Começo descrevendo o meu dia de sexta, quando cheguei em casa depois da escola e meu irmão avisou que estavam transmitindo a partida de tênis. A partida que eu achei ter assistido às 5 da manhã no mesmo dia.
Ledo engano meu. O que eu havia visto era James Blake - o americano que ganhou sua primeira partida contra o Federer, resultando na eliminação deste dos Jogos Olímpicos - jogando contra o chileno Fernando Gonzáles. Depois que Blake eliminou Federer, cantei para todo mundo (quem quisesse ou não ouvir) que ele não chegaria nem para disputar a medalha de bronze - e o quarto lugar é a pior de todas as classificações. Dito e feito. Ou quase. O sérvio Novak Djokovic, 3º do mundo e o mesmo que tirou Nadal de Cincinatti, vislumbrou-se em belos 2 sets a 0 para cima do americano no sábado dia 16. Resultado: Bronze para Djokovic.
Voltando para a partida da sexta-feira da hora do almoço, eu senti meu coração pular uma vez a mais quando vi Novak Djokovic jogar contra.... contra quem mesmo?! Ah, sim, Rafael Nadal. E, pior, estava 1 a 1 e Novak estava em vantagem. Meu irmão não ajudou muito, pois alogrou o tempo todo que o sérvio ganharia e Nadal teria o bronze como prêmio de consolação. Fui muito prudente e controlada ao não jogar meu tênis nele - e, afinal de contas, ele é meu irmão.
Mas estávamos vendo Rafael Nadal jogar - o que implica em diretamente que devo ressaltar aqui que o tenista está simplesmente em sua melhor forma física mesmo depois de 5 meses de torneios com direito a descansos de, no máximo, 2 ou 3 dias em Mallorca, sua cidade natal. Nadal foi formidável e bateu Djokovic. 2 sets a 1.
Eu pulei, eu vibrei e mandei meu irmão catar coquinho por pura educação. Não tive uma final entre o meu amado Roger Federer e Rafael Nadal, mas teria uma entre Fernando González, dono da medalha de bronze e da de ouro na última Olimpíada (simples e duplas, não respectivamente, acho), em Atenas, e Rafael Nadal.
No sábado, fiquei ainda mais feliz por saber que o sonho de ouro de Federer se profetizou: ele e o suíço, Wawrinka, foram os campeões nas duplas. E depois em saber que Djokovic, que rasgou a camiseta com os dedos após ter ganho, mandou Blake de volta para o US sem medalha. Agora era apenas uma questão de tempo para ver a grande final.
Devido a uma erro meu ao confundir os horários, decido que ficaria acordada a madrugada inteira para ver a final. Eram 4 da manhã e eu não aguentava mais ver russa jogando bolinha para russa. No tênis feminino, só deu Russia no pódio: Dementieva, com o ouro, Safina, prata, e Zvonareva com o bronze. E a partida que deveria ter começado às 4 só começou às 6 da manhã de domingo. Minhas olheras mais profundas que as minhas questões existencialistas e o sono me chamando para cama. Que eu não conseguiria assistir ao jogo inteiro eu sabia, mas disse a mim mesma "o primeiro set eu vejo".
E vi.
Que emoção; meu coraçãozinho saltava a cada ponto de Nadal e eu nem acreditava que estava realmente o vendo jogar em tempo real. Era o primeiro jogo que eu fazia isso*. Nadal fechou o primeiro set e eu fui dormir tranqüila. Em partes. Como seria um jogo de melhor de 5 sets, deduzi que haveria ainda uma hora e meia de jogo. Programei o celular e, uma hora e dez depois, acordei. Isso, antes do celular. Estava a mais de 24 horas sem dormir e no meu primeiro cochilo, fui mais rápida que o despertador.
E eu vi.
Nadal ganhava por 2 sets a 0, mas o chileno estava na frente nos games. Mas o espanhol não me decepcionou, mostrando para mim o poder de uma mente focada em um objetivo. Nadal virou e o jogo ficou 40 a 30 naquele game. Era a hora do match point para Rafa ser o primeiro espanhol a conquistar uma medalha de ouro nas Olimpíadas e mostrar para o mundo o por que de Rafavolution. No entanto, o chileno, sabendo que não ganharia, decidiu vender o ponto e alongou a partida. 40 a 40, deuce. Ponto para Nadal; vatagem para ele. Match Point em jogo - de novo - e o chileno empatou. Deuce. E Nadal não se alterou. Ele concluiu o seu serviço e, logo em seguida, não houve oportunidade de bom lance para seu oponente.
Rafael Nadal - 3 x 0 (6/3, 7/6(2) e 6/3).
Claro que o mundo fez festa. Em um mundo como o do tênis, não são os países que importam numa Olimpíada, mas os jogadores. E levante a mão quem não quis ver Nadal na final! E levante quem não esperava por um novo confronto direto entre Roger Federer e o espanhol, digno de um replay de Wimbledon? Ainda bem que não teve, senão, eu infartava.
Só que hoje é dia 18 de Agosto de 2008.
Dia em que, eu garanto, é o começo na nova era do tênis, porque hoje Rafael Nadal é oficialmente a cereja do bolo da ATP. E isso porque ele estava um pouco cansado em Cincinatti e perdeu para Djokovic, caso contrário, hoje seria 11 de agosto.
É oficial: RAFAEL NADAL, 22 ANOS, ESPANHOL, É O NÚMERO UM DO MUNDO.
Aos 15, ele começou a jogar tênis profissionalmente (e isso me faz ver o quão estou atrasada) e com 19 anos atigiu o segundo lugar, que manteve de 2005 a 2008. Um imperador pronto para assumir seu trono, só que Roger Federer não é bem o tipo de pessoa que alguém espera ter de destronar, porque o suíço passou 238 semanas corridas como número um - fato inédito, aliás - e possui um tênis repleto de técnica e classe, digno de inveja.
Infelizmente, para um subir, outro deve descer. Roger Federer caiu. Mas não aposentou, afinal, ele defenderá 1000 pontos ainda pela sua vitória em 2007 no US OPEN.
Custei a simpatizar com o Nadal depois da final de Wimbledon, mas acho que superei bem, e sofri praticamente nada com tudo isso, ao ponto de chamá-lo de Rafa. Então, só me resta parabenizá-lo pelos seus feitos inéditos - e pedir para que suje menos suas roupas drate as temporadas no saibro.
A Bolinha da Final de Tênis - Beijing 2008
Rafa e sua inédita medalha, e seu amado país.
O Pódio: González (prata), Nadal (ouro), Djokovic (bronze).
Ouro em duplas: Roger Federer e Stanislas Wawrinka
FRASES:Rafa e sua inédita medalha, e seu amado país.
O Pódio: González (prata), Nadal (ouro), Djokovic (bronze).
Ouro em duplas: Roger Federer e Stanislas Wawrinka
"Rafa jogou de forma incrível para conseguir isso. É exatamente o que eu esperava nos vários anos que fiquei como número 1. Se alguém tivesse que me tirar de lá, teria que ser com uma temporada fantástica, com vitórias em grandes torneios, dominando o circuito. E é o que ele vem fazendo e merece totalmente isso" ( ROGER FEDERER)
"Acredito que se tornar número 1 é a maior glória que um tenista pode conseguir. O Nadal merecia já há alguns anos e o Federer o fez se tornar um tenista mais completo. Esta conquista é muito merecida e acho que ele tem capacidade de seguir neste posto por um longo período, pelo menos é o que vai tentar fazer" (GUGA - brasileiro ex-número um)
Só para constar: US OPEN começa exatamente um mês antes do meu aniversário e a ESPN vai transmitir. E essas fotos fazem parte do meu pequeno acervo deles.
* (desconsidero outras por motivos de irrelevância quando comparada a esta partida)
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