5 de dezembro de 2009

impacto

Eu a vi escolher a melhor roupa, escolher as cores da maquiagem com cautela e ordenar cada cacho de seu cabelo para ficar bonito. Eu a vi se enfeitar com um sorriso no rosto, uma alegria sincera, um entusiasmo que há muito havia sumido. E ele estava ali de volta, nela e com ela, ajudando-a a se vestir, a colocar o vestido preto acetinado sobre as curvas, a sandália nos pés, o batom sobre os lábios.

Ela sorria a cada cuidado que tomara, em cada detalhe que pensara. Sorria porque tudo estava voltado para uma pessoa - uma única pessoa que lhe alegrava as noites, os sonhos, os anseios. tudo para compor o seu uno, o seu eu naquela noite.

Ela estava linda. Tão linda como sempre o fora antes. Mas estava mais - pela alegria, desejo, encontro. O encontro que não aconteceu. A presença de um outro que desfocou sua atenção. Não era ele, não era para ele, não com ele que ela estava disposta a aguentar o salto fino, os dedos dos pés ardendo em dor. Não era por causa daquele que seu sorriso expandia, seu coração acelerava, sua bochechas coravam.

Mas era por ele que os olhos lacrimejavam. E para ele, ela não estava tão linda assim.

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