26 de setembro de 2014

Sobre "Encontro Marcado" de Fernando Sabino e Sobre o que eu não deveria ter lido.

Não deveria ter lido esse livro.

Pelo menos não nesse momento.

Me sinto tão como o Eduardo mas sem a epifania no encontro consigo mesmo. Talvez seja porque não cheguei nesse ponto ainda. Tô ainda aqui colhendo o fruto maduro e assistindo a todos os dias, perdendo as nuances das modificações, ele apodrecer em minhas mãos. Só o verei podre, sem saber como esse processo se deu.

Eu também fico a espera e fico inquieta achando que sou escritora e que entendo das coisas. Que coisas que eu vou lá entender?! Não me falem de comida e dieta, não me falem de política. Me falem de vocês, da vida - mas do que passou, por favor. Qualquer toque de entusiasmo pelo futuro também me enjoa.

O Eduardo vivia tudo muito rápido. Não que eu seja assim - eu não vivo. Sou expectadora, só fico vendo, sem participar. E eu tô falando da minha própria vida - e essa inversão de velocidade acaba nos unindo no mesmo ponto. Ele teve uma vida bem dificultada até onde nos é apresentado, depois eu não sei o que aconteceu. Queria fazer algo grandioso - ser grandiosa, ser capaz de simplesmente saber das coisas; ser capaz de simplesmente fazer as coisas. Processo de imaginação bem limitado. 

Eduardo tentou ser o filho pródigo, mas quando voltou, não tinha mais ninguém esperando por ele. Eu não sou o filho pródigo, nem saí! Nem coloquei o pé fora de casa, mas a inquietação talvez seja muito semelhante - semelhante a quase todo mundo mesmo anos depois. Sou só mais um jovem inquieto e mais um que vai acabar fazendo coisas que não quis. Bem infeliz.

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