Está chovendo, ela diz, olhando para o céu que ainda lança o primeiro pingo. Sempre chove, não é mesmo?!
Ela tem uma percepção diferente; é um tipo de ser humano que não vive das ações, mas do que entende a sua volta. Ela não precisa agir, apenas sentir, e ela sempre sentiu muito bem o meu humor. Os meus pensamentos. E o faz agora, de novo.
É como se algo maior adivinhasse que você precisa da chuva para sentir a sua nostalgia. Eu a olho e tenho vontade de bater naquele rostinho celestial. Por que você acha que eu estou nostalgica?! Estou ótima hoje.
Ela solta aquela risada para mim e eu fico sem graça. É sempre assim.
Você é muito bobinha... desde quando nostalgia é ruim?! Se você sente falta é porque foi bom, não é?! Não sei, respondo... Parece-me que sentir falta no hoje é sinal de que nada está bem, como se o passado tivesse sido melhor.
Ela ri. De novo.
Claro que o passado foi melhor! O passado você sabe como foi, mas no agora você não tem nem idéia de como proceder. Hoje você pode estar tão bem como antes só que ainda não sabe, porque isso daqui ainda é presente e você só vai entendê-lo quando for passado. E será este o momento o motivo das suas nostalgias futuras.
Eu deito no chão, com os braços apoiando a cabeça e sinto os pingos sobre o rosto.
Mas isso me soa como se eu sempre vivesse do passado, respondo.
Mas a gente sempre vive do passado. Não somos os presentes, mas o que fizemos no antes. Um prédio só é um prédio despois de construído, oras.
Fico quieta.
Sempre fico.
Sinal da nostalgia.
Deus sempre manda as gotas que você precisa. Ela diz, depois de um tempo calada.
Você acredita que talvez haja um Deus? Ela sorri. Eu saio ganhando acreditando. Se não existir e eu não acreditar, fico na mesma. Se não existir e eu acreditar, em nada a minha crença me afeta. Se existir e eu acreditar, saio ganhando. Se existir e eu não acreditar, saio perdendo. Na única hipótese em que perco é caso ele exista e eu não acreditar... por que escolher a menor das probabilidades se ganho em 75%?!
Mas uma dessas escolhas é se Ele não existir e você não acreditar.
Essa possibilidade não existe. Para que eu dizer que não acredito numa coisa se ela não existe mesmo? É um ciclo vicioso. É o mesmo que você sair por aí eu não acredito em cavalos roxos, de olhos grandes, com aspectos dragonianos e chifres de uma vaca. Todo mundo sabe que esse treco não existe...
E a chuva continua a cair.
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