24 de março de 2009

Sum Ego

Fez as suas preces como se a cada palavra uma agulha lhe fosse enfiada na garganta. Rezava em prol de algo que sabia que não daria certo. Que não seria eterno. Pedia, a cada silêncio que as palavras não permitiam, que não estivesse muito errado aquele fazer.

Aquele desejo.

Pedia, intimamente, de dentro para o centro, que sobrevivesse, ao menos, uma lástima, uma dorzinha... algo que fosse para ser lembrado. Eternizado. A duração de tudo aquilo seria o mínimo, pouco... não seria o bastante para ser eterno.

Queria, ao menos, que algo desse errado. Os planos fossem equívocos.

E rezava, em preces quietas, palavras que em nada significariam quando tudo se consumasse.

"De tarde escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
" (Vinícius de Moraes)

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