De tudo o que poderia nos acometer, nunca de fato idealizei o furacão girando conosco no centro. Parece a calmaria e podemos até sobreviver, mas ali do lado, nesse cone gigante e violento, o vento gira com velocidade e força absurdas e capazes de nos estraçalhar. Se a gente levantar e sair do meio do furacão, podemos - e vamos - morrer. O impasse de uma situação fantástica e incrédula o suficiente para rimos histericamente, consumidos pelo desespero, pela prisão, pela morte eminente.
Daqui eu só consigo visualizar duas formas de resolução - e, desculpe, mas nenhuma será indolor. A primeira é o fato de que esse furacão vai andar. Ele vai ter seu percurso feito e não seremos nós quem vamos detê-lo. Teremos, sempre, de acompanhar o ritmo dele e torcer para que esteja a favor do nosso, caso contrário, sentiremos a força de algo que era invisível para nós até então: o ar.
A segunda é que podemos morrer aqui mesmo, no meio. Acho que pode ser por inanição, por desidratação ou até mesmo asfixiamento. Invariavelmente, sofreremos. Invariavelmente, sentiremos.
O percurso natural é o que mais me preocupa e ao mesmo tempo me traz a serenidade porque, veja, não há como ser alterado. Não importa nossos esforços, nossas rezas, nossos medos; vai acontecer independente de nós e isso me conforta porque me tira a responsabilidade e a culpa do que acontecer. Daqui umas horas, daqui um mês, que seja, simplesmente acontecerá e nós podemos estar aqui ou ter encontrado um jeito de sair. Podemos, até, ter sobrevivido e o vento acabado, a tempestade se esmiuçado e a calmaria restabelecida.
Seremos, de alguma maneira, sobreviventes ou história.
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