21 de novembro de 2016

Não foi "Adeus"

Pra USP fui selecionado
e para outra cidade você me levou.
Me deu uma abraço com o carro estacionado,
"Filho, agora é com você" e então chorou.
Me inscrevi sabendo dos 5 anos
e já imaginando a gente se formando.
Você, na primeira fileira sentado,
me aplaudindo e sorrindo por esta fase ter terminado.
No começo,
achei que o sonho era somente meu,
e com o tempo,
a cada retorno para casa tinha aquele abraço,
percebi que ele era também seu.
Você via em mim
uma conquista mútua;
fui seu projeto de uma vida
e tudo o que você queria
era que eu reconhecesse o valor da luta.
Me ensinou a ser gente,
aprender que gentileza,
em toda a sua leveza,
faz o outro se sentir potente.
O sonho hoje se concretiza em mim
nesse dia de roupas bonitas, canudos e discursos.
A saudade de você cresce com raiz
e em meu coração há sua Luz
me lembrando que hoje você está aqui.
O Amor que nasceu em você
quando para o mundo eu surgi
não acaba na ausência física do ser.
Cresce e expande
em velocidade crescente
quando vejo que me tornei gente;
na paz que no meio da tormenta aparece
e no choro calado da saudade que se tornou a minha prece.
Hoje tenho com o meu nome o diploma
que vem gravado nas entrelinhas
a sorte de sermos pai e filho nessa vida,
a primeira escola e até nossa primeira briga.
Carrega seu nome e o nosso amor
que me fez chegar exatamente onde estou.

*escrito para tentar ser selecionado como discurso dos Pais Ausentes na colação de grau.

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