Era de noite.
Ela segurava abolsa numa das mãos e caminhava firme diante de mim. O vestido de frio xadrez, os cabelos alisados, pretos, brilhantes, a bota até os joelhos fincando contra o asfalto com agressividade.
- Espera! - Gritei e ela parou e permaneceu de costas. - O que foi? O que pode ter mudado no espaço de quinze dias?!
Ela tem belos olhos. Não que sejam azuis, verdes, cor de mel ou extremamente pretos. Não. Eram castanhos. Significativamente castanhos. Inquisitores. Intimidadores. Tão seguros de si. Tão verdadeiros - e tão mentirosos.
Ela é tão branquinha, e no frio aparenta ficar ainda mais. E eu a olhava e não sabia se era ódio ou tristeza aquilo dentro dos olhos dela - os mesmos que diziam a respeito daquele segurança. Só vim a descobrir que essa segurança pertence à armadura dela, porque ela é lindamente insegura.
- Eu só não quero mais.
A voz dela estava fraca, mas não soube analisar se aquilo era falha na demonstração de suas verdades. Se aquele tremer na voz queria dizer que ela estava mentindo.
- Você não se importa comigo. Não sente a minha falta e nem pensa em mim. - Ela se manteve a dois metros de mim e não movimentou nenhuma parte de seu corpo. Mas seus olhos brilhavam. E não eram pelas verdades. Pelas lágrimas contidas.
- Eu...
Pelos verdadeiros sentimentos por mim.
- ... não sinto mais a sua falta.
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