26 de fevereiro de 2010

Maliciosa (até que queiram provar o contrário)

A gente gosta de se definir, sempre. E hoje, ali naquele meio de músicas que eu nem me lembro mais como canta, como dança, como se faz para se divertir, fiquei pensando em mim. Egocentrismo de minha parte, pois não consegui doar a minha companhia para quem a quisesse, mas o momento me foi propício.
Eu sei que a caixinha ali ao lado fala de mim, fala sobre uma pessoa ciumenta, sarcástica, curiosa, meiga e compreensiva. Eu bem vejo essas características em mim. Bem vejo que sou assim, de fácil trato enquanto não estiver incomodada. Sou divertida, acredito, gosto de fazer os outros que me conheçam rirem, gosto de tirar onda com todo mundo que me conhece, gosto de ser aprazível para com quem me conheça.
Sempre com quem me conheça.
Eu possuo uma dificuldade imensa em me relacionar com pessoas desconhecidas. Eu travo. A voz muda e todas as armas são postas à minha frente. Ninguém pode me ver como de fato sou, ninguém pode chegar perto da carne viva. Não consigo nem mais me abrir para com quem é perto de mim. Muito perto de mim. Nessa quinta-feira eu tentei, e como deu errado. Eu bem sei das dores e das mágoas, mas não consigo listá-las, uní-las, simplificá-las.
Isso talvez seja resultado da armadura que eu resolvi vestir, e que sinto estar a se fundir comigo mesma. Em algum momento, ela e eu seremos um, uma essência única; e não mais parte de mim, mas a mim - mas sinto que não me incomodo.
Mas tirando esses rancores e até mesmo incompreenção de minha parte para comigo mesma, ainda me sinto como uma boa pessoa. Tenho defeitos, eu sei. E talvez sejam os piores. Mas isso me torna alguém depreciativo?
Por mais que algo dentro de mim grite que sim, busco acreditar em que não num todo. Não é possível não haver algum charme nessas coisas, afinal, elas fazem parte de minha idiossincrasia, certo?!
Eu sou forte, posso dizer. Sofrer todo mundo sofre, mas eu sofro sozinha. Assim prefiro. Ninguém precisa necessariamente saber o que está acontecendo de forma exata. Minha única falha nisso, ainda, é não conseguir esconder bem. Como um alguém de quietude, durante as chatiações e e quando as mágoas veem à tona, eu me calo mais, penso mais e deixo o peso no peito e o nó da garganta tomarem conta. Isso não deveria acontecer; isso inibe meu sarcasmo, minha paciência, atenção e descontração.
Isso me fecha.
E há também a minha insegurança.
Existem períodos em que me acho mais apaixonada por mim do que Narciso foi consigo, em que me acho potente, presente, linda. Isso cresce meu ego, me deixa mais iluminada, posso sentir; mas passa tão rápido... se desmorona tão facilmente que só assim noto o quão não estabilizado isso é, e acabo por ter atitudes que me façam estabilizar esse ego. O mesmo ego que eu não quis que fosse destruído ao deixar quebrar aqueles laços de carinho sincero que possuía.
As bases que eu tanto lutei para construir nesses meses, ano, estão cedendo. O ego. A esperteza. Inteligência. Tudo se desfazendo e, dessa vez, eu não tô conseguindo ver aonde devo restabelecer os alicerces... porque não tem o rompimento bruto de nada. Não tem grande decepção fora de mim... não tem nada que me impença de não deixar abalar.
Talvez eu seja forte demais. Talvez por isso seja tão complicado lidar comigo em um "relacionamento". Por isso eu seja tão desconfiada das pessoas, tão fechada para desconhecidos, tão ácida com os mesmos. Talvez seja o motivo de eu simplesmente não conseguir me adaptar ao novo.
Não que o novo não possa me agradar, mas as possibilidades de não me agradar são maiores, devido ao perfeccionismo. Devido à estranha mania de buscar em tudo algo que eu não goste, não concorde, não suporte - e, raramente, me surpreender.

E eu pensei em tudo isso só enquanto tentava fazer cara de paisagem bonita para a minha prima para que ela não se chatiasse comigo, enquanto tentava me lembrar o por quê de alguém querer a minha companhia em um ambiente em que se toca praticamente axé, samba e pagode.
Pensei em tudo isso também ontem à noite, quando cheguei em casa chatiada porque todo mundo interpreta minhas ações de forma errônea, e chorei até perder noção das horas.

E fazia tanto tempo que não chorava que até me espantei no início. E talvez, aí, eu falhe mediocremente no conceito de ser forte.


Não sei ao certo quem mais eu sou, na verdade.

25 de fevereiro de 2010

Take a breath and listen to me

A única frase que fica se propagando na minha cabeça é "Ela não é fragil".
Não consigo me decidir se isso é bom - ou, ao menos, verdade. A veracidade nem está em questão como eu acredite, especulativamente falando. E será que as palavras foram verdadeiras? Será que o fato de, no final, ter dito "e ter ficado com o primo foi besteira; se fodeu" significava algum vestígio?! Alguma mísera esperancinha de que, em algum momento, ele se importou de fato comigo?!
Eu tô ficando louca, tô ficando tonta... atordoada... não sei o que fazer.



Eu tô caindo, isso posso sentir. Mas se sobrar a amardura, continuo a sair ganhando.


No one can deal with me. Learn it.

24 de fevereiro de 2010

all the walls she´s built

Aonde está você agora

Além de aqui dentro de mim?”¹

É exatamente como machuca, ela pensa consigo. E tenta se lembrar quando foi que perdeu a sensibilidade ao gostar de alguém; onde deixou esquecida a vontade de estar sempre junto dele.
Sente dentro do peito o coração bater com ele, e sente a falta dele, e sente a saudade, a carência e até a ausência da voz. Mas sentir não é exatamente o mesmo que querer que ele volte, querer que ele esteja ali. É apenas um estado de percepção, uma sensibilidade diferente.
Uma anotação.
Ela não está ponderando se deveria voltar. Não. Ela apenas pensa que talvez não haja nada de tão errado ao não querer, de fato, a presença de uma outra pessoa perto de si. Uma presença física – e que apenas a presença na memória lhe baste. Desta maneira não há danos e nem perdas, não há falhas e enganos.
Não há um amor que fere.
Que cutuca.
Apenas a doce sensação de lembrar e até poder sentir o cheiro, a voz e o olhar. E ela sente o olhar dele sobre seu corpo, tentando imaginá-la em uma dança duradoura, em uma piada sem muita graça. Um olhar que prende e afunda, arrasta e mergulha. Um olhar de homem, de desejo, de carinho. Atenção. Um olhar de curiosidade.
Talvez o certo fosse mesmo que ele tivesse sempre muita curiosidade a respeito dela, pois rotina e cotidiano são coisas que seu ser, instintivamente, repulsa, amassa e joga fora sem nem ao menos notar onde está caindo.
O plano, desde o início, era ficar bem. E isso, infelizmente, para ele, implicava tirá-lo o mais rápido da vida dela. Fisicamente.
É impossível permanecer a mesma depois que uma pessoa conturba a sua vida, ela pensa. É impossível fingir que nada aconteceu quando o acaso lhe pede para vestir novas armaduras, ela conscientiza. É impossível esquecer do que aconteceu quando você hoje é resultado desse período, ela pondera.
É impossível ser quem era no antes, pois esta é a única de mim que poderia ter sobrevivido depois dele.
Ela entende.

¹Vento no Litoral, Legião Urbana
"eu abro mão do sexo e você, sei lá, de um rim" - charlie harper

22 de fevereiro de 2010

Sentar na praia e ver que o dia está lindo para

A verdade é que, ao ver comédia românticas, me pergunto se é possível viver algo parecido. Não algo louco, ou fora de alguns padrões que bem conhecemos, mas a essência do que está ali no filme. Um amor, uma paixão, um homem condicente.

Por mais que eu esteja calejada e receosa de qualquer relação, que algo dentro de mim diga não para qualquer forma de demosntração de carinho de longa duração, eu não estou em um todo renegando a possibilidade de passar alguns anos ao lado de alguém que me faça sentir bonita. Bonita. Isso. Porque quando você se sente assim, não tem tempo ruim, não tem estresse, não tem nada que você não consiga lidar.

Eu me senti bonita uma vez. Eu acordava e me sentia linda e poderosa - ainda mais quando ele me olhava.

Quando ele me olhava, o meu universo se cumprimia num ponto só: nós dois. E ele podia me deixar em casa tranquilo porque eu acordaria no dia seguinte muitíssimo bem. Com um sorriso tão fulgurante que eu mesma não conseguia entender como é que ele, sozinho, produzia tudo isso em mim.

E todo mundo sai calejado disso quando termina. Porque, sim, o fim chega. Por isso que hoje, talvez, caindo nessa mesmice de todo ser humano, de toda mulher rejeitada e orgulhosa e tudo mais, eu acredito sim em que um dia vou me casar. Acredito sim em que um dia o Gabriel vai chegar. Mas não necessariamente acredito em casamento duradouro.

Eu quero um amor que seja bom para mim, e, quando não mais o for, que termine de um jeito que me deixe sentindo-me bonita ainda. Eu quero, ao menos uma vez, imaginar um relacionamento em que não haja gritos, desconfianças e nem motivos para procurar por falhas nas ações e dizeres do outro. Isso a mim soa impossível, mas um dia - nem que seja por um dia! - isso tem de acontecer, porque se eu nunca amar a mais ninguém, tornar-me-ei uma pessoa sarcástica, ácida, pessimista e rochosa.

Please, God, give me one like him


21 de fevereiro de 2010

"é melhor decidir se você é o crucificado ou quem martela os pregos" - edge of darkness

Mentiras sinceras me interessam

Eu decidi por te contar a verdade. Não sou de fazer isso com certa frequência, mas preciso fazê-lo com você.
Por mais que eu ainda goste muito dele, que meu coração se extasie a cada momento em que o vejo, não quero possuir qualquer vínculo com ele. Não mais. Já parei de chamá-lo de ex, porque, andei pensando e comecei a acreditar que, ao chamar alguém de ex, é porque se quer ter alguma aproximação ou vínculo com tal pessoa em questão. E eu não quero mais.
Não serei imprudente com você, não serei sacana, não serei à toa. Serei complacente, terei consideração por você e não vou fazer nada para magoá-lo.
Serei uma amiga, uma companheira, uma menina. Uma mulher. Serei a quem você precisar e a quem eu conseguir ser. Espero, então, que você sempre precise de mim.

20 de fevereiro de 2010

don´t take me away

Eu me sinto bem quando, em um tarde de sábado, estou numa sorveteiria com os amigos e vejo um senhor de idade, cabelos grisalhos, terno, gravata, cabelo bem penteado para trás, calça social e as marcas dos anos e do trabalho no rosto, pára diante da porta e se deixa, pelo menos naquele instante, se entregar ao pequeno prazer de tomar um picolé.
E quando ele volta e leva mais alguns, para os netos, para a esposa, ou para os amigos de trabalho.

Sinto-me bem também quando vejo o golden retrivier, cansado da corrida com o dono, encontrar mais força só para correr até aquela poça de água à frente e, ali, deixar que os respingos acertem seu focinho e que seu pêlo fique todo enxarcado.

Eu simplesmente me sinto bem.

19 de fevereiro de 2010

Como Usar:

Use sem moderação, mas saiba que sim, ocorrerá, certamente, efeitos colaterais.
Ingira quantas vezes for necessário por dia, mas, atente!, em algum momento, pode-se criar alguma dependência - físisa e química, química ou física. Ou apenas para conversas.
O importante é ressaltar que conforme a decorrência do uso, pode-se criar alguns ferimentos - no coração, e nos pensamentos. Alguns gostam de chamar a isso tudo de amor, outros, ciúme. A bula prefere nomeá-la de interesse intenso.

17 de fevereiro de 2010

Comentário inútil: Em One Three Hill, um adulto conversa com uma criança de 5 anos como se ela tivesse 35.

it´s my life

Eu devia estar dormindo e não pensando nessas coisas. Eu deveria estar me preparando para acordar ás 8:30 da manhã para, por fim, conseguir devolver 3 livros à minha antiga professora de História. E, definitivamente, eu não deveria estar tentada a fazer um cursinho que prepare seus alunos para medicina - e tudo pelo conhecimento que essa experiência e esses professores poderiam me passar.
Quando eu passei na faculdade, em 5ª chamada, não senti orgulho de mim mesma. Senti isso quando decidi por apenas fazer dois vestibulares e passar para a segunda fase de ambos. Quando tudo isso aconteceu, acreditei que poderia, por fim, dedicar-me a algo que gostasse e somente ao que gostasse. Porém, descobri que gosto de poucas coisas, e as outras tantas que me encantavam, desgastaram a mim. E houve, claro, a descoberta de não haver qualquer impulso dentro de mim para conseguir o que eu realmente queira.
Mas, nesta afirmação, há um impasse. O quê eu quero? O que exatamente estou esperando de mim?!
Por muito tempo, acreditei que minha maior ânsia fosse o conhecimento. E talvez isso tenha me levado direto para a Filosofia. Mas eu sei o primeiro motivo que me levou a escolher isso.
Eu sou uma pessoa terrível, alguém que nutre inveja, ciume, raiva e egocentrismo. Eu sou uma pessoa deprimida, que guarda dentro de si os verdadeiros sentimentos que eu nunca - NUNCA! - irei aceitá-los, dizê-los ou confirmá-los.
A verdade é que tem muita mágoa em mim. Meu irmão, meus amigos, meus estudos, minha vida acadêmica...
Eu passei um ano conturbado, em que dei vazão mais a minha vida social e sentimental do que à acadêmica, e racional. O foco eu perdi e todos os meus sonhos. Quando paro para viver o que tanto queria antes, essas coisas, as imagens, as sensações simplesmente não me alegram, não me jubilam, não me satisfazem mais.
Incomoda a mim ter 19 anos, quase 20, e não poder decidir para aonde eu vou, quando, como e com quem. Não poder fazer uma tatoo, ter uma cnh e emus pais não deixarem eu dirigir na estrada, e, o pior, ter de fazer tudo isso escondido porque eles nunca dariam o consentimento. Mas isso não pesa tanto, porque poderia ser o contrário.

E de repente eu perdi o interesse no que estava escrevendo...
Eu sempre tive medo de que alguém descobrisse esse meu blog e percebesse que existe uma tag aqui que nunca de fato foi esquecida. Ainda mais quando ela está em 6º lugar nas mais usadas.
A Priscila, em um dia desses, me disse que sentia que tinha muita coisa embutida em relação a ele... talvez haja, talvez não, a questão em si é que não há nada para ser feito. Nem dito. Nem sentido.

E ontem eu nem perdi o libido haiehiuheauiheauiehiue

14 de fevereiro de 2010

Eu estava vendo o justlia.com e tem uns meninos lá que escrevem sobre si mesmos em poucas linhas. Gostei disso e quero tentar fazer comigoaqui no blog.


Bruna Vollet, 19 anos.
Moro em Rio Claro-SP, estudante do 3º semestre de filosofia na Unicamp. Sarcástica, ambígua e maliciosa. Gosto de ler e escrever, mas dormir também é muito bom. Sou de fácil trato, no entanto sou bem difícil de lidar também. Gosto de discutir e de prestar atenção na retórica alheia. Gosto de sair com os amigos, seja para ir à balada ou a algum barzinho qualquer. O único tipo de música que gosto é sertanejo e por isso a minha balada preferida é de sertanejo e rodeio. Amo dirigir e tenho instinto independente, porém, nenhuma prática. Se eu fosse um animal seria um urso, que himberna 6 meses no ano, e, passados esses 6 meses, eu mudaria de hemisfériopara pegar os outros 6 meses de inverno.

Sei que seu peito chora


Eu sei que, ao fechar os olhos à noite, bem antes do horário do sono, ela revive os anos. Ela se joga na cama, olhando para o ventilador preso ao teto, e fica quieta - e ela não é de ficar quieta, não quando tem a oportunidade de me dizer sobre os seus demônios ou de tentar expôr o que não sabe se sente.

Ela é assim, quieta, na verdade. Não é de falar e guarda muita coisa para si, mas, às vezes, e geralmente à noite, ela gosta de falar um pouco, com a voz baixa, rouca, quase como se entrasse em transe. Eu até acredito que ela entre em um, porque só assim consegue dizer exatamente o que quer; mas não gosto quando ela faz isso, de se jogar e ficar olhando para as hélices rápidas do ventilador.

Eu sei o que ela busca na memória. Se houve um tempo em que os beijos e as transas eram a saudade, hoje sei que ela sente falta da voz, do olhar, da risada e até do modo como ele segura uma lata de cerveja. Ela busca algum resquício dele dentro dela, aqueles míseros detalhes que passavam despercebidos quando juntos.

E só sei que tudo vai ficar bem quando ela pára de fitar o objeto no teto, vira a cabeça e me olha. E tudo volta a ficar bem, ela me diz. Mas ela não compreende que bem é um estado que só existe quando sabemos o que é mal.

Eu apenas aceito o bem dela porque entendo que assim, de uma maniera que não cabe a mim buscar por motivos, ela realmente fica bem.

13 de fevereiro de 2010

bonito alto, moreno e sensual

Toda mulher idealiza um homem perfeito. E hoje à tarde, imersa na raiva que tenho pelo meu hermano, comecei a pensar no meu.
Eu experimentei de duas pessoas que muito me alegraram; um simplista charmoso que me chamou de arrogante e pedante, e um outro lindo e simplista, de voz estranha, e que achou que eu estava encaminhando as coisas para algo sério.
A única coisa que eu consegui absorver desses pseudo-relacionamentos relâmpagos é que eu gosto da parte simplista, humilde e modesto. E até um pouco tímido, mas definitivamente a parte de não compreender ironias, sarcasmos e cinismos não está na lista de características aceitas por mim.
E pensando um pouquinho melhor, o meu homem perfeito não precisa ser lindo (charmoso sim!). Basta ser bonito. Ou ter uma beleza condicente a minha (bem, então necessariamente ele será lindamente belo). E precisa ter senso de humor bom, porque senso de humor bobinho ou idiota a gente encontra em qualquer lugar. Apreciar sarcasmo, ironias e distingui-los de escárnio de tpm é importante... falar inglês, francês e gostar de me ouvir e ouvir minhas teorias. E gostar muito, mas muito mesmo de mim, porque eu sou um bicho difícil em determinados momentos do mês.
Tem de entender que eu não sou muito de falar, que, às vezes, gosto de apenas ficar por perto, quieta, olhando e observando, fazendo cafuné. Apenas que eu gosto de dar carinho e que necessito recebê-lo também, mesmo não sendo em mesma proporção. Entender que tenho picos de energia e meu humor pode ser cruel; que fui criada ouvindo histórias de meu pai e brincava de escolhinha sozinha.
Um homem que me leve no bar, que goste de dar risada à toa e que saiba me reprimir com dizeres exatos. E que aprenda, com o tempo, que eu presto muita atenção no que ele diz, no como ele diz e quais palavras ele usou para dizer, além de prestar atenção em seus atos, andares e olhares, e que minha capacidade de memória para essas coisas de aparente desimportância é muito elevada.
Claro: sertanejo, rodeio, sair à noite, à tarde, cerveja já estão incluso no pacote desde o início, porque homem que pára de sair é um porre.

E tô começando a acreditar que o fator altura seja de fato relevante também.

12 de fevereiro de 2010

it has just gone

"... que dentro do meu peito estava um coração que amava e que por você sorria..."¹
Era pouco mais que duas da manhã. As luzes da cidade ainda iluminavam o asfalto e alguns carros não se faziam raros na avenida. E ela estava ali, debaixo do letreiro, olhando-o todo fulgurante pelos onipotentes holofotes mirados nele, analisando letra por letra.
"...sabia que mesmo me deixando eu iria ficar te esperando todo dia..."¹
A música vinha de dentro do carro, estacionado de mal jeito sobre a calçada, e esquecido ligado e com o rádio ligado. Mas ela apenas ouvia algumas estrofes, só sentia o peito cumprimir ainda mais ao se identificar, e seus olhos corriam letra por letra do letreiro, letra por letra daquele sobrenome que tanto lhe tirou noites importantes de sono. A lágrima nasceu e não escorreu. Ela enxugou sua fraqueza antes.
A cabeça erguida, a dor no pescoço, e alguma coisa revirando lá dentro. Fechou os olhos e fingiu que chovia e que era molhada, que a alma estava a ser lavada e as lembranças escorriam, então, pelo corpo, indo embora pelo esgoto.
"...até que você foi embora e deixou de vez o meu caminho".¹

¹Victor&Léo, Você Sabia.

10 de fevereiro de 2010

Não use o plural

Que a minha vida anda um pé no saco não é novidade para ninguém. Essa tarde, quase imersa nos braços de Morpheu, eu comecei a pensar no meu anjo da guarda e tive pena dele, por não ter nenhuma aventura comigo. Minha vontade é de dar uma injeção de adrenalina nele (e em mim) e ver o que acontece...
Mas o fato mesmo é que hoje à tarde minha mãe e eu, como sempre, discutimos sobr fé e as atitudes de Deus - ou de seus fiéis. Ela disse que na promessa você cumpre para depois ver se você ecebe - na minha interpretação metafórica: trabalho árduo sem garantia de remuneração no fim do mês. Claro que recebi aquele sermão básico de todo dia sobre as capacidades da fé e crença infinita em Deus.
Eu me divirto nessas situações, porque não fico presa às minhas opiniões, mas na semântica de minha mãe ;D
Enfim, o ponto é que ela me disse que pede todo dia por saúde para todo mundo. Aí minha boca caiu. Disse que a gente deeria fazer uma reunião familiar e ver o que cada queria, porque eu não quero saúde nesse ponto da vida. Ela ficou brava, disse que não sabia do que eu tava falando e que a gente só entende as coisas depois que passa (minha mãe passou por 3 suspeitas de câncer - e não foram nada).
Olha, ao meu ver, aos 19 anos, do jeito que as coisas estão, nem de cirrose eu morro mais. E nem de ataque cardio-pulmonar e nem de bala perdida. Então, eu acho sim que, se ela quer fazer algo por mim nesse ramo espiritual que seja pedir por êxito profissional e o números da mega-sena, porque, se mamãe diz que não precisa disso, oi!, eu vou precisar sim, porque, ao contrário do primogênito dela, eu faço filosofia, odeio isso, não vou exercer isso, e se for, será dando aula e jamais, em hipótese alguma!, ganharei 4.000 em primeiro (ou segundo, terceiro, quarto... n)emprego.
Aliás, todo mundo já sabe das minhas frustrações com o curso, faculdade e satisfação. Já faz algumas boas noites em que eu sonho que sou umas das organizadores de um grande evento (leia-se aqui Barretos Rodeo 2010)...
Acho que no fim é isso. E eu acho que, pelas coisas que já me aconteceram em relação ao Rodrigo, eu deveria sim estar sentindo a falta dele... mas não estou :/ Droga.

7 de fevereiro de 2010

Eu vivo pelas ruas a esmo

Sam, se você vir a este post, creio que você compreenderá o porque da demora em responder ao e-mail.



Sabe quando você entra naquele momento da vida em que tudo o que você tanto gosta, ama e idolatra começa a te enjoar? A entrar em um marasmo que seu ânimo refuta?
É o que sinto no momento. Sinto uma necessidade estranha e impulsiva de sair de casa, de pegar minhas coisas e ir para longe, ficar uns bons meses desaparecida, desconectada com as pessoas que tanto gosto.
Machuca os pensamentos tudo isso... saber que você vai acordar e nada mudará. Não digo só pelo fato de eu estar praticamente na inércia de férias e não ter muita coisa para fazer, pois sei que daqui três semanas a faculdade e a filosofia irão me martirizar também. E, sinceramente, não sei se ao morar sozinha as coisas ficarão mais fáceis para mim, ou me ajudarão em algum ponto do meu crescimento.
A minha vida universitária não é segredo para ninguém. É uma merda. Já estou no segundo ano e terei de mudar alguns aspectos. Preciso de amadurecimento para encarar esse curso - e de uma ajuda divina para aprender a escrever algo decente em meus trabalhos.
O que me anima muito nesse 2010 - que começou erroneamente, aliás - é o fato de haver muitas festas sertanejas para ir e muitos rodeios para comparecer. Nisso, verdade, só poderia agradecer a uma pessoa por ter colocado esse gosto em mim (por isso acredito que gosto se discute, apesar de eu não saber ainda como fazê-lo corretamente). Hoje fui ao ensaio de bateria de uma escola de Samba aqui de Rio Claro e, mesmo tendo me empolgado um pouquinho no final, descobri que apenas o sertanejo é capaz de fazer sertir-me bem - realmente bem. Sei que muitos me crucificam por este gosto, mas o que posso fazer? Dentre as tantas coisas que me aconteceram nesses últimos 17 meses, essa aquisição - por assim dizer - foi a única que me completou fatalmente.
Não posso deixar de dizer também, óbvio, que vi ao Caio nesse fim-de-semana por duas vezes, e o que me indagou mais - além da suspeita dele ter dito algo para os meninos sobre Rodrigo e eu - é a indagação interna sobre o que eu sinto em relação a esta pessoa?. Não é euforia, não é paixão, ciúme ou ódio/raiva. Então o que é, meu Deus?! Não, não guardo esperanças por ele, de forma alguma. Como o dito no post anterior, fiz escolhas erradas e elas me afastaram para sempre dele.
E eu tô começando a acreditar que há algo de muito errado comigo, uma vez que afastei o Vinícius de mim também. Sim. Só não compreendi se eu dei um fora nele, ou ele não fala comigo mais pelo fato de eu tê-lo ignorado. O que se passou foi que ficamos um mês afastado um do outro e quebras de rotinas, apesar de benvindas (?), não fazem parte de minhas preferências do campo amoroso - ou carnal. Ao meu ver, estou começando a acreditar piamente em um possível medo de relação e de perda.
Em palavras mais simples, o famoso "oito ou oitenta".
A verdade é que sempre em que me imagino em algum relacionamento, vejo discussões, ciúmes, brigas, gritarias e mágoas. Não consigo idealizar algo romântico, lindo e rebuscadamente perfeito. Nada disso.
Acho que o se passa na minha cabeça é: "se é para perder, então vamos perder de um jeito digno de render alguma crônica", porque ninguém que acompanhe esse blog pode alegar que o Caio não me rendeu muitos frutos furtivos de escrita. Se eu escrevesse todo enredo e todas as frases que elaborei/elaboro quando penso nele, largaria a faculdade e escrevia essas histórias por anos a fio. Retomando... ao terminar algo assim, ou sendo grossa e estúpida no final, eu consigo o que já intitulei de rompimento brusco. No dia seguinte já não teria mais o por quê de ligar ou de me importar com tal pessoa ou circunstância; só que tentar obter um perdão ou reatar as coisas mais tardes são impossíveis caso algum arrependimento venha a encasular a consciência.
Minha mãe gosta de chamar a tudo isso como ir como ferro e ferradura.
Isso tudo não explica o por quê de eu achar que tenho medo de relacionamentos.
A ideia de ser livre para poder decidir meus programas e convidar a quem eu quiser pesa muito do lado da balança oposto àquele em que está o relacionamento. E eu nem dou satisfações aos meus pais direito, quem dera a alguém que nem estava lá no momento em que mamãe, gentilmente, me pariu?! E, conhecendo a mim bem, sei que, ao me envolver com alguém, dores, mágoas e - principalmente! - ciúme surgirão. Dor e mágoa, eu aguento, mas ciúme não. Meu estado de insegurança me acarrenta e eu não gosto de ser insegura. Não gosto de estar desestabilizada - e a mísera noção de que "a mim eu me basto" tem falha, já me causa desconforto e muito, mas muito mau humor. Por isso que acho (sim, acho!) que, quando me envolvo com alguém, incoscientemente idealizo o fim para haver o rompimento brusco e eu voltar ao meu equilíbrio.
Só que assim eu machuco àquele que está próximo de mim, e a mim. E só Deus sabe quando é que essas feridas vão sarar completamente - e nem estou me referindo ao outro!
O medo de perda pode ser muito bem compreendido ao ler termos como ciúme e insegurança.
E o marasmo das férias é complicado exatamente pelo motivo de você não conseguir ocupar sua mente com muitas coisas, possibilitando, desta maneira, pensamentos bobos como esses e assuntos sem grande importância como esses.
E o que me dói ainda mais é notar a improdutividade dessas férias. 1 livro lido apenas, nenhum texto escrito, nenhuma história começada. Nenhum plot definido, pensado ou esquematizado.
Então acho que é isso, no fim.