Era pouco mais que duas da manhã. As luzes da cidade ainda iluminavam o asfalto e alguns carros não se faziam raros na avenida. E ela estava ali, debaixo do letreiro, olhando-o todo fulgurante pelos onipotentes holofotes mirados nele, analisando letra por letra.
"...sabia que mesmo me deixando eu iria ficar te esperando todo dia..."¹
A música vinha de dentro do carro, estacionado de mal jeito sobre a calçada, e esquecido ligado e com o rádio ligado. Mas ela apenas ouvia algumas estrofes, só sentia o peito cumprimir ainda mais ao se identificar, e seus olhos corriam letra por letra do letreiro, letra por letra daquele sobrenome que tanto lhe tirou noites importantes de sono. A lágrima nasceu e não escorreu. Ela enxugou sua fraqueza antes.
A cabeça erguida, a dor no pescoço, e alguma coisa revirando lá dentro. Fechou os olhos e fingiu que chovia e que era molhada, que a alma estava a ser lavada e as lembranças escorriam, então, pelo corpo, indo embora pelo esgoto.
"...até que você foi embora e deixou de vez o meu caminho".¹
¹Victor&Léo, Você Sabia.
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