Não tinha nada lá fora.
Não tinha uns carro, não tinha umas gente,
não tinha os barulho tudo da cidade
que me dizia
- até quando eu não queria –
que a gente tudo tava acordado.
Não tinha os carros.
Não tinham as conversas.
Não tinha nada lá fora.
Tinha uma coroa, invisível,
que procurava cabeças a serem enfeitadas.
Caçava bem quieta quem em quantos premiaria.
Soava como loteria.
Da pior sorte para subir nesse mundo.
Agora tem carro, tem barulho, tem gente.
Gente que grita batendo no peito
que tem que abrí tudo.
Só que tem muito lá fora,
esperando a próxima vez;
não precisa de esforço nenhum
porque todos já pegaram a senha
para receber em nossas cabeças a coroa da vez.
(bruna vollet, 30/04/2020)
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