30 de abril de 2008

As cores de todas as cores

Ela queria uma cor; uma única cor que pudesse se destacar diante das outras, roubando a visão e chamando atenção. Uma cor que rimasse com os "as" e com os "is", que fosse mais que um reflexo, mais que uma diatância. Um tom diferente que significasse mais que uma luz, mais que um efeito.
Uma simples cor que não fosse de efeito físico.
O que na verdade ela ansiava era pela cor que pudesse realmente se identificar com o que a repulsou, que tivesse, em sua íntegra, alguma significação que a tornasse única. Ela apenas esperava pela parede de cor sem nome, pela repetição antes não percebida. Ou apenas uma refração que fosse etérea.
Ela queria ver uma coisa que seus olhos não pudessem se enganar, que suas mãos pudessem mais que tocar. Tudo o que ela queria era ver. Talvez possuir, talvez guardá-la dentro de si. Protegê-la. Uma cor que fosse de algo porque este queria tê-la para si, para ser identificado por ela - e que até exalasse o odor dela.
Que fosse azul. Que fosse rosa. Que fosse amarelo. Que fosse a cor dos olhos nunca vistos. Ela queria uma cor, mas que jamais fosse o preto que não a permitia ver.

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