Um coração cigano. No final – e no começo, no durante e no sempre – era isso o que a definia; uma sina a ser carregada sem marcas, sem chagas, sem dor. Ela carregava o cruel apego, o mais perverso deles: a de estar com todos e não poder ter nenhum. Monogamia não era bem o que seu coração prezava, mas não era algo que repulsava. Havia-se a esperança de que, um dia, existisse alguém pelo qual seu coração se importaria mais.
Apegar-se-ia mais. E ela estava na espera.
Seu coração não era leviano, não era de total imprudência e nem de um todo abrangente. Não era a todos que doava seu amor e sua atenção.
Não.
Ela não podia doar esses sentimentos, essas ações – não lhe pertenciam. Ela não sabia o que eles eram, como reagiriam em seu corpo e seu comportamento; não sabia porque não os tinha.
Seria sempre a metáfora. Seria sempre inconstante. Bastava um suspiro mais longo para se mudar, para não querer mais. Todo o seu corpo lutava contra algum sentimento, e quando estava perto dele se apossar de si, tudo a fazia sair. Tudo a persuadia de ir embora, sem deixar rastros, sem deixar esperança.
E ela nunca voltava para o mesmo. Nunca procurava por aquela iminência de sentimento. Nunca teve saudade.
Era um coração medroso, aquele, o dela. Medo de se perder por um outro.
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