25 de janeiro de 2010

se fosse

A gente estava brigando. Como sempre. Nunca conseguimos passar um único final de semana sem brigar, discutir ou magoar um ao outro. Nunca conseguimos apenas sorrir e ficarmos felizes pela companhia um do outro... Na verdade, comigo sempre foi assim. As brigas eram sempre pelos mesmos motivos; a ausência dele, as minhas saídas noturnas, as negações dele, os pensamentos complicados meus, os olhares de soslaio dele para outras, meu desinteresse para com seus assuntos.
O assunto era sempre o mesmo. Ele e eu.
E naquela noite jamais seria diferente. Ele me acompanhou até o meu carro bufando de impaciência, e eu batendo meus saltos com força contra o asfalto - à frente dele. Sabia que continuaríamos a discutir assim que eu parasse para procurar a chave dentro da bolsa. Ele estava bravo por eu não ter contado onde estaria, e eu, brava por ele ter me ignorado. Nem ao menos um oi!, pensava enquanto adiantava o processo da busca da chave.
Você sempre faz isso!, ele por fim me disse quando me deparei com o carro. Você sempre sai andando com pressa na minha frente para evitar o que você sabe que vai perder.
Talvez fosse verdade. Talvez eu sempre perdesse em nossas discussões, mas sabia que a culpa não era minha, mas dele, por não compreender exatamente o que eu dizia.
Que tal a gente não brigar hoje? Você sai com as suas amigas, se diverte, eu me divirto com os meus amigos e amanhã a gente fica junto, sem brigas? Ele aproximou de mim e começou a fazer carinho em meu rosto. Eu gostava dele deste jeito, dessa maneira calma e serena que me conquistou no mesmo instante em que conversamos pela primeira vez. Gostava daquelas maneiras cuidadosas e apaziguadoras dele, gostava daqueles olhos castanhos de mesmo tom que os meus, gostava daquele sorriso largo. Gostava dele. Muito.
Por que brigar nesta noite em que estrelas brilham tanto para nós?! Ele já estava bem diante de mim, respirando a minha aspiração, podendo até sentir o nó em minha garganta pelas palavras que sairiam sem pretensão,...
Elas não brilham.
Elas queimam até morrer.
... sentindo a minha dor em não aguentar gostar tanto dele e não poder mais lidar com isso.

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