 14 anos.
Eu desenhava com ela, coloria os desenhos e a ajudava com algumas redações. Hoje ela é uma adolescente já, e tão mais melhor que eu... eu amo essa coisa.

Tirando essas três pessoas, minha infância foi particularmente solitária. Deliciosamente, aliás. Eu imaginava tudo... tudinho! Brincava sozinha, cantava sozinha no banheiro, dublava Chiquititas no meio da sala... Brincava de Star Wars, Piratas do Caribe, Harry Potter, Senhor dos Anéis, X-men, Zorro, que era fazendeira, que era professora, que era jogadora de basquete... eu era muitas coisas quando pequena.
Eu fazia cabana no meu quarto, na sala, na cozinha. Gastava fio-dental com isso, mas ninguém negava que era criativa. Alugava sempre os mesmos filmes na locadoura e meu irmão ficava puto com isso.
Eu lembro de uma época em que eu era tão pequena, mas tão pequenininha, que eu nem alcançava na mão da minha mãe e almejava ser do tamanho da minha avó. Hoje sou uns 30cm maiores que ela. Eu tomva o suco do meu avô (suco de laranja + açúcar + pinga) e quando faziam um outro para mim, falava tranquilamente e sem dor de consciência que aquele não era o suquinho do vô. Eu assistia ao meu pai jogar bisca com o meu vô em todos os finais de churrasco em que só sobravam eles.
Eu lembro das rodas de viola que meu tio costumava fazer nada casa dele... e eu cresci ouvindo elas. Quando escutava as versões originais, não gostava. Ainda não gosto. Prefiro ele tocando e cantando.
Uma das piores épocas da minha vida foi quando meu irmão, Danilo, começou a aprender a tocar violão. Se antes ele me enchia o saco com o controle remoto, mudando de canal a toda hora, nessa época ele vinha treinar aonde eu estava - fosse na sala, no meu quarto, cozinha ou quando eu estava no telefone.
Lembro da primeira vez em que a minha conhada, a Karen, ligou aqui em casa, e da primeira vez que ela veio aqui (sem ser a minha conhada ainda). Era domingo e eu estava indo ao cinema.
Lembro do dia em que fui visitar a Lívia, minha prima de 10 anos hoje, no hospital, mas não me deixaram entrar. Lembro das mordidas dela e me pergunto por que hoje eu faço isso. Lembro da 7ª série, quando a gente jogava truco no fundo da sala, na hora do intervalo e na saída. Até proibirem e a gente começou a jogar escondido. Lembro do primeiro dia de aula da Lú (Luisa), do meu primeiro dia de aula no maternal e no Puríssimo, no pré. Lembro da primeira vez que eu saí à noite (show do Kid Abelha, em 2003), do meu primeiro carnaval...
Lembro que eu tinha ciúmes da minha mãe com a Aline, do Marcelo com as minhas primas, e do meu irmão com a minha conhada, no início. Meu ciúmes sempre foi fonte de quase todas as dores que eu tive.
Caramba! Eu lembro da minha 1ª desinteria!!!! rsrsrsrsrs.
Lembro que eu quis fazer educação física, dar aulas de inglês e me profissionalizar no basquete. Bem, parei com o basquete e nem cheguei a dar aulas de inglês.
Fiz aula de desenho, pintura, inglês, francês, filosofia, literatura, natação, basquete, judô, xadrez... Participei de dois campeonatos de xadrez. Joguei basquete pelo Puríssimo 5 anos seguidos e pelo Koelle 2. Eu amava esse esporte. E acho que ainda amo.
O Léo e eu fizemos natação juntos, por uns 6 anos, creio. Eu parei para jogar basquete.
Com 11 anos, eu pesava 83kg. Minha mãe me levou a várias nutricionistas diferentes, mas aos 11, quase com 12, algo em mim me fez querer ir a uma e eu fui. Em seis meses emagreci 13kg. Nunca mais voltei ao que eu era. Antes eu não gostava de fazer exercícios e comer coisas saudáveis... hoje sou vegetariana, corro todos os dias e incentivo familiares ao mesmo.
Sempre achei que todas as famílias eram como as minhas (do lado de papai e do lado de mamãe): gostam de ser ver, de estar juntos e ir para todos os lugares juntos. Mas descobri que não.
Minha família é assim. Pelo menos uma vez por semana a família inteira da minha mãe se reune. Eles são em 5 irmãos - 3 homens e 2 mulheres - e a nós somos em 10 netos - 5 "homens" e 5 mulheres. Eu sou a neta mais velha do lado da minha mãe e depois de mim só veio muherada. Eu(18), Aline (14), Geovanna (12), Juliana (10), Júlia (4), respectivamente. Vinícius (29), Wagner (27), Vítor (25), Danilo (24 - meu irmão ,D), Leonardo (19).
Na família do meu pai é mais complicado. Eles são em 9 irmão - 5 homens e 4 mulheres - e tem 2 que mora em Araraquara, 1 em Limeira e 1 um São Paulo, mas umas 4 vezes por ano todo mundo se reune. Quanto a netos, bem, somos em 21. Mas hoje o número é maior, porque uns 9 se casaram, uns 4 estão namorando e alguns dos casados possuem filhos. A família do meu pai gosta da família da minha mãe e vice-versa.
Hoje tenho uma relação bem gostosa com os meus primos. Antes não porque eu era muito novinha. O Dirceu se tornou um alguém que eu amo demais e aprendo tanto com ele... dizemos que ele é meu eldest. O Thiago e o meu irmão sempre foram unidos. Meu irmão é de outubro e o Thi de dezembro. 3 meses de diferença entre essas coisas. A Priscila, irmã do Marcelo, sempre vai ser aquela prima que eu guardo no coração. Quando eu era a menininha de 13 anos, ela saía comigo e me contava as coisas. Nunca me deixou para traz por causa da minha idade e hoje somos grandes amigas. A Vivian é uma estranha paulistana. É irmã do Thi e vai casar - algum dia - com o Rodrigo (Ródnei para os íntimos). E tem a Aline, irmão do Dirceu, que não é chamada de "Loca" por acaso (verdade!), e tem a Mari... A Laís (12), a Lívia...
E tem o Léo! Não, não é o Léo dali de cima. Esse é outro. O Léo é nosso primo de, sei lá, acho que de 2º grau, mas quem se importa? Ele é A FIGURA. Adoro quando ele vem para cá. Ele mora em Primavera do Leste, no Mato Grosso. Ele, a irmã Bia e a mãe. Eles vêm para cá uma vez por ano. Ele faz a nossa diversão, junta a galera e saímos por aí, independete de onde seja.

Acho que agora posso falar do Danilo.
O Dan é meu irmão e eu não o chamo de Dan. É muito difícil para um bebê falar isso ¬¬ Apesar de todos os pesares, de todas as brigas e tudo mais, ele é meu irmão. Ele é ciumento, coisa que eu nunca achei que ele seria... é como se esse sentimento demonstrasse que ele gosta de mim.
Eu lembro do carrinho de controle remoto dele, dos ventiladores de tazzos que ele fazia, do brinquedo de Alquimia dele, da arma de brinquedo dele, dele jogando bola... jogando futebol. Lembro do bonequinho do cavaleiro de Escorpião que ele tinha, do jogo de mágica do Gugu, de um jogo do Gugu que a gente sempre jogava com o Celo e com a Pri. Lembro dele me ensinando a jogar Super Sonic no Megadrive... Lembro de uma vez quando ele foi me acordar no sofá, eu acordei, contornei o sofá e acertei em cheio a parede. Lembro de uma vez que ele aceitou dormir na casa da vó comigo... da primeira vez que saímos juntos à noite, da vez em que ficamos uma semana sozinhos em casa... lembro dele. Sempre.

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