7 de junho de 2010

Distinta(mente)


















Ela era lindinha - assim mesmo, no diminutivo, mesmo que nada nela combinasse com inhos. Tinha os cabelos castanhos avermelhados, os pés a balançarem no ar e o olhar preso no chão de concreto. Ela gostava de sentar-se no encosto do banco da praça para poder pender os pés, e gostava também de Caio Fernando Abreu e de sorvete de castanhas, além de tequila, água sem gelo e de marrom. A pele pálida pela dieta mal formulada, mas tão branquinha, tão branquinha que ele só conseguia imaginá-la daquela maneira: branquinha, pálida, lábios avermelhados e aqueles dois tons de marrons nos olhos.
Lembrava-se quando a conheceu e de quando, pouco a pouco, foi descobrindo ela. O vegetarianismo, a filosofia, o ciúme, a psicóloga. Chamou-a de neurótica por muito tempo, por aquela estranha mania de achar que havia diferenças no modo de escrever uma mensagem no celular (para ele, não havia. Com ela, sempre houve), ou de sempre se desculpar quando discutiam ou pelo estado de aflição que entrava quando achava que ela havia feito algo de errado.
Ela era cômica ou extremamente trágica. Ou extremamente neurótica.
No começo, acreditava que ela fazia o que gostava e que se dava bem naquilo, naquele curso. Com o tempo, percebeu a insegurança, o medo e a aflição de estar em algo que ela não sabia se gostava, não sabia encontrar meios para se dedicar e descobriu que ela sofria por não saber o que fazer em relação a tudo aquilo. E sofria por ele também, por causa da insegurança, da quietude que dizia ela tanto gostar e prezar nele, pelo ciúme, pelas incertezas... Ela sofria, mas sorria - e ele não entendia isso nela. Sempre tão bem, tão sorridente, tão solícita a todos.
Ele encontrou nela uma personalidade melancólica e tão viva, um oposto interessante que ele descobriu ser necessária a ajuda da psicóloga. E ele notou que encontrou nela um abraço de carinho, um beijo de saudade e um olhar que a condenava, um olhar que dizia tudo.
Até o que ela tentava esconder.




- O que é o amor?
- Você.





E ele encontrou nela as respostas para suas perguntas.

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