A pose dela agora seria uma ótima fotografia, de solidão, de ócio ou até mesmo autismo, em sua definição social - e não patológica. Ela estava sentada sobre o colchão de casal dobrado, no meio daquela saleta sem muitos móveis, perto da bicicleta ergométrica inutilizada há anos, perto da imensa janela que se abria para uma minúscula varanda em um apartamento no 9º andar.
É, seria uma bela foto de solidão.
A Beautifull Mess tocando um pouco mais alto que as normas do prédio permitiam, os cabelos molhados, os cachos ainda a se formarem, o barulho da cidade atravessando os vidros da janela, um Sol tímido a se espreguiçar tardio às 10:38 da manhã de uma sexta-feira. E ela quieta, sozinha, diante da televisão desligada, diante do móvel da sala ainda um pouco limpo.
É, seria uma ótima foto de ócio.
O celular ao seu lado, quieto, como sempre deveria ser nesses horários, as pantufas vermelhas, pretas e brancas jogadas entre o móvel e o colchão, as pernas cruzadas, e o pensamento na aposta que graças a Deus não fizera na noite anterior e na liderança do campeonato brasileiro. Nem acreditava que em fração de minutos o Palmeiras laçou três gols contra o Goiás. Isso daria muitas discussões no próximo domingo...
Seria uma foto de autismo.
O mundo corria lá fora e ela nem ousava mexer as pernas para mudar de posição em relação ao fino e frio vento que adentrava a janela. E ela nem notara que a música terminou, que o vento aumentou e que o tempo passou.
Ela só está na inércia do domingo chegar para poder abraçá-lo.
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