Hey, Buddy, what´s up?
O tempo está passando, entenda, e vai chegar uma hora em que o incômodo vai ser apenas um momento do passado que será julgado como bobo. E vai ter um momento em que ela não vai mais buscar pelo seu olhar. Não que hoje ela o queira - não! Longe disso. Ela não quer atrapalhar nada, não quer começar a agir como você.
Você é um canalha, um sem caráter, sem consideração por ninguém. E você sabe que ela tem algumas teorias, e você sabe que ela gosta de ficar pensando sobre o seu jeito, de acreditar que pode elaborar motivos para você ser tão desse jeito, tão idiossincrático a si mesmo.
E você odeia isso.
Odeia porque isso mostra uma certa diferença quanto a ela. Odeia porque isso o incomoda. Incomoda que ela preste tanto atenção nos seus detalhes, que ela consiga destrinchá-lo tão facilmente e que nunca esqueça de nada. Você a odeia porque ela conseguiu conhecê-lo sem exigir conversas longas, perguntas bobas e convivência cotidiana.
Você a odeia por ela ser perspicaz. E eu já contei a ela o quão isso é repulsivo.
Tenha um bom dia, passar bem.
29 de novembro de 2009
28 de novembro de 2009
26 de novembro de 2009
6 anos.
Demorou-se 6 anos para que eles voltassem a se verem. Ou a se falarem. Ela não estava acompanhada, mas estava exuberante naquele vestido longo azul petróleo e os cachos a caírem pelos ombros, até o curvar de sua cintura. Ela já o era desta maravilha antes daqueles seis anos, mas, no agora, havia aquela postura de mulher que tanto lhe caía bem.
Os anos passaram. E ele namorou por todos eles, e, antes daquele casamento, não mais. Algo dentro dele gritou para romper, implorou para desfazer um relacionamento tão estável. Quase o dilacerou por dentro para se permitir esses dias solteiro. Solteiro para reencontrá-la mais linda, mais distinta, mais mulher.
Descobrira facilmente que ela terminara a faculdade e ganhava a vida lecionando numa faculdade na Europa onde, também, fazia suas pesquisas acadêmicas. Possuía um nome renomado, apesar da pouca idade, mas sua clareza de pensamento transparecia na alvidez de sua tez - e na delicadeza até mesmo sarcástica que seu sorriso adquiriu.
Tanto tempo sem nem ao menos nos falarmos, ela disse, sorrindo, verdade, para ele. E tudo por bobeira.
Bobeira? Ele pegou mais uma taça do champagne para ela e recebeu um agradecimento com um leve sotaque francês.
Bobeira, ela assentiu. Bobeira ter deixado de conversar justo com aquele que me proporcionava os sentimentos mais conturbados e me fazia pensar nos diálogos mais verdadeiros. Ela sorria. Sim, sorria - e ele não conseguiu distinguir se era verdadeiro ou irônico, mas ele a conhecia... sim, a conhecia. Ela já era mulher formada, não precisava mais se esconder atrás de teorias elaboradamente furadas.
E continua sendo bobeira?
Não.
Pausa.
Hoje é apenas lembrança. E não há nada de bobo nelas.
Algo dentro dele gritara para ficar solteiro apenas afim de fazê-lo um bobo. Como ela o amaria por seis longos anos distantes quando em seis longos meses perto, ela o deixou de fazer com êxito?!
25 de novembro de 2009
Ele ainda gostava muito dela. Dava para ver. Ele passava na sua frente, e voltava, e ia e resolvia que seria melhor conversar com a pessoa que estava ao lado dela. Tudo isso com a outra, verdade, mas, para ela, tanto fazia. Ela estava bem - e isso o incomodava.
Ela olhava para o lado e via ao seu outro. Um pouco mais velho, um pouco mais diferente, um pouco mais condicente a ela. Ele, o que ainda gostava dela, não havia percebido a presença do outro. Até aquele instante.
Ela havia caminhado em direção ao bar, e a música estava agitada, um arrastapé gostoso, e ele estava dançando a com a menina dele. Na frente dela. Até vê-los.
Ela estava de volta com um copo na mão, que muito parecia Johnny Walker com energético, e entregou o objeto para o rapaz. Ele bebeu quase um gole inteiro, mas parou no exato momento em que sentiu a boca dela sobre seu queixo, depositando uma leve mordidinha e um beijo. E a boca deslizou pelos lábios, mordiscando, e para as maçãs, roçou os lábios pela fina barba e sugou o lóbulo da orelha esquerda. Desceu, num atencioso e demorado trajeto de pequenos beijos e fricções, em direção ao pescoço e depois subiu, mais uma vez, em direção à boca e ele - ele! - a beijou.
Aquilo lhe fervou o sangue. Ela tinha aquele dom, de deixar os caras naquele estado hipnótico de loucura masculina - ele ainda bem se lembrava do que ela era capaz de fazer com ele com um único beijo e um olhar mais desejoso. Ela era a pura luxúria naqueles olhos de menina tímida, de princesa.
Foi por isso que ele foi obrigado a ouvir da boca dela I do not like you anymore.
Ela olhava para o lado e via ao seu outro. Um pouco mais velho, um pouco mais diferente, um pouco mais condicente a ela. Ele, o que ainda gostava dela, não havia percebido a presença do outro. Até aquele instante.
Ela havia caminhado em direção ao bar, e a música estava agitada, um arrastapé gostoso, e ele estava dançando a com a menina dele. Na frente dela. Até vê-los.
Ela estava de volta com um copo na mão, que muito parecia Johnny Walker com energético, e entregou o objeto para o rapaz. Ele bebeu quase um gole inteiro, mas parou no exato momento em que sentiu a boca dela sobre seu queixo, depositando uma leve mordidinha e um beijo. E a boca deslizou pelos lábios, mordiscando, e para as maçãs, roçou os lábios pela fina barba e sugou o lóbulo da orelha esquerda. Desceu, num atencioso e demorado trajeto de pequenos beijos e fricções, em direção ao pescoço e depois subiu, mais uma vez, em direção à boca e ele - ele! - a beijou.
Aquilo lhe fervou o sangue. Ela tinha aquele dom, de deixar os caras naquele estado hipnótico de loucura masculina - ele ainda bem se lembrava do que ela era capaz de fazer com ele com um único beijo e um olhar mais desejoso. Ela era a pura luxúria naqueles olhos de menina tímida, de princesa.
Foi por isso que ele foi obrigado a ouvir da boca dela I do not like you anymore.
16 de novembro de 2009
Daquela noite ela saiu machuca. Muito machucada. Mas acreditava piamente que o mais dolorido fora ele, por isso conseguiu superar, por isso conseguiu voltar a sorrir na manhã seguinte. Foi a nítida consciência de que ele não fora um tudo que a fez seguir em frente sem muitas preocupações.
E depois de tanto tempo em silêncio, ela o viu, de novo, feliz. Com outra. E esta também se encontra feliz e ele, diferente. Soube, instantaneamente, que somente ela estava, ainda, machucada - e com medo de seguir em frente.
Ninguém nunca seria o bom o suficiente.
E depois de tanto tempo em silêncio, ela o viu, de novo, feliz. Com outra. E esta também se encontra feliz e ele, diferente. Soube, instantaneamente, que somente ela estava, ainda, machucada - e com medo de seguir em frente.
Ninguém nunca seria o bom o suficiente.
15 de novembro de 2009
Eu descobri que quando conheço uma pessoa, eu a subestimo e fico procurando por seus defeitos. Sempre os defeitos. E quando achar que já encontrei muitos, abandono essa pessoa e não sinto a menor falta dela.
É triste isso.
Eu me sinto tão amortecida, tão cansada, tão desinteressada... tão entediada com a sequência de caráteres que encontro que sigo feliz com os amigos que já possuo.
Tá tudo sem graça.
É triste isso.
Eu me sinto tão amortecida, tão cansada, tão desinteressada... tão entediada com a sequência de caráteres que encontro que sigo feliz com os amigos que já possuo.
Tá tudo sem graça.
13 de novembro de 2009
It´s just that I´ve been wondering
Entenda, eu não estou pedindo para você voltar comigo, ela me disse enquanto se protegia com o pesado livro do sol ardente. E essa imagem me fez rir. Vixi, tá um Sol de rachar maconha, ela costumava dizer só para me divertir, assim como quando cantava as músicas com letras erradas.
A gente tava no ponto de ônibus, esperando pelo mesmo. Mas fazia tanto tempo que a gente tomava o seguinte cuidado para não esperar o ônibus juntos, que os dois não se importavam ou de se infiltrar na multidão ou se simplesmente fingir que não tinha visto o outro. Era uma situação deplorável, eu sempre soube, afinal, não era como se ela não tivesse sido nada para mim ou eu para ela. Era apenas que as coisas não tinham terminado muito bem entre nós.
Nada bem, aliás.
Eu não senti que você estivesse me pedindo isso, respondi, seco, verdade. Mas a situação entre nós ficou assim: seca, de minha parte, e caustica, da dela. E pela primeira vez ela não estava me tratando como se fosse arrancar uma bigorna de dentro da bolsa e arremeçar contra a minha cabeça. Eu estranhei, apenas isso.
Você está feliz com ela? Respondi um sim quase inaudível. Sente a minha falta? Não.
O ônibus chegou e eu fiz menção de entrar nele, e ela ficou parada, para trás, olhando-me subir o primeiro degrau. Se não é nada disso, comecei, retornando o meu passo, então o que é?
Eu só estava pensando porque é que você está feliz com ela e não comigo.
Ela entrou no ônibus, passando por mim, pagando o cobrador e rodando a catraca. Eu fiquei na calçada.
11 de novembro de 2009
"Pretend you don't know me so well
I wont tell if you lied"
(Plane, Jason Mraz)
Ela havia dito não, de alguma forma. Ele só não conseguia julgar se haviam sido os olhos ou as mãos longe das dele. Mas houve, realmente, um não. Mas não era como se ela fosse se afastar dele apartir daquele instante; não, não era típico dela repulsar pessoas queridas devido a um sentimento não compartilhado.
Era apenas que, de uma forma ou de outra, as pessoas se apaixonavam por ela. Gostavam de ficar ao seu lado, de tê-la sempre. Uma constante companhia ou para ficar quieto ou para falar de tudo. Uma constante companhia que apaziguava alguns corações e mortificava outros. Muitos outros.
E ela nunca se afastava. Nem poderia. Mesmo sem se importar muito, não podia simplesmente não se dar conta que tinha um laço - e a ideia dele sempre ficar na inércia de se romper a qualquer instante incomodava. Deixava-a acabada, como se tudo sempre tivesse de se romper.
Eu não deixaria que isso acontecesse conosco. Mesmo que eu tivesse feito de tudo para deixar o nosso daquela situação, mesmo que eu não estivesse muito disposto a estar por perto sem a retribuição exata de meus sentimentos.
Mesmo que ela não me amasse.
"Mas eu aceito ser só seu amigo".
Ela tinha olhos pequenos, daqueles que é preciso prestar um pouco mais de atenção para entender como funcionava a sequência de cores ali dentro. E eles focaram-se em mim e senti.
Senti a decepção.
Ela levantou-se e saiu, abandonando o sorvete pela metade, o lacinho de cabelo, e a mim.
Só um amigo. Subestimei-a. Ela compreendia tudo o que era dito. Só um amigo. Quando era tudo o que ela queria. Um amigo.
10 de novembro de 2009
Abit Onus
"Sonhei os sonhos todos
imaginando o céu
e dele fui prisioneiro
em cela de papel."¹
Foi naquela madrugada ímpar que as coisas ficaram mais claras.
Sabia que estava sonhando, sabia que estava dormindo, mas estava tão acordado quanto há cinco minutos e tão ciente de que sua colcha escorregava pela lateral da cama. Havia uma tênue linha que o deixava imerso em sonhos e, ainda, ligado à realidade, não permitindo que sua consciência desligasse totalmente para descansar.
Assim passava todas as noites desde... bem, não se lembrava. Há tanto que seu corpo vivia pesado e sua cabeça alertava que não agüentaria. Todos os sinais claros: irritação, mau-humor, quietude, afastamento - tudo tão claro quanto o turvo de um pedaço de sonho. A clareza em si não era algo de relevância contestável. A imparcialidade com que ia sobrevivendo era maior, o grande incômodo. Sabia de sua necessidade física, mas a ignorava.
Não conseguia cortar a linha, não sabia nem por onde estava o seu sustento. Mas algo em si estava em paz, estava isento daquela preocupação. Algo inominável. Algo que nunca variava. As tantas noites em claro e escuro desligava um ponto importante. Algo que nunca se dissiparia.
No entanto, eram os sonhos que mais pesavam. O descaso com sua presença até na imaginação de sua mente, a constante presença daquela figura tida como erudita. E sempre o rosto virado, o não olhar longe - o quão de papel tudo aquilo parecia.
A pressa em dormir foi deslocada em pressa para deitar à cama, em abrir o livro e cansar as pálpebras. Mas nunca conseguiria desligar, não enquanto algo estivesse roubando as energias para se recompor - esse de extrema importância, podendo desequilibrar todo um corpo e sonhos, conseguindo toda a atenção que uma noite bem dormida resulta.
Nem à tarde, nem à noite, nem de manhã. A prisão de um ser, tão de papel quanto de aço - metaforicamente dramático como deve soar
.
1 espelho meu, papas na língua
Título: Abit Onus: peso acaba (pelo menos eu acho)
9 de novembro de 2009
it takes the one to have the other
Sempre chove quando a gente tá triste, ela pensou, cabisbaixa, sentindo o peso das mãos dele sobre seus ombros. Os carros passavam rápidos e com os faróis acesos, mas ninguém de fato se importava com os dois expectros naquele começo de noite. Os cabelos pretos e densos dele começavam a ceder pelo peso da água que se acumulava, e as roupas dela a grudarem ao corpo. Mas havia algo além daquilo tudo acontecendo, algo mais essencial.
Uma briga.
"Você ainda gosta dele", ele afirmou, sem a exclamação no final, e sim o pesar.
"Não". Soou fraco demais e demorou para sair de sua boca. Os olhos castanhos presos na boca do estômago dele, o rosto sem expressão. Não tinha vontade de expressar nada e nem de exigir por um abraço, por algum carinho.
Qualquer tipo de carinho.
"É só que..." que o quê?, pensou. Que ainda pensava nele cotidianamente? Que algo dentro de si simplesmente não permitia que as lembranças fossem embora? Que algo nela sabia que era consciente tudo aquilo?
"É só que você pensa nele mais do que devia". Ele tentou levantar o rosto dela com uma de suas mãos, mas não ousou. Se chovia e ela estava triste, então ela deveria ficar assim: presa em sua desistência.
"Não é isso... é só que... dói, sabe?! Dói saber que eu errei tanto com ele e que ele não está comigo". Quando as palavras escapam de sua boca, então tudo o que é dito é verdade. Sem pensar. Sem estar preparada. Era o que ele costumava dizer para contar a ela que não acreditava em nada que lhe dizia. "Dói ele não estar aqui comigo".
"Mas por que isso doi tanto?!".
Não era uma pergunta qualquer ou boba, como se ele não estivesse entendendo o que estava sendo dito, era apenas que ele a conhecia - e muito - e sabia que havia muitas coisas para serem tiradas daquelas palavras. E ele queria muito poder ajudá-la, poder aliviá-la, pois esta era sua necessidade naquele instante: ajudá-la e poder, assim, quem sabe, abrir um espaço maior para ele no coração dela.
"Me diga, por que é que dói tanto isso em você?"
"Porque
8 de novembro de 2009
pela última vez
Eu vi, entende?! Vi naqueles quinze segundos o que há muito não via. Foi uma troca de olhares, eu juro! E o maior pedido de desculpa.
Ela estava ali naquele meio, no meio daquela gente estranha, todos com a mesma camiseta, com os mesmos dizeres. Todos iguais. E ela estava ali, igual, mas a diferença era que estava de fato ali. Sem o medo de, num instante, dar de cara com ele. E não foi necessário um instante, mas quinze segundos para que isso acontecesse.
Eu vi quando ele a encontrou naquele lugar.
Não houve sorrisos, oi ou abraços. Nenhum dos dois se cumprimentaram, nenhum dos dois deu um passo a adiante para se aproximarem. Nada. Eles ficaram ali parados, e, por quinze segundos, eu vi os olhos dele, arregalados, a engolida em seco travada na garganta e um leve desespero de dizer alguma coisa para tirar aquilo do olhar dela.
Ele sempre gostara muito do olhar dela, sabe?! É como aqueles detalhes que fazem de uma pessoa muito especial, muito dela própria. O olhar dela era tão... tão... castanho, que as verdadeiras intenções sempre estavam ali, mas a voz, as palavras, as mãos, o cabelo distraíam para deixar intactas as verdades.
O olhar dela era especial.
Ela ficou presa. Eu notei. Presa em sua própria dor. As sobrancelhas moveram-se menos que um milímetro, mas se moveram, em direção ao cenho, as narinas tremuleram por menos de cinco segundos e os dentes se pressionaram, mutuamente. Ela estava contendo a sua própria mágoa. A mágoa com ele.
Ele sentiu isso - e ela não se importou. Levantou um pouco a cabeça e deixou a água invadir a visão. Apenas isso. Não houve uma única lágrima. Todas ficaram contidas em seus olhos castanho e a mágoa... a dor... a decepção... foram trocados pelo não-ato das mãos. Pelo não-balançar dos cabelos. Pelo calar das palavras.
E ele se perdeu em tudo isso e perdeu as verdades dos olhos dela. Abaixou a cabeça aos poucos, massageou as mãos, deu as costas, e saiu.
Ela havia mandado-o embora.
"o tempo pára quando fico ao seu lado...
pensa em mim que eu tô pensando em você"
5 de novembro de 2009
"O tempo que passamos juntos"
Havia algo nela que ele não conseguia entender. E não era o seu fascínio por motos, carros, futebol, mercado financeiro e as aulas de viola. Mesmo gostando muito dessas coisas, ela ainda era uma garota, de cabelos tratados, piercing e roupas femininas. Ela ainda era encantadora mesmo quando se perdia em assuntos de garotas.
E ele continuou sem entendê-la quando ela lhe segredou a respeito de um rapaz, mais velho quela, muito mais velho, na concepção dele - afinal, 6 anos fazia toda a diferença. E não entendia nada dela quando o assunto surgia e ela, sorridente, dizia que estava feliz, que cuidava mais do corpo, das unhas, dos fios de ponta dupla, que comprara um batom novo, um rímel, um vestido.
Um vestido.
Ela não gostava de vestidos.
Ele só foi entendê-la quando, de cima do altar, a viu, linda em sua grinalda e véu brancos, trocando alianças com o cara 6 anos mais velho. E entendeu que a havia perdido.
E ele continuou sem entendê-la quando ela lhe segredou a respeito de um rapaz, mais velho quela, muito mais velho, na concepção dele - afinal, 6 anos fazia toda a diferença. E não entendia nada dela quando o assunto surgia e ela, sorridente, dizia que estava feliz, que cuidava mais do corpo, das unhas, dos fios de ponta dupla, que comprara um batom novo, um rímel, um vestido.
Um vestido.
Ela não gostava de vestidos.
Ele só foi entendê-la quando, de cima do altar, a viu, linda em sua grinalda e véu brancos, trocando alianças com o cara 6 anos mais velho. E entendeu que a havia perdido.
4 de novembro de 2009
duplamente importante
Naquela manhã de domingo, acordei já sabendo que não deveria ligar. As conjecturas já não estavam mais ao meu favor, mas eu tinha de estar linda e sorridente, feliz e alegre porque, afinal, antes de ser o aniversário dele, era o aniversário da minha melhor amiga.
Se pensei nele o dia inteiro? Seria hipócrita se dissesse que não, mas não fiz dele a minha prioridade. Lembro que eu ri bastante, teorizei sobre as letras das músicas sertanejas, não bebi muito, tirei milhares de fotos, falei das minhas manias, contei do meu final-de-semana, falei sobre a universidade, sobre tirar cnh, sobre como eu fazia com os cachos do meu cabelo.
Ok!, eu ri muito! Tanto que cheguei às 16:00h e só saí de lá às 21:00h.
E, ao ir embora, sabendo que faria uma parada em um barzinho onde meus outros amigos estavam, eu pensei nele e rezei, em silêncio, para que Deus tivesse dado a ele um dia muito gostoso e que todos os amigos dele estivessem ao seu redor. Pedi mesmo. E já fui pensando em como desejaria parabéns pelo orkut, na manhã seguinte, pedindo desculpa pelo atraso.
Pensei mesmo. 18 de outubro, até o ano passado, era uma data duplamente marcante para mim. Pela minha melhor amiga e pelo amor da minha vida. Mas veja como são as coisas. No ano anterior ele havia me feito prometer que no próximo - no caso, esse ano - eu estaria presente, que estaria ao lado dele. Eu prometi, sabendo que aquilo não duraria tanto tempo.
E quando entrei no barzinho junto com a minha prima, depois de um dia inteiro de churrasco, me deparei com ele, de novo.
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E só houve ele, e a ansiedade de saber como eu, por fim, o conheceria. Só poderia ser destino - quais seriam as minhas chances de reencontrar aquele moço de sorriso tão lindo, que todo mundo me disse ser de ooutra cidade, na semana seguinte àquela em que ele me encantou com aquele sorriso lindo?
Ninguém tira da minha cabeça que foi Deus que o mandou, em pleno dia 18 de outubro, depois de tantos pedidos meus para que Ele colocasse alguém na vida dele que fosse quem eu sempre quis ter sido e me deixasse feliz com isso. E ele esteve ali, me olhando, me sorrindo, me encantando e me fazendo esquecer que aquele dia era para ter sido, desde de muito cedo, duplamente especial.
E à meia noite, exatamente, nos despedidos, com um beijo na boca, com um abraço gostoso, com telefones trocados. E o dia 18 de outubro ficou duplamente especial para mim. O aniversário da minha melhor amiga e o dia em que eu o conheci.
3 de novembro de 2009
"Lucky I´m in love with my best friend"
Ele tinha me dito que a gente ia ser para sempre, sabe?!, como aqueles bons e velhos amigos que são chamados por tio/tia pelos filhos e que são tratados pela família como se fossem parentes. Ele era divertido e ele adorava me dizer que se era assim era porque eu o fazia divertido. Concordava, sempre, pois eu sempre seria a mais divertida. As coisas engraçadas e absurdas aconteciam sempre comigo, ele estando junto ou não. E ele adorava quando eu tomava a liberdade de aumentar o volume do som do carro e escolhia a música que eu mais gostava de ouvir.
E a gente seguia cantando, com toda a potência de nossos pulmões, e fazíamos a maior farra. Carro estacionado no posto onde a galera se reunia antes da balada, e a gente cantando, segurando um cabo de vassoura roubado da dispensa e uma garrafa de cerveja na outra - e a gente sempre, sempre, compartilhava a garrafa. E os nossos amigos se animavam e cantavam alto comigo, com ele, com nós dois. E os nossos amigos davam risada e distribuiam sorrisos, e todos pareciam felizes.
Todos estavam felizes.
E a gente era amigo. Um do outro. Outro do um. Sempre. Depois da festa, da balada, ele me levava embora como prometera para minha mãe, e fazia questão de sempre me olhar um pouco cansado, dar um beijo na minha testa, desejar uma boa dormida e prometer que me ligaria dali algumas horas para combinarmos algo para fazer. E a gente sempre fazia. Ele me ligava, me acordando, como sempre, e dizia estou afim de conversa fora hoje; vamos sentar num bar e daqui meia hora estou passando aí. Ele sabia que gostava de acordar, tomar um banho e fazer as coisas sem pressa... e ele acabava demorando duas horas ou três pelo gosto de me ver ligando louca atrás dele.
E eu achava tudo isso divertido, porque a gente era amigo.
Ele comentava das meninas e eu falava dos homens... a diferença era sempre que os meus eram homens, mais velhos, com outro assunto, com outra postura. Ele dizia a respeito de meninas, da minha idade e que não gostavam de mim. Nunca liguei para esse fato, para ser franca, afinal, desde que você não termine a nossa amizade por causa de uma namoradinha que me odeie. E ele ria alto, bagunçava meu cabelo, me abraçava e dizia que o término da amizade seria outro e não uma briga ou um namorado enciumado.
E eu acreditava, vendo que não haveria nenhum outro motivo para a amizade terminar. Ele e eu éramos parceiros, amigos, confidentes. Ele, três anos a mais que eu, e eu, sua confidente em potencial. Dormíamos escorados um no outro quando o filme era chato, comíamos pipocas de jeitos diferentes, mas dava certo. Eu gostava das últimas e do sal que ficava e ele adorava as primeiras e com muito sal. Ele gostava de sertanejo e eu também, mas ele da moda de viola e eu, universitário. Aprendemos a gostar do gosto do outro com a convivência, com os telefonemas em madrugadas de insônia e do ciúme que às vezes surgia.
Ele era o meu complemento. E ele me fazia muito bem. Tão bem que achei que não precisava de mais ninguém na minha vida para me sentir completa. Eu tinha um amigo de verdade, uma pessoa que eu amava e que me amava.
Eu achava que a gente tinha a mais linda amizade de todas. Até eu entender que aqueles minutos em silêncio no carro depois da noitada era o momento em que ele se concentrava nas palavras árduas que queria me dizer. O momento em que ele pedia, baixinho, para Deus, que eu dormisse pensando nele e acordasse assim, pensando nele. O momento em que se perguntava o por quê de não ter sido o meu escolhido naquela noite e o que faltava para tudo aquilo virar pure amour.
Até eu entender que a felicidade dele estava entrelaçada comigo...
E aí eu notei, senti, que os meus filhos nunca poderiam chamá-lo de tio. Uma vez que não dá para ser pai e tio.
E numa noite, após cantarmos junto, bebido poucas, termos nos divertido com nossos amigos, ele me deixou em casa e ficou cinco minutos quieto. E eu também, olhando para ele, decorando os traços de cor indefinidas dos olhos dele e sorri, abertamente, amplamente, sinceramente e esperançosamente. E ele continuou quieto, ligou o carro de novo e, ao chegar na casa dele, pediu para a mãe colocar dois colchões na sala.
A gente dormiu escorado um no outro, quietos, sonolentos, sem nenhuma vontade real de dormir. Mas dormimos. E, ao acordar, com o Sol a nos esquentar na sala de estar dele, estávamos abraçados e ele me deu um beijo na testa, desejou boa dormida e me disse que ligaria para fazermos algo.
E me beijou à boca.
E me abraçou.
E me disse que era exatamente assim que ele idealizava naqueles cinco minutos iniciais.
E me beijou.
1 de novembro de 2009
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