21 de maio de 2008

As verdades de alguém

Quando as folhas caem no outuno, sabes o que eu imagino? Eu te imagino. E tu sabes como isso é doloroso, ver-te apenas em lembranças borradas pela tua indiferença e pela minha estratégica necessidade de ter-te por perto? Na verdade, é confortante no final.
Desculpe a quebra de expectativa, mas a verdade nem sempre é racional. Achei, depois desse tempo todo, uma maneira segura de encontrar-te sem me perfurar com indecentes dentes rasgantes de flor de pele.
Sei que estás a corroer-te por dentro para entender o porquê de folhas outunais e vou dizer-te. Não há motivos para esconder isso de ti. Tu mereces tal conhecimento, quem sabe assim não sintas metade da pressão que eu me impus?
Folhas de outuno são secas e sem vida. Amarelas e laranjas. E caem... sempre... e não voltam para a árvore. Uma metáfora interessante, hã? Tu, uma folha, e eu uma árvore. Ou eu todas as folhas, e ti sempre a árvore...
E isso é um conforto para mim. Tu nunca estiveste ao meu lado por tua parte de fato; era eu quem tinha de buscar-te, quem tinha de estar por perto para tu sentires a minha presença. E, Deus!, como a tua presença física era-me esfatiosa e ao mesmo tempo enervante. Doía assim como agradava.
Tu costumavas a ser um paradoxo para mim. Uma verdadeira personificação da dialética; tua tese e tua antítese. Ser e não-ser, sendo e não sendo, nunca podendo. Porém, tu nunca - nunca - se contradisseste em seus atos.
Eu era o errado ali, certo? Não era para tu estares ao meu lado. Eu te obrigava a isso. Eu impunha. Mas eu necessitava, lembras-te? Era algo que a minha alma clamava aos berros dentro de minha cabeça, consumindo-me em qualquer ponto de vista e atenção que eu pudesse dedicar a outra coisa. Não que tu sejas algo, pois foste a parte mais humana que tive em mim, mas, mesmo assim...
Quando as folhas caem no outono, imagino-te - e é a fantasia mais anuveada concretizada que não me doe.

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