24 de dezembro de 2012

Sobre os Pandas e Nós

Eu acho incrível, de modo conotativo, várias coisas, mas, em particular, o Urso Panda.
Acho incrível que haja nesse mundo um urso desta maneira, que não passe medo e que encha os olhares de carinho, que nos encha de coisas boas e aquela vontade de abraçá-lo e fazer "owwwwwn" várias e várias vezes seguida.
Acho incrível esse sentimento de benevolência que um urso possa causar no humano, porque o Panda é um dos poucos animais capaz de fazer isso depois de deixar sua fase filhote. E, ao pensar sobre isso, algo aqui em mim fica triste.
Meu pai às vezes diz que acha um absurdo que o homem cuide melhor de uma outra espécia que a sua própria, deixando ao relento crianças famintas e homeless. Eu acho a condição de deixar a própria espécie em estado degradante um absurdo, sem precisar da comparação. Mas não acho um absurdo pessoas que realmente se importam com outras espécies, que faça da sua vida um meio para tentar salvar e preservar, por exemplo, os pandas.
Fico triste que hoje seja assim, o homem em primeiro plano e depois os outros seres, como se houvesse a necessidade de cuidarmos apenas da gente e não se importar com os demais. Me dói o coração pensar naquelas famílias que adotam um cachorro e esquecem dele, abandonando-os. Acho sim que devemos pensar em nós, mas, em mesmo nível pensar naquele gato, cachorro, passarinho, peixe, tigre de bengala, mico-leão-dourado, baleia azul... Devemos pensar no nosso eco.
Na altura em que nos encontramos, não deveria haver palavras como "conscientizar". Já deveríamos estar conscientizados. Já deveríamos ser propícios a pensar no outro como parte de nós mesmo, porque assim é a natureza, tudo integrado, tudo encaixado, o imenso quebra-cabeça da perfeição.
Me deixa triste ser ovolacto-vegetariana e não vegana. É uma covardia de minha parte. Conheço todas as maldades, conheço todas as situações, e acho covardia minha. Me deixa triste não ter meios para adotar um puppy, não ser mais ativa nesse meio, não pensar nos pandas todos os dias.

Este post era para falar da grandeza de um urso panda, e terminou por ser da minha tristeza em tantas coisas que acho que não está certo neste mundo. Mas acho incrível os ursos pandas, eles são lindos, pelos sentimentos que eles me causam e não apenas pelas aparência dele.





7 de dezembro de 2012

interesting point

E, de novo, terminou o primeiro ano. Engraçado como as coisas são: o primeiro primeiro ano, agora, me aprece jamais ter acontecido. Será que é assim mesmo, que é verdade que as coisas ruins realmente parecem nunca terem de fato acontecido?

Mas passou. Os dois. E ano que vem serei veterana, novamente, e o serei ainda por muitos longos 4 anos. Bons 4 anos. Aprecio que este curso seja assim, meio longo, porque, daí, quando chegar ao fim, não me soará como se nunca tivesse acontecido.

Porque a premissa ali em cima é verdadeira, e sua conclusão só pode ser verdadeira. Isso eu aprendi quando era veterana e me ajudou muito em muitas construções textuais.

E me ajudou na vida também.

O que é bom prevalece, de alguma forma.

Bonito 2012.

12 de novembro de 2012

Todos Vigaristas

É triste.
Uma porção destas coisas, na verade, é de fato triste. É triste perceber que uma entidade que visa o conhecimento e que proporciona milhares de artigos científicos para o mundo acadêmico seja simplesmente ferro e fogo e que deve ser assim, quem não for de acordo, será cortado, perdendo laboratório, aulas e até recebendo propostas para se aposentar mais cedo.
É tudo muito estranho porque a ciência possui divergências de pensamentos, e, agora, parece-me que todos querem coagir para uma única linha, sem perceber o incrível feito com todas as possibilidades.

E tem uma série de fatores que me entristecem. A falta de cirticidade e a falta de capacidade de poder compreender uma opinião diferente da sua, e a ignorância do conhecimento e das coisas de tudo.

Acho que fiquei velha - ou crente demais que um ponto de vista possa ser exposto tranquilamente, independente se você realmente acredita naquilo ou não. Eu entendo o lad dele, entendo mesmo, e me sinto comovida - mas não é o que tenho para mim. Mas eu compreendo e dou a ele todo o suporte para se expressar, afinal, posso não concordar com o que você diz, mas lhe doou todo o direito de dizê-lo (ou algo muito semelhante a isso).

Não dá ara ser assim, tudo no é ou não é. Porque se for, sempre o é, mas se não é... nunca haverá questionamentos.

É extremamente triste.
a um professor da USP-RP,
que nos disse que biólogos moleculares
são vigaristas

20 de setembro de 2012

Meus heróis morrerem de overdose

- Eu vou morrer?
- A sua última aventura, meu querido. Como haveria de não ser? Você é inconstante, cheio de mudanças e vai fechar todas as suas variações com a mais dramática e oposta a tudo! É sua última trnasformação, sua última maior aventura de todos os tempos. Como haveria de não ser? Os bons se vão cedo como forma de eternizar... e você, garanto, já se eternizou há muito tempo. Agora é apenas aquela segunda chance que todos têm: sua segunda chance de se radicalizar.

Ao Cazuza

18 de agosto de 2012

canção de ninar

Agora será um alívio saber que não será você mais o motivo de todos os meus choros. Não será você, será esse meu sistema nervoso autônomo que através das vias eferentes do simpático e parassimpático formará e secretará cada lagrima de mim, respectivamente.E nunca mais em minha vida, será você.

*estudando fisiologia do sistema nervoso e me vêm essas coisinhas :D

10 de julho de 2012

Acho que o amo demais, mas num tanto que agora é irreversível.

9 de julho de 2012

oxigenious

by Gregory Shelukhin & Tanya Rudenko
Você me disse uma vez que não chorava. Não sei por que não chora, não me importa ou incomoda. Chora quem quer, e assim se seca também. Todos possuem almas, e almas extravasam de vez em quando e de vez em nunca a sua não o faz, pelo visto. Ouvi apenas dizer, como numa fofoca, como nuns burburinhos, vindos todos da sua boca, mas apenas ouvi dizer, numa roda-roda de conversas e pinturas.
Tem gente que é feita de aquarela e esta só se pinta com água. Águarela.
Acho que você não do tipo que se pinta, deve ser daqueles exemplares sem cores.

Deste jeito você nunca terá uma edição de luxe.

4 de junho de 2012

not like it

Será que todos já tiveram aquela sensação de queria ser diferente?!




[quisessem que tivesse sido apenas assim; um vento que dá leveza no olhar e leva longe, mas pode trazer de volta. e quiseram tanto que não foi e não será. não se pode mudar. o vento foi forte e estragou tudo. metaforicamente. ou não. é dispersão. nada tem haver com nada. talvez seja o egoísmo. e que olhos fossem para sempre dela. ou melhor. que tivessem sido somente dela. o medo traz pesadelos. e nem são à noite. são constantes. iniciantes. não se pode condená-los. insegurança. os olhos dos outros são serpentes. às vezes trazem junto a tentação. não se deve tentar ninguém. mas pode acontecer. aparece uma flor e aí se venta mais forte mudando um rumo. não querem mudanças de rumo. e o que não se quer se é temido. é dispersão. não tem metáfora. por quê? não há conexão com absolutamente nada. fecha a cara. não se quer. ao contrário]

7 de maio de 2012

beautifull Weasley girl

Os nossos mundos eram paralelos, mas retas paralelas se encontram no infinito. E somos hoje o infinito.

(Potter, J.S.)

a sweet kind of perception

Pai,

lembra de quando eu era pequenina e pedia para o senhor me contar as histórias antes de dormir?! E, sabe Deus o por quê, adorava aquela história do pequeno polegar. E gostava da hora da judiação, com o Danilo e o senhor vindo até mim para me fazerem cosquinhas... e era uma sessão de tortura na verdade. Eu lembro de quando acordava onde hoje é o seu quarto e lá tinha uma tv, uma cômoda, uma cama e um berço. Achava aquele quarto enorme, achava a sala enorme, achava o box do banheiro uma piscina.

A minha imaginação naquela época era enorme, com não só um amiguinho imaginário, mas 3, todos eles com variações de "nomes" de stinck (stink, stonk, stank). O Stink era o bobinho e eu gostava dele, mas fazia de tudo para que ele percebesse o quão bobo era. O Stonk era maldoso;  não gostava dele, mas me ajudava nas brincadeiras contra o Stink. O Stank aparecia só de vez em quando e nem participava muito das brincadeiras.

E a minha imaginação era de fato grande.

E eu era muito pequena.

E aí eu cresci, cresci tanto que ocupei no físico parte da minha imaginação e do quarto, box e o berço nem mais está aqui. Mas tudo bem.

Tudo bem mesmo.

Cresci e ainda estendo a mão para o senhor me ajudar a atravessar a rua em segurança - e como você me ajudou! Atravessamos certinho, de um lado para o outro, juntos. Você me disse que eu poderia ir, colocar o primeiro passo na rua e, cuidadosamente, atravessar. Eu fiz isso, pai, você se lembra?! Atravessei e por muito tempo fiquei parada no meio da rodovia à mercê do trânsito, de fluxo inconstante, de mão dupla. Chamei por você e você já estava do outro lado.

Não por negligência. Você me ajudou até ali, não é?! Agora eu teria de continuar sozinha, mas não importa para onde, porque você sempre estaria um passo à frente para me guiar. E eu te chamei e você me estendeu a mão lá da outra sarjeta. Olhei para os lados e tive segurança para terminar. E eu terminei.

Discutiremos muito quanto a demora da travessia, da quantidade dos carros e como a calçado do outro lado não possui a melhor topografia. Mas tudo bem... está tudo bem, pai. Posso falar de muitas coisas sem qualquer propriedade, mas sempre falarei para você.

Dos planos que você traçou quando me viu pela primeira vez eu não sei, porém, te digo com firmeza que os meus planos agora estão sendo traçados por mim de novo - e desta vez eu prometo que são pra valer.

Obrigada por me deixar desistir quando não tinha mais como prosseguir.

Com carinho,
Sua Filha.

2 de maio de 2012

From Jammie.

Muitas coisas não serão entendidas por nós. Eu não me importo, Dominique. Não me importo de viver ao seu lado no buraco do desentendimento, porque, afinal, para quê desfazer?! Entender é consertar, colocar no eixo, pôr em cronologia o antes e o depois, e, quer saber?!, entre a gente não há nada disso, não há lógica, não há antes e nem depois. Sempre o é apenas. E somos, e como somos porque somos. Pois então sejamos nós aqui, nessa gelada madrugada onde você me diz ser Londres, nessa roda gigante tão lenta que me faz pensar, em pensar na minha coragem e na sua complacência.
Ambos fugimos, Dominique.
Muitos dizem que você fugiu da família, mas quem o fez fui eu. Eu fugi de lá porque eles me prendiam à carne de James Sirius Potter, quando ao seu lado sou apenas eu, muito mais evoluído, muito mais completo comigo mesmo. E muitos dirão que eu fugi por causa de você e que você me levou a isso, a dar às costas para um mundo, fazendo charme e me fazendo apaixonar por você. Mentira. Você não faz charme. Teddy se apaixonou por você por causa dele, seus cabelos, seus olhos, sua pele sem sardas. Sem Weasley. Eu não sou apaixonado por você, não há sentimento dentro de mim por você. Por quê?! 
Porque sou com você.
- O rio brilha diferente daqui de cima.
- Brilha mesmo.
E eu nem falo do rio. Você combina com tudo isso deles, com toda a não-magia, e você se encanta com as leis naturais e sociais deles, com os prédios, com os carros, com os livros antigos escritos em máquinas estranhas. E eu vivo tudo isso agora. Você brilha neste céu noturno, neste ar gelado e condensado que sai de nossas respirações, sob todos os casacos, cachecóis e luvas que está usando. Seus olhos brilham, Dominique querida, brilham nessa névoa ciano deles, nesse vento de loura platinado e enferrujado de seus cabelos, e você fulgura muito mais que um rio de margens escuras à noite, e essas estrelas, e essa luz, e essa Londres.
Talvez seja pelo único plausível motivo de vocês se encaixarem.
- Jammie?!
- Sim?!
Você me sorri e claro que eu a beijo. Você não é de falar, apenas de brilhar e sorrir. E eu de beijá-la e divagar.


9 de abril de 2012

Weasley, D.

Quantos anos já se passaram desde aquele dia em que te esbocei pela primeira vez? Quantos foram os dias em que você me tirou o sono para pintar e bordar em cima de seus fios loiros platinados e enferrujados?! Procurei na exatidao de algumas palavras algo emlhor para descrever seus olhos, mas o ciano sempre me cativou mais, tornando-se repetitivo nos textos, nas frases, em suas descrições.
Mas você sempre me foi linda.
No começo era rebelde, mas, aos poucos, fui te moldando, podando todas aquelas características grosseiras e te deixando límpida, serena... sempre te imaginei com aqueles raios de sol que ofuscam os olhos, que suas cores eram ensolaradas, sua pele extremente branca, longe de quaisquer sardas. Posso perfeitamente ver aos seus olhos, tao calmos e longe de culpas, arrogâncias, julgamentos. Você não julga porque isso não é preciso. Cada um sabe de si e você sabe de si mesma, mesmo que os outros não entendam.
Você não se apega. Não por medo. Não por indiferença. Apenas não foi feito para você essa compaixão, esse quê de sentir o outro. E você também não se sente, e isso não é triste. Você sempre está em paz.
Lembra daquele coelho?! Foi seu tio que te deu e você o devolveu porque não entendia como um outro ser poderia depender tanto de você. Isso não é frieza, é coerência. Talvez seja uma leve empatia o que você sente, eu também não sei afirmar.
Eu tinha elaborado o seu contexto, seu caminho. Mas algo não encaixava. E agora se encaixa. James, Teddy e até mesmo Albus. Já sei como encaixá-los na sua estória, sem agredi-la, sem corrompê-la. E a você também.
E o seu pós, suas divergências, você cresceu, Dominique. E como cresceu em mim. Ainda a tenho aqui em mim, e para sempre estará. Minha linda e querida personagem que mal existiu num Epílogo.

29 de março de 2012

Shoot me! My heart and mind cannot be touched by anythng.

Vai ter muitas coisas te chamando para fora do caminho, muitas pessoas que não entendem o que é mirar em um objetivo. E esse objetivo é alto, de caminho longo, difícil... serão cinco anos caminhando nele. Se tropeçar em uma pedra, você fica mais um ano.

Você precisa se cegar, brigar um pouco com as pessoas para que elas aceitem seu trajeto. Você vai precisar ser forte, muito mais forte do que era antes. O sono vai te chamar, seus amigos, seu namorado, sua família. Aquela velha e amiga preguiça que te acompanha desde pequena.

Mas você precisa se agarrar a esse objetivo. Você precisa, entende?! Não há outra maneira. Não pode se esgueirar, segurar um pouco para largar no próximo passo na possível certeza frágil de que vai se agarrar de novo.

Nutrição e Metabolismo na USP-RP foi apenas um começo. Agora você precisa terminar isso, da melhor maneira. Você se lembra do objetivo?! Boas notas, bons seminários, bons interesses. Uma iniciação científica e se destacar, sempre. Nos estudos, principalmente, mas nos esportes também e nos grupos. Esse destaque te fará merecer o intercâmbio.

Mire nisso, Bruna. Mire em tudo isso e se esforce. Você pode descansar no final do ano, em julho, nos domingos... Mas você precisa se doar mais do que tem feito.

Eu te garanto de que não vai se arrepender.

7 de fevereiro de 2012

About it.

Acho que nesse ano consegui a maior realização da minha vida. Fiz os vestibulares da UNESP, UNICAMP, PUCCAMP, FUVEST e UNIMEP, exatamente nesta ordem, ocupando todos os meus finais de semana de novembro e mais um de dezembro.
E passei em todos.
Fiquei feliz pelo êxito, o 100% de êxito, como meu pai diz.

Optei pela USP-Ribeirão por inúmeros motivos, e a única razão que me diz que será difícil é aquele em que meu namorado fica e só nos veremos nos finais de semanas por 5 anos. Sim, 5 anos. Ficarei com você até o final, e isso não é promessa, não juramento, não é nada. É apenas um fato, porque você esteve ao meu lado desde muito antes. Você me viu na UNICAMP, me viu desistir dela, me viu chorar, me viu sem rumo, me viu no cursinho, me viu achando que era engenharia, e me disse que seria nutrição. Você ficou comigo nesse final de ano, ficou comigo no meio dele, me amou em todos os momentos e ainda me ama, mesmo dizendo que como homem será difícil.
E eu te digo: como sua menina, será absurdamente difícil. E será por você que vou entrar nessa de cabeça erguida, fazer direitinho, estudar e conseguir vários contatos, para que esses 5 anos voem rápido para eu voltar a ficar todos os dias com você.

Você fica aqui em pessoa, mas levo você comigo em pensamento, em amor, em carinho. Naquela nossa velha sintonia e companheirismo.

Vai passar rapidinho, e isso eu prometo.

5 de janeiro de 2012

Dear, I am not titanium¹

Muitas pessoas não entendem o porquê de eu ser tão obcecada pela busca de um corpo, por assim, dizer, perfeito. Não há como culpar, muitos buscam também e muitos desses muitos pregam a aceitação física. Tudo bem, eu também concordo que todos deveriam se aceitar, procurar melhoras saudáveis e por aí vai.

Mas, para mim, é a busca pelo o que eu nunca tive.

Desde pequena escuto as pessoas ao meu redor dizerem que eu sou gorda (quando pequenininha, eu era gordinha, fofinha, apertável. Depois dos oito anos, era defeitivamente gorda). Desde pequena percebo o que nunca tive: nunca tive a oportunidade de olharem para mim e apenas comentarem que estava bem. Nunca tive a chance de ser apenas magra na minha vida - nem mesmo quando nasci - e talvez nunca tivesse consciência de que não o era se ninguém tivesse me dito o contrário uma única vez.

Aí eu cresco e decidi por tentar me mudar. E mudei. Emagreci ao longo de um ano o suficiente para nunca mais voltar naquele estado mórbido em que estava aos onze anos. Triste. Fato. Esquivei-me - mas nunca alcancei o que eu quis.

E o que eu quero?!

Quero poder usar uma calça jeans sem ter de me preocupar se ela me aperta, se fechará na minha cintura ou terei de puxá-la logo após me levantar. Usar uma que não limite as combinações de blusas, podendo ser elas largas, justas ou até mesmo curta. Quero poder comprar aquele vestido justo que todas possuem sem pensar em quantos quilogramas terei de emagrecer para que ele fique bem em mim, sem marcar algo, sem marcar aquela maldita curva entre o quadril e a cintura. Poder usar meias-calças que não me apertem ou não marquem por debaixo do vestido ou shorts, legs que não me sufoquem ao sentar, saias... Quem pode condenar alguém por querer ter um corpo que possibilite todos os usos de roupas?!

O problema é que no meu caso a genética não me favoreceu. Veja: meu pai é magro e não tem tendência a engordar. O mesmo acontece com o meu irmão, magro de porte atlético que sempre jogou bola. Isso, infelizmente, não acontece com mamãe, que era uma tripa seca em sua juventude e hoje... bem, hoje não é mais. As mulheres da família do meu são todas magras. As de minha mãe não. Meu irmão é magro. Meu pai é magro. Minha mãe já foi.

Todos já foram um dia.

Menos eu.

(E, sim, eu herdei a genética de mamãe - e não, não nunca como ela em seu tempo de ouro).

A verdade também é que depois de dez ano em dieta, na busca, lutando contra aqueles quilogramas que ganhei de volta, eu cansei. Cansei de ter de pensar no que eu como, de chorar toda vez em que ingiro algo em que não deveria, de ficar remoendo por longos cinco dias o meu final de semana. Cansei de ter de sempre lutar, de sempre controlar, de sempre ter de ser saudável, de ter de fazer exercícios físicos cinco vezes na semana porque meu metabolismo é lento. Cansei de tomar chás e mais chás para acerelá-lo. Cansei de ver a todos a minha volta conseguir o que eu sempre quis com a maior facilidade de todas (claro que não tão simples assim, afinal, todos sofrem em dieta).

E tudo piorou quando eu decidi ser vegetariana. E hoje não posso voltar atrás nesta decisão, porque estou feliz como vegetariana. E só como vegetariana.

Ninguém pode me culpar por querer ser como minhas amigas (sim, todas magras). Ninguém pode apontar o dedo na minha cara e dizer que eu não tento, porque todo dia é uma luta, e o dia tem 24 horas e, às vezes, à noite, não tendo nada para fazer, você acaba comendo (não porque quer, porque é assim que é) e tudo o que você fez naquele dia vai embora.

É como perder um jogo de futebol de virada nos cinco minutos finais do segundo tempo.

Não é fácil mirar e seguir nisso por mais de cinco dias. Não é fácil porque eu sei que, em algum ponto, vou desistir e mandar tudo pro espaço.

É estranho pensar em que todo mundo pode ceder aos impulsos e eu não. Todo mundo pode tomar bebidas alcoólicas e eu não. Todo mundo come e fica por isso - e quando eu como, me sinto culpada. Independente do que seja - independente se estava com fome.

Tem alguma coisa errada e eu sofro todo o dia por isso. Não há um único minuto que em minha cabeça não tenha um pensamento quanto ao meu corpo, a dieta, a alimentação, o que eu comi, o que deixei de comer, o que não corri... Não há. O espelho no quarto me mata a cada vez em que troco de roupa. As minhas roupas me matam a cada vez em as ponho.

Eu me mato a cada dia pensando no que nunca tive - e que é quase nunca terei.

Sinceramente não sei como nesses dez anos não desenvolvi algum disturbio alimentar. Talvez seja muita consciência para uma pessoa como eu - ou muita covardia.

Eu sou covarde e fraca.

You shot me down and I´m not titanium¹.

¹paródia com a música Titanium, David Guetta feat. Sia.

(Nem mesmo você, Amour, pode me culpar por ter odiado o show da Paula Fernandes por ela ser perfeita fisicamente, porque eu quis sair correndo quando vi a sua cara ao se deparar com ela vestida de preto).