Entregaram em tua casa a carta de um juramento de amor eterno. Uma única linha com garranchos bem corridos declarando, sem desvios, que jurava eternamente amar-te por condições possíveis e inexistentes.
E tu, pobre criatura, creditaste em cada letra junta.
Mas amar não é uma carta, não é uma escrita. Tão menos uma carta jogada - abandonada, esquecida, caída - no quintal de tua casa naquela maldita tarde que te deu todos os sonhos que sempre julgaras supéfulos, ilusórios, mediocres. E tu hoje vives numa ilusão. Não sabes qual, não sabes como, apenas que vives, nadas, afundas.
E imerges cada vez que relês a carta, cada vez que depositas tuas inergúmenas esperanças em garranchos estranhos. Tu nem ao menos conheces o remetente e já estás a cair de amores por ele.
Todos os dias estás a sorrir de orelha a outra sem dizeres o por quê. E não precisa; todos já bem sabem o tamanho de teu mundinho criado. E riem. E gargalham - alguns até sentem pena. E isso é o mais perto que terás de algum sentimento nobre.
Ninguém te ama. Ninguém te amou. Não há juramentos, não há verdades para ti. Essa foi a carta que perdeu o rumo em teu quintal, que juropu amores por alguém que nunca saberá o que isso realmente significante.
Tu não és a pessoa que recebe amores.
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