28 de março de 2011

Eles desconhecem seu segredo - o segredo da sua dor. Ela dói mas não machuca, como se você tivesse de fato conseguido ser imune a ela. Eles não sabem quantas quedas você teve para chegar até aqui, quantas vezes observou seus joelhos sangrarem sem nem mesmo terem sido cicatrizados. Eles não sabem, querida, não sabem.
Eles olham seus olhos e enxergam a assertividade que os anos te deram - se extasiam com seu sorriso e acham que sempre está bem. E sempre está, porque, verdade, a sua dor não te machuca mais. Fere mais não sangra.
Você abandona sem ver onde.

À menina que brinca de ser mulher

25 de março de 2011

Cair

Desculpe pelos meus erros,
meus tropeços,
meus "eços", "iços", ossos,
aquilo.
Disso tudo.
Desculpe pelos sentimentos,
pensamentos,
desnorteamento.
Perdi você no meio do caminho,
no meio da cabeça.
No meio da vida.
Foi um tropeço.
Uma decisão calada.
Um tapa na cara.
Um dizer "adeus" de boca fechada.

À ninguém.

(Oh!, my sweet, my angels want to protect you
They´ve told me all my concentration was in you.
That´s so untrue.
My concentration belongs to you
- it´s thinking about you my words come to the lines,
marking my notes and making me to feel this good.
´Cause it´s when I remember you my inspiration calls me back to the truth,
to my own reality,
and says "you must write down right now".
You are my sweetest words,
my regrets ones.
My apologies.
My whole world where I´m satisfied.
You´re my inspiration.
Concentration.
My art.)

21 de março de 2011

Pergunto-me se você pode mesmo me perdoar por todas as desonras que te fiz passar. Pergunto-me se você de fato diz a verdade quando me fala que não sou uma decepção, um atraso, um erro de caminho. Você chora comigo e eu acho que também é por desespero. Você compartilha tanto da minha dor e das minhas negatividades que não consegue sair ilesa de tudo isso - sair ilesa para ser forte perante a mim.
Sair ilesa de mim.
Você tenta, eu vejo a isso. Tenta tanto que eu acho nobre todas as suas atitudes - e se dele eu quis a inteligência, de você sempre tentei encontrar em mim os seus traços de sensibilidade. Os seus cuidados, a sua atenção, o zelo por mim. Como negar que não quero mesmo abrir mão de você? Como negar que não quero mesmo voar sozinha tão longe? Gosto disto, de ter a minha liberdade e precisar voltar para o ninho.
Gosto de poder andar até cansar e voltar para sentir o seu carinho.

Ao Amor Maior,
Mãe.

17 de março de 2011

Anjo, devo te dizer com urgência: pare de escrever sobre sensações e sentimentos que sua lembrança já esqueceu. Não percebe que isso tudo é brincar de roleta russa com o revolver todo carregado?! Não, querida, não é isso. Claro que não. Não estou falando que é suicídio ou que você se machucará. Não. É pior. É tudo ilusão - você somente possui as imagens e nada das sensações. Você não se lembra mais de como é o beijo, de como é o abraço e nem de como o perfume dele costumava de colocar nas nuvens.
Você se lembra de nada.
Por que faz isso consigo mesma?! É a carência?! É a falta de um snetimento forte?! É a saudade de ter vivido uma intensa paixão?

(Just let it go).
Ao Anjo
Da Consciência

15 de março de 2011

Acho que aprendi a usar as palavras com você, acompanhando em silêncio seus dizeres e compreendendo, aos poucos, o quão esse universo de palavras significam para você. Acho que consigo entendê-la agora, e enxegar com uma facilidade maior seus medos, suas conquistas, felicidades, outros amores - entender os meios pelos quais você se desvencilhou de mim.
Faz tempo já, muito tempo desde a última vez em que pudemos nos encarar e sorrir um ao outro sem culpa, mal-estar, ressentimentos. Eu não sei o que aconteceu, não sei como fui deixá-la distanciar de mim, como fui deixá-la não participar mais de mim. Tanto tempo, não é mesmo, Anjo?!, e por outros sei que você se apaixonou, por um outro você me trocou - e este tão próximo de mim. Como culpá-la?! Eu a culpo. Eu a julgo. Eu a abomino. Mas sei que não posso, não devo... mas é mais forte aqui dentro, querer fazê-lo para machucá-la.
E hoje eu sei - ah!, se bem sei - que o que você precisa não é a mim, não é aquele quem eu não sou mais. Você não é aquela de tanto tempo atrás, você cresceu, mudou, fortaleceu-se. Afiada, esperta, ingênua ... acho, então, que você mantém um pouco daquela menina, daquela mesma em que me encantou. Sinceramente, não sei se hoje você me encantaria, não sei se a deixaria entrar em meu coração. Sinceramente, não sei se hoje permitiria a sua real importância em mim.

(Assim como bem sei que você não me deixará participar de suas quebras de rotinas.)

Do Proibido para o Anjo,
escrito na alucinação do Anjo.

14 de março de 2011

Forjar. Obrigar. Tudo esses dois juntos. Talvez seja isso mesmo o que seja, eu me obrigo a forjar algo por você, buscando pelos espelhos que nos cercam um olhar cruzado, o ato forçado de desviar o rosto para um outro lado. Acho que me forço a fazer dos seus traços a minha saudade que nem ao menos a sinto em verdade.
Eu não sinto nada por você. Não mais.
Mas não entendo o porque de tentar resgatar qualquer mísera significância em você, qualquer reconhecimento em sua pessoa que gere algum desconforto emocional em mim. Estranho isso, esse não-sentir quando houve tantos sentir - mas, verdade, faz muito, muito tempo.

Ao Proibido
Veja, pois, estes teus olhos que hoje já os decoro de tanto que os sonhei - fiz deles o meu tom de castanho preferido, reluzente em minha mente e no céu como estrela guia. Fiz de você meu esquecimento, aquele que sempre sei que devo esquecer. Vai doer - e dói, ainda, pela ausência de hoje. Mas nem quero mais. Aprendi a amar outros, gostar de outros e a sonhar por outros. Teus olhos castanhos ainda busco, mas não faço disso um caminho certo. Não. É acaso. Se os encontrar, encontrei.
Ao proibido.

12 de março de 2011

As pessoas, sempre, procuram um padrão. O padrão pode nem ser aquele que mais agrade, talvez seja um escape para manter intacto e peculiar os traços e formas que tanto lhe foram de um gosto extremo.
E talvez não, como sempre acontece (menos com ela).
E ela e você e qualquer outra pessoa sabe disso, de que você não pertence a essa linha de raciocínio dela. Você vai tentar encontrar nela traços de uma outra, se é que já não tentou - e não conseguiu. Elas não são iguais, em nada, tenho certeza. Nem o físico e nem a personalidade. Em nada.
Ela tem ciúmes de você, tem medo de que tenha aprendido a gostar de você com todos os seus erros e mistérios, com todas as coisas de que bem sabe que não gosta, com todas as palavras, atitudes, olhares e jeitos que não a atraem.
Acho que ela gosto de você pelo seu olhar. Acho que gosta de você por causa de suas mãos. Pela voz. Pelo beijo. Pelo mistério. Pela dúvida. Por todas as dúvidas que você deixa nela sem perceber, sem notar, sem nem ao menos imaginar que ela seja desta maneira - inquieta; prestar atenção em tudo.
Por favor, note algo nela!, note algo que seja apenas dela e de que você goste. Por favor, note nela algo que a faça ser a sua primeira escolha.
Algo nela que te faça querer estar aqui - quebrando, de vez em quando, a rotina dela.
Mamãe, a senhora poderia me dizer uma coisa?! Me contar por que nossas terras tremem e o mar está bravo conosco?! Fizemos algo que ele não gostou?!
Mamãe, me diga se a senhora conseguir: como devemos agora então prosseguir? Nosso país foi reduzido a um nada e nossa cultura humilhada, pedimos ajuda a todos do mundo mas ninguém parece realmente querer rezar por nós. (Podemos aceitar as preces daqueles ocidentais? Aqueles mesmos que não entendem nada sobre a gente e que criticam tudo em nosso mundo?!).
E o que dizem sobre essa tal radiação?! Por que temos de correr este risco mais uma vez?! Ainda sofremos os danos da última grande exposição à radiação - e eu nem era nascido, mamãe. Não quero ver a tudo isso. Não quero ficar sem casa, sem lar, sem país... sem você.
Ao Japão.

Os nossos filhos serão carregados por colos e braços diferentes dos nossos. Os nossos filhos procuraram famílias em berços diferentes, lares em casas estranhas, um pai e uma mãe que assuma a presença. Nossos filhos aceitarão a qualquer um que lhes digam o que querem, que permitão não a confiança, mas o deliberalismo em fazer absolutamente tudo o que quiserem - sem entender que sim forma menos caráter que uma discussão entre reais pais e filhos. Nossos filhos, nossos filhos... carregados em sofrimentos em terras desconhecidas.



11 de março de 2011

Deveria ter dito, desde o começo, que não procuro uma nova paixão, um namorado, um companheiro. O que eu quero é uma quebra de rotina de vez em quando.
Que coisa mais estranha! Vejo-te partir e nem me sinto abandonada. Vejo-te dar-me as costas e sinto-me aliviada. É apenas estranho constatar realmente, de uma vez por todas, que a minha solidão era maior contigo aqui, sempre ao meu lado e dando-me as mãos para que eu pudesse me levantar. Tu foste um ponto de apoio para os momentos de desespero, aqueles mesmos momentos em que quis me descabelar e gritar e tudo o que tu fizeste foi apoiar tua mão em meu ombro e me acalmar.
Tu nunca me deixaste sair do controle, do eixo. Acho que por isso estou aliviada - agora poderei tentar sozinha, colocar as mãos no chão e poder levantar, poder ver beleza pelos meus próprios olhos. Tu nunca deixou-me sozinha, nunca tentou entender que, às vezes, (em boa parte destas vezes, na verdade), o melhor é ficar só e sentir o gosto salgado das lágrimas que chegarem até os lábios, entender que cada lágrima que nasce nos olhos tem dois destinos: ou escorrem pelo rosto ou ficam presas ao brilho molhado da íris. E, o melhor: nada disso é ruim, é errado. Não é errado chorar, seja por felicidade, saudade, tristeza ou dor. Não.
Vejo-te partir e sinto-me bem, porque esta é a primeira vez em que tu não tentas me levar junto. Apesar do abandono, é bom sentir que confias em mim para me deixar para trás comigo mesma.

9 de março de 2011

Você me entenderia se eu dissesse que tento ver nos seus detalhes algo em que me deixe gostar um pouco da pessoa que me é apresentada, independente se esta é aquela em que condiga com quem você de fato seja?! Às vezes é assim... o todo não agrada, o passado é indiferente e nada me é charmoso. Tenho de esmiuçar as pessoas, ver o que elas têm, alguma mísera característica que me seja bonita. E você me foi bonito enquanto conseguiu - e nem foi em suas histórias, em nossas poucas conversas, em nossas muitas provocações. Não. Você foi-me bonito em seus traços semelhantes que se tornaram tão peculiares, tão seus e tão distante dos outros. Procurei em você a semelhança que se esvaiu (deixando apenas você, tão distante de ser ruim, tão distante de ser como outros), os traços que se distanciaram, o silêncio que não veio. Tão imprevisível, tudo exatamente como não quis.
Foi bonito.
(E acreditar desconfiando, sabendo que tudo é possível ser fingido e forjado, fez-me, assim, perder o encanto. Mas foi bonito. Traços tão parecidos e tão só seus. Bonito).

A Mais Um.

8 de março de 2011

Você que é mulher e sabe como é se doar para trazer conforto, se doar para dar amor, se doar para sentir o seu amor, se doar por um sorriso, por um não-conflito, por uma reciprocidade silenciosa. Se doar, doar e doar e desejar, em segredo, que seu coração seja intocável, indomáel, liberto para todas as formas de sentimentos e incapaz de sentir o sofrimento.
Você que é mulher e não vê em si as formas perfeitas, os olhos expressivos, a boca cheia. E ser mulher é não entender em grande parte de sua vida que a sua beleza é sempre a melhor, porque é a única que pertence somente a você. As outra -, as outras não são sua.

A nós.

3 de março de 2011

É como um sonho, mas não destes sonhos idealizados para se realizarem, e sim destes em que se sonha à noite e na manhã seguinte não se lembra mais dos detalhes e nem como tudo começou. Tudo fazia sentido ali, na cama e de olhos fechados, e não agora aqui, acordada e correndo contra o tempo.
Vê-lo ali é assim, um sonho. Caótico, atemporal, desproporcional, confuso. E, às vezes, parece uma alusão àquele antigo sonho de menininha, sendo, então, agora, mais borrado, mais errado. Uma antiga paixão que já não bate mais violentamente contra o peito; abandonada em algum acordar repentino.