Pai,
lembra de quando eu era pequenina e pedia para o senhor me contar as histórias antes de dormir?! E, sabe Deus o por quê, adorava aquela história do pequeno polegar. E gostava da hora da judiação, com o Danilo e o senhor vindo até mim para me fazerem cosquinhas... e era uma sessão de tortura na verdade. Eu lembro de quando acordava onde hoje é o seu quarto e lá tinha uma tv, uma cômoda, uma cama e um berço. Achava aquele quarto enorme, achava a sala enorme, achava o box do banheiro uma piscina.
A minha imaginação naquela época era enorme, com não só um amiguinho imaginário, mas 3, todos eles com variações de "nomes" de stinck (stink, stonk, stank). O Stink era o bobinho e eu gostava dele, mas fazia de tudo para que ele percebesse o quão bobo era. O Stonk era maldoso; não gostava dele, mas me ajudava nas brincadeiras contra o Stink. O Stank aparecia só de vez em quando e nem participava muito das brincadeiras.
E a minha imaginação era de fato grande.
E eu era muito pequena.
E aí eu cresci, cresci tanto que ocupei no físico parte da minha imaginação e do quarto, box e o berço nem mais está aqui. Mas tudo bem.
Tudo bem mesmo.
Cresci e ainda estendo a mão para o senhor me ajudar a atravessar a rua em segurança - e como você me ajudou! Atravessamos certinho, de um lado para o outro, juntos. Você me disse que eu poderia ir, colocar o primeiro passo na rua e, cuidadosamente, atravessar. Eu fiz isso, pai, você se lembra?! Atravessei e por muito tempo fiquei parada no meio da rodovia à mercê do trânsito, de fluxo inconstante, de mão dupla. Chamei por você e você já estava do outro lado.
Não por negligência. Você me ajudou até ali, não é?! Agora eu teria de continuar sozinha, mas não importa para onde, porque você sempre estaria um passo à frente para me guiar. E eu te chamei e você me estendeu a mão lá da outra sarjeta. Olhei para os lados e tive segurança para terminar. E eu terminei.
Discutiremos muito quanto a demora da travessia, da quantidade dos carros e como a calçado do outro lado não possui a melhor topografia. Mas tudo bem... está tudo bem, pai. Posso falar de muitas coisas sem qualquer propriedade, mas sempre falarei para você.
Dos planos que você traçou quando me viu pela primeira vez eu não sei, porém, te digo com firmeza que os meus planos agora estão sendo traçados por mim de novo - e desta vez eu prometo que são pra valer.
Obrigada por me deixar desistir quando não tinha mais como prosseguir.
Com carinho,
Sua Filha.
Lindo, Bru! Parabéns!! bjoca
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