15 de dezembro de 2009

I refuse to let me go away from you

Quando a gente vai embora, a gente não espera exatamente que a pessoa deixada para trás abra um sorriso, dê as costas para o lado pelo qual você se foi, e nem sinta sua falta depois. Essas sensações a gente refuta porque é o mesmo que concordar que não fazemos falta, no entanto, com ela, eu senti-me lisonjeado por ela ter esquecido de sorrir.
Sei sim que a minha falta tem sido mais um preenchimento, e não motivos de choros desesperados pela madrugada - porque era assim antes, quando estava ao seu lado. À noite, depois que nós dois nos entrelaçávamos, confundíamos nossas pernas e esquecíamos a quem pertencia o quê, eu rolava para um lado (sempre o dela) e abraçava-a, afagava seus cabelos e dormia em sua fragrância natural, perto de seu seio, ela virava o rosto e deixava-se ser carinhosamente minha companhia, mas deixava escorrer - e creio que voluntariamente - suas lágrimas.
Lágrimas não. Expessos traços de água que saíam de seus olhos e marcavam sua tez. Eu notava. Eu sentia. Eu sempre estava com a cabeça sobre seu coração e ouvia-o dançar na melodia daquela água salgada. Ele acelerava um pouco, porém, voltava tão logo ao ritmo de antes, compassado - e voltava a acelerar. Nesses momentos sentia que ela estava viva, que ela precisava me ver partir... que ela me faria ir embora antes que eu conseguisse marcá-la, de alguma forma, até mesmo como as lágrimas faziam.
Por isso eu parti.
Não tenho idéia de como deve ser agora, de como ela deve dormir e acomodar-se naquela cama grande. Quando dormia comigo ali, ela possuía o lado direito e ficava ali, encolhida em seus pensamentos, recolhida em seu corpo - e permitia-me participar disso. Ou eu entrava como um entruso nisso tudo. E quando sozinha... sim, já a vi dormir sozinha, nas furtigas manhãs de domingo em que lhe levava um delicioso café-da-manhã, encontrava um lindo corpo feminino no centro do colchão, dos lençois brancos e finos e seus cabelos pretos manchando a paisagem nude de seu quarto.
Eu a via consigo mesma e sem choros, palpitações ou cascas. Era apenas ela ali naquele meio.

Quando eu fui embora senti que esqueci de me levar junto. E agora posso acompanhar de perto o que é não fazer falta a ela - enquanto ela e eu fazemos falta a mim.

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