3 de agosto de 2010

If I never see your face again, it´s fine for me. it will be understood someday.

Tudo o que ele pensava era "é possível?!", como se aquela notícia fosse absurda demais para ser real. A descoberta foi casual, o comentário foi casual, tudo ali era casual. Nada, absolutamente nada no antes o preparou para aquilo. Fazia tão pouco tempo que tinham terminado, tão pouco tempo que não se falavam... e ela, no antes, quando junto dele, sempre dizia sobre largar a faculdade, procurar um emprego e guardar algum dinheiro; ter seu próprio canto, próprio carro, próprias situações.
O desejo dela nunca foi estar formada, ter um diploma e se lançar na vida. O desejo dela sempre foi se lançar na vida, se desse tempo teria um diploma, estaria formada - mas, antes, primeiro de qualquer coisa, ela se lançaria na vida e descobriria, sozinha, se podia se suportar. E tudo o que se passava na cabeça dele no agora era se aquilo tudo era possível - não as vontades dela, mas aquilo.
Quando estavam bem, ela estragava tudo. Fosse por um discussão sem fundo, por uma tpm mais aguda. Sempre o era. Ela queria palavras, ela dizia, "eu quero que você me molde ao seu jeito, porque eu não sei se esse jeito é o que eu quero manter!", e aí brigava, com um tom de voz ponderado, e ela chamava aquelas brigas de monólogos, porque só ela dizia. Ele às vezes concordava, pronunciava algums sons e não resolvia nada. Fora ela quem pediu para que ele a mandasse embora, "eu já previa isso, porque é sempre o que acontece. Se você não for embora, eu vou" e ele pediu para que não se vissem mais. E ela não o viu mais.
"Sinceramente," pensou ele quando percebeu o quão forte ela era, "não achei que ela fosse fazer isso", mas ela o fez. E o fez bem.
E ali, naquela casual reunião de amigos, com cerveja, mesa de truco e uma churrasqueira, uma pessoa em comum aos dois passou a informação. Seu irmão. Amigo dele também. Na verdade fora dito numa roda, em que estavam ele, o irmão, a namorada dele, dois amigos e uma antiga paixão dela. Quem perguntou sobre ela foi essa antiga paixão, seu melhor amigo - o mesmo que passara três anos sem nem ao menos olhar na cara dela.
O irmão respondeu a pergunta animado, mostrando um certo orgulho e uma certa surpresa. "Ela conseguiu uma bolsa de estudos em Oxford".
Londres. Inglaterra. Reino Unido. Europa. Out of Brazil.
Um diploma. Estudos. Carreira acadêmica.
Não poderia ser. Completamente impossível.
Alguns anos fora, alguns anos ausente, alguns anos. Alguns bons anos.
"Quando você ia me contar isso?!". Não queria, mais foi impulsionado a. Ligou para ela. Afastou-se dos amigos e ligou para ela. E ela atendeu. Com o mesmo oi sorridente, não importando se era um desconhecido do outro lado da linha. Ela o atendeu e confirmou, disse que estava partindo para o começo do ano letivo. "Mas quando você ia mencionar isso para mim?! que eu te veria uma vez por ano?!".
A resposta não bem a esperada.
"Eu sempre soube que eu não precisaria te contar".
Ela sempre soube que não ficariam juntos. Seu amigo sempre soube que ela não ficaria com ele. "Depois de um tempo", o amigo disse, "você acaba entendendo que ela é tão coerente que ninguém consegue quebrar isso. Ela precisa ser sozinha, porque aí ela não precisa explicar nada para ninguém".
Ela de fato foi embora.

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