Ela balança as pernas sem parar, roe a unha, puxa pele do dedo e me olha nervosa. Não. Nervosa não, mas inquieta. Ela está sentada bem diante de mim, bem de frente para mim e tem olhos enormes - e eu não gosto desse poderio todo que eles possuem, me dão medo. Sei bem eu também que ela está com medo, por causa dessa minha postura quieta, pacífica e de olhos pequenos - pequenos e centrados.
Não, não estamos disputando nada, é apenas a sensação. Eu sei o que ela tem, e ela não tem idéia do que eu tenha - afinal, quem deveria desabafar era ela. Ela quer me dizer que está insegura, tensa, medrosa, confusa e assustada. Mas não vai dizer absolutamente nada. Ela já sabe que eu sei. E eu deveria dizer que está tudo bem, que eu também estou e ainda há em mim a dúvida de ser certo ou não. Somos um ser só, entende?!
Eu sei observar e ela falar. Somos opostos.
Digo "calma" e ela se acalma. Ou assim o finge muito bem.
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