26 de dezembro de 2014

Abaixa a sua bola que eu não caio nessas suas armadilhas.
Abaixa o seu nariz que as suas palavras sempre soaram camufladas para mim
- e,
por favor,
pelo seu bem e pelo meu,
não direcione qualquer julgamento.

Você não
tem nada haver com os fatos,
com as ideias e
nem direito algum de levantar suposições.

Não sei o que foi.
Não sei se foi assim,
se foi assado,
se foi Deus.

Não engulo,
não digiro,
não vou ser companheiro.

Ao meu lado não tem espaço mais.

Acabou
- e faz tempo.

Vire as costas
 e segue seu rumo
 bem longe de mim.

14 de dezembro de 2014

Deixe-me esclarecer uma coisa antes de continuar com essa falação toda:

eu fechei a porta.

Quando saí por ela, não a deixei aberta para que todos possam entrar e sair ou ficar parados no batente dela. Eu fechei. Ninguém sai. Tão menos entra - e já impossibilitei a terceira opção. E, para ser extremamente sincera, não fechei ninguém para dentro: deixei a todos do lado de fora, e ali permanecerão enquanto eu quiser.

Não deixarei ninguém invadir meu espaço e nem me forçar a sair dele. Eu prezo ele. Eu gosto. Eu protejo. Eu mordo. Luto com unhas e dentes e olhares malignos.


Ninguém entra, ninguém mais sai.

1 de dezembro de 2014

Dear,

tem todos esses pores do Sol que presenciamos.
(Cada qual de seu lugar.
Cada qual do seu).

Temos todas essas coragem, de correr um longe do outro,
nesse eterno pega-pega de olhos vedados.
(E vamos correr ainda mais,
porque minhas aguentam.
As suas são mais compridas).

O que faremos quando acabar?
O que será de nós quando nos alcançarmos?
O que seria de nós
se nada disso nunca tivesse acontecido 
(Necessidade)?

De desespero.
De um amor.
De um olho coberto (por uma árvore, um vento, um sopro e uma folha).
De um. Ao outro. Reto. Quieto. Casual.

Tem Sol aí?
Aqui tátudo iluminado.
Tátudo coberto de nós.

Vem aqui ver.

Ain´t nothing here to "all in"

Vamos fazer isso direito.

Você precisa deixar que eu entre, domine e te faça meu império particular. Não temos outra opção caso realmente queira que as coisas aconteçam de forma linear e correta. Você precisa me deixar tomar essas rédeas e, aí, você dorme. Deita a cabecinha no travesseirinho e dorme.
Eu sou o melhor para este cargo, e a frieza pode enxergar muito além. Vamos deixar a paixão de lado por um segundo e olhar somente os fatos, sem esse brilho excessivo da concorrência (que, verdade seja dita, me enjoa). Vamos analisar tudo pela probabilidade, aumentar a aposta quando for conveniente e sem causar qualquer expressão facial de euforia para não estragar a rodada.
Esse sorriso nunca é bom. Você precisa se despir dessa ansiedade e dessa vontade tempestuosa de querer ser sempre a mais limpa das verdades.

Isso estraga o charme.
Estraga a brincadeira.
Rompe as estratégias.

Seremos, a partir daqui, um único profissional, unidos e sob o meu comando.

Isso. Obrigado por me deixar entrar. Agora vamos às cartas.

26 de novembro de 2014

Doutor,
não vim aqui para fazer a triagem. Minha fisiologia anda bem, obrigada, então não é ela que me dói. Estou dando murro em ponta de faca e não enxergo os cortes. Estaria eu cega e me vejo do jeito que quero e não do jeito que sou? Dói cada vez, sabe, em que ando, respiro, visto e saio. Dói levantar. É, acho que é bem aí, nessa região do espelho em que você apontou.
Dá para fazer parar de doer?
Não sei qual o motivo disso tudo doer, nunca foi uma dor tão aguda como é agora, sabe? Ou seria já crônica? Acima de 40 dias já pode ser considerado crônico, não é? Então é; já é crônico. Se o senhor não cortar ou me der uma droga, eu vou cortar, entende? De uma maneira, ou de outra.
Acho que o senhor está pensando coisas erradas: não é uma tendência suicida. Não precisa alarmar a ala da psiquiatria. Na verdade, muito pelo contrário.
É tendência homicida.
Então... o senhor vai fazer parar de doer? Porque, cada dia mais, as facas estão ficando cada vez mais afiadas, Doutor. E dói, como dói, olhar o espelho através dos olhos e línguas dos outros. É fisiológico, eu acho.

12 de outubro de 2014

Te olho, te intimo.

For Love

Tem algo de muito íntimo no olhar sustentado. Significa, imediatamente, que vocês são focos opostos. Significa que, apesar de direções contraditórias, o caminho para se chegar até lá é o mesmo. E não se engane, garota, esse salto aí dentro do seu peito é o seu coração bombardeando mais sangue do que o normal. E esse calor e essa falta ar que não condiz necessariamente com o seu coração... tudo isso é resultado do interesse da troca daquele olhar.
Vá com calma, beba um pouco da sua longneck e respira mais fundo. O olhar durou o quê?, 5 segundos?? Não vamos pôr todas as fichas em 5 segundos. Desacelera esse coração e muda a direção do olhar - e tira esse sorriso do rosto e o rubor, por favor.

Vamos fazer isso como um especialista.

Vá dar uma volta, fingir que foi algo que às vezes acontece mas seu cérebro não gravou a informação - e pelo amordedeus, para de ficar virando a cabeça para trás para saber cada passo dele. Erga levemente o rosto e vá retocar o batom; não que ele tenha notado, mas ajudará aos outros repararem. Essa cor combina com você. Queremos que cada pescoço se dobre ao seu passar. Alinhe os ombros, passe as mãos sobre a saia do vestido e se olhe no espelho.
São ordens.
Faça-as.

Respire fundo mais uma vez e grave a sua imagem na sua mente: você é linda e está linda. São duas condições extremamente favoráveis. Você sai do banheiro de cabeça erguida e passando os olhos com cuidado sobre cada um, um leve indício de flerte, que seja, mas nada sério. Você apenas caminha.

E ele te olha. Mais 5 segundos e ele imprime a sua imagem na mente dele. O peso desse ato é o que está sobre as suas costas e depois o sussurro  bem perto do seu ouvido. Uma voz de timbre grave que te limita ao ato involuntário de engolir em seco sem o deixar perceber. Você se vira um pouco apenas para permitir que ele entenda que você sabe que ele está ao seu lado e sorri um pouco. Mas muito pouco. Só para ele saber que ele talvez tenha a sua atenção.

Ele se aproxima mais um pouco e toca a sua cintura. A mão dele é capaz de cingí-la e capaz de fazer essa corrente elétrica se expandir pelo seu corpo. Corpo. Parece que todo o seu corpo está te traindo porque ele revela todos os sinais de que sim, ele tem toda a sua atenção. Os dedos dele descobrem a parte nua das suas costas e ele os leva até lá para aproximá-la só mais um centímetro para sussurrar novamente ao ouvido e poder tocar a boca por um ínfimo momento perto do tragus.

Você vai arrepiar.

Eu sei disso.

Ele também.

E agora você.

Son of a bitch.

O calor sobe pelo seu corpo e atinge seu pescoço. Ele passa os olhos sobre os seus, sobre o seu nariz, sua face corada, e admira seu batom. Sua boca. O ínfimo sorriso desesperado que você solta, alegando que ele tem a atenção, a curiosidade e a vontade.
Lavo minhas mãos e te entrego ao modo operandus. Você passa a língua sobre os lábios, ergue a cabeça e se aproxima então do ouvido dele, e quando o faz, ele aperta levemente os dedos sobre a sua pele e com a outra mão tira seu cabelo do ombro e lhe beija o pescoço.

Outra regra: se entregue. Vá, faça, deixe.

27 de setembro de 2014

Compro os livros porque gostaria que fizessem isso com o meu se um dia isso vier a se concretizar.
Seja o nome, a sinopse, a capa, o meu nome. Leva ele com você: leia-o, guarde-o, mas leve, por favor. Eu levo todos. A maioria eu guardo, mas são meus.

Leva o meu para torná-lo seu também.

26 de setembro de 2014

Sobre "Encontro Marcado" de Fernando Sabino e Sobre o que eu não deveria ter lido.

Não deveria ter lido esse livro.

Pelo menos não nesse momento.

Me sinto tão como o Eduardo mas sem a epifania no encontro consigo mesmo. Talvez seja porque não cheguei nesse ponto ainda. Tô ainda aqui colhendo o fruto maduro e assistindo a todos os dias, perdendo as nuances das modificações, ele apodrecer em minhas mãos. Só o verei podre, sem saber como esse processo se deu.

Eu também fico a espera e fico inquieta achando que sou escritora e que entendo das coisas. Que coisas que eu vou lá entender?! Não me falem de comida e dieta, não me falem de política. Me falem de vocês, da vida - mas do que passou, por favor. Qualquer toque de entusiasmo pelo futuro também me enjoa.

O Eduardo vivia tudo muito rápido. Não que eu seja assim - eu não vivo. Sou expectadora, só fico vendo, sem participar. E eu tô falando da minha própria vida - e essa inversão de velocidade acaba nos unindo no mesmo ponto. Ele teve uma vida bem dificultada até onde nos é apresentado, depois eu não sei o que aconteceu. Queria fazer algo grandioso - ser grandiosa, ser capaz de simplesmente saber das coisas; ser capaz de simplesmente fazer as coisas. Processo de imaginação bem limitado. 

Eduardo tentou ser o filho pródigo, mas quando voltou, não tinha mais ninguém esperando por ele. Eu não sou o filho pródigo, nem saí! Nem coloquei o pé fora de casa, mas a inquietação talvez seja muito semelhante - semelhante a quase todo mundo mesmo anos depois. Sou só mais um jovem inquieto e mais um que vai acabar fazendo coisas que não quis. Bem infeliz.

23 de setembro de 2014

De repente o dia ter vinte e quatro horas ficou cumprido demais.
Não acaba nunca.
Ele se estende tanto
e mesmo dormindo
ele fica comprido.
E nunca                    
cumprido.


22 de setembro de 2014

Vai me cansando
escorrer entre os humores.
Driblar essa falta de emoção
- boa -
e reproduzir para escapar.
Reproduzo para blindar.
E cansa que a energia deveras
vem de dentro
e nunca de fora.
Se não explode no ímpeto
como há ser na superfície?
Me canso fingir que não me aflige
cada certeza; na verdade miragem.

21 de setembro de 2014

Se eu simplesmente colocar as palavras aqui... jorrar sem me preocupar com nada. Sentido. Ordem. Apenas escrever.
Felicidade demais é um o primeiro indício de que Tristeza chegará.
Não saia por ai dizendo que as coisas são fáceis e somos nós quem as tornamos difíceis.
Não digo por aí o que está aqui.
Difícil.

16 de setembro de 2014

Organização não era o forte dela e tão menos conseguir distinguir o que de fato era importante. Foi assim com o quarto, foi assim com os namorados. Simplesmente não possuía a habilidade de foco e importância, tão entrelaçados e fugitivos dos dedos dela.
Fugir de casa estava se tornando mais que uma decisão: uma movimentação sem fim de planejamento de um projeto que, até agora, se nada mais fosse somado a tudo aquilo, precisaria de um carreto.
E grande.
E, bem, fugir de carreto não é bem algo que se tem em mente - e não dá para sair na surdina com um carreto estacionado na frente de casa.
As roupas estavam dispostas sobre a cama, as bijus que precisaria, o cofre com as economias, os sapatos - por que mesmo precisava levar salto alto na fuga?! - os tênis, casacos de frio - um para cada tipo de roupa, e aquele de couro sintético definitivamente a deixava mais bonita, - o celular, o laptop, fotos, bolsas, agenda, hidratantes - afinal, só queria fugir de casa, e não virar uma mendiga!, - e a parte mais difícil: os livros.
Coméque levaria todos os livros? Poderia deixar os de história... mas gostava de vez em quando de lê-lo, ou quem sabe os de histórias juvenis - mas ela ainda gostava tanto! Os clássicos! Eram chatos, difíceis de ler, tão longos e... bufou. Tava tentando convencer quem com aquele argumento?! Pensou em outro plano. E se eu estivesse indo a um mochilão? O que eu levaria?
Levaria quase nada porque sabia que ia voltar para casa depois, onde todas as suas coisas estão... O que mais o carreto poderia levar?! E aonde manteria tudo aquilo? Caminho pecaminoso aquele, se continuasse por aquelas vias de raciocínio desistiria de fugir. E por que mesmo estava fugindo? Eita, este não é o foco! Estou fugindo e pronto! É uma decisão, e não resultado de um questionário. Mas e os pais? Os irmãos? Se fugir implicava sair sem avisar e sem saber por onde, como manteriam contato? Não os veria mais?
Hmm
Praticidade também não estava dentro de suas virtudes. Não queria fugir, só queria se esconder... ou viver de uma forma que não precisasse de decisões definitivas. Como fugir, como o que levar, o que deixar para trás... Dissuadiu-se. Ficaria. Levaria tudo consigo só que no tempo. As coisas caminhariam, então, juntas e desorganizadas e todas cumprindo suas significâncias.
E as pessoas: os pais estariam juntos com ela, fugindo pelo tempo sem perceber - afinal, viver é fugir. Você sai do tempo anterior sem perceber e quando viu o tempo posterior já é agora e que já fugiu.
Decidiu ficar.

2 de setembro de 2014

Seus 16 mais uma outra vez.

Você é jovem.
Muito jovem, mais jovem que eu - e eu me acho jovem. Então você pode até acreditar que pode se rebelar, chutas essa porra toda e preencher seu precioso tempo de pessoa mais jovem com o que bem entender. Só que não.
A vida não funciona assim.
Não podemos ignorar as responsabilidades de agora - que, veja, nem são tão pesadas assim - para fazer o que achamos que é o que a nós queremos. Caráter não se constrói só em atitudes para com os outros; se constrói também na soma diária de atitudes que fazemos por nós, e arcar diretamente com a nossas responsabilidades é um dos principais traços do alicerce do Caráter.
Você só tem uma responsabilidade séria na sua vida agora: estudar - e você nem precisa fazer outras n coisas como praticar o inglês, se dedicar a um time ou esporte, fazer outras atividades extra acadêmicas que tornam seu dia uma coisa quase sem fim. É só estudar - e se hoje você não tem interesse porque viu tudo antes já, a culpa é unicamente sua, e porque deu errado antes você tem a obrigação de dedicar ao dobro a isso tudo.
Você é jovem e acha que são os amigos a única coisa importante da vida, mas não. As partes importantes da vida são aquelas em que você faz de base para você mesma. Os amigos também são importantes, sim, mas analise: seus amigos conseguem administrar o tempo deles e nem por isso deixam você de lado.
Ser responsável não implica falhar consideravelmente com os amigos. Muito pelo contrário, porque amizade também é responsabilidade.

Desabafo.

12 de agosto de 2014

A verdade declarada, de muitos escondida e de poucos percebida, é que, da vida, uma só vertente petrificou. Se você corre na minha frente, vou querer te ultrapassar - e se não conseguir, nunca mais volto. Ser competitiva, e isso é uma mentira, faz mais mal do o contrário.

4 de agosto de 2014

Existe.
É forte assumir que existe porque existir requer ter plena noção de que a coisa é e está mesmo sem a minha percepção de que ela é e está.
Então
ela existe.
E ao criar a percepção e consciência,  transcendendo os sentidos e atingindo a consciência,
ela se torna grande.
Grandiosamente existe.

22 de julho de 2014

Grande De(sperdício)pressão

A imagem em si se perdeu, e o momento, as coisas, as vidas e tudo o que cercava aquele tempo já passado. Nada ficou. Nem o sentimento. Nem a lembrança. Nada. Triste? Não. É o que acontece. Mas uma coisa ficou, ficou aquela poesia de palavras bonitas que hoje são personagens avulsos, sem quaisquer vínculos com nada desse mundo. Personagens que foram criados, moldados, recortados e aperfeiçoados, sendo melhores que tudo que se possa existir. Que todos que existem hoje no mundo. Essa é a maior qualidade de um personagem; ele vai, com toda certeza, agir de acordo com a vontade do autor e de seu criador - sendo estes o mesmo - e uma completa incógnita para quem lê.

Criá-los e mantê-los apenas à mente é cruel.

8 de julho de 2014

Sobre David Luiz_4 e nada sobre a copa.

No Instagran e no Facebook, eu seriamente tentei controlar minhas palavras para não deixar muito pessoal e íntimo. Aqui, sendo meu blog, posso, eventualmente, escrever sobre assuntos meus.

David Luiz,

já escolhi ignorar cada palavra sua dita nas últimas horas, até mesmo aquelas em que todos ovacionaram. O motivo é tão simples que chega a ser banal ter de escrever: você, meu caro, não precisa pedir desculpas por nada. Você, David, não é culpado pela excelência da Alemanha em 2014. A culpa, se esta tem mesmo de existir e ser designada a alguém, não é sua, não é do colombiano, não é de seus companheiros. Para mim a culpa também não é do Felipão.

Simplesmente não foi. Os 7 gols tomado são consequências de uma outra coisa, de uma seleção que soube ler com maestria cada passo nosso e sabia de cor cada defeito. Acontece. Que sirva de aprendizado - heróis fazem isso, aprendem, amadurecem, aprimoram, aplicam. Você é um herói - e a prova disso é que criança gosta do herói. O mundo torce pelo herói. E o herói é bom.

Você, David Luiz, é um homem bom - inerentemente bom. O mundo inteiro viu seu caráter, sua personalidade forte, suas atitudes para sempre com o outro. Acho sim que são características de bondade, sem mencionar a sua grande gratidão para com Deus e para com todos. Se tem uma pessoa que merece todo o prestígio que essa copa trouxe é você - e você merecia o título, e, ao meu ver, levou um título de amigo. O grande amigo.

Não vou me lembrar de você chorando. Não vou me lembrar da sua mão batendo no peito em sussurros de desculpas. Gosto de você comemorando o gol, chutando a bandeirinha e fazendo um efeito na bola que ninguém soube como - gosto de você abraçando o Júlio BuzzLightyear César e batendo no peito dele dizendo que ele é o cara, e, a cena mais clara que mostra como David Luiz é: o respeito máximo pelo James Rodríguez. Gosto do David Luiz sendo David Luiz.

Genuinidade à parte, eu acreditei sim e defendi sim essa seleção. Me entreguei para esta copa e para estes meninos como há muito nunca fiz - então, esse grupo deve ter algo de especial por fazer pessoas que nem gostam de futebol assistir, torcer, rezar e jamais agourar o adversário, apenas esperar pacientemente para que todos caiam sozinhos em campo para que ninguém leve um cartão. Algo de muito especial.

Acho que todo mundo julgou muito mal ao esperar que cada um que entrasse em campo hoje fosse um Neymar. Que tolice! Só o Neymar Jr pode ser o Neymar Jr. Ninguém me perguntou qual jogador eu queria que predominasse... eu teria escolhido um David Luiz, um Júlio César, um Dante, um Barnard, um Oscar, um Marcelo... entende?! Um time não é feito só de camisa 10 - ainda mais em um time em que o camisa 4 carrega em si o dom de ser iluminado.

Espero que a torcida que vibrou e gritou não estigmatize a seleção, não finque marcas e nem imponha culpa em quem não têm. Espero sim ver você, David Luiz, aplaudido pelo mundo por tudo o "quem" é; espero sim que o Neymar seja o craque por muito anos ainda. Espero que a filhinha linda do Oscar veja no mínimo mais uma vez seu papai defender a camisa amarela como fez. Espero ver muito a cara do Marcelo em qualquer vídeo engraçado do youtube com a camisa amarela.

Eu espero você e os outros na próxima, completando o sonho de todos e jogando na final de maneira estratégica e tática como a Alemanha fez hoje.

Livres de qualquer promessa.

Espero.
 
fotos de @davidluiz_4

26 de junho de 2014

Eixo Focal

É que tem barulho, tem carro, tem Sol - Sol? É, Sol - e eu nem estou falando do que acontece lá fora, embaixo e e cima do prédio e sobre o que envolve o todo. Talvez sobre o Todo envolvente até seja, mas não externo. Não tem como sê-lo. É tão interno a necessidade de um chamado, um grito que ecoe na consciência mas que, por favor, não venha com o som da minha voz de pensamento.

Eu não gosto muito dela. Não parece como coisa séria, digna de atenção em momento críticos. O Sim e o Não. Estranho que a ordem natural da escrita seja assim - a probabilidade do acaso sempre coloca o sim antes do não no texto, um ímpeto de acreditar que somos tão corajosos? Falsa crença de que o Sim é sempre a Coragem? Que perda de foco, menina. É Não e Sim na cabeça. Sem relacionar a coragem de ambos. Quero fazer isso agora! E procrastina... em nãos tão bem camuflados que convencem.

A Voz diz que não, que deveria fazer, diz que os planos são ótimos. E o corpo diz que sim, vai dormir, vai esperar... a vida passar, as coisas acontecerem, o Destino vai aparecer. Se assim Ele o for mesmo. Se a Aleatoriedade bater à porta e à cara antes, bem, quem diria?! Teria sido a Voz avisando?

Acho que me perdi na linha de raciocínio do barulho, dos carros e do Sol. Sol? É, do Sol.

16 de junho de 2014

Sem(tido)

Você falava de sentido.
A mim soava como um rumo,
uma significância maior
sobre tudo o que éramos.
Pobre de mim,
que perdi a noção dos sentidos
- e não te vi,
não toquei,
não disse que te amei.

10 de junho de 2014

Nada a declarar enquanto me convir.
Não se tem criado
 - a cria foi embora.

1 de junho de 2014

Impossível não ser físico

Só estou pensando se se chegasse a hora para nós você por fim me permitiria o toque. Qualquer fosse este, em qual plano metafórico que lhe couber, mas se houvesse a permissão, esta também em qualquer situação, mesmo que sob hipótese ou mesmo teoria, se naquele instante menos um que antecede o ato, você não se arrependeria. Você seria capaz de se deixar sentir o tangível frise entre duas vidas que se colidem e liberam tamanha energia e de choque perfeitamente elástico? O impasse é que conservamos a nossa energia de movimento e jamais saberemos quem se aproxima de quem, quem repele quem e quem está parado na inércia. Afastamo-nos e aproximamo-nos em mesma instância, em mesma velocidade.

Somos igual a um.

Choques perfeitamente elásticos possuem
coeficiente de restituição igual a 1,
sendo que a velocidade de aproximação é exatamente
 igual a velocidade de recessão.
Em choques não perfeitamente elásticos,
as velocidades são diferentes.
Choque perfeitamente plástico é 
quando o coeficiente de recessão é zero
e as partículas não se repelem, ficando juntas.
(conservação de momento linear)



Sobre Arte, Ócio e Afazeres



Desenho você com cada detalhe em perfeição que te faço ganhar forma. Mas sem matéria, sem nada que me possa de fato dizer a respeito de como é ser - isso porque, de certa forma, veja, você é e não é. Não tem matéria, não é ânima, não tem nada para ser móvel. E, mesmo assim, me é tangível o toque e sentir como sendo parte de mim.
Desenhar você a cada noite, em cada olho fechado, é um passatempo rigoroso porque você tem que ser perfeito - o que acaba se tornando assustador quando surge alguma oportunidade para então fazer tudo isso real. Enquanto sonho e mente, posso ter todo seu controle, mas aqui, neste plano da vida, as variáveis não me pertencem e tudo tende a sair de um jeito exatamente diferente daquilo que se imagina.
Passo muito tempo te criando na minha cabeça que toda vez em que algo acontece, abrindo a mim a chance de dar a entrada verídica em você, algo dentro de mim se encolhe e se aperta.
Tudo tende a dar errado no mundo real, Futuro.

29 de maio de 2014

Adorando sem terminar.

... e você vai partir de novo. Sei que vai. Algo em mim não te prende por tempo suficiente para chegarmos ao ponto de precisarmos, em mesma instância, um do outro. A única constante da nossa condição sou eu lutando por um espaço em você. Ironia seja dita, o seu espaço está muito bem guardado em mim e ninguém há de se ocupar dele em outro momento. Demorei horas a fio para traçá-lo com cada sorriso que é seu e me deu sem pedir nada em troca. Ingenuidades à parte, deixe ao menos isso comigo quando for embora; deixe-me então com a sua mágoa, me abraçar e me envolver e ter-me envolto pela sua ausência. Deixe-me transbordar em saudade dentro do vazio que já está aqui, nadar, pular até que eu me canse - e promete uma coisa: volte quando então se cansar de lá; talvez o vazio seu aqui já esteja maior do que aquele ao seu molde, mas tenho certeza de que vai se encaixar perfeitamente a sua presença. Eu sei. Moldo tudo ao redor para encaixar você nesse mundo. Desculpa apenas por uma coisa, por não poder te encaixar na sua vida.

Mas volte."

24 de maio de 2014

ser
por ter
sem querer

bvollet

23 de maio de 2014

então, Vida, como será?

Estado de dormência
incumbida naquele ato
em que se nasceu.
De se ser então
aos olhos dos de fora
porque já se era
(ou seria apenas é?)
num correr dito linear
de todos os estados
do verbo ser.
Mas dizia-se sobre a dormência
porque assim se precisa estar
- permanecendo apenas numa única
condição do "estar".
Se está dormente para
no fim
dormir-se.

23 de abril de 2014

Então Maria também recebeu a notícia

Naquele tempo, quando os discípulos de Jesus recebiam a temível notícia de que o pastor então partiria e por traição de um deles, Maria estava longe. Longe de seu único filho que tanto vinha amando e rezando para que, então, o Pai o protegesse. Foi em meio a essas rezas e devoções que aquela figura mais uma vez se fez em sua frente.
- Fico feliz em te ver. A última vez me trouxe a notícia de meu filho.
Gabriel estava despido daquela imagem iluminada de um anjo, sem asas, sem manto. Apenas um ser de formas tão parecidas com a de um andrógeno. Ele, em suas vestes de pano de segunda, sentou-se diante da mulher e lhe segurou as mãos.
- Mulher, tive o prazer de anunciar que seria então a mãe do salvador. Um momento e tanto. E hoje fui escolhido para então dizer que seu filho enfim vai salvá-los.
Maria levantou-se de seus joelhos em extasia de alegria. Seu filho enfim cumpriria seu objetivo e poderia estar com ela! No entanto, ao encarar de perto as expressões de Gabriel, logo entendeu que sua presença ali não se tratava de uma notícia alegre - era algo a mais.
- Diga-me o que tem a dizer. Não fique em pausas.
- Maria... sou o anjo da guarda de seu filho.
- E o filho de Deus tem um anjo da guarda?
- Principalmente o filho de Deus, afinal, o que seriam todos vocês senão filhos dEle?!
- E o que faz aqui?
- Estar aqui com você não me faz menos presente com ele. Muito pelo contrário. Ele, como seu filho, merece ter a mãe ao seu lado nesse momento.
- Pelo amor de Deus, Gabriel_
- É por amor à Ele que estou aqui, anunciando, pela última vez.
- O que é? O que está acontecendo?
Maria não queria então se exaltar. Não queria olhar com tanto desespero para o Anjo e tampouco lhe segurar as vestes como se estivesse com raiva. Maria, antes de ser santa, antes de ser escolhida, era mãe.
- Jesus vai morrer nas mãos dos romanos.
Uma lágrima em forma de luz escorreu pelo rosto do anjo.
- Não. Meu filho não pode morrer, Gabriel, ele ainda tem_
- Choro pelo corpo, Maria. Mas guardo por sua alma para irmos juntos ao Pai. Só venho avisar para que você esteja lá.
- Deus vai matar meu filho?
Gabriel se levantou e enxugou as lágrimas da mãe amada com a manga de suas vestes.
- Deus vai estar com ele, sempre, como sempre tem sido. Quem condena Jesus são os homens. Ele sabe. Você deveria saber também. Seu filho ama a você e ama aos seus irmãos, e dará seu corpo para a salvação de todos.
- Ele vai sofrer?
- O corpo sim. A alma não. A alma de Jesus é livre de marcas. É cheia de luz. Vá e fique perto dele. Seu papel ainda não acabou.

Demorei muitos dias para conseguir escrever esse diálogo que me ficou na cabeça a Páscoa inteira. 

15 de abril de 2014

Classificação: Prioridade¹

Já roí as minhas unhas - e meus dedos doem. Já comi todas as comidas que não devo e as venho comendo por muito tempo. Já falhei comigo mesma algumas sentenças. Já pensei umas duas ou três vezes que a vida pode ser diferente.

Seria mesmo necessário? Se parar para pensar vejo uma constância: o topo e declínio contínuo. É difícil atingir o topo. Deveria ter ficado feliz naquele tempo e não ter desejado algo a mais. O mais está aqui comigo e ele não quer mais me deixar.

Seria mesmo então necessário? Necessário reviver tudo isso como um todo? A gente já passou por isso e entendemos como realmente é, tia... Vai continuar doendo, e dessa vez estamos agarrados numa ínfima esperança de que tudo mude. Não quero reviver isso. Foi doloroso para todos nós, e a saudade ainda é ferida aberta.

Não queria ter outra aberta pelos mesmos motivos, entende? Quero seu sorriso se propagando em positivismo e que isso seja a maior força contrária às células. Que as aniquile! Que as dissolva e que vão embora de nossa família para sempre. Que a senilidade atinja-nos contra o peito de forma fraca e que só a percebamos no final de todo o acúmulo.

Triste ficar adulto. Triste que isso nos venha contra o rosto com perdas. Perda do tempo para o ócio criativo; perda do tempo para atividades prazerosas que requerem paciência; perda do tempo das outras pessoas porque a vida tá acelerando.

Entendemos como seja. Não quero sentir de novo. Nem o acúmulo de absolutamente nada.

¹ referente à classificação de hospital no pa.

30 de março de 2014

Sobre as somas de algumas INconstâncias.

Mudar.

Mudar é estado de transição, nem com um pé aqui, neste agora e nesta realidade e nos velhos pensamentos, e nem com o outro pé, adiante, já no mudado e feito, já com outros pensamentos e outros sorrisos. Mudar é um estado transitório de somente estar com os pensamentos alinhados nos objetivos futuros.

E como é difícil alinhá-los e fixá-los. Como é difícil mantê-los naquela direção e sentido, sem nunca torná-los para o antes. É difícil concluir o estado de pé lá já pronto para o outro estar ali também. Quantas dúvidas das incertezas surgem neste pulo. Estar no ar à mercê de qualquer vento, de qualquer norte, sul... noroeste. Que és-te.

Tudo envolto no processo é difícil e muito vulnerável. Decidir, manter-se e concluir.

Hoje decido mudar (o que, pois, é um instante entre o agora e o mudar) e amanhã não posso saber - assumir qualquer questão ou certeza, pois mudo e mudo constantemente para qualquer vertente.

29 de março de 2014

More-na


Tem a menina que um dia aparece sem saber de onde, por onde e na sua frente ela está. E você a olha como se já a conhecesse, como se, em meio a multidão de iguais e diferentes, ela reluzisse diretamente para você. O que pode ser isso?

Resultante de energias de sentido e direção opostas que somadas encurtam a resultante, encurtam a distância, trazem mais concentração de energia para o ponto em comum no meio de ambos. Resultado da vontade utópica dela de querer ser vista; vontade sua de um dia querer ver alguém.

Preencha então seu peito com luz.

Preencha seu peito com a luz dos olhos dela e deixe essa luz propagar-se e disseminar-se para todos os lados. A menina pode te ver como ela sempre te viu entre tantos. Você não a via.

Estenda a mão e agarre. Essa menina então mulher é parceira na mesma ânsia criativa necessidade que te envolve desde quando se assim pensou que deveria ser. Ser o quê?, pergunta agora sem entender. Ser o ponto de congruência de todo um universo de retas paralelas de realidade para um ponto de vista de uma pessoa num ponto de um espaço e tempo.

Agora você tem certeza de que todos os seus eus, em todos os universos, todas as realidades têm a ela. A mesma de qualquer maneira.

A paciência e a espera, tolerância e esmero a trouxeram até aqui neste hoje para você. O seu eu de hoje está pronto para encontrá-la.

Encontre-a.

Segure-a.


Diga.

Foto: Piracicaba, 22-11-13
Isensee e Sá, M.
http://www.flickr.com/photos/forfunfotos/11341016236/in/set-72157638611361056

1 de janeiro de 2014

então me abraça forte e diz mais uma vez que já estamos distante de tudo¹


Somos tão jovens, você me dizia, somos jovens para o mundo, para o futuro, e na minha cabeça podia ouvir a sua voz soar "somos jovens para nós".
O quão jovens poderíamos ser para não conseguir saber o que éramos nós dois juntos? correr para lados tão opostos talvez fosse o primeiro indício. Você sempre tinha os pés apontados exatamente para longe dos meus. nunca sonhamos um único sonho juntos.
Tornamos grandes jovens tão separados que hoje penso que se somados teríamos nos diminuído. sabedoria da vida que nos bate à porta quando estamos de partida. quantas partidas tivemos? Amizade? Partiu-se Você? Foi-se. Eu?
Não sei. só sei que éramos jovens e aquele tempo, aquele vento, aquele sol, nada nos bate mais à cara como lembrete de que éramos tão únicos e aqueles dias os últimos.
Partimo-nos. Em dois.
¹Tempo Perdidos, Legião Urbana