Eu tô meio bêbado sim, e devo dizer que nunca te vi mais linda. Essa mistura dos pontinhos reluzentes das luzes dos postes com o contorno do seu rosto, e eu sei que você sorri agora ou está rindo de mim e, na verdade, tanto faz. Que seja para ou de, não me importa, desde que seja eu o foco.
Por mim, sentava aqui mesmo no meio fio, tirava meu casaco, estendia na calçada para que então você se sentasse. Ficava aqui, percebendo o chão se inverter e a cabeça doer, com você sentada ao meu lado dizendo que me leva embora. Sim, linda, eu quero ir embora. Vamos então? Mas, toma! Aqui tá a chave do meu carro. Não me importo que você o dirija, você faz isso com tanta delicadeza que prefiro só te olhar, mesmo que jogado no outro banco. Estou apenas meio bêbado, querida. Ainda posso andar sozinho, pensar sozinho e conversar com você - só que eu quero apenas te olhar por esse resto de noite. Você abaixo o som da música, deixa quase ambiente, e ainda cantarola baixinho e eu finjo que é para mim. Te pergunto aonde você está me levando, se vai me sequestrar e você ri, diz que está indo para minha casa e que jamais me sequestraria. Que coisa, adoraria sumir por esse mundo com você. Me leva, linda? E eu tenho o dom de te fazer rir de madrugada. Que dom mais único, porque seu senso de humor é muito diferente do meu. Tão alto, tão elevado. Você ri de coisas trágicas, de sarcasmos, de entonações diferentes, mas não ri do que eu falo quando sóbrio. Seria esse o motivo de eu beber? E você diz que eu bebo por convenção, não porque eu gosto de vê-la assim, tão relaxada ao meu lado. Seus dedos longos me chamam atenção, sua unha esmaltada em preto brilha em cima do volante. Pára, eu te peço. Pára, vamos parar aqui, vamos andar na rua, vamos sentir o frio da noite, vamos? E, para a minha surpresa, você estaciona o carro e diz que sim. Eu abro a porta e me ponho de pé, praticamente são, porque esse momento, minha linda, eu quero sentir e guardar. Você vem até mim e eu estico a mão. Quero andar de mãos dadas contigo - coisa que a gente não faz em público. A gente não dança, a gente não se olha, não se beija, não se toca. Eu só queria poder andar de mãos dadas às suas quando bem quisesse, e - dita essa verdade bem alta - eu quero a todo momento. Você aceita e a gente anda... Caramba, menina, você me faz feliz demais com tudo isso.
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