Ela estava ali naquele meio, no meio daquela gente estranha, todos com a mesma camiseta, com os mesmos dizeres. Todos iguais. E ela estava ali, igual, mas a diferença era que estava de fato ali. Sem o medo de, num instante, dar de cara com ele. E não foi necessário um instante, mas quinze segundos para que isso acontecesse.
Eu vi quando ele a encontrou naquele lugar.
Não houve sorrisos, oi ou abraços. Nenhum dos dois se cumprimentaram, nenhum dos dois deu um passo a adiante para se aproximarem. Nada. Eles ficaram ali parados, e, por quinze segundos, eu vi os olhos dele, arregalados, a engolida em seco travada na garganta e um leve desespero de dizer alguma coisa para tirar aquilo do olhar dela.
Ele sempre gostara muito do olhar dela, sabe?! É como aqueles detalhes que fazem de uma pessoa muito especial, muito dela própria. O olhar dela era tão... tão... castanho, que as verdadeiras intenções sempre estavam ali, mas a voz, as palavras, as mãos, o cabelo distraíam para deixar intactas as verdades.
O olhar dela era especial.
Ela ficou presa. Eu notei. Presa em sua própria dor. As sobrancelhas moveram-se menos que um milímetro, mas se moveram, em direção ao cenho, as narinas tremuleram por menos de cinco segundos e os dentes se pressionaram, mutuamente. Ela estava contendo a sua própria mágoa. A mágoa com ele.
Ele sentiu isso - e ela não se importou. Levantou um pouco a cabeça e deixou a água invadir a visão. Apenas isso. Não houve uma única lágrima. Todas ficaram contidas em seus olhos castanho e a mágoa... a dor... a decepção... foram trocados pelo não-ato das mãos. Pelo não-balançar dos cabelos. Pelo calar das palavras.
E ele se perdeu em tudo isso e perdeu as verdades dos olhos dela. Abaixou a cabeça aos poucos, massageou as mãos, deu as costas, e saiu.
Ela havia mandado-o embora.
"o tempo pára quando fico ao seu lado...
pensa em mim que eu tô pensando em você"
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