Entenda, eu não estou pedindo para você voltar comigo, ela me disse enquanto se protegia com o pesado livro do sol ardente. E essa imagem me fez rir. Vixi, tá um Sol de rachar maconha, ela costumava dizer só para me divertir, assim como quando cantava as músicas com letras erradas.
A gente tava no ponto de ônibus, esperando pelo mesmo. Mas fazia tanto tempo que a gente tomava o seguinte cuidado para não esperar o ônibus juntos, que os dois não se importavam ou de se infiltrar na multidão ou se simplesmente fingir que não tinha visto o outro. Era uma situação deplorável, eu sempre soube, afinal, não era como se ela não tivesse sido nada para mim ou eu para ela. Era apenas que as coisas não tinham terminado muito bem entre nós.
Nada bem, aliás.
Eu não senti que você estivesse me pedindo isso, respondi, seco, verdade. Mas a situação entre nós ficou assim: seca, de minha parte, e caustica, da dela. E pela primeira vez ela não estava me tratando como se fosse arrancar uma bigorna de dentro da bolsa e arremeçar contra a minha cabeça. Eu estranhei, apenas isso.
Você está feliz com ela? Respondi um sim quase inaudível. Sente a minha falta? Não.
O ônibus chegou e eu fiz menção de entrar nele, e ela ficou parada, para trás, olhando-me subir o primeiro degrau. Se não é nada disso, comecei, retornando o meu passo, então o que é?
Eu só estava pensando porque é que você está feliz com ela e não comigo.
Ela entrou no ônibus, passando por mim, pagando o cobrador e rodando a catraca. Eu fiquei na calçada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela visita, deixe seu comentário :D