Ela odiava quando o tempo não estava nublado porque odiava estragar um dia tão lindo como aquele com conversas desse tipo. Ele não a tocou em nenhum momento, e nem a cumprimentou com um beijo na boca. Apenas disse oi e sentou-se ao seu lado e esperou.
Ela teve de respirar fundo, procurar a palavra certa para começar e até cogitiou a possibilidade de uma introdução rápida, com fatos marcantes em ordem cronológica. Ou talvez devesse começar com a sua linha de raciocínio, explicar algo sobre coerência e correspondência, ou apenas dizer como acreditava que era.
- Seguinte. - Obviamente aquela não era a palavra certa e nem algo que se espera por um introdução. Mas ainda assim era a melhor opção do que ficar ordenando os pensamentos em sua cabeça e não pronunciar nada. - Eu não quero ter de jogar com você. Não quero ter de conquistar fazendo coisas que eu jamais faria. Eu só queria poder ser a mim ao seu lado... se sou neurótica, se sou detalhista, uma perfeccionista sem causa, se pego muito no seu pé, se todas as minhas ações te parecem algo que talvez não seja, eu não posso pedir desculpa por isso. Eu gosto de explicar tudo, de expôr o modo como penso, o que acredito e o que espero. E eu sempre espero muito, de qualquer um. E essa sou eu. Não sei nem conquistar a ninguém e tão menos manter alguém. Sou insegura. Acredito em mensagens subliminares. Em interpretações de ações e palavras. Em mudança de comportamento e, sim, eu presto muito atenção em você, no modo como fala, nas palavras que você escolhe, no tom da sua voz, na frequência do uso de determinadas palavras, se me olha nos olhos ou não, se você se aproxima de mim, se escreve BEIJO ou bj nas mensagens... e tento encontrar sinais de que sente a minha falta da mesma maneira de que sinto a sua.
Ela respirou fundo depois de expôr tudo aquilo atropeladamente e tentava guardar exatamente a expressão dele.
Na verdade, a falta de qualquer expressão e ação dele.
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