31 de janeiro de 2011

Angel of a soul.

Ele olhou para ela e isso já foi muito porque há muito ele não olhava para ela e porque há muito ele não quis olhá-la. Mas o fez. A mesma. Uma nova. E lembrou-se do porque de não olhá-la... por causa do que se encadeava. A paixão. A raiva. A promessa (de nunca mais olhar para ela). Mas fazia tanto tempo que se perguntou se ainda seria da mesma maneira, se ela agiria em ciúme mais uma vez, em impulsividade.
Não.
A resposta seria não.
Um sorriso e seria o suficiente para o calor e o desnorteio. Um sorriso em sua direção, um sorriso para ele - e um sorriso surgiu. Apoiado com os cotovelos sobre o balcão do bar, suas costas endireitaram-se e os olhos, assustados. Se fosse um sorriso a outro não se importaria, tomaria-o para si e seria apenas seu.
A raiva. E ela o feriu. Feriu. Feriu.
- É ela?
Olhou, então, pela primeira vez, para a menina ao seu lado, aquela mesma em que ele escolhera para estar com ele. Pele morena, cabelos lisos em mel, olhos castanhos - e tão diferente dela. Não gostava daquilo, daquele contraste, porque não saberia escolher. Se a pele de marfim, as curvas mais acentuadas, cabelos ordenados em cachos revoltosos junto aos olhos tão expressivos, assertivos. Não saberia escolher.
- É.
- Você deveria contar a ela que nunca a esqueceu.
- Mas ela me esqueceu.
- Como pode ter certeza? Talvez ela tenha se apaixonado por ele sem nunca ter deixado de lado o que sentiu por você.
- Por que você está me dizendo tudo isso? Ela é a sua rival.
- Rival?! Como ela pode ser minha rival se em todas você procura ela?! Eu não quero me iludir e não quero você se iluda e me iluda. Você deveria falar com ela.
Ao sorrir para a menina à sua frente perguntou-se se sorria da mesma maneira que o Anjo em pele de marfim, e caminhou até este Anjo em uma coragem que nunca o acometeu antes. Sorria ainda. Ele e ela. Cabelos castanhos, diferentes dos dele. Olhos castanhos, naquele um ou dois tons acima dos dele. Boca vermelha. Nem dele. Nem de ninguém. Somente dela.
O que ela pensava? Na loucura em que eles estavam fazendo? Nele? No antes? Ou somente nele ali, agora, diante dela?
- Meu Anjo.
E ela sorriu apenas, sem xingá-lo, sem correr, sem perguntar. Apenas aceitou o carinho na maça do rosto e sorriu. E sorria para ele. Somente para ele e aquele sorriso era apenas dele.

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