31 de agosto de 2010

não vejo a hora de acabar o dia e para você poder voltar ♫
(e esse dia tá demorando para acabar)

26 de agosto de 2010

sou sua Orfeu, deixe-me não te olhar uma última vez.

Eu só conseguia pensar na lenda de Orfeu. Ele enfrentara o Mundo Inferior para salvar a alma de sua esposa e a única coisa que deveria ter feito para obter êxito era não olhar para trás, ou seja, não olhar para ela. Mas ele olhou. Mas ele voltou-se para ela, apenas para se certificar de que ela estava bem. De que ela estava ali.
Eu só conseguia pensar nisso - não que ele fosse morrer pela segunda vez, era apenas o sentimento, o sentimento de que se eu voltasse a vê-lo, ele morreria mais uma vez dentro de mim. Sei que ele esperava por esse gesto de minha parte, porque, na última instância, eu fraquejava, chorava e corria de volta aos braços dele - e, inevitavelmente, a cada vez que agia assim, pouco dele se esvaía de mim.
Apenas decidi por caminhar reto em passos largos para que, quando quisesse olhá-lo, já seria longe demais para enxergar qualquer coisa. Reconhecer qualquer vulto.
Eu não olharia para trás para manter vivo ainda, dentro de mim, aquele amor que eu só podia sentir sozinha.

Então eu parti.

say a little pray and nothing is going to change.

Foi-se de tal forma que achei que era passageiro. Como se o tempo que ficaste aqui, perto de mim, fosse insignificante (ou assim o tornou ao partir). Ao ver-te de longe, apagaram-se todas as boas imagens de tu perto de mim.

25 de agosto de 2010

God has a weird kind of sarcasm

Muitas vezes eu penso: não gosto disso, vou largar, vou me realizar em outra coisa, e, então, bate-me outra dúvida: realizar-me no quê?! Eu gosto de filosofia, gosto da quantidade de informação que isso possui e gosto ainda mais de ver como se desenrola. Mas eu não me enquadro no perfil e sou sozinha na faculdade.
Meu irmão me diz que é impossível ser sozinho na faculdade e a gente só se sente bem ao deparar-se com outros na mesma situação que a gente. Talvez então a questão seja que eu comecei na faculdade errada, do jeito errado, do modo errado. E se a solução fosse começar de novo em outro lugar?
Confesso que fiquei tentadíssima a largar, estudar e fazer outra coisa em outro lugar. Arquitetura, na USP, em São Carlos. Seria perfeito! Um recanto com pessoas que tenham o mesmo gosto de mim - sertanejo, rodeios, amigos. Seria uma oportunidade única... se não fosse o breve detalhe: exatas. É impossível em 2 meses eu criar um gosto por elas que me faça aguentar 5 anos de um curso e depois uma vida nisso.
É tanto impasse na mesma questão que me doem os olhos só de pensar nisso. acho que o melhor é me formar daqui dois anos e tentar fazer outra coisa... sim, essa é a melhor opção (ou não).

24 de agosto de 2010

todas as soluções que levanto me dão medo. não quero intercâmbio, não quero trancar a faculdade, não quero ir para um cursinho.

~

não quero arquitetura, não quero engenharia de produção, não quero outra humana. não quero ufscar, não quero a pqp.

~

passaram-se idéia absurdas na minha cabeça - e eu não gostei.

23 de agosto de 2010

Tem essa menina que eu conheci. Não direi o nome dela em respeito, mas sua história me comoveu. Ela me segredou meio em desespero que estava tudo desabando: seus sonhos, sua família, sua vontades, seu namoro. Ela me disse que desde pequenininha sonhava em ser arquiteta, estudou absurdamente para tal e conseguiu. Arquitetura. Mas de sexta chamada. Entrar num ambiente depois de todo mundo foi estranho, como se algo lá trás tivesse ficado imperfeito, mas continuou indo às aulas e percebendo que nada do seu sonho seria fácil. Em meses emagreceu e ganhou olheiras, e nada do que produzia parecia ser o que se esperava.
Queria sair, desistir, partir para outra, mas não sabia o quê.
Ela chorou quando disse que era a filha perfeita, mas que, de uma hora para outra, não era mais. Tinha vontade de não ser mais filha de seus pais e fugir de casa, mas sabia bem o quão aquilo era loucura. Ela queria ter feito intercãmbio de high school, mas a super-protetora projenitora não deixou, alegando que ela era jovem e não ia conseguir. Queria ter feito antes da faculdade, mas parecia que o mundo tinha de seguir uma regra natural: colegial, faculdade, diploma, trabalho. O pai acreditava que ela fracassaria em tudo o que viesse a realizar em sua vida e, pouco a pouco, ela mesmo começou a concordar: fracassar sempre.
"Disse a eles que seria melhor aceitar de uma vez que a filha deles era uma fracassada".
Essas palavras me marcaram. Por que alguém perderia totalmente a força de vontade de lutar por algo para si mesmo?! "Porque o trabalho empenhado durante todo o tempo desgasta".
O namoro desabou no meio tempo, quando ela, sem rumo, contou todos os medos ao rapaz - e ele não aguentou. Quando ela mais precisou de um suporte não-familiar, esse suporte desapareceu.
"Eu não tenho mais vontade de nada", ela me disse, "não tenho mais vontade de querer algo para mim. Os anos estão passando e estou sem perspectiva nenhuma de futuro..."
Perspectiva de futuro. Como é que alguém pode perder os seus sonhos?!
Eu não sei.
Não sei...
um anjo sem chamado é quase diabólico

19 de agosto de 2010

ele simplesmente a chamava assim, de anjo

18 de agosto de 2010

Leibniz disse que o mal existente no mundo não foi criado por Deus, mas que já estava no mundo. Deus, de acordo com a moral perfeita de Si mesmo e somente podendo fazer o melhor sempre, teria esses tantos mundos em seu intelecto e dentre desses ele escolheu o melhor - mas o melhor como um todo, e não como características particulares.
A única coisa que me intrigou nisso foi: será que no intelecto divino não houve nenhum outro mundo possível que não tivesse o mal?! Se houve, o que será que teria nesse mundo-sem-mal que o impediu de escolher como melhor opção?! Algo pior que o mal?!

engravatado


E tem essa série White Collar e tem esse cara aí e tem esse charme todo, essa beleza toda.

16 de agosto de 2010

Eu não sei de muitas coisas e nem de poucas. Nem sei direito quanto a mim, quem dirá das coisas/pessoas/abstrações que não pertencem a mim - mesmo com os dizeres de quem vê de fora vê com mais facilidade. Mas de uma coisa eu sei, isso não é certo.

14 de agosto de 2010

you´re in a beatifull dream and you cannot even non behave badly.

Acaso.
Ela parou ali por causa de alguma coisa no olho. Eu estava na calçada, criando coragem para simplesmente ir embora sem se importar com nada. E aí ela saiu do carro e a vi blasfemar com todos os palavrões que jamais achei que ela pronunciaria. Calça jeans, camisa xadrez, chinelo Hawaina - simples, básico e estranho para estar assim às 3 da manhã a um quarteirão da balada.
- Tá tudo certo?!
Ri quando ela parou de tentar limpar algo em sua roupa com um olho fechado e virou-se com tudo em minha direção com cara de espanto.
- O que aconteceu?
- O que aconteceu?! Aconteceu que eu tava dirigindo, um bicho entrou no meu nariz, no que eu fui espirrar meti a unha no olho e derrubei toda a minha coca-cola na minha calça, o que é bom porque não caiu nada no banco. É isso o que aconteceu.
Fui até ela, tirei-a do meio da rua e pedi para se acalmar e fazer uma coisa que cada vez. Ela abriu o olho e perguntou se estava vermelho. Cheguei mais perto para ver se havia algum machucado e ela arregalou o olho. Nunca notei. Os olhos dela são tão bonitos. Mais escuros que os meus. Mais expressivos. E agora um pouco avermelhados.
- Tá tudo bem com o seu olho. Agora, quanto a roupa_
- É inútil tentar secar assim, vai secar mesmo daqui a pouco. Eu só me desesperei. - Ela se afastou de mim e sorriu. Fazia tanto tempo que seus sorrisos não se direcionavam a mim que não pude conter o meu sorriso grande e surpreso. - Eu vou embora agora.
- É, você deveria... as pessoas podem falar mal de você caso te vejam assim.
- Não que eu esteja preocupada, mas já não sei quantos dedos tenho no pé. Estão congelando!
- Entra no carro então. - E ela entrou. - Eu posso entrar?!
Ela se assustou, bem pude notar. Encarou a mim por alguns segundos e abaixou a cabeça logo em seguida.
- Por quê?!
- Porque tá frio e porque_
- Por que você tá falando comigo?!
A voz.
Aquela voz.
Voz de tristeza.
Voz de culpa.
De dúvida.
- Não sei.
Pelo olhar dela, eu sinceramente achei que ela me deixaria entrar no carro e conversar sobre trivialidades, mas, enquanto girava a chave entre os dedos, algo me disse que nada seria desta simplicidade toda.
- Acho melhor a gente continuar a não se falar.
Foi um choque. Achei que seria fácil. Que ela me aceitaria ali de novo, perto dela.
- Por quê?




- Boa noite.

11 de agosto de 2010

from my orkut

Eu possuo um monte delas. Saem da cabeça, da boca e até dos dedos, correndo tão rápidas em mim que nem sei se elas não são a mim. Possuo um monte de palavras intrínsecas, um monte de palavras idiossincráticas. Um monte de palavras que não cabem dentro de uma mente - e são tantas que, muitas das vezes, preciso expô-las. Eu jamais as usaria para mentir; palavras são importantes demais para tentar fundamentar algo não-verdadeiro. Atitudes fazem a diferença, mas quando possuo os dizeres, sinto que parte de mim é compreendida e vista.

do you remember?

Porque é sempre assim. Foi antes, foi depois e o é agora. Você vai embora e acho que eu também vou, e, aí, eu me apego ao passado. Não que eu vá querer procurar entender o que não deu certo ou se ainda tem raiva de mim, por eu ter sido sim criança. Não. É apenas que eu me apego a isso tudo. Sinceramente já não acho que há meios para nós dois; você não sente a minha falta e eu não sei ainda se sinto a sua, mas busco nas minhas lembranças um pouco do antes. Já não tem mais as lembranças sensoriais, de abraços, beijos, mãos dadas. Nada disso. Há apenas a imagem. Se me basta?! Não. Ainda prefiro nós dois àqueles outros dois. - porque eu não sou mais aquela menina.

"de que vale essa saudade por alguém que eu nem sei se quer me amar?!"
(jb&v - preciso amar de novo)

7 de agosto de 2010

She gives her back to you. She gives the best to you. Just accept.

Ela conta os minutos. Está quase na hora, pensa. Quase na hora de ir embora de novo. Contando sozinha o tempo que falta, não apreciando esse pouco tempo, ela pensa. Pensa que tem algo diferente. Está ansiosa para ir embora. Um sentimento novo. Ela geralmente só vai embora, sem sentimento algum. Mas está aqui o de novo, ela já voltou e já foi várias vezes - e voltou. Para que voltar se sabe que quer ir embora sempre?! Se em determinado momento todo seu eu gritará para simplesmente partir?! Não seria melhor apenas ir uma única vez?!
Não.
Claro que não.
Tola.
Ingênua.
Ela precisa desse ir embora; como iria sempre embora, satisfazendo tal necessidade, se só houvesse uma única partida? Morreria logo em seguida. Por isso ela volta. Está ansiosa. Agora sabe o motivo. Ansiosa para ir embora e poder partir de novo quando voltar.
Ansiosa para que sua satisfação jamais acabe.

6 de agosto de 2010

I´m on my own way to believe in it

Existem, sempre, aqueles amontuados de palavras que, por algum estranho motivo, mesmo que decência, educação e consideração soem nobres, não foram ditas. Medo é ainda um dos melhores motivos, porque dizer algo sem se importar com a reação do outro é realmente um ato de segurança. E quem seria tão seguro?!
O melhor dos motivos estranhos.
Aqueles amontuados de palavras não ditas são, ao mesmo tempo, as quatro coisas que jamais voltam. A pedra atirada, a palavra dita, a ocasião perdida e o tempo passado. A ocasião de dizê-las já passou assim como o tempo. Houve sim uma pedra atirada, caso contrário, por que esses amontuados de palavras surgiriam?! A palavra dita é aquele silêncio - porque o silêncio é a reação não natural de todas as coisas que surgiram na cabeça e não se pode pronunciar, mas ecoam na mente, em palavras, murmúrios, sons dispersos e se escuta dizê-las toda noite.
E não foram de fato pronunciadas. Não a quem deveria ouvi-las, mas só e unicamente a você. Isso corrói tanto que perder o sono é o ínfimo dos efeitos. A causa maior é que o tempo de dizê-las passou, a pedra está nas mãos e a ocasião ficou perdida junto com o tempo - e as palavras ficaram presas numa mente que, por algum motivo estranho, optou por perder a tudo isso.


Aqueles amontuados de palavras não ditas pesam sempre mais.

5 de agosto de 2010

Sun turns to bright in half of day. After that, it starts to shine to the other side of the world. But the Sun shines to whole Universe.

"É como tentar lapidar uma pedra preciosa sem ter as ferrasmentas certas". Ela então segura a minha mão. Não porque me ama ou gosta de mim da mesma maneira que eu gosto dela. Não. Porque é o jeito dela de conseguir me lapidar. "Você não pode simplesmente esperar que eu entenda, porque, na verdade, eu entendo sempre. Mas eu preciso que você me conte o que eu tenho de entender". E aí ela larga da minha mão, me sorri, e vai embora.


Como ela sempre faz. E eu até consigo ouvi-la dizer "senão, você vai dar a sua pedra preciosa todas as formas imperfeitas, quando, com uma ferramenta certa, ela pode se trasformar no único formato perfeito".

3 de agosto de 2010

A mensagem que não mandei

Infelizmente, é assim mesmo. A gente nunca consegue ser totalmente coerente, totalmente bem entendido. Achei, de verdade, que se repetisse em todas as nossas discussões que gostava de você, você confiaria em mim – e nas coisas em que digo. Já passei por isso antes, de não ser compreendida e de tentar explicar como é que isso funciona.
A melhor maneira, talvez, deveria ter sido franca desde o começo: o que digo, em relação aos meus sentimentos, sempre é verdade. Potencialmente verdadeiro. Por quê?! Porque eu tenho vergonha. Tenho receio de me expor e não o ser. Demorei quase exatos quinze anos para dizer a minha mãe que a amava; já havia escrito isso diversas vezes, mas nunca disse – e lembro-me bem que, ao dizer, minha voz soou trêmula e houve um nó em minha garganta e uma vontade desesperadora de chorar.
E é sempre assim quando falo dos meus reais sentimentos, sem nenhuma tentativa de psicologia vã no meio. Tem esse nó na garganta, esse nó que faz tudo soar fraco demais, humano demais – e, geralmente, a revelação só vem depois de alguns segundos de silêncio, porque é o tempo que levo para achar uma brecha nesse nó.
Quando disse pela primeira vez que gostava de você, eu não sei, senti aquele nó e a minha veia do pescoço pulsar violentamente. E eu chorei, bem me lembro – porque ao mesmo tempo em que precisei te dizer isso, dei-me conta disso. Simultaneamente.
Mas, pensando um pouco melhor, não deveria nunca ter sido totalmente sincera com você e, talvez, nunca ter passado aquela barreira. O que a gente tinha era apenas carnal, e eu lidei com isso muitíssimo bem por alguns meses. Mas aí veio isso tudo, esse lado sentimental meu que bem sei eu que não ajuda em nada.
Veio em seguida o respeito. A vontade de estar junto. De te sentir perto de mim. De dizer o que fiz e por que o fiz, como foi e como deixou de ser. E sei que é bem aí que eu erro sempre. Ao me envolver sentimentalmente, tudo desanda e eu não sei lidar. O ciúme, que foi potencialmente controlado até certo ponto. Mas não foi o ciúme. Foi você.
Infelizmente.
Você nunca me entendeu, não é mesmo?! Nunca entendeu por que eu queria ser avisada se você estaria no próximo final de semana ou não, por que eu queria que você dissesse rapidamente que sairia comigo no sábado, por que eu tinha crise toda vez que tinha de escolher uma roupa para sair com você.
O aviso é pelo simples motivo de você, uma vez, ter-me dito que não sabia se voltaria no próximo final de semana, acabou voltando, eu liguei para você e mandei uma mensagem e você não deu sinal de vida, e, eis que, no meio da madrugada de sábado para domingo, você me ligou pedindo para buscá-lo. E a tonta foi. Você não apareceu ao local, não me atendeu e nem me deu uma única mísera desculpa depois. E nem absorveu nada do que eu te disse quando consegui falar com você às nove horas da noite.
Você se lembra do que eu disse? Não.
Eu disse que o mínimo que você deveria ter feito, em consideração a mim, era me ligar e dizer o que tinha acontecido – e de preferência que isso condissesse com a verdade. Que me ligar naquele horário não demonstrava qualquer respeito por mim, que a única coisa que passava pela minha cabeça era que você não tinha conseguido ninguém e lembrou de mim.
Você conseguiu me magoar algumas boas vezes, fosse me ignorando na balada, não me ligando no dia seguinte, nem ao menos respondendo uma mísera mensagem. Houve aquela vez em que eu fui para Ribeirão em uma festa. Eu te liguei antes de ir e disse que talvez voltaria do sábado para ficar com você. Você se lembra do que me disse? Disse para eu te ligar caso voltasse. E eu voltei. Você não me atendeu. E eu saí ao mesmo lugar que você naquela noite e você me ignorou. Disse-me um oi seco emendando um assim ta bom?!i e me dando as costas. E quando eu fui lá te chamar, você me olhou com aquele olhar, com olhar de desprezo e voltou a conversar com a loira.
Eu não olhei mais na sua cara desde aquele dia.
Chegou seu aniversário. Mandei uma mensagem de parabéns, você retribuiu e eu disse que tinha saudades. Achei que a gente ia voltar ao que era, mas aí veio o baque. Enquanto eu recebi a um obrigado, a loira, a mesma, recebeu um convite para ir ao rodeio de Ipeúna. E eu desisti de você de novo.
Para que me importar com alguém que não está nem aí para mim?! Segui bem assim, de verdade, com saudade, de verdade, mas bem.
Porém, na sexta-feira santa, você veio até mim, perguntando por que diabos eu não tinha te cumprimentado e eu respondi sincera que era porque eu não quis, porque estava com raiva de você ainda. E você falou dessa menina, dessa Daiane, que disse que eu havia convidado-a para ir a um barzinho e logo em seguida disse que eu a xinguei. Ali eu fiquei com raiva de você, com raiva porque eu jamais seria capaz de fazer algo assim. O meu melhor argumento eu jamais poderia dar, porque, por infelicidade do destino e da genética, você é primo dele. Eu gostei muito dele, apaixonei perdidamente por ele e levou muito tempo para me desconectar dele – só o fiz quando ele apareceu com ela. E se eu não fiz nada para com eles, por que eu faria com você?! Eu já tinha desistido. Já tinha te descartado de mim. Não era nem para conversarmos, mas aquilo me deixou possessa de raiva, ser acusada de algo que não fiz.
Nunca senti tanta raiva. Já senti muito ódio. Mas raiva e ódio são diferentes.
Pedi para conversar com você e você aceitou, no entanto, por causa de uma formatura e de um ônibus quebrado, não deu certo. Voltamos a nos falar e as coisas estavam indo certo. Até o dia em que provavelmente nos reconciliamos e esse dia coincidia com a comemoração de aniversário da sua ex. Você não quis ficar comigo com ela ali, eu entendi, me afastei e soube que não poderia nem chegar perto de ti naquela noite. Depois você me procurou, fomos embora...
Na semana seguinte veio o churrasco. O mesmo churrasco que me fez perder o sono. Você me levaria no meio dos seus amigos e eu deveria estar linda porém não chamativa. Apesar de você não ter me levado e pedido para que eu fosse sozinha, eu estava feliz por estar ali com você. Mas doeu, doeu quando você foi buscar as suas amigas. Doeu. Mas quando você me disse, antes de eu ir embora, que tinha adorado passar aquele tempo comigo ali, achei que jamais dormiria de novo.
E aí veio a sua semana de prova que te deixou estranho. O final de semana que você não voltou e a ligação em que você me contou que provavelmente não voltaria no próximo porque seus pais estariam viajando.
O que aconteceu no seguinte eu já contei aqui.
Veio o rodeio em que eu fiquei absurdamente bêbeda – de raiva de você. O que fiz lá, não sei. Saímos na sexta-feira seguinte, tudo lindo, tudo lindo. E você foi ao rodeio no sábado. Por mais que você me dissesse que não fez nada, conheço esse ambiente. Seu primo pertence a ele – e eu nunca confiei nele. No ambiente. E no seu primo.
Você havia me dito que sairíamos no domingo e você nem ao menos me ligou. Chateada pela segunda vez em menos de quinze dias. É um recorde e tanto.
Com o tempo aprendi a aceitar seu jeito quieto, de nunca dizer nada, nem que gostava de mim, nem que sentia minha falta. Mas estava tudo bem. A gente saía, conversava sobre trivialidades, ficávamos juntos e eu voltava para casa sozinha.
O respeito que eu tive por você nasceu no exato momento em que notei que não queria mais ninguém. O respeito que tive por você era, antes, conseqüência do respeito que tive por mim, a partir do momento em que nós dois não éramos apenas beijos, abraços e mãos dadas.
A questão é que você sempre teve a imagem de uma menina de recém dezoito anos feitos em sua cabeça. Naquela época eu era ingênua e potencialmente enciumada. Nesta outra época, eu moro sozinha, faço minhas compras e tenho de acordar na marra para não perder aula. Nessa época eu já sofri muito por estar apaixonada, tive de reconsiderar algumas ações e algumas características. Perdi amigos, me afastei de alguns e criei próprios pensamentos.
Ao me deparar com você, achei mesmo que você jamais me conquistaria. E sabe o por quê?! Porque achei que estava anestesiada disso tudo, que você fosse exatamente como ele era, que você agiria exatamente como ele agiu. Por serem homens. Por serem de meu interesse. Por serem parentes.
Quando as palavras não vieram, tentei ver o lado bom. Ele me dizia que me amava e que não conseguia ficar longe de mim. Ele me dizia que eu era linda, que sentia saudades e me pediu em namoro duas vezes – duas vezes nas quais eu recusei. E tudo aquilo era mentira. Eu achei que a gente – você e eu – ficaríamos simplesmente juntos, sem pedidos formais de namoro, sem a necessidade de determinar um dia. Apenas juntos. Recíproca e mutuamente juntos.
Era lindo na teoria.
Mas aí você me chateou de novo, naquela festa, em que você nem ao menos me deu oi. Cumprimentar a alguém apenas implica estender as mãos ou não mas necessariamente em uma pronuncia clara de oi. Nada de beijos, abraços, vamos sair daqui. Você não fez isso. E quando eu te chamei, você me lançou aquele mesmo olhar de quando você me ignorou por causa da loira alta. Olhar de desprezo. Fiquei com tanta raiva de você. Com tanta raiva e que me senti sim na posição de te alertar.
Você me veio com a desculpa de que não ficaria comigo por causa dele, porque ele era a sua família, porque você tinha consideração por ele, porque você não me colocaria diante da sua família. (Coisa que eu jamais ousaria pedir). Aí passou pela minha cabeça: o mesmo cara que você chamou de mentiroso para mim, sem caráter. O mesmo que estava no churrasco dos seus amigos e que esteve presente nos momentos em que nos beijamos, abraçamos e até mesmo saímos de lá juntos. O mesmo que você se designou como meu amigo, e não seu primo.
Uma desculpa esfarrapada que me deixou com pena dele. De verdade. Porque, em uma semana, você me apareceu com outra desculpa, sobre a ir ou não quando eu te chamei. Mas você não foi. Você estava tão bêbado que você não conseguia nem organizar seus pensamentos argumentativos e usufruiu do seu primo. E sabe qual é a única informação que essa desculpa esfarrapada me deu caso ela fosse verdade?! Que o Caio ainda se importava comigo.
E eu tive de voltar atrás, né?! Eu tive de perguntar se você estava bravo – e como eu quis gritar com você quando respondeu um talvez não. Mas eu me contive, fui boazinha, compreensiva, te liguei, disse gostava de você e não conseguia ficar com outros. Disse que não levaria adiante aquela história da festa e a sua desculpa. E o que mudou depois disso tudo?! Absolutamente nada.
Você continuou não me entendendo, continuou sem me dizer nada, continuou achando que eu deveria adivinhar as coisas. E a nítida declaração de que você dá ouvidos a sua ex, quando você mesmo já havia me dito que ela pedia para voltar e era você quem não queria. Quando me disse isso?! Naquela noite da reconciliação, na comemoração de aniversário dela. Ela te disse que eu a provocava, mas sabe qual o pior?! O pior é que não tenho nem idéia de quem seja essa garota, nem idéia das afeiçoes dela, nem idéia de como ela poderia vir a ser. E você não acredita em mim quando digo isso, e me chamou de hipócrita.
Eu ainda quero que você volte, mas vou respeitar o tempo que você pediu, para que a gente não se visse por um tempo. Mas estou começando a ponderar se quero estar mais uma vez com você, porque nada vai mudar, não é mesmo?!
Você nunca entendeu as coisas.
É, a minha maior falha com você foi ter sido sincera desde o começo.
Tem essas frases, que as pessoas deixam no orkut. Pensar em frases para o orkut tem me inspirado.

You could be my Heaven but you decided to turn it on Hell.

I thought you would be my Paradise but you turned all these in Hell.

I thought you would be my Paradise - and now I see you´re just the Hell. And this one I can be by myself.

Today is gonna be the day - we´re going to drink wine until the end, and, yes, we´ll get drunk fastly.



Inspiram-me a escrever coisas curtas. A única coisa que tem me inspirado. It´s too sad.

If I never see your face again, it´s fine for me. it will be understood someday.

Tudo o que ele pensava era "é possível?!", como se aquela notícia fosse absurda demais para ser real. A descoberta foi casual, o comentário foi casual, tudo ali era casual. Nada, absolutamente nada no antes o preparou para aquilo. Fazia tão pouco tempo que tinham terminado, tão pouco tempo que não se falavam... e ela, no antes, quando junto dele, sempre dizia sobre largar a faculdade, procurar um emprego e guardar algum dinheiro; ter seu próprio canto, próprio carro, próprias situações.
O desejo dela nunca foi estar formada, ter um diploma e se lançar na vida. O desejo dela sempre foi se lançar na vida, se desse tempo teria um diploma, estaria formada - mas, antes, primeiro de qualquer coisa, ela se lançaria na vida e descobriria, sozinha, se podia se suportar. E tudo o que se passava na cabeça dele no agora era se aquilo tudo era possível - não as vontades dela, mas aquilo.
Quando estavam bem, ela estragava tudo. Fosse por um discussão sem fundo, por uma tpm mais aguda. Sempre o era. Ela queria palavras, ela dizia, "eu quero que você me molde ao seu jeito, porque eu não sei se esse jeito é o que eu quero manter!", e aí brigava, com um tom de voz ponderado, e ela chamava aquelas brigas de monólogos, porque só ela dizia. Ele às vezes concordava, pronunciava algums sons e não resolvia nada. Fora ela quem pediu para que ele a mandasse embora, "eu já previa isso, porque é sempre o que acontece. Se você não for embora, eu vou" e ele pediu para que não se vissem mais. E ela não o viu mais.
"Sinceramente," pensou ele quando percebeu o quão forte ela era, "não achei que ela fosse fazer isso", mas ela o fez. E o fez bem.
E ali, naquela casual reunião de amigos, com cerveja, mesa de truco e uma churrasqueira, uma pessoa em comum aos dois passou a informação. Seu irmão. Amigo dele também. Na verdade fora dito numa roda, em que estavam ele, o irmão, a namorada dele, dois amigos e uma antiga paixão dela. Quem perguntou sobre ela foi essa antiga paixão, seu melhor amigo - o mesmo que passara três anos sem nem ao menos olhar na cara dela.
O irmão respondeu a pergunta animado, mostrando um certo orgulho e uma certa surpresa. "Ela conseguiu uma bolsa de estudos em Oxford".
Londres. Inglaterra. Reino Unido. Europa. Out of Brazil.
Um diploma. Estudos. Carreira acadêmica.
Não poderia ser. Completamente impossível.
Alguns anos fora, alguns anos ausente, alguns anos. Alguns bons anos.
"Quando você ia me contar isso?!". Não queria, mais foi impulsionado a. Ligou para ela. Afastou-se dos amigos e ligou para ela. E ela atendeu. Com o mesmo oi sorridente, não importando se era um desconhecido do outro lado da linha. Ela o atendeu e confirmou, disse que estava partindo para o começo do ano letivo. "Mas quando você ia mencionar isso para mim?! que eu te veria uma vez por ano?!".
A resposta não bem a esperada.
"Eu sempre soube que eu não precisaria te contar".
Ela sempre soube que não ficariam juntos. Seu amigo sempre soube que ela não ficaria com ele. "Depois de um tempo", o amigo disse, "você acaba entendendo que ela é tão coerente que ninguém consegue quebrar isso. Ela precisa ser sozinha, porque aí ela não precisa explicar nada para ninguém".
Ela de fato foi embora.

de ventos em tempos e

"Ninguém é capaz de compreender um dragão. Eles jamais revelam o que sentem."
( caio fernando abreu )
Ele é um dragão.
Tão grande, tão forte, tão calado. Quase lacônico - em seus sentimentos. Ele não se pronuncia, não revela, não dá dicas; ele esconde tudo e espera que entendam as regras e os gostos.
Ele é um dragão.
Tão potente, tão observador, tão tácito.
E ela é uma flor.
Tão pequena, tão frágil, tão fácil. De fácil carinho, de fácil sorriso, de fácil felicidade. Basta um dragão perto dela e ela se pronuncia sobre os ventos, as nuvens, o calor e as escamas dele que machucam.
Ela é uma flor.
Tão linda, tão feliz, tão estagnada. Quase uma metáfora. Quase uma poesia - em seus sentimentos, em suas tentativas de agir com coerência. E ela espera o dragão, e ela espera estar perto de suas escamas, de sua quietude, de seus laconismos sentimetais.
Ela é uma flor, e flores falam o que sentem, o que pensam, o que não gostam de imaginar.

1 de agosto de 2010

what am I supposed to be?

O espelho aparenta dar uma continuidade inexistente para o quarto, como um corredor a mais. Não para uma outra realidade, mas para a mesma, apenas uma extensão que não existe do quarto. É uma ilusão. Eu sei que não existe e que seria idiotice tentar adentar a esse corredor (eu me daria muito mal, uma vez que quebraria o espelho e me machucaria toda).
E é uma metáfora.
É hora de mudar, estou pensando, Hora de reaver os atos. O ciúme. A insegurança. As desculpas. Tanta mágoa e tantas coisas não mencionadas que pesaram. E puxaram-me para baixo. Ele disse para nos afastarmos, disse que não confia em mim, que não acredita em mim quando digo que desconheço as afeições faciais da outra. Disse que a provoquei.
Ele disse tudo o que mostrava que ele não chegou a me conhecer.
É hora de mudar. Hora de me reconstruir. Encontrar o eixo, reestabelecer medidas. É hora de abandonar os maus hábitos.