ela acende o cigarro. cereja, como sempre quis que fosse. fuma escondido.
não por medo.
não por receio.
por prazer.
uma vontade que nasceu nela depois das dores de cabeça, a estranheza que se aponderou de si, a falta de habilidade para apenas desinteressar. uma vontade que tomou conta de si para não pensar.
ela sempre quis um dia poder não pensar.
apenas deitar a cabeça sobre chão, com o Sol escaldante sobre si, no inverno, e não pensar. deixar o nada absoluto agir sobre si. estar em si.
o cigarro chega a sua boca com a ajuda da mão. os olhos fixam o novo objeto de seu cotidiano. não tem mais mágica, mas ainda é feminino. cumpridos, finos, brancos. deliciosamente cerejas. há o cheiro, o significado, o almejo.
tudo isso preso entre seus dedos.
seus dedos.
o gesto de possessão. e o cigarro é seu.
os lábios róseos colados aos papel branco. sim, parece seda agora. e o é caso queira tanto. e quer. então é. respire fundo e aprecie a maciez da fumaça na boca. o gosto massageia a língua. as bochechas. dentes e gengivas. massageia a garganta... aveluda.
eis um verbo digno para o que acontece. aveluda a boca.
e há a cereja.
está frio.
do lado de fora. não há com o que se importar. para quê? há fumaça. há cereja. há warming.
você. está. aquecida. inside.
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